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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Li Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade

Serafim Ponte Grande ficou oito anos na estante antes que me decidisse a lê-lo. O livro e o anti-herói Serafim em parte explicam a personalidade controvertida e hedonista do intelectual paulista miseravelmente burguês que irritou Florestan Fernandes e Monteiro Lobato.

A obra é particularmente brilhante, mas tende a ser diminuída quando comparada a trabalhos publicados na mesma época (a virada dos anos 1920 para 1930) como Ulisses, O Quarto de jacó e Heliogabalo. O que não é nenhum crime, afinal ninguém pode ser por James Joyce, Virginia Woolf e Antonin Artaud a não ser os próprios.

Sem copiar os medalhões e mantendo a brasilidade modernista engavetada entre francesismos e uma necessidade maníaca de globalização de ideias, palavras e sensações, Oswald de Andrade prova que viveu o mesmo zeit geist de Joyce. Porém, com muito mais dinheiro.

Um problema nesta edição de 1990 é que o livro começa com um prefácio (“Um grande não-livro”) hermético, inoportuno e pretensioso de Haroldo de Campos, com irrelevantes considerações semióticas sobre um trabalho que no fundo não compreende bem. Aliás, é característica fundamental da semiótica interpretar de forma absolutamente descabida e pessoal, obras de artistas que não queriam em nenhum momento expressar o que está apenas na mente dos semiotas.

Livro: Serafim Ponte Grande
Autor: Oswald de Andrade
Editora: Globo
Ano: 1990
Páginas: 161
Preço: Esgotado

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sobre plágio e afins

Na era da informação, a quantidade de textos plagiados, distorcidos, mutilados e atribuídos a outros autores é imensa, numa despreocupação terrível com a autoria. Os textos são republicados em blogs, twitters e outras plataformas, como se pertencessem aos publicadores ou são falsamente atribuídos a autores famosos.

Já li textos religiosos como se fossem do ateu Gabriel García-Márquez e escatologias atribuídas a Luís Fernando Veríssimo e a James Joyce. Há um texto, modificado ao longo dos anos e transformado em auto-ajuda, que acabou atribuído a Shakespeare, mas pertence a Veronica A. Shoffstall. Está reproduzido abaixo.

Em Português ficou assim:


Depois de algum tempo você aprende a diferença...
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas  simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida (....)



E assim por diante...

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

Coisas detestáveis em literatura

Divinópolis - Bukowski. Sei que com isso incomodo pessoas bacanas, que lêem de tudo um pouco e curtem proscritos de toda ordem chafurdando no mundo-cão, etc. Mas Bukowski carece de qualidade literária em sua prosa irregular, seus gostos duvidosos, suas falsas verdades de bêbado. A literatura etílica é desbocada e sem horizontes intelectuais mais ambiciosos, com a parca capacidade descritiva dos consumidores de whiskey travestida de fluxo de consciência. Quase sempre relação de coisas e pessoas que compõem o universo dos alcoólatras: brigas de prostitutas em becos sujos, lixo espalhado e bares de péssima reputação. Bukowski está num limbo cognitivo no qual não podemos entrar sem assumir sua postura looser de cordeiro em pele de lobo.

Bukoswski jamais seria Henry Miller porque nunca foi um grande leitor e se interessava mais pelas garrafas que pelas mulheres. Nem William Burroughs porque, convenhamos, Burroughs é de erudição e decadência insuperáveis. Jamais seria Jack Kerouak porque pôr o pé na estrada significaria uns goles a menos na imobilidade dos bares. Ernest Hemingway não fazia do álcool sua única profissão de fé: tinha mais assunto. Scott Fitzgerald também, mas tinha classe. James Joyce tomava todas, mas se os seus livros porventura são interpretados como resultado de bebedeira falta vinho a seus detratores.

quarta-feira, 16 de junho de 2004

Bloomscentury

São Paulo - Faz cem anos hoje que Stephen Dedalus flanou pelas ruas de Dublin, encontrou Leopold Bloom, que encontrou Gerty McDowell que não gosta de Blazes Boylan (quem gosta?), que pardelhas, pardelhas, é mesmo a bloody bastard.

Há cem anos ocorria o Bloomsday.

Para entender, leia o Ulisses de James Joyce. Mas depois... sua vida será outra, com você pensando de forma multifacetada, querendo escrever complicado só pra sentir o gostinho, com idéias revolucionárias sobre arte e estética. Depois ficará surpreso com a memória das coisas, a organização interna das gavetas, o orgulho nacional e achará que conhece a loquaz Molly Bloom. Depois descobrirá que a vida é menos complexa, que dá pra encarar um Fernando Sabino sem perder a calma, assistir a Jay e Silent Bob, Hermes e Renato...

domingo, 16 de junho de 2002

Bloomsday

Há 98 anos, no décimo-sexto dia do sexto mês, Stephen Dedalus andou pelas ruas de Dublin e a história da literatura mundial nunca mais foi a mesma. Ei, será que já ouvi isso antes? Ah, bom. Pensei que ninguém tinha notado. Mas como diz a Sidenia, James Joyce é o escritor mais comentado e o menos lido. A questão, entretanto, é: será que um dia a velha Dublin saberá diferenciar os acontecimentos reais dos narrados em Ulisses?

Guerra fria