Um homem de 60 anos sofre um acidente vascular cerebral e não lembra mais da mulher, filhos, netos, nem do próprio rosto. A Amnésia, porém, não atinge a parte racional do cérebro.
Livreiro e bibliófilo, Yambo lembra de citações e obras diversas, mas perde o arcabouço emocional que lhe fazia ser quem era. Por isso parte em busca de seu passado vasculhando a memória de amigos e parentes, velhas revistas, discos e livros. O passeio pelas letras é acompanhado por imagens. É um romance ilustrado, avisa a capa brasileira.
Nesta bela história de Umberto Eco, percebemos como a sociedade do século 20 foi ligeiramente homogênea em relação aos produtos culturais da época. Tanto a geração de Yambo (nascida nos anos 1930) quanto a minha, nascida nos anos 1970, tiveram a infância embebida em literatura, cinema e quadrinhos.
O defeito, como na maioria dos livros de Eco, são umas 100 páginas a mais do que a estória realmente necessita. Talvez UE seja um dos autores com maior número de catataus publicados per capita. Acabo de testar isso com os volumes de Baudolino, O Nome da Rosa, O Pêndulo de Foucault e A misteriosa chama da rainha Loana: todos ficam em pé, sem necessidade de apoio.
Se preciso pegar alguma coisa no alto da estante, basta empilhar quatro livros do Umberto Eco.
Livro: A misteriora chama da rainha Loana
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Páginas: 454
Preço: R$ 40,00
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
segunda-feira, 8 de agosto de 2005
Na tela
Belo Horizonte - Sin City não tem uma estética inovadora, como apregoa a mídia média. É estética antiga, de histórias em quadrinhos.
Mas engana-se quem achar que Robert Rodriguez repetiu a fórmula observada em Homem-Aranha, X-Men, Demolidor ou no Batman de Tim Burton. Ao dividir a direção com o desenhista Frank Miller, criador de Sin City, Rodriguez usou de um expediente raro entre cineastas (a humildade) e deixou que o mestre dos quadrinhos trabalhasse com paciência no planejamento fotográfico. O resultado é impressionante. Sabe a Frank Miller animado.
Em Sin City as mulheres são belas, os homens truculentos e as chuvas escandalosamente cantareiras. Não atinge a qualidade que o suporte bidimensional do papel proporciona, mas o filme é de longe a melhor adaptação já feita dos quadrinhos para o cinema. Palavra de quem aos 9 anos viu no cinema um Peter Parker loiro, de cabelo comprido, com rastreador eletrônico e teias que eram cordas brancas sobre as quais um artista de circo fantasiado se equilibrava. O Homem-Aranha recente melhorou, mas excede na melancolia de órfão do tio Ben. Não tem o humor do super-herói dos quadrinhos.
Já em Quarteto Fantástico o humor comparece em doses generosas. O filme manda bem, apesar da origem pouco crível do Doutor Destino, submetido aos raios cósmicos na mesma nave dos quatro. Se contasse com o humor do Quarteto Fantástico e a estética de Sin City (e um outro ator no papel), o Homem-Aranha contemporâneo seria bem melhor. Mesmo com a tecnologia disponível, falta-lhe o filme definitivo.
Assim como ao Hulk, Demolidor, Elektra, X-Men...
Frank Miller, diferente de Gabriel García-Márquez e sua luta contra adaptações pouco fiéis, pode ficar tranqüilo. Com Rodriguez por perto dá pra pensar num Demolidor revisitado. Que tal?
quinta-feira, 1 de agosto de 2002
Sandman
São Paulo - Soube, em Política e Tecnologia que o Neil Gaiman tem um blog.
Gaiman é um cara que comecei a curtir numa fase de decepção geral com os quadrinhos.
Na segunda metade dos 80 tudo começou a ficar estranho no universo super-heroístico, com encontros entre personagens Marvel e DC (eu era do time da Marvel e detestava quase tudo da DC, exceto Camelot 3000 e um guerreiro de cabelos brancos cujo nome não lembro, mas sei que ele tinha um filho chamado Joshua. O aparecimento de novos personagens a cada Superaventuras Marvel - principalmente mutantes, talvez pela popularidade dos X-Men - também não ajudou.
Acho que as coisas começaram a degringolar com as guerras secretas - que são até interessantes - e com o casuísmo de época, caso de Manto & Adaga, que é 80s total, com crackdealers loureedianos e tudo o mais.
Pra completar, o Márcio pegou toda a minha coleção e disse que ia montar um fanzine que nunca aconteceu. Hoje tenho umas Heróis da TV compradas em sebo pra suprir a falta.
Tem um blog sobre quadrinhos aqui.
Gaiman é um cara que comecei a curtir numa fase de decepção geral com os quadrinhos.
Na segunda metade dos 80 tudo começou a ficar estranho no universo super-heroístico, com encontros entre personagens Marvel e DC (eu era do time da Marvel e detestava quase tudo da DC, exceto Camelot 3000 e um guerreiro de cabelos brancos cujo nome não lembro, mas sei que ele tinha um filho chamado Joshua. O aparecimento de novos personagens a cada Superaventuras Marvel - principalmente mutantes, talvez pela popularidade dos X-Men - também não ajudou.
Acho que as coisas começaram a degringolar com as guerras secretas - que são até interessantes - e com o casuísmo de época, caso de Manto & Adaga, que é 80s total, com crackdealers loureedianos e tudo o mais.
Pra completar, o Márcio pegou toda a minha coleção e disse que ia montar um fanzine que nunca aconteceu. Hoje tenho umas Heróis da TV compradas em sebo pra suprir a falta.
Tem um blog sobre quadrinhos aqui.
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