Las Claritas - O reggaeton toca a altos decibeis na rua mais movimentada do lugarejo. Catadores deixam pilhas de latas de cerveja no asfalto para que os carros amassem. Se é preguica ou esperteza, nao sei, mas o espetaculo é deprimente.
domingo, 1 de maio de 2011
Zed is dead, baby
Las Claritas - Anteontem mataram um homem em Las Claritas. Meu primo chegava pela mañha à loja do meu irmao quando notou o corpo estirado na rua. As pessoas passavam, olhavam e seguiam adiante. Tipo assim, nao há nada de errado com ele, exceto pelo fato de nao estar vivo.
Nao ha franquias em Las Claritas, mas em pelo menos uma coisa, o lugarejo se assemelha a Sao Paulo.
Os assassinatos, assaltos e latrocínios sao tao comuns por aqui que a populacao ja criou seu proprio toque de recolher. Quase ninguem sai as ruas depois das 22h. É o preco que se paga pelos diamantes e pelo ouro que se extrai da terra.
Nao ha franquias em Las Claritas, mas em pelo menos uma coisa, o lugarejo se assemelha a Sao Paulo.
Os assassinatos, assaltos e latrocínios sao tao comuns por aqui que a populacao ja criou seu proprio toque de recolher. Quase ninguem sai as ruas depois das 22h. É o preco que se paga pelos diamantes e pelo ouro que se extrai da terra.
sábado, 30 de abril de 2011
Bolivarianas
Las Claritas - Estou em um cybercafe - se assim podemos chamar o cubículo de 10 metros quadrados com 16 computadores e uma cabine telefónica - instalado ao lado de uma das trës farmácias de Las Claritas, um lugarejo perdido no meio do mundo, nos limites da Gran Sabana a 800 metros de altitude e 6° de latitude norte.
Falta luz e faz muito calor. Um pequeno gerador de energia mantém as máquinas funcionando. O teclado está configurado para escrever em espanhol e náo é possível enxergar as teclas.
Las Claritas é o retrato da República Bolivariana de Venezuela, um país outrora atraente para o turismo, mas que agora afugenta os visitantes devido aos constrangimentos ilegais pelos quais passam os viajantes de carro, parados por militares do exército e da guarda nacional dispostos a cobrar propina e destratar turistas em troca de uns mìseros trocados ou mesmo chocolate.
Morei na Venezuela quando criança e ainda tenho pai, primos e irmaos vivendo aqui. Todos chavistas, embora o caudilho presidente tenha perdido a simpatia do lado brasileiro da familia. Gostei - muita gente gostou dos primeiros anos de Hugo Chávez Frias à frente do país (ver arquivos do e-pístolas), mas agora a corrupçao, o desvio dos petrodolares e a formaçao de uma elite stalinista tornam desagradavel este país lindo, que se compara à Nova Zelandia em matéria de diversidade de natureza e paisagens que vao de praias caribenhas, a imensos deltas, savanas e selva amazonica, pantanais e picos nevados.
A sujeira toma conta do lugarejo, cuja economia está sustentada na atividade garimpeira. Uma miriade de homens e mulheres de diversas nacionalidades - colombianos, brasileiros, dominicanos e tambem venezuelanos - escavam a terra em busca de ouro e diamantes. A mineraçao por aqui é legalizada, mas nao significa que e ambientalmente correta. Ha uso de mercurio para minerar o ouro, que termina caindo nos mananciais.
Dias atrás estive em El Paují, uma comunidade meio hippie e meio indigena que começa a ser invadida pelos garimpos. Dizem que um irmao de Hugo Chavez tem mina por lá.
Que pasa, Venezuela??
Falta luz e faz muito calor. Um pequeno gerador de energia mantém as máquinas funcionando. O teclado está configurado para escrever em espanhol e náo é possível enxergar as teclas.
Las Claritas é o retrato da República Bolivariana de Venezuela, um país outrora atraente para o turismo, mas que agora afugenta os visitantes devido aos constrangimentos ilegais pelos quais passam os viajantes de carro, parados por militares do exército e da guarda nacional dispostos a cobrar propina e destratar turistas em troca de uns mìseros trocados ou mesmo chocolate.
Morei na Venezuela quando criança e ainda tenho pai, primos e irmaos vivendo aqui. Todos chavistas, embora o caudilho presidente tenha perdido a simpatia do lado brasileiro da familia. Gostei - muita gente gostou dos primeiros anos de Hugo Chávez Frias à frente do país (ver arquivos do e-pístolas), mas agora a corrupçao, o desvio dos petrodolares e a formaçao de uma elite stalinista tornam desagradavel este país lindo, que se compara à Nova Zelandia em matéria de diversidade de natureza e paisagens que vao de praias caribenhas, a imensos deltas, savanas e selva amazonica, pantanais e picos nevados.
A sujeira toma conta do lugarejo, cuja economia está sustentada na atividade garimpeira. Uma miriade de homens e mulheres de diversas nacionalidades - colombianos, brasileiros, dominicanos e tambem venezuelanos - escavam a terra em busca de ouro e diamantes. A mineraçao por aqui é legalizada, mas nao significa que e ambientalmente correta. Ha uso de mercurio para minerar o ouro, que termina caindo nos mananciais.
Dias atrás estive em El Paují, uma comunidade meio hippie e meio indigena que começa a ser invadida pelos garimpos. Dizem que um irmao de Hugo Chavez tem mina por lá.
