sábado, 4 de julho de 2015

Boa Vista - Sobre futuros exilados: este novo Brasil conservador, violento, religioso e ignorante é resultado de uma sociedade que faz questão de demonstrar em seus automóveis, na moral adquirida e na espúria e manipuladora programação da TV, que a educação tem importância mínima. Essa guinada à direita e o pentecostalismo unido à Bancada da Bala prognosticam nossa reentrada na década de 1970. Com adolescentes pobres na cadeia, um livro sagrado que explica tudo e Regina Casé vendendo cultura no domingo, vai ser difícil salvar a nossa violentada, mas ainda de pé, educação pública
www.youtube.com/watch?v=7wL9NUZRZ4I

Sim, continuo a ouvir The Next Day, do David Bowie e sim, aquele site de letras com nome de inseto continua a usar o google translator. Dedicada a amigos expatriados; ex-expatriados; repatriados e a futuros exilados.
O AMOR ESTÁ PERDIDO
Esta é a hora mais escura, você tem 22
A voz da juventude, a hora do pavor
É a hora mais escura e sua voz é nova
O amor está perdido. Perdido é o amor
Seu país é novo. Seus amigos são novos
Sua casa e até mesmo seus olhos são novos
Sua empregada é nova e seu sotaque também
Mas seu medo é tão antigo quanto o mundo
Diga adeus às emoções da vida
Quando o amor era bom
Quando o amor era ruim
Diga adeus à uma vida sem dor
Diga olá, você é uma garota linda
Diga olá para os lunáticos
Conte-lhes seus segredos
Eles são um túmulo
Oh, o que você fez, oh o que você fez
O amor está perdido. Perdido é o amor
Você sabe tanto, que isto lhe faz chorar
Você se recusa a falar, mas pensa como louca
Você se livrou de sua alma e de sua face pensativa
Oh, o que você fez, oh o que você fez
Oh, o que você fez, oh o que você fez?

segunda-feira, 29 de junho de 2015

No final dos anos 90 ouvíamos uma série de bandas que misturava soul, jazz e techno para uma turma que ainda curtia Nirvana, Beck e Chico Science. O som multifacetado que chamávamos de jazz-rap fazia a cabeça da chamada Geração X, os últimos jovens do milênio, nascidos na virada dos 60 para os 70, turma que se encontrava para trocar ideias sobre música, livros, cinema, minorias e o algo mais, num tempo em que a internet não tinha a menor graça e não se cogitava o sucesso a qualquer preço. A fusion defendida pela Geração X se estendeu da música para as artes e logo implodiria os velhos conceitos de tribo, num big bang reverso que absorveria para sempre detritos culturais e ideológicos de décadas passadas, exauridos de sua aura e jogados no caldeirão que gerou a Cultura Smiley e todo aquele êxtase tomado nos anos 2000, quando o Verão do Apito já era uma distante lembrança. Ali, na fenda entre dois milênios, o jazz-rap virou acid jazz e depois desapareceRIA PARA SEMPRE. Ficaram os CDs do Jamiroquai, do US3 e do Digable Planets. Mas o que eu mais curtia na época era um cara chamado James Taylor e seu quarteto, que... ok, you've got a friend.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Panelaço Classe A

Boa Vista - Sim, todos temos preconceitos, mas a realidade é inegável em algumas circunstâncias. Temer pentecostais, torcidas de futebol organizadas e conservadores faz sentido porque são grupos dedicados mais ao ódio do outro que às próprias ideologias: conceitos morais que pretendem universalizar, embora a maioria desconheça o termo.
Não quero irritar ninguém (pelo menos 20 'amigos' de Facebook já me excluíram por conta de minhas opiniões. #vácomdeus), mas quando afirmo que o último intelectual de direita vivo é Delfim Netto é porque considero Arthur Gianotti seu áulico e Olavos, Azevedos, Pondés e Mainardis, meros bonecos de ventríloquo.
É essa falta de cabeças que gera manifestações absurdas, como a defesa de intervenção militar por monoglotas em inglês errado e panelaços (uma manifestação criada por famintos) promovidos nas grandes cidades pela Classe A #chatiada. Por isso Roraima não é um estado de absurdos políticos à toa. Tem a quem puxar. Será o Brasil um país sério?!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Sem olhos em Gaza

