sábado, 31 de agosto de 2002

Literatura e blogs

São Paulo - A matéria sobre blogs e literatura de umbigo do Estadão é esclarecedora, embora, por força das circunstâncias, tenha limitações. Primeiro assusta-nos o ufanismo da primeira parte, Conheça (a) nova geração de escritores - personagens da literatura brasileira, mas o retrato fiel do fenômeno da literaturaemprimeirapessoa está em Máquina de Pinball veio para sujar. E ainda há uma tentativa insólita de conseguir dos leitores um esforço mental extra (me dei ao trabalho, contrariado) para entender aonde quer chegar o autor de Na medalha, o que conta é a figura.

sexta-feira, 30 de agosto de 2002

Coisas estranhas

O deputado Eurico de Miranda propôs, em 1965, a criação de uma lei que faria a importação de um milhão de portugueses para povoar a Amazônia. Muito estranho. Em Goiânia (GO), uma lei determinava que o dono de uma propriedade tinha a obrigação de exterminar todos os formigueiros nela existentes, caso contrário seria multado. Muito estranho. Outra lei goiana previa que o proprietário de papagaios que quisesse andar com o penoso pelas ruas, deveria manter amarrado junto ao pescoço do animal um colar que lhe identificasse o sexo. Essas e outras coisas estranhas em Estronho e Esquésito. Sinistro.

Três notas e meia sobre rock n'roll

'Tô cansado de ouvir bandinhas new metal tipo Korn e todos as que rimam com link, como Blink, Limp, Linkin e N'Sync. Linkin Park tem a capacidade de transformar o que era barulho no rock em apenas barulho.
'Tô cansado de bandas indie oficiais, como Smash Mouth e Guided By Voices.
E também 'tô cansado de ver bandinhas de rock retrô tentando imitar Strokes cedo demais e gravando clipes minimalistas, tocando em fundo branco. Só White Stripes e o supracitado podem manter a alquimia. O resto sucks. E Hives é um saco.

quinta-feira, 29 de agosto de 2002

Inteligências coletivas

Digeratti de todas as idades e tribos reuniram-se há poucas horas no Sesc da Vila Mariana para ver Pierre Lévy dizer que a revolução sócio-antropológica que vivemos com o ciberespaço equivale à da invenção do microscópio no século XVII. Porque estamos descobrindo um novo mundo, o mundo da inteligência coletiva.

Para exempificar suas teorias sobre o grande cérebro eletrônico que estamos criando com os conteúdos que são disponibilizados na web - da qual participamos em maior ou menor escala -, Lévy comparou os seres humanos aos animais e disse, com eufemismos acadêmicos, que somos mais bem resolvidos que o outros mamíferos porque temos capacidade de perguntar, dialogar e transferir conhecimentos. Achei um exagero, afinal os animais fazem isso telepaticamente e telepatia parece ainda não estar entre os interesses de mounsieur Lévy.

Depois falou que uma multidão de seres humanos é menos inteligente do que o indivíduo - Aldous Huxley não foi citado, mas talvez tenha sido o primeiro a falar sobre esse veneno gregário no Regresso ao admirável mundo novo. E, claro, que uma multidão de abelhas é mais inteligente que uma abelha só, ocorrendo o mesmo com as formigas e as zebras. O ciberespaço, essa grande biblioteca, seria o ecossistema das idéias humanas na qual elas crescem como plantas - disso eu gostei -; o fim do copyright para idéias abstratas e a expansão do software livre foram temas tocados en passant.

Pouco critério na seleção das perguntas enviadas ao filósofo. Vi a minha sobre ciberativismo e povos indígenas da Amazônia começar a ser lida, mas teve que ser interrompida pelo próprio Lévy para responder as duas das três perguntas em seqüência que o professor da Unicamp lhe empurrara. Ouvi uma promessa de uma resposta por e-mail. E estou registrando.

A impresão que eu tive, olhando o solitário professor francês no centro do palco, a cinqüenta metros de altura no pior lugar do teatro, é de que a tela é muito mais que o objeto à nossa frente neste momento.

Copyright e desenvolvimento humano

Em 1992, quando a rede tinha pouco mais de um milhão de usuários, criou-se a Internet Society, que estabeleceria acordos e adotaria protocolos para que o desenvolvimento da web pudesse ser produzido e compartilhado por toda a humanidade. A idéia era excelente, como tem provado o acesso à rede, a produção de softwares em escala global e os 11 mil membros da ISOC em 182 países.

O problema é que os detentores de royalties, acionistas e toda sorte de especuladores virtuais - incluindo desenvolvedores de programas e autores de obras artísticas disponibilizadas na Internet - querem restringir o acesso de uma substancial parcela da humanidade a essas maravilhas. Justamente a que mais necessita de conhecimentos compartilhados para sobreviver à desterritorialização de trabalho, capital e cidadania: os ciberexcluídos.

Pelo amor do sotware livre, leia mais sobre isso no site da Internet Society.

Coisas que procuram neste blog

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Resumo James Joyce
Estúdio Teodoro Sampaio

quarta-feira, 28 de agosto de 2002

Orwellianas

O ministro do interior de Israel está sendo acusado de manter uma lista negra com nomes de cidadãos israelenses. T.T., uma etíope que vive no país há 15 anos tentou renovar o passaporte e não conseguiu visto por mais de um ano. Entrou com ação judicial mostrando a ilegalidade e detonou o esquema de controle branco sobre estrangeiros em Israel.

Guerra fria