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quarta-feira, 17 de julho de 2019

People who died

Paris - Vandré Fonseca morreu em Manaus semanas antes do Guillaume Franco morrer em Lagos. Nas nossas últimas conversas, falamos sobre a vida e sua inseparável companheira, a morte. 

- Vou a Paris. Com um guia nativo seria mais divertido. Vamos, Gui?
- Ah, pá, faz tanto tempo que já não lembro de quase nada. Eu seria mais um turista.
Quando Guillaume foi cremado e teve as cinzas jogadas no oceano, eu cruzava a França.

Vandré falou sobre amigos mortos e Jornalismo, sempre o Jornalismo, como ele pode comportar-se melhor. A cobertura da "Reforma da Previdência" no Brasil eufemizava a precarização da classe trabalhadora com um termo ligado à construção civil.

- Quando te aposentas agora, perguntei
- Acho que isso nunca vai acontecer.

Eu achava que Vandré seria parte de um bando de velhos divertidos a compartilhar boas memórias em bancos de praça. Mas agora Vandré é parte da grande memória. Vandré era um perfeccionista tranquilo.  Guillaume era fascinado pela morte.

Um infarto fulminante ou uma pneumonia aguda podem acabar com nossos amigos. Depois que silenciam, lembramos que sua passagem foi um aprendizado. "Vou viver 100 anos", disse o Gui na nossa última conversa.

terça-feira, 29 de março de 2016

Amsterdam - O Experimento Brasil, realizado com sucesso há 50 anos pelas Organizações Globo, ensina como criar artificialmente a identidade nacional via futebol, jornalismo e telenovelas. Nesse experimento nazistóide-orwelliano, a nação teleguiada aprende a odiar os vilões de telenovela  como aprende a odiar as personae non gratae do telejornalismo. O desconhecimento programado da linha que separa realidade e ficção leva o brasileiro neopolitizado a amar o Grande Irmão, ainda que não entenda seu significado.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sobre a juventude

Os estudantes não deixaram de ser a vanguarda do pensamento, da liberdade e das artes para defender futilidades. Quem se perdeu foi a sociedade, auto-incapacitada para discernir educação, política, liberdades, moda, economia, música e cozinha sem a orientação da mídia. Transforma suas crianças em filhas da tela. Rouba revistas dos consultórios e os talheres da Varig (Varig?!) mas culpa os políticos pela corrupção arraigada. Quem se perdeu foram papai e mamãe, crianças. Quem se perdeu foi o jornalismo. Quem se perdeu foram nossos representantes. Os jovens não se perdem. Se encontram. E viram as coisas de cabeça pra baixo, sempre que querem.

sábado, 25 de julho de 2015

Eduardo Galeano

Faz pouco mais três meses, deixou-nos Eduardo Galeano, o mestre uruguaio que dedicou a vida a retratar o continente latino-americano sob uma perspectiva histórico-humanista como poucos conseguiram fazer. Texto econômico, jornalismo de profundidade, maestria acadêmica lhe caracterizavam. Era capaz de falar sobre qualquer coisa, desde que tivesse importância suficiente para desestabilizar os inertes e deleitar seus muitos fãs com análises precisas sobre sociedade, consumo, política, história. Seu legado permanece. Poucos seres humanos reuniram tantas qualidades ignoradas. Não troco minha vida por nenhuma outra: repleta de aventuras, viagens, paisagens e amigos que me fazem vivo e relevante. Trabalho com a palavra e não conseguiria fazer outra coisa. Tenho poucos desejos, porque estes são sofrimento. Mas um dia espero escrever como Galeano.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

São Luís - Nivelar por baixo não dá conta da realidade. O jornalismo é e sempre será um trabalho sério, digno e essencial. Sem ele, boa parte da população não saberia nem formular as estatísticas que chuta. Trabalho infelizmente deturpado pelos donos de veículos e asseclas capazes de qualquer coisa para permanecer no poder. Some-se a isso uma população iletrada e temos o caos. A fórmula é simples: desligar a TV, não comprar jornal, não acessar o site, não ouvir o rádio e deixar morrer pela falta de audiência o que nunca deveria ter vindo à tona.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Jornalistas, temos muitos. O que falta é repórter. Profissão em crise que não se auto-avalia, corre o risco de desaparecer. Só seremos importantes à medida em que nos fizermos assim. O jormalismo engendra a democracia. Agora precisa engendrar a nova cidadania.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Manaus - Flavio Fachel: "O excesso de conteúdo atropela o jornalismo". De acordo. Mas o que me preocupa - enquanto consumidor e professor de jornalismo - é a falta de conteúdo, o que, no meu Estado, é a crise mais flagrante. Matérias de cunho institucional, fornecidas por assessorias abastecem todos os veículos. A crise é de pauta. Ou seja, de imaginação e de credibilidade. Comparar a imprensa de Roraima com a do Amazonas é covardia. 

