segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Leio Viagens no Scriptorium , de Paul Auster

Boa Vista - Um velho sem memória. Uma mulher que sofreu por sua causa, mas ainda assim lhe faz a higiene pessoal. Um ex-policial que o convida para ir ao parque. Uma parede com uma etiqueta escrito parede. Um quarto estranho, com uma cadeira confortável, mas que se assemelha a uma prisão. Um manuscrito inacabado sobre a mesa. O resto cabe ao fã de Paul Auster descobrir, já que, ao contrário de outros leitores, não sofre com finais enigmáticos.

Livro: Viagens no Scriptorium

Autor: Paul Auster

Editora: Companhia das Letras

Número de Paginas : 128

Preço: R$ 33,00






quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Leio Deus, um delírio, de Richard Dawkins

Boa Vista -

O que inquieta Richard Darkins: o fanatismo religioso é um grande impeditivo do desenvolvimento humano, ao lado da corrupção, das guerras e do tráfico humano, de armas e de drogas. Nada mais contrário às verdades científicas e grandes descobertas humanas que os velhos livros sagrados de sempre, com suas fábulas alucinantes sobre homens feitos de barro, virgens grávidas ou seis dúzias delas destinadas a presentear homens-bomba, entre outros desvarios míticos. Religiões são a anti-ciência. E é da natureza das religiões negar direitos fundamentais do ser humano.

Todos os cultos – principalmente os monoteístas – baseiam-se no mistério. Não podemos saber mais do que está escrito ou interpretado. Por isso você, ateu, dificilmente conseguirá conversar sobre este assunto com algum crente. Será considerado “impuro”, autor de bestial ignomínia. Não podemos exigir mais informação, mas respeitar as lacunas (desculpem, mistérios) e resignar-se a dados sem nenhuma comprovação.

Por isso suportemos a negação da existência dos dinossauros e o mito de que todos somos descendentes de um homem que foi parido por outro homem, sendo este criador de tudo o que existe, conhecedor de todos os acontecimentos passados, presentes e futuros, organizador do caos cósmico e da direção dos cometas, da freqüência dos pulsares e da vazão das marés. Responsável por castigos terríveis numa certa vida post-morten, exige obediência, servidão, orações diárias.

A mulher, nos cultos monoteístas, é tratada como cidadão de segunda categoria porque assim ensinam os livros sagrados. Dependendo da interpretação que os homens fazem de tão antiga e defasada bibliografia, são obrigadas a jamais cortar o cabelo ou usar vestimenta negra que lhe cobre dos pés à cabeça. Não podem celebrar missas nem têm direito ao aborto, podendo por isso ser censuradas e, em alguns casos, condenadas.

Estes mesmos censores são capazes de enviar jovens para a morte ou mutilação numa guerra pelo petróleo, mas são contrários ao aborto e à eutanásia. Em pleno século 21 é inaceitável o domínio político e social por grupos religiosos anacrônicos que condenam cientistas, ateus, homossexuais, mulheres e crentes noutras religiões a um inferno cotidiano que pode ser prolongado num lugar cheio de fogo e torturas comandadas por um ex-funcionário do paraíso. Se Deus é um delírio, que dizer do Diabo...

Alguns trechos interessantes:

“Não dá para se safar dizendo ‘se você tentar me impedir de insultar homossexuais, estará violando minha liberdade de preconceito’, mas dá pra se safar dizendo: ‘isso viola minha liberdade de religião’. Qual é a diferença, pensando bem?” (p. 49)

“O Fórum da Comunidade Católica nos dá uma mão e lista 5.120 santos, junto com suas áreas de especialidade, que incluem dores abdominais, vítimas de abuso, anorexia, vendedores de armas, ferreiros, fraturas de ossos, técnicos de explosivos e problemas intestinais, para ficar só no comecinho da lista.” (p. 60)

“Lembre-se da definição perspicaz de Ambrose Bierce para o verbo ‘rezar’: ‘pedir que as leis do universo sejam anuladas em nome de um único requisitante, confessadamente desmerecedor’.” (p. 92)

“Quando um livro de ciência está errado, alguém acaba descobrindo o erro e ele é corrigido nos livros subseqüentes. Isso evidentemente não acontece com os livros sagrados.” (p. 362)

