terça-feira, 20 de agosto de 2002

Blogo ergo sum

Às vezes me pergunto se vale a pena manter neste blog o subtítulo Contos da Era da Informação.
Onde estão, afinal, os tais contos? Será que minha convicção de que é anti-ético publicar flashes do trabalho científico antes de defendê-lo turvou as propostas originais deste espaço? Ou que, numa metafísica às avessas me transmutei de pesquisador da cibercultura em pesquisado? Serei, agora, apenas blogger resoluto, escrevendo sandices filosófico-culturais neste vazio ciberespaço limitado?
Penso um pouco, reflito e concluo que não importa o repertório ou a forma de postar cada mal digitada linha. No momento em que escrevemos, publicamos e provocamos, estamos ampliando o grande livro informático da nossa era.
Estes são contos da Era da Informação.

segunda-feira, 19 de agosto de 2002

Frases

"Eu sou a Dercy Gonçalves e você não vai me assaltar, não."
(D.G., 95 anos)

Das teias

Por falar em passado, há coisas que precisam ser ditas sobre o filme "Homem-Aranha", aproveitando que já escreveram tudo o que havia para escrever sobre a super-produção: Não gostei. Pode me chamar de extremista e radical. De insensível à fotografia, este lugar-comum da crítica básica. De saudosista dos quadrinhos ou o que for. Tobey Maguire é insípido, muito diferente do Peter Parker espirituoso que cresceu em ambiente familiar tradicional e é cidadão comum, extrovertido e bem-humorado. Maguire tenta fazer um tipo nerd que se pretende outsider deprê e não convence.
Os Osborns estão absolutamente fora do padrão físico original, que é cabelo crespo e escuro. Mary Jane é rasa: não há complexidade na personagem como nos quadrinhos, em que MJ é mais intrigante, mais misteriosa. O sentido de aranha só funcionou uma vez, o que é absurdo, e é um dos poucos efeitos dgnos de nota. Quanto aos outros, estão muito mal finalizados, e comprometem a verossimilhança do vôo da aranha entre os arranha-céus.
Pra terminar, acho que ainda está por vir "o grande filme" sobre o Homem-Aranha.

domingo, 18 de agosto de 2002

Nagisa

A caneta que ganhei da minha filha de oito anos no Dia dos Pais, mais que um presente, adquire um sentido novo e aproxima dois eus (o pai e o jornalista), numa associação que é mais natural ao imaginário infantil que ao nosso.
Amar aos filhos é como escrever à mão.

sábado, 17 de agosto de 2002

sexta-feira, 16 de agosto de 2002

Blog Glob

Soube pela Cora que o serviço de Blogs da Rede Globo estréia na semana que vem. O endereço nobre (http://www.blogger.com.br) é uma ação anti-Blig ou não é?

Vale a pena escrever um blog...

...se tivermos um leitor, além do autor. Estas e-pístolas foram agraciadas com um link em By Myself, da blogueira Polly, from Salvador.

Ensaio sobre a Visão

Sidênia escreveu um artigo super bacana para o filme Janela da Alma - Um filme sobre o Olhar, de João Jardim no site Mnemocine.
Um trecho:

O olhar humano é metáfora da intervenção, podemos escolher a forma de como olhar para o real ou quando não temos essa escolha, a própria limitação irá criar outras estratégias de construção do real.

quinta-feira, 15 de agosto de 2002

Odisseu

Dia cansativo. No laboratório da Pós da ECA encontrei os lotófagos e Polifemo, que me aguardava no computador ao lado.

