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segunda-feira, 13 de setembro de 2004

Totem

Totem

- Gosto de jaquinzinhos e de petinga, gosto de lombos de salmão, ou de bifes de atum ou de espadarte. Se ainda não perceberam, gosto de comer aquilo de que nada fica, pois nada me desgosta, e enoja mais, do que ver os restos daquilo que estou a comer. Sou daqueles, devo esclarecer, que come o jaquinzinho da cabeça ao rabo, sem deixar qualquer vestígio, e nada me desgosta mais do que ter que não só deixar, mas conviver, com os restos daquilo que acabei de comer.

Luís Ene dá início a psicoterapia de grupo sobre idiossincrasias à mesa. Os participantes aplaudem-no. O cheiro de comida vem dos fundos, misto de vinho, pães e azeitonas. Ele deixa o púlpito, para onde sobe um homem de aproximadamente, cerca de, por volta de mais ou menos 33 anos. Ele olha ao redor, aparentemente nervoso, e começa:

- Oi, meu nome é Avery.

- (Todos respondem) Olá, Avery .

- Também não gosto de ficar perto dos restos de comida (agarra a lateral do púlpito, os dedos da mão esquerda em Dó maior), prefiro que desapareçam. Também não gosto de usar as mãos para comer, prefiro talheres ou hachi. Pão, tudo bem. Justifica tocar no alimento. Então...

- Não se preocupe, eu sempre cortava o pão depois de lavá-lo, diz uma voz se antecipando.

- Obrigado. Você ajudou bastante. Quem é o próximo?

- Espere, conte mais, diz uma adolescente muito magra que olha para o adolescente com espinhas sentado ao fundo.

- Bom, é isso, não sei mais o que dizer. (seca as mãos com sopros discretos) Talvez só que me meti numa confusão. Não dá pra sustentar uma história assim por muito tempo, entende? A idéia era manter o poema em movimento, construí-lo aos poucos partindo de um fragmento qualquer do grande livro humano; costurá-la com cultura pop e eventos bizarros perenemente, até que um dia ela acabe por si mesma. Meio Charlie Kaufman, que é paradigmático como Dali, entende? Só que mais obra em construção que obra aberta, como um Mahabharatha por Dante. Como um Decamerão pelos irmãos Campos, entende?. E no fundo tudo é a mesma coisa: romances, jornadas, buscas, sonetos, tudo está escrito, mas gostaria mesmo era que a construção pudesse ser acompanhada. A construção diz, ao mesmo tempo em que se auto-censura por dar-se o cacoete entende?, quando na verdade não fala entende? ou coisa do gênero. Mas não se faz entender.

- Pois bem, pois bem, então eu falo, diz o homem de nariz grande percebendo a indecisão do depoente. Façamos como nos velhos tempos, em que as turmas de colégio se encontram 20 anos depois e todos contam como foi sua vida nesse período, e aparecem aqueles que ganharam dinheiro com produtos de uso doméstico, o ídolo dos esportes, a perua incorrigível e os intelectuais beberrões. A câmera vai deslizando pelo salão e mostrando os rostos...

- Isso não fica muito Peggy Sue?, diz uma mulher de cabelo curto e óculos de aro negro, típica mulher de cabelo curto e óculos de aro negro e olhar penetrante. Não basta ficar aqui falando de nossas manias à mesa?, ainda temos que ouvir esses dircursos estilo obra aberta, em que um autorzinho egoísta conta como pode escrever sobre si mesmo planejando misturar sem coerência personagens e pessoas, ficção e realidade? E tem que ser como ELE imagina? Façam-me o favor, não me digam que somos obrigados a ficar ouvindo esses discursos estilo obra aberta...

- Ei, você já falou isso, interrompe a menina magra. Somos personagens nas mãos dele e isso quer dizer que ele tem poder sobre nossas vidas, sobre nossas falas aqui, sobre nossa existência, tá legal? É bom não irritá-lo!! E se ficou muito Peggy Sue, dane-se, tá?, começa a chorar.

- Calma, calma, diz Tigrão234, codinome usado na rede pelo empresário gordo obcecado por jovens muito magras que ouvia o atentamente o discurso de Luís Ene, mas perdeu o fio da meada na primeira menção aos jaquinzinhos, que lhe lembraram a infância marítima, a cozinha da casa sempre em uso, as brincadeiras com a vizinha anoréxica, o cheiro da comida da mãe, mas que só acordaria do transe para dizer calma, calma, não chore, menina magra, não vou te machucar, prometo que não vou mais te machucar. Aqui. Aqui está sua boneca, seu travesseiro, sua caixa de fósforos roídos, tome, não chore mais.

