domingo, 27 de novembro de 2005

Notas sociais

Belo Horizonte - Sexta-feira e sábado eletrônicos em Belo Horizonte, com o Fórum Eletronika de Mídia Expandida rolando na Casa do Conde. Video-arte, gente de óculos, DJs Kowalsky (BH), Dolores (Aracaju), Pheek (Canadá), Rupture (Espanha), os newordianos alemães Ada e Metope, encerrando com a bricolage sonora do canadense Akufen. E ainda as presenças ilustres de Antônio Marcos Pereira - que depois se mandou pra São Paulo atrás do Flaming Lips -, Andréa Cattaneo, Fábia Lima, Ana Paula Damasceno e Leo Gomes. Hype? Hiper.

sábado, 26 de novembro de 2005

Um menino vê hamsters na vitrine

Belo Horizonte -



...como quando deixamos as garagens dos condomínios e saímos,
encapsulados em nossos carros, observadores da vida encaixotada, a caminho do Shopping.



domingo, 20 de novembro de 2005

Desaparecidos IV

Belo Horizonte - Um som é mais um desses discos conceituais, sonoros, vocálicos, graves, universais e impressionantes do cantor, compositor, poeta e performer brasileiro Arnaldo Antunes. Esgotadíssimo, nem em redes P2P pode ser encontrado.

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Desaparecidos (III)

Belo Horizonte - Santorini Blues, de Herbert Vianna é introspectivo, família, gravado em estúdio caseiro, com ecos mediterrâneos, vinho tinto e pólvora. Ganhei da Andréa, que já usou uma faixa (Luca) num vídeo ambiental ali pelo finalzinho do século 20. Depois de alguns anos esgotado, voltou a ser prensado e é vendido por preço especial anti-pirataria numa grande loja de discos virtual. O exemplar desaparecido já foi substituído.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Desaparecidos (II)

Belo Horizonte -
Berlin, do Lou Reed, é perda inestimável. Coisa antiga. Minha mãe não gostava. Nenhuma mãe gosta do Berlin. Coloque para sua mãe ouvir e veja se ela gosta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Desaparecidos (I)

Belo Horizonte - Re, do Cafe Tacuba é um disco excepcional, onde o rock latino apresenta-se transfigurado por mitos indígenas, campesinos e chilangos e canções de amor e música mexicana de raiz e cinismo e cultura híbrida. Da veia revolucionária que engendra Santana, Mutantes e Orquestra Tabajara. Inspiração para o som do Los Hermanos. Paradigma pós-moderno e item obrigatório. Comprei num shopping em Puerto Ordaz junto com o Vodoo Lounge, dos Stones e o Soup, Do Blind Melon em novembro de 1995. Até agora não foi substituído, mas tenho em MP3, até lá.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Desaparecidos (Prólogo)

Belo Horizonte - Compradores compulsivos de discos são uns incompreendidos. A maioria das pessoas acha suficiente ouvir música no rádio, em lojas de roupas, em carros "tunados" ou na TV, e que portanto não precisa dela. A música é etérea, logo a tentativa de aprisioná-la configura egoísmo, instinto de propriedade, atitude pouco sociável diante da mais bela e intangível arte. Argumentos bons, mas insuficientes para convencer os colecionadores de discos.

Walter Benjamin disse que a reprodução indiscriminada de bens culturais destrói o valor de culto da obra genuína. Na era da reprodutibilidade técnica, o valor de exposição assume a liderança. Esse paradigma ganha roupa nova no século 21, onde CDs, livros e filmes são bens culturais que passaram a concentrar, na era da pirataria cibernética, o mesmo valor de culto que as pinturas de Vermeer. Um dia esses objetos deixarão de ser fabricados, submersos na digitalização desenfreada de conteúdos. Passado humano ainda presente.

Entre a reprodutibilidade técnica e a pirataria cibernética, o colecionador de discos busca aprisionar a música para lhe dar o devido valor de culto. Há gente que vive muito bem com menos de 600 discos. Não é meu caso. Os 50 CDs desaparecidos que tentarei lembrar e comentar aqui reaparecem, fantasmagóricos, em forma de expiação e terapia. Sugestão do Annio Marcos, ainda às voltas com a tese.

PS: Como prometido, a série começa no dia seguinte a uma segunda-feira, com a volta do bom e velho sistema de comentários Haloscan.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Já era

Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Belo Horizonte - NA VITROLA, SONIC YOUTH, o primeiro, de 1982, com aquelas linhas de baixo que só a Kim Gordon sabe fazer.
Belo Horizonte - O FIM DA CRISE POLÍTICA aproxima-se, célere. E traz alívio rápido para o Congresso Nacional. É que os 13 deputados acusados de receber dinheiro ilícito para suas campanhas devem renunciar e ficar livres da cassação por falta de decoro parlamentar. Há um cheiro de pizza vindo de Brasília. Pizza gigante, tamanho família, com sabores que atendem aos partidos envolvidos na tramóia: PP, PSDB, PDT, PL, PFL e, claro, o PT. Blindagem é isso.

sábado, 8 de outubro de 2005

Belo Horizonte - TESTAR UM NOVO TEMPLATE é sempre uma atividade divertida, se podemos realmente nos dedicar a ela.

sábado, 1 de outubro de 2005

Leio da mão para a boca, de Paul Auster

Belo Horizonte - Mistura excelente auto-biografia a duas peças de teatro horrorosas, um desprezível jogo de beisebol com cartas de baralho e uma novela noir bem construída. A primeira parte, como bem afirma o Antônio Marcos, comprova que mesmo na adversidade é possível construir uma carreira sólida, por mais que os fracassos se sucedam.

