domingo, 14 de abril de 2002

Rock e/é Cultura

São Paulo - Os programas Musikaos e Alto falante, exibidos nas madrugadas de sábado na TV Cultura podem ser a salvação da TV aberta. Um horário para roqueiros casados.

Insones

São Paulo - É 1h36 da manhã e meu filho está acordado, brincando. Legal.

sábado, 13 de abril de 2002

Golpe na Venezuela

São Paulo - Militares caudilhos, ignóbeis seguidores de George W. Bush, depuseram Hugo Chávez, depois de batalha campal nas ruas de Caracas. Surpreendentemente, elegeram um civil para chefiar a nova junta ditatorial. É incrível que estejamos assistindo, em pleno século 21, a mais um golpe militar na América Latina, mais uma mancha na democracia, em nome de uma “ascese” estapafúrdia. Chávez era meio maluco mas não muito diferente da maioria do povo pobre da Venezuela, que confiou a própria vida a ele. Deposto pelos poderosos (leia-se Tio Sam), HC deve asilar-se em Cuba para assistir ao golpe de camarote.

É duro constatar mais uma vez que a tentativa de “desalinhar-se” com os donos do hemisfério pode custar caro. A “América” prevalece ,mais uma vez. E assistiremos, calados, a notícias como: “O FMI é a primeira entidade internacional a reconhecer o novo governo venezuelano”.

Como estará meu pai, na Venezuela? Ele era favorável ao Chávez. Morei seis anos naquele país, talvez os mais importantes (primeira infância). Me preocupa muito o que acontece por ali.

Rede

São Paulo - Índio na rede. Mitos digitais. Minha dissertação vem aí.

quarta-feira, 10 de abril de 2002

Branco

São Paulo - Não sei o que escrever. Tinha mil coisas para colocar aqui e de repente, nada. Branco. Era importante? Era sobre política? economia? direitos humanos? jornalismo? blog? MST? USP?

domingo, 7 de abril de 2002

Pane

São Paulo - O blogger saiu do ar. Demorou, mas voltou. Ele tem dessas.

Leio Napoleão, de Emil Ludwig.

São Paulo - Biografia do espevitado francês. Sujeitinho único, esse aqui. Parece ser o ídolo maior de Ottomar Pinto. Do nascimento em berço não-esplêndido ao exílio em Santa Helena; da volta triunfabte à decadência política, uma revisão política de uma personalidade ímpar.

Em conversa com Jair Borin, descubro que ele prefere a de biografia de Napoleão feita pelo Alexandre Dumas. Justo.

sábado, 6 de abril de 2002

Bloqueio

São Paulo - É quase uma da manhã e ainda não terminei a matéria sobre a Casa de Detenção para o Jornal da OAB. Tô com alguma trava, porque queria bolar um texto literalmente literário - consegui um pleonasmo ipsis literis -, mas pelo jeito não vou conseguir. Difícil criar alguma coisa experimental sem cair num pedantismo intelectual (porque existem outros pedantismos) que choca os defensores da pretensa objetividade jornalística.

sexta-feira, 5 de abril de 2002

Awake

São paulo -
Tenho um dia cheio daqui a pouco, mas a insônia permanece. Imnsonia remains the same.

Letras devoradas

São Paulo - Li apenas nove livros no primeiro trimestre de 2002, o que é uma média razoável, mas ainda insatisfatória. Vamos a eles:

1 - O Falador (Mario Vargas Llosa)
2 - Uma estranha realidade (Carlos Castañeda)
3 - A terceira visão (Lobsang Rampa)
4 - Trópico de Capricónio (Henry Miller)
5 - Memórias do Cárcere I (Graciliano Ramos)
6 - Memórias do Cárcere II (Graciliano Ramos)
7 - O Diário de Bridget Jones (Helen Fielding)
8 - Cheiro de Goiaba - Diálogos com Gabriel García-Márquez (Plínio Apuleyo Mendoza)
9 - O Quarto de Jacob (Virginia Woolf)


O Falador, de Llosa é uma fabulosa (palavra que tem que ser entendida em seu significado original, e não em acordo com o adjetivismo primário de nossos dias) novela movida a turning points, com aquelas mudanças radicais que nos causam arrepio, embora sem muita surpresa. O que considero uma grande vantagem, já que a surpresa pura e simples pode ser bem decepcionante, enquanto algo que anuncia-se sorrateiramente, aproxima-se com cuidado, faz ameaças e recuos e, principalmente, provoca-nos a sensação de que pode não ser o que estamos imaginando, me parece muito mais satisfatório. Não confundir com previsível.

Uma estranha realidade é o segundo livro de Castañeda, feito sete anos depois de A Erva do Diabo (odeio o título em português), que foi traduzido em mil línguas e vendeu bilhões de livros mundo afora, tornando o antropólogo de nome fake Carlos Castañeda conhecido internacionalmente. Depois de curtir os louros da fama, ela volta ao Novo México e apresenta a obra ao velho mestre don Juan, que faz pouco caso dos conceitos de fame, fortune and glory de nosso amigo - que sempre se diz violentado pelas alucinações mas não deixa de mascar peiote e viajar por outras dimensões.

A terceira visão é um livro que deixei de ler na adolescência por causa de um Edgar Allan Poe sempre à mão. Acho que fiz bem. Ou não? Rampa tem uma escrita semelhante ao passo e ao fôlego dos orientais, o que é curioso. Assim como suas descrições cruas de rituais místicos tibetanos e de seu pouco caso com a morte. Comprei Entre os monges do Tibete, mas este é o último da trilogia que começa em A Terceira visão. Falta-me O médico de Lhasa.

