sexta-feira, 28 de novembro de 2003

É, Norma
- É o dinheiro da corrupção que você quer, não é?
- É, Norma.

(Transcrição de telefonema entre o juiz João Carlos da Rocha Mattos, acusado de corrupção ativa e venda de sentenças e sua ex-mulher, Norma Regina Cunha.)

quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Reunião de bacana
(Os Originais do Samba)

Todo mundo cantando esse refrão
Se gritar pega ladrão
Não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um

Você me chamou para esse pagode
Nem me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor eu sou escurinho
Aqui realmente está toda a nata
Doutores senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão

Lugar meu amigo é minha baixada
E ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho e se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que voce me trouxe para ser roubado

quarta-feira, 26 de novembro de 2003

Aeroporto
(Fellini)
Na entrada não se podia ver nem mesmo um espirro

Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro

No círio um garoto nos sapatos de um homem

Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro

Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião

Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto

Não se viaja sempre solo per lavoro

quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Leio
Dublinenses - James Joyce

Li Viver para contar, de Gabriel García-Márquez
O interesse pela vida alheia, padrão característico em todos os estratos sociais, revela-se de muitas formas. Ao consumir a vida das celebridades julgamos estar mais próximos delas, íntimos e arbitrários, quebrando sua divindade.

A leitura de uma biografia, portanto, não será muito diferente de assistir ao TV Fama. As histórias de vida dignas de serem publicadas – qualidade discutível que satisfaz nossos instintos de caça às celebridades – solucionam esse incontrolável interesse pela intimidade alheia, mas privilegiam a indigência intelectual.

Esse não é o caso da biotrilogia do escritor colombiano Gabriel García-Márquez, cuja primeira parte já está disponível nas livrarias. Viver para contar (Record, 474 páginas) é muito diferente de suas obras de ficção. Não envereda pelo realismo fantástico de A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada, Olhos de cão azul, Doze contos peregrinos, e Cem anos de solidão. Não é um romance como O amor nos tempos do cólera e Do amor e outros demônios, nem o flerte com a História de O general em seu labirinto. O estilo é semelhante ao de Notícia de um seqüestro, mas a comparação ainda será ineficiente.

O fio narrativo, entre uma ou outra volta ao presente, concentra-se na juventude pobre, nos primeiros experimentos literários, na boemia interminável dos literatti nos anos 1950. Quase jornalismo, com serifas literárias de grande valor.

domingo, 9 de novembro de 2003

Três notas e meia sobre rock n'roll
The Vines tenta ser Beatles, mas só consegue um efeito razoavelmente Oasis.
The Hives tenta ser Stones, mas acaba relendo Sex Pistols.
Coldplay, tentando Nick Cave, desandou em Radiohead.
De novidade do front, discos novos de bandas velhas, como Sonic Youth e New Order.
Certo pelo duvidoso, Vandré Fonseca foi à Galeria 24 de Maio e comprou aquele Jefferson Airplane importadão.

(Publicado há um ano, neste blog)
A queda
Se os juízes Rocha Mattos, Casem Mazloun e Ali Mazloun ainda não leram A Queda, de Albert Camus, deveriam aproveitar o momento favorável.

segunda-feira, 3 de novembro de 2003

Spam
Valium, Viagra, Xanax? Não, obrigado. Desculpe, investidor estrangeiro que pretende depositar milhares de dólares na minha conta bancária, mas hoje não dá. Não, não preciso de mais tempo com minha família, senhores do Trabalhe em Casa. Não tenho a menor idéia do que você está falando, Bruno Solano. Caro gerente da agência de viagens de Santa Catarina, infelizmente moro longe. E quanto a você, saiba que não falo servo-croata.

sexta-feira, 31 de outubro de 2003

Persona non grata
O documentário de Oliver Stone sobre o conflito árabe-israelense é interessante, mas limitado aos últimos acontecimentos.

O filme de 67 minutos carece de informação histórica, mas acerta ao apresentar um panorama atualizado da situação. Peca, entretanto, pelo excesso de fontes israelenses em detrimento das poucas entrevistas com palestinos - Yasser Arafat não estava disponível.

O que mais choca em Persona non grata são as declarações absurdas do prêmio Nobel da Paz, Shimon Perez. Para ele, não é a pobreza que gera o terrorismo, mas o terrorismo que gera a pobreza. Ameaça sionista clássica. Na prática, significa a
demolição das casas dos parentes dos terroristas.

Quanto aos territórios ocupados em 1967, Perez é sarcástico: "Deixe que eles sonhem".
Dia do Saci
Halloween que nada. Hoje é dia do Saci.

terça-feira, 21 de outubro de 2003

Bike (Syd Barrett)
I've got a bike. You can ride it if you like.
It's got a basket, a bell that rings and
Things to make it look good.
I'd give it to you if I could, but I borrowed it.

You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.

I've got a cloak. It's a bit of a joke.
There's a tear up the front. It's red and black.
I've had it for months.
If you think it could look good, then I guess it should.

You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.


I know a mouse, and he hasn't got a house.
I don't know why. I call him Gerald.
He's getting rather old, but he's a good mouse.

You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.

I've got a clan of gingerbread men.
Here a man, there a man, lots of gingerbread men.
Take a couple if you wish. They're on the dish.

You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.

I know a room of musical tunes.
Some rhyme, some ching. Most of them are clockwork.
Let's go into the other room and make them work.
Quem é esse cara? Syd Barrett.

Guerra fria