terça-feira, 31 de julho de 2012

Seminário de Jornalismo da Amazônia

Manaus - Com um grupo de alunos da UFRR, chego a Manaus para o Seminário de Jornalismo da Amazônia. Mais do mesmo regional para quem já conhece o babado. Mas uma novidade irresistível para os estudantes, que encontram seus ídolos da reportagem na Rede Globo.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Roraima ficou de fora

Brasília - Havia deputados e senadores de vários estados do Brasil presentes ao lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Piso Nacional dos Jornalistas. Da Amazônia, Pará, Amazonas e Rondônia tinham representantes. De Roraima, ninguém se interessou pelo tema. Pra lamentares.

Piso Nacional dos Jornalistas

Brasília - Hoje participei do lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Piso Nacional dos Jornalistas, no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Meu nome foi citado pelo mestre de cerimônias. Chique. Mas não é isso que os jornalistas querem. A defesa de um piso nacional é mais do que garantia de vida digna para os profissionais de imprensa. É uma chance a mais para a sociedade receber notícias de qualidade.

Jornalistas são uma das categorias mais desvalorizadas, não obstante seu peso político no equilíbrio democrático. Em alguns estados, o piso é inferior a R$ 1 mil. Em Roraima, os veículos pagam o que dá na telha. O maior piso do Brasil é pago em Alagoas: R$ 2,4 mil.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Boa Vista - Cobertura da Band à reintegração de terras ao povo Pataxó no sul da Bahia é típica: mostra indígenas como invasores, fazendeiros como coitados sujeitos ao prejuízo financeiro e encerra abruptamente com a informação de que um índio foi baleado por um "pistoleiro". Jornalismo sério começa a matéria pela tentativa de homicídio. Além da bala na perna, o índio leva bala da imprensa. Algo que o povo de Roraima  conhece muito bem.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O desafiante

Capriles Radonski
Porlamar - Capriles Radonski em coletiva ontem, garantiu aO Estado de Sao Paulo que compensará o déficit da balanca comercial com o Brasil explorando a super reserva do rio Orinoco. Garante que a PDVSA continuará sob o controle do Estado, assim como a saúde, a educacao e os programas sociais. Mas que a iniciativa privada é quem entende de negócios. Para o jovem político de 39 anos, a estatizacao de empresas só tornou a Venezuela menos competitiva. Os números estao disponíveis, para quem duvida.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Li Led Zeppelin: Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra, de Mick Wall


Mick Wall conta quase tudo (afinal há coisas que não pôde testemunhar e nem lhe contaram depois) sobre o Led Zeppelin. A biografia não-autorizada da maior banda de rock de todos os tempos é repleta de referências musicais e literárias, ocultismo e savoir-vivre. Acompanha desde o surgimento do projeto ainda na seminal banda Yardbirds (por onde passaram simplesmente Brian Jones, Eric Clapton Jeff Beck e Jimmy Page) ao auge do sucesso e à decadência inevitável de um projeto ambicioso e de sucesso indiscutível.

São especialmente interessantes as narrativas em primeira pessoa, espécie de fluxo de consciência onde os quatro músicos e o empresário Peter Grant contam as próprias histórias num modelo de escrita muito pessoal do jornalista inglês especializado em música. Ensina, por exemplo, que a pronúncia galesa de Bron-Yr-Aur é “bron-raaar”. Mas, claro, se você não conhece Led Zeppelin, isso não terá a menor importância.

Livro: Led Zeppelin: Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra
Autor: Mick Wall
Editora: Larousse
Ano: 2010
Páginas: 549
Preço: R$ 86,00

sábado, 3 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Li No Direction Home, de Robert Shelton

A edição brasileira está cheia de erros, mas vale o investimento.
“Qualquer pessoa que pense se considerar um poeta, simplesmente não pode ser um poeta”, diz Bob Dylan na página 482 de No Direction Home, livro de Robert Shelton que é verdadeiro tratado polissêmico (uma quase-tese?) sobre vida e obra de Robert Zimmerman.

No Direction Home é uma mistura equilibrada de jornalismo, pesquisa bibliográfica e brilhantes interpretações histórico-filosóficas sobre movimentos de direitos civis, música folk e contracultura nos anos 1960s. As frases de Dylan estão lá. Sua polifonia está lá. Suas aparentes contradições, na verdade quebra-cabeças oferecidos aos interlocutores, algumas só compreendidas pelos amigos mais próximos, estão lá. Mas ele não está lá – piadinha com o filme do Michael Winterbottom. Dylanistas entenderão.