- Aí a câmera se aproxima e vai fechando com a imagem do grupo reunido, contrastando com uma velha foto preto e branco da época em que eles eram apenas um bando de jovens artistas engajados, que faziam teatro, que acreditavam no futuro, na solidariedade e no amor eterno, mas hoje convivem com a Aids e o terrorismo. Eles ficam em posição para que a câmera deslize em...

O homem não tem tempo de reiniciar suas idéias sobre a composição cinematográfica do reencontro de turma. Parece saudoso de épocas sem retorno. Sua discretamente na testa, porque pensa, porque pensa. Planeja falar sobre um novo plano-seqüência, mas não não consegue porque ouve que

- Isso não é muito Peter's Friends?, diz Tigrão234, surpreendendo pela cultura cinematográfica.

- É aquele filme com a Emma Thompson e o Kenneth Branagh?, pergunta a menina muito magra.

- O Kenneth Branagh dirigiu, corrige a mulher de cabelo curto e óculos de aro negro.

- E atuou também, ele é o marido da atriz americana que faz um sitcom horrível, explica Tigrão234, que havia lido sobre Peter's friends na véspera, no catálogo da locadora.

- É uma sitcom, corrige a mulher de cabelo curto, que está sem óculos.

- E tem o Stephen Fry, aquele que sumiu, diz Avery, querendo acalmar os ânimos dos personagens (as personagens?, pensa em gêneros e não consegue decidir se a palavra é um galicismo e caso o seja, se se deve aceitá-lo em nome do colonialismo lingüístico, se é que isso existe em english times) e procurando algum lugar para lavar as mãos, acreditando que alguém lembrará da música sobre o Stephen Fry. Ninguém lembra a não ser o adolescente de espinhas, que não fala nada.

- E tem o Hughie Laurie, parceirão do Stephen Fry naquele Fry and Laurie, diz o homem de nariz grande.

- ... e foi escrito pela Rita Rudner e pelo Martin Bergman, completa a mulher de cabelo curto e óculos de aro negro.

Luís Ene dá de ombros e abre o notebook para escrever qualquer coisa, enquanto o homem de nariz grande concorda com a mulher de cabelos curtos e óculos de aro negro e Avery finge que desconhece outros Bergmans que não Ingrid e Ingmar, mas confessa ter visto A bit of Fry & Laurie, The Awfull Truth e Curb your enthusiasm mais do que gostaria, e embora não corra o risco de ser interpretado como feliniano, mas malkovichiano em típica avaliação torta de quem percebe o roteiro mais que o roteirista, desiste.

O público cala. A mulher de cabelo curto e óculos de aro negro fala por último. Diz que prefere não jantar.

segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Pobre Diabo

Divinópolis - Pablo Varela invade o blogverso com as insólitas aventuras do Diabo que fez pacto consigo mesmo.

Não pretendia nada que não fosse diabólico, afinal não abria mão de ser ele mesmo. Ao mesmo tempo deveria pegar leve pra não ser politicamente incorreto. Queria seu espaço, mostrar que era perfeitamente possível a convivência de beatas, putas, maconheiros, políticos, blasfemadores...

segunda-feira, 19 de julho de 2004

Ame-o ou deixe-o

São Paulo - Uploads de fotografias ainda não estão disponíveis no Blogspot, mas quem achava que poderia viver sem a participação da gigante Google nas suas vidas, pode publicar seus textos e idéias mais facilmente no Grande Irmão do Século 21. O Blogger agora tem um editor de HTML semelhante ao da Netscape, que permite aos não-alfabetizados em Hypertext Markup Language sonhar com webdesigning.

quinta-feira, 24 de junho de 2004

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Do ofício

São Paulo - Custa-me a acreditar que sejamos quem fomos; somos quem somos a cada momento, mas a história de quem fomos tem muitas vezes de ser contada para que possamos verdadeiramente ser quem somos. As pequenas histórias que aqui podem ser lidas contam elas mesmas a história deste sítio, e fazem-no muito melhor do que eu alguma vez poderei, mas existem outras histórias por trás destas que eu mesmo quero contar.

Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Sobre blogs

São Paulo -
1 - Blogs são coleções de textos preparados por uma ou mais pessoas (podem ser pessoas preparando diferentes textos ou textos a quatro, seis mãos). Blogs são escritos.

2 - Bloggers escrevem blogs. Logo, bloggers são blogueiros e blogs são blogs. Blogs normalmente são diários, mas também podem ser semanários, bissextos, hebdomadários...

3 - Blog não é blig ou blogger. Chamar aos blogs dessa forma equivale a chamar lã aço de Bombril e lâmina de barbear de Gillette. Blogs são blogs. Ponto.

