domingo, 20 de novembro de 2005

Desaparecidos IV

Belo Horizonte - Um som é mais um desses discos conceituais, sonoros, vocálicos, graves, universais e impressionantes do cantor, compositor, poeta e performer brasileiro Arnaldo Antunes. Esgotadíssimo, nem em redes P2P pode ser encontrado.

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Desaparecidos (III)

Belo Horizonte - Santorini Blues, de Herbert Vianna é introspectivo, família, gravado em estúdio caseiro, com ecos mediterrâneos, vinho tinto e pólvora. Ganhei da Andréa, que já usou uma faixa (Luca) num vídeo ambiental ali pelo finalzinho do século 20. Depois de alguns anos esgotado, voltou a ser prensado e é vendido por preço especial anti-pirataria numa grande loja de discos virtual. O exemplar desaparecido já foi substituído.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Desaparecidos (II)

Belo Horizonte -
Berlin, do Lou Reed, é perda inestimável. Coisa antiga. Minha mãe não gostava. Nenhuma mãe gosta do Berlin. Coloque para sua mãe ouvir e veja se ela gosta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Desaparecidos (I)

Belo Horizonte - Re, do Cafe Tacuba é um disco excepcional, onde o rock latino apresenta-se transfigurado por mitos indígenas, campesinos e chilangos e canções de amor e música mexicana de raiz e cinismo e cultura híbrida. Da veia revolucionária que engendra Santana, Mutantes e Orquestra Tabajara. Inspiração para o som do Los Hermanos. Paradigma pós-moderno e item obrigatório. Comprei num shopping em Puerto Ordaz junto com o Vodoo Lounge, dos Stones e o Soup, Do Blind Melon em novembro de 1995. Até agora não foi substituído, mas tenho em MP3, até lá.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Desaparecidos (Prólogo)

Belo Horizonte - Compradores compulsivos de discos são uns incompreendidos. A maioria das pessoas acha suficiente ouvir música no rádio, em lojas de roupas, em carros "tunados" ou na TV, e que portanto não precisa dela. A música é etérea, logo a tentativa de aprisioná-la configura egoísmo, instinto de propriedade, atitude pouco sociável diante da mais bela e intangível arte. Argumentos bons, mas insuficientes para convencer os colecionadores de discos.

Walter Benjamin disse que a reprodução indiscriminada de bens culturais destrói o valor de culto da obra genuína. Na era da reprodutibilidade técnica, o valor de exposição assume a liderança. Esse paradigma ganha roupa nova no século 21, onde CDs, livros e filmes são bens culturais que passaram a concentrar, na era da pirataria cibernética, o mesmo valor de culto que as pinturas de Vermeer. Um dia esses objetos deixarão de ser fabricados, submersos na digitalização desenfreada de conteúdos. Passado humano ainda presente.

Entre a reprodutibilidade técnica e a pirataria cibernética, o colecionador de discos busca aprisionar a música para lhe dar o devido valor de culto. Há gente que vive muito bem com menos de 600 discos. Não é meu caso. Os 50 CDs desaparecidos que tentarei lembrar e comentar aqui reaparecem, fantasmagóricos, em forma de expiação e terapia. Sugestão do Annio Marcos, ainda às voltas com a tese.

PS: Como prometido, a série começa no dia seguinte a uma segunda-feira, com a volta do bom e velho sistema de comentários Haloscan.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Já era

Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Belo Horizonte - NA VITROLA, SONIC YOUTH, o primeiro, de 1982, com aquelas linhas de baixo que só a Kim Gordon sabe fazer.
Belo Horizonte - O FIM DA CRISE POLÍTICA aproxima-se, célere. E traz alívio rápido para o Congresso Nacional. É que os 13 deputados acusados de receber dinheiro ilícito para suas campanhas devem renunciar e ficar livres da cassação por falta de decoro parlamentar. Há um cheiro de pizza vindo de Brasília. Pizza gigante, tamanho família, com sabores que atendem aos partidos envolvidos na tramóia: PP, PSDB, PDT, PL, PFL e, claro, o PT. Blindagem é isso.

sábado, 8 de outubro de 2005

Belo Horizonte - TESTAR UM NOVO TEMPLATE é sempre uma atividade divertida, se podemos realmente nos dedicar a ela.

sábado, 1 de outubro de 2005

Leio da mão para a boca, de Paul Auster

Belo Horizonte - Mistura excelente auto-biografia a duas peças de teatro horrorosas, um desprezível jogo de beisebol com cartas de baralho e uma novela noir bem construída. A primeira parte, como bem afirma o Antônio Marcos, comprova que mesmo na adversidade é possível construir uma carreira sólida, por mais que os fracassos se sucedam.

A coletânea de fracassos em Da mão para a boca é expiação para o autor, que depois de limpar privadas em navios, flanar sem rumo pelas ruas de Paris, trabalhar em subempregos e tentar projetos mirabolantes na busca da estabilidade financeira, encontrou seu lugar como escritor e roteirista na selvagem Manhattan.

Dos vinte e muitos aos trinta e poucos anos de idade passei por um longo período em que tudo o que eu tocava dava em fracasso. Meu casamento terminou em divórcio, meu trabalho como escritor não levava a nada e eu vivia atormentado por problemas financeiros. Não me refiro apenas a um aperto ocasional, a épocas recorrentes de vacas magras, e sim a uma falta de dinheiro constante, opressora, quase sufocante, que me envenenava a alma e mantinha-me num estado perene de pânico. (p. 7)

Livro: Da mão para a boca
Autor: Paul Auster
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 50,50

Guerra fria