Olho a estante e ele permanece lá, impávido, há quase 30 anos. Não esta edição, que comprei num sebo em São Paulo há apenas uma década e meia, mas a Obra em si. Nunca concluído desde que o conheci na Biblioteca da Escola Gonçalves Dias, adolescente. Não terminei de ler à época como não terminei de ler em mais seis ou oito tentativas. A verdade é que Sem olhos em Gaza (Aldous Huxley, de quem li quase tudo) me assombra menos pela perspectiva de ser concluído (e ainda será) que por ter influenciado um dos meus primeiros contos de ficção, lá pelos 16 anos, uma novela pretensiosa sobre seres manipulados geneticamente, dilemas bioéticos e as reflexões de um cientista inclinado a protagonista. Quanto ao livro do Huxley, continuo sem olhos para ele.

terça-feira, 10 de março de 2015

RBS defende legalização da maconha

http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2015/03/opiniao-contra-as-drogas-pela-legalizacao-da-maconha-4713971.html

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Sociedade Hashtag

Facebook? O que ainda me mantém por ali é o contato com familiares e amigos espalhados pelo mundo. Vejo um maniqueísmo atroz crescer entre os usuários, como se tudo fosse cara e coroa, certo e errado, bom e mau. Jogados uns contra os outros, amizades e relacionamentos derivam num mar de insanidade burguesa, com os traumas de infância enterrados sob torrentes de selfies e autojactância. A inexplicável vaidade, seguida de elogios hipócritas, reifica o rótulo como forma de sobreviver na Sociedade Hashtag: sociedade cínica, sígnica.


Há oito anos, ao perceber que a profusão de comunidades de ódio era maior que as de música, troquei o Orkut pelo Facebook, que parecia uma opção mais interessante, com mais privacidade e sem propaganda. Havia poucos usuários e não precisávamos saber o que fulano comentou na publicação de um estranho, ou se ele segue a página de um banco aonde não tem conta. Hoje, a deliberada espionagem que chamam de propaganda direcionada e a propaganda de cursos de inglês e hebraico apostam no sionismo velado, uma nova revolução cultural para aumentar ainda mais o abismo entre Oriente e Ocidente.

Durante um tempo usei o Twitter. Mas o desafio dos 140 caracteres, que é interessante para escritores, jornalistas e publicitários, virou veículo de agressão fácil. Raciocinar em 140 caracteres pode ser dolorido. Preferem esculhambar. Nada contra, desde que haja justificativa. Defendo a crítica e a opinião embasada ou o silêncio perpétuo. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão.

Nas duas redes, paguei pelo crime de pensamento. No Twitter, gente subalterna aos que me elegeram sua nêmesis vociferaram com ódio, manipulados pelos Charles Manson modernos. Queriam importância. Já no Facebook, gente de importância duvidosa como um deputado federal e um ruralista me ameaçaram. Normal, mas não desejo esta guerra. A defesa da ditadura militar, da homofobia, da expropriação de terras indígenas, do aborto e do conceito de família nuclear podem ser admitidas em qualquer espaço, desde que esse espaço dê margem ao diálogo e encerre com mecanismos de regulação de convivência da alteridade.


O episódio do assassinato dos jornalistas da Charlie é emblemático. Dizer que morreram muito mais pessoas na Nigéria, no World Trade Center, na queda da Bastilha ou na Segunda Guerra virou estribilho de um pseudoativismo de ocasião, que mais confunde que explica. Que enxerga na polêmica um combustível para a democracia, mas não reconhece que toda vida é preciosa e ignora que adquiriu esse raciocínio matemático das corporações de comunicação que tanto critica.
 
Somos Charlie, mas também somos a Palestina, a maior prisão do mundo: 5 milhões espremidos em 6 mil quilômetros quadrados. Densidade populacional de 830 pessoas por quilômetro quadrado. Somos Ahmed, o policial assassinado no ataque à Revista, mas também somos o Menino Ali, que perdeu os dois braços num bombardeio ao Iraque por forças americanas. Somos políticos sorridentes e perdulários e somos os telespectadores aviltados em suas concessões ilegais de rádio e televisão.