“Tenho relações com as pessoas. Pessoas como eu, que também são desligadas (...) Não acho que exista algum tipo de organização de pessoas desligadas.”, afirma Dylan durante um voo  na página 281.

A pesquisa e o compromisso de Shelton, jornalista do New York Times e agitador cultural da Nova Iorque pré-Aids, Pré-World Trade Center e pré-Occupy Wall Street é uma lição de dedicação para qualquer jornalista-escritor-biógrafo. Por isso considero abuso a presença na capa dos nomes da dupla que atualizou alguns dados e notas.  

A primeira edição brasileira, que foi vendida com uma camiseta de brinde, infelizmente é repleta de erros. Encontrei alguns nas páginas 122, 355, 384, 437, 447, 448, 482, 552, 566, 578, 591, 592, 596, 600, 620, 641 e 644. Nada que comprometa Robert Shelton e este livro-reportagem de altíssima qualidade. Mas a revisão da Larousse precisa se esforçar mais.

Livro: No Direction Home
Autor: Robert Shelton
Editora: Larousse
Ano: 2011
Páginas: 784
Preço: R$ 99,00

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Todo meu apoio aos estudantes da USP

Não, senhores. Os estudantes não deixaram de ser a vanguarda do pensamento, da liberdade e das artes para defender futilidades. Quem se perdeu foi a sociedade, que já não possui capacidade cognitiva para discernir temas como educação, política, liberdades individuais, moda, economia, música e cozinha sem a orientação da mídia.

A pentecostal sociedade brasileira, que ama carnaval, churros e não perde a novela porque depois tem futebol, desconhece a primavera democrática que ocorre no mundo todo. Uma sociedade que contamina deliberadamente crianças, jovens, comércio e meios de comunicação com uma ética bíblico-capitalista de vulto eminentemente repressor. Uma sociedade que tem Paulo Maluf e apresentadores de programas policialescos como heróis populares; que se corrompe em todos os níveis e é guiada por José Nêumane Pinto e Victor Civita pouco merece a consideração que os estudantes da USP lhes dedica

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Feedback post for two died friends


Murilo Souza comandou o Rock do Finado por duas edições na Pizzaria Ícaro's, que fundou depois que saímos do Jornal Última Hora, onde trabalhamos com Sylvio de Carvalho, Zuleida Viana, Flávio Rabello, Marcelo Bussachi, Alfredo Maia e escrevíamos ouvindo rock em nossos gravadores cassete sincronizados. Tocaram por ali Odely Sampaio, Mário Wander, Elton Russo e outros caras importantes para a cena rock local. Mário morreu. Sylvio também. Há uma semana, Murilo deixou de ouvir hard rock, ele que há mil anos me apresentou Deep Purple e aquele disco do Jon Lord com um elefante de tromba amarrada que ele quis me dar mas, não sei porque, recusei. Recentemente baixei o disco (Before I forget) e voltei a ouvir por vezes seguidas a interpretação de Elmer Gantry de Where are you. Ia dar uma cópia para o Murilo, mas não houve tempo.

Zequinha Neto 1960-2011
A morte de Zequinha Neto deixa o jornalismo de Roraima um pouco pior. Também deixa a Universidade Federal de Roraima menos combativa, ele que em suas últimas publicações defendia a renovação do pensamento acadêmico na UFRR. Zequinha era uma baliza ética e profissional que irritava, sim. Aos incompetentes, aos desqualificados. Defensor da formação superior para o jornalista, Zequinha desprezava o jabá, os erros de português e de informação, a diagramação tosca, o fotojornalismo e o telejornalismo amador e a empáfia dos que usam os meios de comunicação para a auto-promoção e ataques pessoais.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Brasília - Nesse país, lugar melhor não há, já dizia o Boiadeiro. Agenda cheia.  O ato público em defesa do diploma para jornalistas começa no final da manhã desta quarta. Da sede da FENAJ sairemos em direção ao Congresso às 11h.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Boa Vista - Hoje sou entrevistado às 17h por Jeremias Nascimento na AM 590, sobre Jornalismo, comunicação, cultura e política.

sábado, 16 de abril de 2011

Há 10 anos

São Paulo - Cegos, caminhamos pelos jardins da universidade, guiados por alguém de confiança. Sons. Formas. Adaptação. Medo. Ser cego é estar mutilado, deprimido e estranhamente tranqüilo. Eu e Damião Marques cegos num velho exercício de teatro. Wide eyes shut. Reféns da confiança. Verdadeiro acinte à vida urbana. Verdadeiro banho de imersão na complexidade dos quatro sentidos restantes.

Guerra fria