terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Escola brasileira pública de qualidade? Sim, isso existe.

Venezuela, Guiana, Estônia, Barbados, Cazaquistão, Mongólia e outros 60 países estão à frente do Brasil em índices educacionais. Dois terços de nossos alunos de 5º ano não diferenciam formas geométricas básicas como círculos, triângulos e retângulos e 70 por cento dos estudantes no 3º ano do ensino médio não identifica a informação principal em uma notícia curta.
ENTRETANTO, quatro escolas públicas no interior do Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo atingem índices de excelência superiores aos de Suíça e Canadá. Como conseguiram? Veja aqui.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Da ostentação



A perda de memória causa efeitos dolorosos, o que é estranho num brasileiro: povo que se lixa para tradições e memória histórica e só costuma lembrar do último Carnaval, quando lembra. A mídia não contribui com isso. Apenas comanda. Reedifica o Grande Irmão em programas feitos para se pensar que o que acontece ali é realidade. E vomita uma quantidade de "informação" calculada para o efeito amnésico. Aos domingos, a profusão de cores berrantes e os dois ou três estilos musicais determinam a "diversidade". Algaravia, mistureba de lixo pós-moderno, reciclado, tornado lavagem e empurrado goela abaixo de telespectadores gansos, logo transformados em foie-gras.

Recentemente, perdi dois HDs com cerca de 20 mil fotografias. A soma de backups em DVDs e na nuvem salvou cerca de 10 mil imagens. Programas de recuperação de dados escavaram mais 5 mil. Desapareceram definitivamente cerca de 5 mil fotos. A maioria dispensável, mas há pelo menos 500 perdas significativas, registros que jamais voltarão. Como há 10 anos em Minas Gerais, quando roubaram meu notebook repleto de imagens de família. Efeitos da vida digital que me tornaram mais cuidadoso e a fazer backups perenes. Mas os arquivos ficam maiores a cada ano e exigem HDs e dispositivos externos que quebram com frequência capitalista.

Só há duas memórias-arquivo: uma no cérebro, outra em dispositivos físicos e eletrônicos. Para a primeira, decoro sequências numéricas, letras de músicas e brinco com idiomas na Netflix. O segtredo de Jeremias Nascimento, por exemplo, é ouvir músicas do século 20. Os dispositivos eletrônicos entopem seu cérebro com informação desnecessária, mas podem ser úteis. Precisamos das duas memórias, mas como garantir a sobrevivência dos arquivos?

É aí que entra a Schirley e o Projeto Ostentação: estávamos na casa dela a falar sobre nossas viagens - sabiam que ela morou em Aruba? Num certo momento, Schirley diz com seu sotaque gaúcho jamais lapidado: "Mas Averyyyyy, você faz tantas viagens interessantes, por que não publica no Facebook?". "Schirley, isso é turismo-ostentação. Sou mochileiro e mochileiros detestam ser confundidos com turistas". Semanas depois dessa conversa, dou total razão à minha amiga.

Os programas de recuperação de dados (usei o Wondershare) não são perfeitos, mas ajudam muito. Depois de algumas horas, fotos apagadas há tempos, por acidente ou vontade própria, saltam na tela e oferecem novo significado à vida e à memória de longo prazo. Imagens que ficaram apenas na retina pulam na sua tela e trazem um mundo novo dentro de um velho mundo. Lembranças que serão usadas por algum tempo e depois, de mortos, vaporizadas na grande nuvem.

De agora em diante, usarei mais o blog e o Facebook para "upar" fotos e evitar novas perdas. Portanto, Timeline, preparai-vos para o Projeto Ostentação.

Post Scriptum: Sobre os programas de domingo, ainda me pergunto se o sujeito de chapeu-coco e óculos sem lentes veio de uma festa com Spike Lee e Russel Westbrook ou se ele não tem ideia de onde veio seu "personal style".