Neo-realismo italiano


Tem Luchino Visconti no Cinusp todo dia, às 16 e às 19 horas, desde hoje. Fui ainda há pouco, mas não dei sorte: Obsessão da Carne é chato pacas. Não é porque é um Visconti que a gente vai se auto-violentar, tenha paciência.
Mas há muitos outros filmes desse cara, que na Itália só perde pra Fellini - quem começou a assitir Fellini aos 10 anos é suspeito pra falar de Fellini?
A Terra Treme, Dias de Glória, Um Rosto na Noite e O Leopardo também serão exibidos nesta mostra, que acontece simultaneamente no MAM e Centro Cultural São Paulo.
Na terça-feira tem Rocco e seus irmãos, que não pretendo perder.

Gurus

Pierre Lévy, Edgar Morin e outros Bã-bã-bãs estarão no Sesc Vila Mariana neste mês de agosto. Nada mais a dizer.

quarta-feira, 14 de agosto de 2002

Milho aos pombos


Hoje teve Zé Geraldo no Ensaio, da TV Cultura. Neste programa que dispensa apresentações, o artista despido do público, tem na fraca iluminação rica de sombras e na câmera ao mesmo tempo prescrutadora e distante, seu divã eletrônico. Lugar onde um cara como ZG pode dizer que, idealista, não cedeu ao lucro fácil e ainda assim é feliz, com sua casa, seu carro, sua filha que se formou em medicina - diferente da menina da música Cidadão.
Meu irmão mais velho me apresentou Zé Geraldo no início da década de 80. Ainda menino aprendi a ouvir e respeitar coisas como "Hei você que tem de 8 a 80 anos / Não fique aí perdido como ave sem destino / Pouco importa a ousadia dos seus planos/ Eles podem vir da vivência de um ancião / ou da inocência de um menino".
Chame-o de datado, panfletário e Bob Dylan latino, mas admita: o cara sabe dar seu recado. Mas se você prefere Sandy & Júnior, esqueça o que eu disse e vá ouvir Love never fails.

segunda-feira, 12 de agosto de 2002

É só um lobo?



A entrevista de Lobão no Roda Viva é um alento e um alerta: em tempos de MP3 e pirataria, não nos apetece continuar enchendo os bolsos de marketeiros de supermercado travestidos de produtores musicais.
Claro que o CD pirata tem suas desvantagens: nada como um bom encarte. Mas só isso não é motivo para o oficial custar dez vezes mais caro. Lobão não está só nesta luta, apesar das traições do próprio meio artístico. Há uma alcatéia.

sábado, 10 de agosto de 2002

Morte ao Rappa
"... Desta vez o músico Negueba (pequena pausa) foi baleado. Paulo Sérgio Santos Dias, o Paulo Negueba, percussionista do grupo Rappa, foi alvejado por pelo menos duas balas. (andando e apontando) Olha aqui, ó. O músico está dentro desse hospital, ferido. Ele é o segundo músico..."

A cultura está sendo assassinada neste país, e não adianta intelectualizar - e em conseqüência disso dar outra conotação a esta frase gasta - o debate, tentando explicar a violência por fórmulações-padrão como a origem na pobreza extrema ou no crime organizado, ou idiossincrasias sobre o Estado Paralelo.

Teríamos que saber, antes de tudo, que a morte da cultura enquanto palavra fácil, usada para definir objetos de consumo nas grandes feiras e exposições onde nos refugiamos, quando não estamos diante da teletela; que a morte dessa cultura que é palavra-chave no discurso de políticos ordinários; que a morte dessa cultura que é múltipla e nada homogênea, essa cultura ameaçadora que brota da pobreza-periferia; que a morte dessa cultura pode significar a morte de uma cultura.

O músico está bem, lúcido e vai voltar a andar, diz o Estadão.

Vote certo

Não vote em Paulo Maluf
Não vote em Afanásio Jazadji
Não vote em Romeu Tuma
Não vote em Delfim Neto
Não vote em Marcus Vinícius Petreluzzi
Não vote em Celso Russomano
Não vote em Jáder Barbalho
Não vote em Orestes Quércia
Não vote em Antonio Carlos Magalhães
Não vote em Ciro Gomes
Não vote em José serra

Lista em construção.

Guerra fria