terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Flood

Lagos - By 2050, Meia Praia will no longer exist. The Climate Central study shows that the cliffs of Ponta da Piedade and Praia da Batata will be eroded and the Lagos Marina will be flooded, as will Avenida dos Descobrimentos. 

Scientists have been warning of global warming for more than three decades as the industrialized world burns oil and accelerates the production of consumer goods in polluting packaging that smothers marine life. 

After the extinction of so many species, homo sapiens (sic) diligently organises its own disappearance.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Bolivian Teocracy or small coup


"Mi nombre es Raúl Rubén La Fuente Velázquez, soy creyente, hijo de Dios. Y como coronel del ejército de Bolivia, restablezco un nuevo tiempo y entendimiento en las Fuerzas Armadas de Bolivia para cumplir su misión fundamental; defender y conservar la estabilidad, la seguridad y la independencia del Estado, el honor y soberanía del país, asegurar el cumplimiento de la constitución política del Estado. "Y hoy, revindico y consagro a las Fuerzas Armadas de Bolivia para Jesucristo".

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Evo Morales



Com a Cruz e a Espada
queimaremos tua casa
roubaremos teu ouro
e quando finalmente
conquistarmos a terra
que chamas de mãe
serás banido para sempre. Índio! 

domingo, 10 de novembro de 2019

Um poema de Manuel António Pina

ESPLANADA


Manuel António Pina

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Chega?!

Lagos - Culpar ciganos por uso de subsídios públicos, maltratar animais ou ter seus próprios negócios, além de escamotear sonegadores de impostos adeptos de touradas, é revelador de como André Ventura e o Chega levarão Portugal a se tornar a Alemanha dos anos 1930 ou algo pior, como o Brasil de 2019.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Περιμένοντας τους βαρβάρους

Resultado de imagem para waiting for the barbarians poem in greek Κωνσταντίνος Πέτρου Καβάφης
Konstantíno Kafávis (1863-1933)
À espera dos Bárbaros 
Konstantíno Kafávis

O que esperamos nós em multidão no Forum?

Os Bárbaros, que chegam hoje.

Dentro do Senado, porque tanta inacção?
Se não estão legislando, que fazem lá dentro os senadores?

É que os Bárbaros chegam hoje.
Que leis haveriam de fazer agora os senadores?
Os Bárbaros, quando vierem, ditarão as leis.

Porque é que o Imperador se levantou de manhã cedo?
E às portas da cidade está sentado,
no seu trono, com toda a pompa, de coroa na cabeça?

 
Porque os Bárbaros chegam hoje.
E o Imperador está à espera do seu Chefe
para recebê-lo. E até já preparou
um discurso de boas-vindas, em que pôs,
dirigidos a ele, toda a casta de títulos.

E porque saíram os dois Cônsules, e os Pretores,
hoje, de toga vermelha, as suas togas bordadas?
E porque levavam braceletes, e tantas ametistas,
e os dedos cheios de anéis de esmeraldas magníficas?
E porque levavam hoje os preciosos bastões,
com pegas de prata e as pontas de ouro em filigrana?

Porque os Bárbaros chegam hoje,
e coisas dessas maravilham os Bárbaros.

E porque não vieram hoje aqui, como é costume, os oradores
para discursar, para dizer o que eles sabem dizer?

Porque os Bárbaros é hoje que aparecem,
e aborrecem-se com eloquências e retóricas.

Porque, subitamente, começa um mal-estar,
e esta confusão? Como os rostos se tornaram sérios!
E porque se esvaziam tão depressa as ruas e as praças,
e todos voltam para casa tão apreensivos?

Porque a noite caiu e os Bárbaros não vieram.
E umas pessoas que chegaram da fronteira
dizem que não há lá sinal de Bárbaros.

E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros?
Essa gente era uma espécie de solução.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Gatos

Adoram peixe porque é alimento raro que veio de um mundo inacessível. Peixes são as trufas dos gatos.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

People who died

Paris - Père Lachaise, raro jardim de árvores e esculturas. Vi um corvo. O endereço de Isadora Duncan é ao rés-do-chão de um pequeno edifício. Havia pequenas pedras sobre o túmulo de Proust. Havia um bilhete em italiano sobre a lápide de Modigliani. Balzac estava severo e intocável. Havia presentes para Jim Morrison: flores e peluches. Deixei uma pulseira. Ouvi um corvo.



People who died

Paris - Vandré Fonseca morreu em Manaus semanas antes do Guillaume Franco morrer em Lagos. Nas nossas últimas conversas, falamos sobre a vida e sua inseparável companheira, a morte. 