Somos a arrogante raça humana, que apesar de existir há apenas 150 mil anos, vive num planeta com 4,5 bilhões de anos e no último século dizimou os recursos naturais pelo extrativismo indiscriminado; esburacou a terra atrás de pedras preciosas, carvão mineral, petróleo e ferro; produz veículos de cinco lugares para apenas uma pessoa e lança dióxido de carbono na atmosfera para o deleite das corporações e seus governos marionetes. Somos o garimpeiro da Libéria, o lapidador israelense e a madame Toussard ou Ward ou Iglesias ou Marinho com seu colar de diamantes de sangue.

Somos tudo isso, mas meu direito à tranquilidade não pode ser exterminado pelo seu direito à iniquidade. Minha próxima rede será o Pinterest, onde a vida é fácil e divertida. Mas estas e-pístolas continuam. Há 14 anos online, é um dos blogs mais velhos e menos lidos do mundo. Aqui, na solidão do hipertexto, filtro o mundo por meu olhar. Nada pode ser mais tolo e demasiadamente humano, Mr. Nietzsche. E, francamente, Mr. Shankly, você é um pé no saco. Boa noite, Mr. Waldhein. Quem sair por último apaga a luz.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Quadrilha Suprapartidária

Cascadura - O delator
Ao entregar uma quadrilha de 28 políticos de diversos estados e partidos, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, presta-nos um serviço impagável: revela que no Brasil as siglas partidárias nada significam e que nossos representantes não têm pruridos ideológicos. Desviam, roubam, compram e vendem o país com tranquilidade e paciência. Nessa hora, a música do Cascadura me assalta os tímpanos - no melhor sentido. Leia, veja e escute O delator. O Brasil em cinco minutos.


O Delator
(Fábio Cascadura)

Só digo o que mandam e o que vejo
Só digo o que sei
Apontei o culpado com um beijo
Beijei mais de cem
Quem mais poderia resolver?
Quem mais poderia? Me diga! I’m in love!
Você sabe os detalhes, eu te contei
Esqueça o que eu disse...
Porque eu fiz por bem
Aquilo que eu fiz, foi por bem
E isso fica entre nós
Ninguém precisa saber
Não é confissão
É só porque eu preciso dizer
Na minha forca, o teu nó
Eu deveria saber
Minha língua tem trava, eu não ligo
Eu nem gaguejei
A minha verdade, eu não finjo
Minha voz é lei
Te olho no olho e você não vê
Eu chamo seu nome: meu bem, I’m in love!
Te disse, você sabe, eu te contei
E esqueça o que eu disse
Porque eu fiz por bem
Aquilo que eu fiz, foi por bem
Isso fica entre nós
Ninguém precisa saber
Não é confissão
É só porque eu preciso dizer
Na minha forca, o teu nó
Alguém tinha que sofrer

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A doença da "normalidade"

Uma doença que se alastra no universo acadêmico, mas principalmente nas relações humanas. Quando o direito à alteridade é confundido com antipatia; amor com submissão; público com privado; ensino com educação. 
Vale a pena ler o texto de Renato Santos de Souza no Pragmatismo Político.  Uma análise lúcida sobre o reinado do quantitativismo no governo da papercracia.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


Copenhague - A sobriedade é o que mais chama atencao na capital da Dinamarca. Nao há asfalto e os calcamentos privilegiam os pedestres e os ciclistas. As ciclovias cobrem todo o centro da cidade, onde podemos observar uma arquitetura sem os rococós belgas e holandeses - lindos, claro. A cidade resolveu ser mais Bauhaus.


A sobriedade, porem, acaba aí. København é repleta de bares, lojas de conveniências e restaurantes com bebidas locais, cervejas norueguesas, drinks caribenhos e as noites ficam repletas de bebados felizes. Sem falar de Chirstiania, um distrito independente coim legislacao propria que acolhe hippies desde o historico Festival de 1971. Cheech, digo Cheers!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014


Amsterdam - As bicicletas têm preferência sobre os bondes, Os bondes têm preferência sobre os carros. E os pedestres, ou seja, as PESSOAS têm preferência sobre todos os demais meios de transporte. Na América privilegiamos grandes rodovias, ruas largas e estacionamentos em louvor aos carros, grandes pedacos de lata pesadíssimos que passam entre nós em alta velocidade e matam 50 mil pessoas por ano em países como o Brasil.

Guerra fria