4 - Blogs podem ter ferramentas auxiliares, como os sistemas de comentários, o Blogchalking, o Blogtree e os contadores.

5 - Sistemas de comentários são formas instantâneas de comunicação entre bloggers (ou blogueiros) e seus leitores (que também podem ser blogfans ou blogfreaks). São ferramentas democráticas que os jornais, por exemplo, não têm coragem de instalar.

6 - Blogchalking é um sistema de classificação geográfica criado por um brasileiro, o Daniel Pádua. A idéia é identificar o blogger (blogger é o blogueiro, não o blog) por cidade e até por bairro. Assim pode-se descobrir quem bloga na sua vizinhança. Aquele bonequinho na coluna à esquerda indica que sou um indivíduo do sexo masculino com idade entre 31 e 35 anos (quando comecei estava noutra faixa etária), morador de São Paulo, bairro Butantã, que passa cerca de 40 por cento do seu dia conectado à rede (um exagero, mas os índices disponíveis são 20, 40, 60 e 80 por cento).

7 - Os contadores registram o números de visitas à sua página, mas também registram a origem dos acessos (o país e em alguns casos a cidade), o sistema operacional dos computadores que abrem seu blog mundo afora (já fui lido em 76 países!) e o endereço IP, caso destas e-pístolas.

8 - Blogtree é um serviço criado no MIT (Massachussets Institute of Technology) que estabelece uma espécie de genealogia blogger. Funciona assim: você cria uma conta gratuita, inscreve-se e identifica que blogs influenciaram na criação do seu. Este aqui, por exemplo, foi inspirado no Internetc, no Taperouge e no Metafilter. Da mesma forma, influenciou no surgimento do Canaimé, que por sua vez inspirou o Laranja Podre. Assim, o e-pístolas é tão filho do Metafilter quanto este é bisavô do Laranja Podre.

9 - Ninguém é obrigado a adotar tais ferramentas, mas sabe-se que um blog é mais blog se não está isolado. Um blog só é blog se está numa rede, como seus correspondentes humanos em sociedade.

10 - Blogs podem ser meros depositários de devaneios pessoais sem nenhuma importância para o coletivo humano ou podem contribuir para a discussão de temas socialmente relevantes, como a guerra, a arte ou a arte da guerra.

11 - Nao convém publicar a própria foto num blog. Elas podem ser usadas em montagens obcenas ou ilustrar os posts dos seus inimigos.

12 - Blogs têm um tempo de vida útil. Um dia este blog irá morrer.

sábado, 30 de agosto de 2003

Wanderley, Takamine e o Diabo

São Paulo - Vamos registrar o que estamos conversando. É tudo que foi gravado até aqui, neste século, não sei, talvez sabão, projetos gráficos, sabão, tem a mesma origem gráfica, mas time levou tudo praticamente, depois do, de, do, mestre de lá, não é cuteireres, gutem, pô cara, literatura pura, dez, treze, 834, minha, talvez, ... leitura, muito louca, louco, objetivo, litero, absoluto, tudo e nada, língua, será?, qual? Não sou tudo, só poesia, você sempre registra, você sintetiza, ideologia, Leminski, Boldo, Jorge, todos podemos fazer, afinal, o vivo. E outra, espero que ele escreva não isso mesmo que vai acontecer, mas você tem que falar um pouquinho, buraco desse jeito, aquele lance todo que aconteceu, o carro tem que ter digitamento para escrever o que vier na memória é um tormento é uma frase, é uma fase. Uma fase que a gente. Uma fase que a gente... que a gente. Senta o pé, senta a pua. A centopéia está na rua.

terça-feira, 31 de dezembro de 2002

Blog

São Paulo - Vinte mil acessos depois, o que é ser blog? No começo, erámos eu e a tela, escondidos numa geocity (ou fortunecity) qualquer, monotonamente ruminando obviedades. Esta ferramenta de atualização que facilita-nos a vida, trouxe como efeito colateral os sistemas de comentários. Inúteis, no começo. Pessoas nos Estados Unidos, Canadá, Japão, liam silenciosas aquelas mal digitadas linhas. O voyeurismo exasperava-me, mas não menos que o contato direto que os sistemas de comentários ofereceriam meses mais tarde, criando amizades nesse universo virtual. Há blogs amigos e amigos blogs.

sexta-feira, 29 de novembro de 2002

Sobre blogs

Blogs são arquivos do pensamento contemporâneo, depósitos de confidências e altercações, registros pessoais cujo conteúdo, um dia, será usado contra os próprios autores. Blogs são uma pièce-de-resistance utópica; radiografia ideológica à mercê do terrorismo oficial. Um dia, num futuro próximo, seremos chamados a um tribunal de consciência e qual Winston Smith, amaremos ao Grande Irmão ou ratos roerão nossos olhos.

