domingo, 5 de janeiro de 2003
O coronel em seu labirinto
Não sabemos quantos jornalistas estão seqüestrados na Colômbia. Conhecemos o novo presidente do Equador? Existe espionagem da CIA na fronteira Brasil-Paraguai-Argentina? Quem é Evo Morales? Diante da desinformação geral do brasileiro sobre a América Latina, devemos considerar que a imprensa brasileira é cega, ignorante ou mal-intencionada. Com uma despreocupação histórica pelo que acontece na América Latina, dedica-se exclusivamente ao varejo das agências de notícias. Mesmo a maior das redes de TV, recusa-se a manter gente fora de Washington e Nova Iorque. Inundações na Romênia? Tome imagens da CNN e do repórter em Londres. Terremoto no México? Entradas ao vivo direto de Manhattan. A CNN, que há muito tempo assina o jornalismo internacional de todas as nossas redes de TV, é a única voz corrente; nossa ponte com o mundo. Duvidar da CNN seria ato de verdadeiro ateísmo, heresia imperdoável.
Escrevo a propósito da greve geral na Venezuela, que está limitada ao setor petroleiro, enquanto nossa imprensa continua a noticiar uma paralisação geral da economia, como se supermercados, farmácias e cinemas estivessem fechados, recusando dinheiro em favor de uma ação eminentemente partidária. Engano lamentável.
Enquanto no restante do país a vida segue normalmente, Caracas é vitrine para um punhado de manifestantes, multiplicados pela lente da CNN. As manifestações favoráveis ao presidente Hugo Chávez são maiores, mas não recebem o mesmo espaço.
Chávez foi eleito pelo povo, conduziu os trabalhos de uma nova Constituição e convocou novas eleições pouco meses depois, sendo eleito novamente. Trata-se de um governo legitimado duas vezes pelas urnas. Poucos governantes podem ostentar a medalha da reeleição. O governo de Chávez aumentou a produção de petróleo, estabilizou a moeda e ampliou a ação social, mas levou a burguesia venezuelana à loucura.
A retaliação que a Fedecamaras (máfia que reúne todas as grandes confederações de comércio e indústria) pratica contra o povo venezuelano e contra a democracia latino-americana não será jamais reparada. O incitamento à desobediência e à suspensão do pagamento de impostos é sabotagem que merece ser punida com uma bela cadeia.
Mesmo que atinja o calcanhar de Aquiles do país, a greve dos petroleiros ainda não parou a Venezuela, como imagina ou quer a imprensa.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
São Paulo - Intelectuais como Susan Son tag , Noam Ch omsky e outros menos ilustres, provam que ainda existe opinião própria e lúcida na A...
-
Porto Velho - “A formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terce...
-
Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.
Sem comentários:
Enviar um comentário