A coletânea de fracassos em Da mão para a boca é expiação para o autor, que depois de limpar privadas em navios, flanar sem rumo pelas ruas de Paris, trabalhar em subempregos e tentar projetos mirabolantes na busca da estabilidade financeira, encontrou seu lugar como escritor e roteirista na selvagem Manhattan.

Dos vinte e muitos aos trinta e poucos anos de idade passei por um longo período em que tudo o que eu tocava dava em fracasso. Meu casamento terminou em divórcio, meu trabalho como escritor não levava a nada e eu vivia atormentado por problemas financeiros. Não me refiro apenas a um aperto ocasional, a épocas recorrentes de vacas magras, e sim a uma falta de dinheiro constante, opressora, quase sufocante, que me envenenava a alma e mantinha-me num estado perene de pânico. (p. 7)

Livro: Da mão para a boca
Autor: Paul Auster
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 50,50

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Leio Haxixe, de Walter Benjamin

Belo Horizonte - Ri à beça com as aventuras do excelso teórico da Escola de Frankfurt e seus colegas de pesquisa (Ernst Jöel e Fritz Fränkel) na embriaguez do haxixe. Como Edgar Morin, Benjamin acreditava no observador participante, uma forma de imersão no campo de pesquisa que vai além da mera transcrição de detalhes (o que está matando o jornalismo) e parte para a compreensão de todo o universo de significações, via observação direta, do comportamento do(s) indivíduo(s) pesquisado(s) em determinada situação. Um tipo de trabalho onde a participação não gera interferência direta nos resultados, mas uma metodologia de acompanhamento de cada experiência.

De modo assaz genérico, pode-se dizer que a noção de um "lá fora" ou de um "além" vem associada a um certo desprazer. Mas é preciso distinguir rigorosamente o "lá fora" do campo de visão extremamente vasto que, para a pessoa sob o efeito do haxixe, tem tão pouco a ver com o "lá fora" quanto, para o espectador de teatro, o palco e a rua fria. Insistindo nessa analogia, dir-se-ia que entre o drogado e seu campo de visão parece interpor-se uma espécie de proscênio por onde perpassa uma brisa bem diversa: o mundo exterior. (p. 52)

Bloch se dispõe a tocar-me de leve o joelho. Sinto o toque da mão muito antes que ela me alcance, e o gesto me choca como uma desagradável violação de minha aura. (p. 53)

Benjamin, como em outros experimentos, mantém o braço e o dedo indicador, apoiados no cotovelo, apontados para cima. "Talvez minha mão se transforme num pequeno ramo". É extraordinariamente significativo que, na imaginação de Benjamin, tenha se acrescentado a essa observação "se é que não se manifestou simultaneamente a ela" a idéia de que a mão ramificada se cobria de neve. (p. 107)

Além do ornamento porém, há na esfera banal das coisas observáveis certos objetos que transmitem ao êxtase o peso e o significado que os habitam. Entre eles incluem-se as cortinas e os rendados. As cortinas são intérpretes da linguagem dos ventos. Elas conferem a cada sopro o perfil e a sensualidade das formas femininas. Diante delas o fumante, absorto em seu jogo ondulatório, desfruta do mesmo prazer que lhe proporcionaria uma bailarina consumada. Mas, se a cortina estiver aberta de par em par, ela pode tornar-se instrumento de um jogo ainda mais extraordinário, pois essas rendas funcionarão para o fumante como padrões, que por assim dizer, seu olho imprimirá sobre a paisagem, transformando-a de maneira singular. (p. 38)

Embora a incoerência típica do êxtase resulte num texto vezooutra anárquico, Benjamin apresenta características da borracheira com a maestria literária e científica que lhe são próprias. Certas passagens são hilárias, como convém à estupefaciência. O livro ainda acrescenta experimentos com Mescalina produzida pelo Laboratório Merck, aquele mesmo, do Paracetamol.

Livro: Haxixe
Autor: Walter Benjamin
Editora: Brasiliense
Páginas: 126
Preço: Esgotado

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Belo Horizonte - ACREDITO NA BLOGOSFERA como novo espaço público habermasiano, lugar de gestação de novas políticas de comunicação, onde a liberdade de pensamento e a possibilidade de intervenção sejam plenas. Os sistemas de comentários dos blogs serão fantasmas assombrando a grande imprensa, num futuro muito próximo. Os mass media precisam se render à manifestação da audiência, ou seu modelo entrará em colapso. Políticas públicas globais de comunicação, já!

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Belo Horizonte - MANTENHO ESTE BLOG HÁ ANOS e os resultados de audiência para uma nova proposta de texto em quatro dimensões (quer entender, leia os arquivos, cansei de desperdiçar HTML) são pífios. O que faz pensar se a manutenção deste espaço vale a pena. Não trato blog como terapia, passatempo ou modismo, nem condeno sua utilização dessa forma. Escrevo para formar leitores, uns trezentos a quinhentos, que possam consumir minha produção literária chinfrim no futuro. Blogar cria atalhos no percurso literário.

Guerra fria