Que pasa, Venezuela??
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Paris, Hilton
Boa Vista - Adrian Grenier explica a Paris Hilton o Mito de Narciso. Depois de ouvir a estória de um jovem muito bonito que se afoga ao admirar o próprio reflexo na água, Paris pergunta: "Isso é real?".
Vejo a cena em Teenage Papparazzo, documentário dirigido por Grenier sobre o garoto Austin, que de paparazzo-mirim, é tornado celebridade por conta do documentário dirigido por celebridade sobre papparazzo-mirim.
Vejo a cena em Teenage Papparazzo, documentário dirigido por Grenier sobre o garoto Austin, que de paparazzo-mirim, é tornado celebridade por conta do documentário dirigido por celebridade sobre papparazzo-mirim.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Li A Vida dos Animais, de J. M. Coetzee
Boa Vista - Gosto de gente como Coetzee, porque que não dá a mínima para o leitor médio. Idem. Nesta novela da vida real - ou da vida dos animais, estes "outros" - pouco importa se o que lemos é metaficção ou metarealidade. Já não o sabemos e isso não importa mais.
Consideremos este um romance acadêmico, a propósito de imprimir um rótulo fácil e digerível. Entretanto, é acima de tudo um idílio com a imaginação e direitos que só consideramos humanos e que, definitivamente, não comoverá a maioria.
Livro: A vida dos animais
Autor: J. M. Coetzee
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 27,90
Consideremos este um romance acadêmico, a propósito de imprimir um rótulo fácil e digerível. Entretanto, é acima de tudo um idílio com a imaginação e direitos que só consideramos humanos e que, definitivamente, não comoverá a maioria.
Livro: A vida dos animais
Autor: J. M. Coetzee
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 27,90
sábado, 16 de abril de 2011
Há 10 anos
São Paulo - Cegos, caminhamos pelos jardins da universidade, guiados por alguém de confiança. Sons. Formas. Adaptação. Medo. Ser cego é estar mutilado, deprimido e estranhamente tranqüilo. Eu e Damião Marques cegos num velho exercício de teatro. Wide eyes shut. Reféns da confiança. Verdadeiro acinte à vida urbana. Verdadeiro banho de imersão na complexidade dos quatro sentidos restantes.
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Da série “comerciais de cosméticos com voz sussurrada e aveludada no final”, Gisele Bündchen lânguida em cetim, brinca com um gato no sofá. Ao final, a voz diz: “vi vara”.
The George Constanza Show
George "T-Boooooone" Constanza |
Master of the house
doling out the charm
ready with a handshake
and an open palm
(Trecho do musical Les Miserables, que George não consegue parar de cantar no episódio The Jacket)
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Thomas Mann |
Encontro a frase num velho Thomas Mann, incrustado na estante entre A Morte em Veneza e Os Buddenbrook, levemente inclinado à esquerda, aguardando com a paciência dos livros o momento de ser lido. Na carta escrita em 15 de abril de 1932, Mann protesta a um editor contra a interpretação de obra politicamente engajada conferida à sua novela “Mario e o Mágico”.
Em discurso habilidoso, o escritor alemão separa, apesar das muitas semelhanças, os dois campos do saber (Ética e Política) em um golpe rápido no final do parágrafo. Aufklarüng legítimo. Anos depois ele admitiria que, sim, a obra era uma crítica ao fascismo italiano.
"Não me agrada ver esta história ser considerada uma sátira política. Dessa forma ela fica destinada a uma esfera que convém apenas a uma parte restrita de seu ser. Não negarei que pequenas fosforescências e alusões políticas atuais estejam inseridas nela, mas a política é uma vasta noção que, sem uma delimitação muito precisa, se confunde com o problema e o domínio da ética; e eu preferiria desvendar o sentido de minha pequena história – colocado à parte o plano artístico – muito mais no plano ético que no político." (TM)
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Li Vida, de Keith Richards
Boa Vista - Na melhor biografia de rockstar dos últimos tempos, Keith Richards devassa o processo criativo com a afinação aberta em guitarras de cinco cordas, fala sobre troca de sangue, cheirar as cinzas do pai e outros mitos, além do papel dos estupefacientes na criação artística, acidentes domésticos e infernos particulares.
A conturbada relação dos glimmer twins é revista, de forma seca a implacável, como a introdução de Rocks off. Mas nada das farpas típicas trocadas pela dupla mais jurássica do rock nos anos 90. Keith Richards e sua saúde de ferro ensinam a roqueiros de boutique que todo buraco é mais embaixo. Que música é sacerdócio.
Com 50 anos de carreira (artística, a outra ele deixou há alguns anos), o velho roqueiro continua a ser um heróico anti-herói.
Livro: Vida
Autor: Keith Richards
Editora: Globo
Preço: R$ 52,00
A conturbada relação dos glimmer twins é revista, de forma seca a implacável, como a introdução de Rocks off. Mas nada das farpas típicas trocadas pela dupla mais jurássica do rock nos anos 90. Keith Richards e sua saúde de ferro ensinam a roqueiros de boutique que todo buraco é mais embaixo. Que música é sacerdócio.
Com 50 anos de carreira (artística, a outra ele deixou há alguns anos), o velho roqueiro continua a ser um heróico anti-herói.
Livro: Vida
Autor: Keith Richards
Editora: Globo
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