Trópico de Capricórnio não merece comentários. Leiam. Se posso dizer qualquer coisa sobre esse livro é que talvez ele seja o tipo de obra que nós, espirantes a escritor, planejaremos durante toda uma vida e talvez venhamos a morrer sem fazê-la. Cru, amoral, machista, despótico, autêntico, sem freios. Li uma edição dos anos 60, com uns poucos grifos feitos pelo leitor da época, nas primeiras páginas. Depois não há mais grifos, provando que o livro conta mais sobre sua vida do que você possa imaginar. Encontrei milhões de motivos. Mas não fiz nenhum grifo.

As Memórias do Cárcere aqui consideradas como dois livros por imposição da Editora José Olympio, nessa edição do começo dos anos 70. Pungente. O cara é bom em descrições estóicas e, por incrível que pareça, muito pouco auto-comiserativas. Rachel de Queiroz, Nise da Silveira, José Lins do Rego, Jorge Amado, Olga Prestes e Sobral Pinto, entre outras figuras ilustres, obscuras e excêntricas, aparecem nas suas 676 páginas (373 do primeiro mais 303 do segundo volume). Só para abusar do lugar-comum, é o retrato de uma(s) época(s).

O Diário de Bridget Jones é um dos best-sellers do momento, mas não quer dizer que seja ruim. Humor inglês despretensioso, até meio novaiorquino, numa mescla de Woody Allen e Mike Leigh em comédia shakesperiana dirigida por Kenneth Branagh. Ou também pode não ser nada disso. Um livro mulher. Uma livra.

Cheiro de Goiaba, frase que não aparece no livro, é creditado a Gabriel García Márquez mas na verdade é de Plínio Apuleyo Mendoza, amigo íntimo de Gabo e autor de singela biografia desse colombiano-maluco-parecido-com-meu-pai. Altas revelações sobre técnicas literárias e superstições do Caribe.

O Quarto de Jacob marca o início da fase experimental de Virginia Woolf, com seu belo texto poético estilhaçado em mil pedaços, esculpindo personagens incompletos, omitindo emoções que depois são exteriorizadas violentamente. Uma saraivada. Grande livro. Um trecho, na página 80: "Ou somos homens ou somos mulheres. Ou somos frios, ou somos sentimentais. Ou somos jovens, ou estamos envelhecendo. Em qualquer caso, a vida não é senão uma procissão de sombras, e sabe Deus por que as abraçamos tão avidamente e as vemos partir com tal angústia, já que não passam de sombras."

Do inferno

São Paulo - Hoje visitei o inferno. Era um sonho antigo. Estive nos pavilhões 6 e 8 da Casa de Detenção, que está sendo desativada, numa pauta para o Jornal do Advogado. Percorri aquelas celas vazias sentindo uma apreensão previsível e uma energia ruim que já era esperada. Fotos, livros, documentos, cadeiras, espelhos quebrados, copos, muletas, solidão.

Percebi, entretanto, que além do cheiro de comida podre, de madeira encharcada, das manchas nas paredes infiltradas, dos grafites, das fotos de mulheres das revistas pregadas nas paredes e do miado dos gatos abandonados, que ali (ainda) reina uma atmosfera de desesperança, ódio, violência e sangue.

segunda-feira, 1 de abril de 2002

Saudades

São Paulo - De Porlamar, Ciudad Bolívar, Juan Griego, Santa Elena, a estrada litorânea até Güiria, Georgetown, Paramaribo... Quanta coisa se perde nestas latitudes.

Março já era

São Paulo
Que venham os próximos. Gosto de março. Um pouco quente, mas gosto. Andréa deprê, não consegue adiantar a dissertação.

quinta-feira, 28 de março de 2002

Green is the colour

São Paulo - O show de Roger Waters foi demais - não sei porque estou escrevendo isto somente hoje, talvez porque seja uma daquelas desculpas do tipo "ainda estou avaliando tudo o que aconteceu", e como não consigo pensar em nada que justifique tal atraso, que avilta a instantaneidade dos blogs, atrasa a apressada apreciação jornalística, "esfria" o assunto etc, vamos nessa. Como diria Dustin Hoffman, definitivamente valeu a pena gastar os últimos trocados com o ingresso mais barato. Mr. Waters (sir?) causou arrepios, executando as mais belas canções jamais feitas: Dogs, shine on you crazy diamond, in the flesh, another brick in the wall, pigs on the wing.... Incrível.

sábado, 23 de março de 2002

Tudoaomesmotempoagora

São Paulo - O que estive fazendo, para não atualizar o blog? Seu Walmor, avô da Andréa, morreu. Reencontro meu filho depois de três semanas (ele em Rondônia, eu no Rio Grande do Sul). Fui a Roraima, onde fiquei cinico dias, desconhecendo amigos e paisagens, passeando de barco pelo rio Branco, revendo Nagisa, despedindo-me dela, de minha mãe, tomando um ônibus e conversando com senhora evangélica que acredita que todas as bandas de rock firmam contratos com o demônio, descolando quem se dispusesse a viajar de Presidente Figueiredo (AM) a Manaus de táxi, chegando em cima da hora, pegando vôos pinga-pinga por toda a Amazônia, voltando para São Paulo, revendo Liu e Andréa e a USP e o pessoal da OAB-SP para quem faço uns frilas, voltando ao normal, descomprimindo, aterrissando, slow, slow, slow.

Malditos hackers

Boa Vista - Alguém descobriu minha senha e escreveu uma mensagem no blog, dizendo que se fosse pessoa de má índole teria detonado minhas palavras etc. Nenhum dano aparente. Agradeço ao hacker de bom coração.

Guerra fria