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quarta-feira, 30 de março de 2005

Leio O sol também se levanta, de Ernest Hemingway

Divinópolis - O livro é um recorte na vida de um grupo de amigos nos loucos anos 20, com narrativa em primeira pessoa de jornalista apaixonado pela amiga libertária.

Se tem uma coisa que admiro no texto de Hemingway é o desenrolar aparentemente sem controle da narrativa, como se o autor estivesse à mercê dos acontecimentos e, com humildade inesperada, abdicasse da condição de senhor absoluto daquele mundo feito de papel e tinta.

Talvez a economia na prosa de Hemingway cause essa suspeita, com vácuos narrativos que lembram Virgínia Woolf, mas sem arriscar-se na experimentação literária. Hemingway escreve uma literatura taurina, pé no chão.

Talvez a impressão venha dos próprios personagens, em sua boemia caótica. Talvez seja realismo. Para fãs como o Pablo.

Título: O Sol Também Se Levanta
Autor: Ernest Hemingway
Editora: Nova Cultura
Páginas: 127
Preço: R$ 34,90

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

Coisas detestáveis em literatura

Divinópolis - Bukowski. Sei que com isso incomodo pessoas bacanas, que lêem de tudo um pouco e curtem proscritos de toda ordem chafurdando no mundo-cão, etc. Mas Bukowski carece de qualidade literária em sua prosa irregular, seus gostos duvidosos, suas falsas verdades de bêbado. A literatura etílica é desbocada e sem horizontes intelectuais mais ambiciosos, com a parca capacidade descritiva dos consumidores de whiskey travestida de fluxo de consciência. Quase sempre relação de coisas e pessoas que compõem o universo dos alcoólatras: brigas de prostitutas em becos sujos, lixo espalhado e bares de péssima reputação. Bukowski está num limbo cognitivo no qual não podemos entrar sem assumir sua postura looser de cordeiro em pele de lobo.

Bukoswski jamais seria Henry Miller porque nunca foi um grande leitor e se interessava mais pelas garrafas que pelas mulheres. Nem William Burroughs porque, convenhamos, Burroughs é de erudição e decadência insuperáveis. Jamais seria Jack Kerouak porque pôr o pé na estrada significaria uns goles a menos na imobilidade dos bares. Ernest Hemingway não fazia do álcool sua única profissão de fé: tinha mais assunto. Scott Fitzgerald também, mas tinha classe. James Joyce tomava todas, mas se os seus livros porventura são interpretados como resultado de bebedeira falta vinho a seus detratores.

Guerra fria