- Vou a Paris. Com um guia nativo seria mais divertido. Vamos, Gui?
- Ah, pá, faz tanto tempo que já não lembro de quase nada. Eu seria mais um turista.
Quando Guillaume foi cremado e teve as cinzas jogadas no oceano, eu cruzava a França.

Vandré falou sobre amigos mortos e Jornalismo, sempre o Jornalismo, como ele pode comportar-se melhor. A cobertura da "Reforma da Previdência" no Brasil eufemizava a precarização da classe trabalhadora com um termo ligado à construção civil.

- Quando te aposentas agora, perguntei
- Acho que isso nunca vai acontecer.

Eu achava que Vandré seria parte de um bando de velhos divertidos a compartilhar boas memórias em bancos de praça. Mas agora Vandré é parte da grande memória. Vandré era um perfeccionista tranquilo.  Guillaume era fascinado pela morte.

Um infarto fulminante ou uma pneumonia aguda podem acabar com nossos amigos. Depois que silenciam, lembramos que sua passagem foi um aprendizado. "Vou viver 100 anos", disse o Gui na nossa última conversa.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Selling England by the Pound

Londres - Não sou nenhum especialista, mas é provável que a cidade que criou o capitalismo como o conhecemos sobreviva actualmente de moeda supervalorizada e impostos pesados, mais o factor tradição, que não deve ser ignorado. A Inglaterra nunca perdeu, nem quando foi expulsa da China, Índia, África e Antilhas ou quando Hitler destruiu seus monumentos cirurgicamente reconstruídos. Seus acordos sempre foram irresistivelmente conciliadores. Suas saídas, honrosas. Suas indenizações, vultosas. Suas revoluções, industriais.

Milhões de imigrantes sustentam Londres há várias gerações. Vinham das ex-colónias e agora da União Europeia - A Efêmera. Há muitos empregos e poucos londrinos em Londres.  O trabalho não-especializado é abundante e todos ajudam as famílias em países de preços honestos. Trabalhadores italianos, romenos, espanhois, marroquinos, gregos, croatas e portugueses afirmam que o lugar é bom para se fazer dinheiro, mas you know, easy come, easy go.

Há um valor para as coisas e há um valor para as coisas em Londres. Nada vale o que pedem, mas pagamos assim mesmo. Os preços estão fora da realidade da maioria dos países europeus porque o endomarketing londrino é uma tradição tão longa quanto as disputadas cerimônias kitsch com cavalos no Household Cavalry. O que talvez explique o Brexit. Embora o resto do mundo classifique-o  como a maior estupidez britânica dos últimos tempos, a decisão conservadora quer reforçar o histórico de sobrevivência da Ilha.

Lagos está cheia de ingleses que deixaram Londres, como meu amigo Asher, que recomenda visitar a cidade, nada mais. Tínhamos um amigo comum, o Nathan, que morava em Lagos e resolveu voltar para Londres mas morreu semanas depois. People die.

sábado, 13 de julho de 2019

Young Neils

Londres - O que eu diria hoje para Neil Young: Old man, take a look at my life, I'm a lot like you. 

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Le Monde descobre Bolsonaro


Lagos  - O presidente do Brasil é descrito como mais interessado em temas fálicos do que nas responsabilidades do cargo. Ou como o Brasil vive uma Idiocracia.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

If We Must Die

If we must die, let it not be like hogs
Hunted and penned in an inglorious spot,
While round us bark the mad and hungry dogs,
Making their mock at our accursed lot.
If we must die, O let us nobly die,
So that our precious blood may not be shed
In vain; then even the monsters we defy
Shall be constrained to honor us though dead!
O kinsmen! we must meet the common foe!
Though far outnumbered let us show us brave,
And for their thousand blows deal one death-blow!
What though before us lies the open grave?
Like men we’ll face the murderous, cowardly pack,
Pressed to the wall, dying, but fighting back!

(If We Must Die - Claude McKay)

domingo, 14 de abril de 2019

Violência para conter a violência

Lagos - Em pouco mais de 100 dias no governo do Brasil, o novo regime desregulamentou o controle de armas e considera que isto não estimulou a chacina de crianças numa escola em Suzano por dois jovens bolsonaristas. Ou a execução de 11 assaltantes numa operação policial em Guararema. O novo regime também considera que os 80 tiros disparados por snipers do Exército contra o carro de uma família, matando um músico negro, sejam mero incidente.

O bem-sucedido experimento tecnológico do neofascismo no Laboratório Brasil agora pode ser aplicado com reduzida margem de erro na Europa. Os políticos escolhidos para conduzi-lo são bem conhecidos, inclusive em Portugal. E a pergunta "como parar isto?" permanece.

Guerra fria