Livro: Deus, um delírio
Autor: Richard Dawkins
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 520
Preço:
R$ 36

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Político tem bens bloqueados

Boa Vista - Boa Vista - Pacaraima é uma cidade na fronteira com a Venezuela famosa pelo carnaval fora de época, temperaturas amenas (médias de 15 a 30 graus) e pela péssima infraestrutura urbana, resultado de políticas públicas equivocadas, conduzidas por políticos do naipe do ex-prefeito Paulo César Quartiero, que teve seus bens bloqueados pelo juiz Délcio Dias Feu, em decisão publicada no Diário Oficial do dia 5 de Janeiro.

O ex-prefeito defende monoculturas poluentes e contesta os direitos indígenas. É da turma dos que justificam crimes de corrupção e ameaças a populações autóctones como "efeito colateral" de uma nada provável luta-contra-imperialistas-que-querem-dominar-a-Amazônia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O(s) Idiota(s)

Pacaraima - Um deputado estadual aqui de Roraima quebrou o decoro parlamentar ao comparecer a uma luta de vale-tudo e subir no ringue de cueca, provocando um desafeto. O deputado batia no peito e no rosto, com olhar tresloucado. O público, estupefato, exigia luta de verdade ou seu dinheiro de volta.

Agora a Assembléia Legislativa age em nome dos bons costumes, embora não tenha tomado qualquer atitude quando o "lutador" confirmava compra de votos para a eleição da diretoria da Câmara de Boa Vista em telefonemas interceptados. Corrupção pode. Mostrar a cueca, não.

PS: Há menos Dostoiévski que Lars Von Trier no título deste post, (e)leitor.Roraima existe?

O mundo perdido

Lethem - Enquanto o Brasil conclui a ponte sobre rio Tacutu, o pequeno comércio é vasculhado por turistas brasileiros enlouquecidos por tênis Nike, bicicletas, telefones celulares e outras quinquilharias. Há um notável crescimento da infraestrutura urbana desse pequeno povoado no sul da Guiana: linhas regulares de ônibus para a capital Georgetown (bela cidade, diga-se), aeroporto, táxis (carros brasileiros, legalizados) e, last but not least, um cybercafe.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Leio Como vivem os mortos, de Will Self

Boa Vista - Estória de uma sexagenária desbocada morta pelo cigarro, vagando por Londres, acompanhada de um litopédio, um aborígene excêntrico e ectoplasmas de gordura de pouca capacidade cognitiva. Lilly Bloom não é exatamente uma vovozinha querida. A lascívia e a acidez crítica tornam-lhe adorável anti-heroína pela qual torcemos neste e no outro mundo.


No caos post morten criado pelo britânico em seu quarto romance, a tabagista Bloom desobedece às regras do limbo onde vive (hahaha) para atuar com voyeur na vida das próprias filhas, uma drogada perdida e uma capitalista

O livro é um espetacular desfile de reflexões acerca da política mundial, drogas, taxistas cipriotas de costas peludas, terrorismo, judeus, moda, negros, britânicos empedernidos e norte-americanos consumistas. Às vezes fica difícil acreditar que é Lilly Bloom e não o próprio autor quem narra tantas digressões a respeito da sociedade inglesa contemporânea.

Vale a pena ler, mesmo que seus conhecimentos gerais não sejam suficientes. Will Self não está nem um pouco preocupado em que não lhe compreeendam a prosa. Escreve da forma que acha melhor, sem facilidades ou coloquialismos, com vasta erudição e verve crítica. Observar as coisas de forma tão venenosa é de causar inveja.

Pop will eat Will Self? Veremos.

Livro: Como Vivem os Mortos
Autor: Will Self
Número de páginas: 368
Editora: Objetiva
Preço: R$ 47,90

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Decálogo do bom pesquisador (aos alunos de Metodologia)

1 - O prazo é meu inimigo mortal. Não devo me aproximar dele;
2 - Meu trabalho é, de todos, o mais importante;
3 - Jamais irei à pesquisa de campo sem ulterior pesquisa bibliográfica;
4 - Tempestades, terremotos e inundações não interromperão meus trabalhos;
5 - Acidentes, incidentes, doenças e golpes de estado, tampouco;
6 - Cataclismas de qualquer ordem e outros incidentes não interferirão no meu cronograma;
7 - Meu orientador é meu pastor e nada me faltará;
8 - Ele me guia por bibliografias complexas e apascenta meu problema metodológico;
9 - Jamais dispensarei orientação, pois sou jovem pesquisador honesto e determinado;
10 - Meu objetivo é produzir um projeto de pesquisa. Agora ou no ano que vem, Amém.