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Sou favorável ao colapso imediato e sem recuperação do sistema financeiro global. A onda de suicídios duraria pouco tempo. E deve ser encarada como seleção natural. A ideia é simples: Se tivermos que perder massa populacional, que dancem primeiro os consumidores compulsivos, que são responsáveis DIRETOS pela degradação ambiental. Todos os yuppies eliminados pela mesma praga: o bug no sistema.

sábado, 31 de outubro de 2015

People who died

Porlamar - Antonio Vieira dizia coisas engraçadas, como "jazz é um monte de sons pequenininhos, separadinhos, que fazem sentido" ou "tu é socialista porque nasceu na Amazônia, desconhece escassez", entre outras observações lúcidas/bizarras sobre vida, religião, economia e o algo mais e era exatamente por esse motivo que conseguíamos manter aqueles diálogos notáveis entre liberalismo e socialismo, quando atribuía meu bem-estar a Adam Smith, e claro que pensei sobre isso no sétimo andar daquele hotel no estrangeiro. O ateu Antônio é reintegrado à terra de onde saímos bilhões de anos atrás nalguma forma primitiva e ordinária até redundar no ser humano e seus feitos extraordinários, seus equívocos letais. E percebo que não vi mortos meu cunhado, o Mário Wander, nem o Simões ou o Laucides, somente Feutmann dias antes de Murilo e Zequinha, enterrados no mesmo horário em cemitérios diferentes, e todos se foram e porque caímos como moscas num Brasil polarizado entre o fascismo e o setentismo pré-revolucionário, eterna vítima de auto-indulgência, insensível ao cheiro de podre que vem da TV, ex-indústria cultural atual cultura bacteriológica, produtora de autômatos nessa inexplicável amálgama de niilismos yuppies, ruralistas, reacionários, religiosos, racistas, catequizadores, manipuladores e toda sorte de lunáticos dispostos a desinstalar o Iluminismo, jogar tudo fora, a certeza de que o tempo só é vencido pela fotografia, como a dos tênis na varanda em respeito à imaculada brancura do chão da minha sala.

domingo, 18 de outubro de 2015

Listen like thieves

http://m.jb.com.br/pais/noticias/2015/10/17/nova-denuncia-acusa-odebrecht-de-pagar-r-138-milhoes-em-propina/?from_rss=None

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Os Educadores

Hoje é dia do professor. Uma profissão cuja retórica geral reputa como importante. Na Câmara dos Deputados houve vários pronunciamentos. Na mídia, muito dinheiro investido pelo governo em propagandas institucionais. Nas escolas e universidades, homenagens, salgadinhos, pequenos discursos de auto-estima, tapinhas nas costas... Mas o que significa realmente esta data? O Brasil acaba de passar pela maior greve da educação na história. Foram 140 dias com universidades sem aula. Professores de norte a sul protestaram contra as condições de trabalho. Exigimos valorização salarial de carreira estruturada. Fomos tratados com total indiferença pelo Ministério da Educação. Nossos atos em Brasília foram reprimidos pela polícia, que atacou com cacetetes e bombas de gás professores, professoras e estudantes. Enquanto isso, a sociedade assistia tranquilamente sua novela, seu futebolzinho, seu programinha de polícia onde pode concordar com apresentadores ignaros que os problemas sociais serão resolvidos com a redução da maioridade penal. Também teve tempo de avaliar nas poucas e deturpadas notícias sobre a greve que professores são irresponsáveis vagabundos sem- vergonha que prejudicam a nação. Preocupada com as ameaças de impitimam, a presidente ignorou o caos na educação para cuidar do próprio cargo. Em resumo, assim é tratada no Brasil a atividade mais respeitada no Japão. Que este Dia do Professor por aqui seja o primeiro em que esta profissão retome seu papel, recupere suas forças e resgate sua honra. Os educadores estão vivos.

sábado, 10 de outubro de 2015

Um som

(Finis Africae - Ask the dust)
Atendendo a tua desilusão
Atendendo a tua desilusão
Roubaram as cores do meu reino
Roseiras murcharam no jardim
As dores aumentam no meu peito
Teus olhos são tão cruéis pra mim
Povos esqueceram suas lendas
Fendas se abriram pelo chão
Flechas de fogo incendiaram tendas
Atendendo a tua desilusão
Monges abandonaram templos
O vento não sabe aonde ir
Pararam teus movimentos
Teus pés, já não pisam mais aqui
Teus pés, já não pisam mais aqui
Atendendo a tua desilusão
Atendendo a tua desilusão

Guerra fria