segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Leio A justa medida, de Luís Ene

São Paulo - O primeiro romance do advogado, escritor e blogueiro português Luís Ene (vencedor do prêmio Educare.pt/ Novos talentos, Novos projetos) é um policial que segura o leitor da primeira à última página, levando-nos por uma viagem gastronômica, estupefaciente, ideológica, filosófica. O livro traz romances pouco convencionais, personagens pouco convencionais e desfechos ibidem. A mídia média pode considerar A justa medida como um mix de Kafka, Borges e Saramago não pelo autor, mas por seus enigmáticos personagens apegados à boa vida. Aliás, o título tem esse objetivo: amor, vinho, esportes, comida... a cada necessidade, sua justa medida.

A obtenção da perfeita embriaguez é não só uma arte, requerendo perícia e sensibilidade, mas sobretudo um estado de espírito, exigindo disciplina e fé. (p. 9)

"Nós nao temos pressa e gostamos sempre de ouvir o que nos têm para dizer, mesmo que venha de um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da parvónia." (p. 18)

... reflexo da diferença de opiniões sobre o assunto, mas também de posições e personalidades. Padecem em grau elevado da rivalidade tradicional entre as duas magistraturas, situação agravada por dois temperamentos de difícil conciliação. Têm mantido as suas diferenças disciplinadas, espartilhadas pelas regras processuais e do convivívio profissional, mas de vez em quando o verniz parece estar pronto a estalar. (Sobre juízes e advogados, p. 55)

Qualquer semelhança com a realidade não é mais que uma conseqüência de a ficção correr senão dentro da vida. (p. 135)


Livro: A Justa medida
Autor: Luís Ene
Editora: Porto
Páginas: 216
Preço: 12,51 Euros

Sem comentários:

Guerra fria