Boa Vista, Outubro de 2007

sábado, 27 de outubro de 2007

Leio Baudolino, de Umberto Eco

Boa Vista - O às-vezes-engraçado-porém-chatíssimo Baudolino foi cometido pelo mesmo autor de O nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault, o semiótico Umberto Eco. Por sugestão de Vandré Fonseca, passei os últimos onze meses devorando o calhamaço, enquanto acrescentava leituras contrastantes para sobreviver ao caos de mentiras, sopapos, piadas étnicas e escatologias que Baudolino, o maior mentiroso do mundo, e seu grupo excêntrico vivem na Europa dos séculos XI e XII. Baudolino acabou, mas ainda leio a Eneida (Vergílio) e caminho À sombra das raparigas em flor (Marcel Proust), enquanto finalizo Como vivem os mortos (Will Self), que deve ser a próxima mini-resenha deste blog bissexto. Vandré, valeu, viu?

Livro: Baudolino
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Páginas : 459
Preço: R$ 43,00


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Um conto

O espéculo

Em certo país e cidade, há uma espécie de café e nele uma mesa em particular. A ela se sentam e a ela regressam aqueles clientes que notaram um dia o espelho defronte. Através do vidro velho, irregular e manchado, cada desses clientes tem a impressão de contemplar no lugar de si um outro, estranhamente próximo de qualquer coisa que desejaria em segredo ser: O velho eleva a chávena aos lábios dum eu antigo, de costas mais direitas; O pobre acende um cigarro amarfanhado mas saboreia a cigarrilha fina do vulto bem vestido que lhe segue os gestos; A jovem perplexa observa-se e detecta algo de claramente masculino no gesto simples de endireitar os óculos. Conheço bem aquela mesa. E esses vultos distorcidos, feitos da essência do desejo – dizer que os conheço bem seria bem pouco. Faço o que posso e me compete. Mas quando lá ao fundo a mesa está vaga e há que matar o tempo, sirvo-me deste caderninho que alguém nela deixou em desalento e vou alinhando palavras sobre as linhas azuis. Assim, devagar. Da direita para a esquerda.


(Carlos Tijolo, na Minguante)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Duas canções

O Vento

(Rodrigo Amarante)

Posso ouvir o vento passar, assistir à onda bater
mas o estrago que faz a vida é curta pra ver
Eu pensei que quando morrer
vou acordar para o tempo e para o tempo parar
um século, um mês, três vidas e mais um passo pra trás
Por que será? Vou pensar
Como pode alguém sonhar o que é impossível saber
Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer
e isso, eu vi, o vento leva
Não sei mais, sinto que é como sonhar
e o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer
E isso porque diz mais!
Uh... Se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem, então o que resta é chorar
e talvez, se tem que durar, vem renascido o amor bento de lágrimas
um século, três, se as vidas atrás são parte de nós
E como será?
O vento vai dizer, lento, o que virá
e se chover demais, a gente vai saber, claro que um trovão
se alguém depois sorrir em paz
só de encontrar


Slideshow
(Rufus Wainwright)

Do I love you because you treat me so indifferently?
Or is it the medication? Or is it me?
Do I love you because you don't want me to rub your back?
Or is it the medication? Or is it you? Or is it true?
And I better be prominently featured in your next slideshow
Because I paid a lot of money to get you over here, you know?
And if I am not prominently featured in your next slideshow
I don't know what I'm gonna do
Do I love you, or is this feeling just a little pain?
A treasure chest is broken easily open
And usually I am such a happy prince
Behind the iron curtain, the city walls a solid prison
And I better be prominently featured in your next slideshow
'Cause I paid a lot of money to get you over here, you know?
And if I am not prominently featured in your next slideshow
I don't know what I'm gonna do!Do I love you?Do I love you?Yes I do
Do I love you?
Yes I do


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Guerra fria