Aos ratos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2002

Delfos

São Paulo - ... porque sentados diante da tela, somos como a estátua do parque, não ferimos a paisagem.

Blogar, muito mais que ser observado é observar. Observar.

sábado, 31 de agosto de 2002

Literatura e blogs

São Paulo - A matéria sobre blogs e literatura de umbigo do Estadão é esclarecedora, embora, por força das circunstâncias, tenha limitações. Primeiro assusta-nos o ufanismo da primeira parte, Conheça (a) nova geração de escritores - personagens da literatura brasileira, mas o retrato fiel do fenômeno da literaturaemprimeirapessoa está em Máquina de Pinball veio para sujar. E ainda há uma tentativa insólita de conseguir dos leitores um esforço mental extra (me dei ao trabalho, contrariado) para entender aonde quer chegar o autor de Na medalha, o que conta é a figura.

quinta-feira, 29 de agosto de 2002

Coisas que procuram neste blog

Diário Virtual
Antrax armas biológicas (?!)
Massacration Hermes e Renato
Hermes e Renato Massacration
Massacration
Ciro Gomes
José Serra
Análise da personagem Baleia da obra Vidas Secas de Graciliano Ramos
Avery
Manairarema
Daniela Colla (!)
Ciberativismo
Resumo das Epístolas
Denise Ramos do SPTV
Letras do Lou Reed
Letras de música Chapa o Coco
Resumo James Joyce
Estúdio Teodoro Sampaio

terça-feira, 27 de agosto de 2002

Imagens em desfile (Semiótica do Histórico)

Um coração,
Um drive de cd-rom
Segunda semana de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal de Santa Catarina
Um bebê
Uma bola de futebol
Quer ganhar um anel de brilhante?
74 F
Trim-Trim
Panelas
Impressora
$79,99 free shipping!
Buy stocks for $4
americaslibrary.gov
Agora você tem mais um motivo para querer morar na Mooca
Desenho de um garoto sumerso com snorkels, ao lado de dois peixes
Ajuda
Celeiro de projetos
Uma cebola
1
A frente de um amplificador
Yahoo Empregos
CESG
O Bushinho tá preocupado... Mr. Lula, desça destas pesquisas imediatamente! (Aroeira)
Soft Trent web design
Nutrição do atleta
Avançar
Vila Mariana
Smilies
Guitarra
Ler anterior
Foto do FHC
Você está pronto para mudar de vida?
Balões animados
Flickering Flame Roger Waters
A bandeira da Argentina
Tatuagens
Grade de programação
Bikini Kill The singles
Iron Maiden Fear of the dark
Não faça guerra
Sim, eu quero
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Não é um poema dadaísta. Trata-se uma babel gráfica, que pode ser encontrada em qualquer histórico de páginas de internet. Do it yourself:
1 - Coloque o CD Ecstasy (2000), do Lou Reed e headphones;
2 - Abra a pasta de arquivos temporários da Internet num visualizador de fotos (recomenda-se o ACDSee) em modo de tela cheia;
3 - Coloque em modo slide, com loops de 1 segundo;
4 - Procure a lógica da seqüência de imagens.
A experiência também pode ser feita ao som de King Crimson, Smashing Pumpkins, Strokes, Nirvana, Yes, Sigur Rós, Nick Cave e Pink Floyd.

quinta-feira, 22 de agosto de 2002

Elogio à preguiça

Tenho preguiça de muitas coisas, mas de escrever não. Escrevo, reescrevo, jogo fora, começo de novo. Estou sempre disposto a retocar um texto. Mas tenho muita preguiça de telefonar, por exemplo, ou de consertar as coisas que estragam lá em casa.
(José J. Veiga)

A ponte de Londres está caindo

Post antes das sete da manhã? Insônia.

Clones

Na onda da clonagem do blogger.br, a grande vítima parece ser Cora Rónai, que teve todas as combinações de seu nome registradas por um desocupado-meliante-estelionatário, que colocou tudo à venda, entre outros domínios conhecidos. Vida curta ao usurpador.
Update: É hilário o Quero ser Cora Rónai, da misteriosa All About Eve.

quarta-feira, 21 de agosto de 2002

Cambrianas

A condenação à morte de uma mãe solteira na Nigéria tem mobilizado organizações de diversos países, exceto a ONU. Amina Lawal, de 30 anos, deve ser apedrejada até a morte em 2004, se a sentença não for modificada. Desliguem suas máquinas, apaguem seus blogs e urremos. Estamos na Idade da Pedra.

Guerra fria