domingo, 28 de abril de 2002

Haddad

São Paulo - De repente me deu vontade de escrever sobre o Haddad, mas não valeria a pena, porque seria pouco. Precisaria de 20 páginas só pra começar. O que leva sua história para a lista de microbiografias que comecei a escrever pela letra Z. De Zau.

Naná, Marina e Haddad

São Paulo - Conheci o trabalho de Naná no disco Codona - as iniciais de COllin Walcott, DOn Cherry e Nná Vasconcelos. Foi na casa do Haddad, em Boa Vista, numa tarde de violões na começo dos 90, quando meu velho e agora morto amigo desenvolveu seu grande plano de seqüestrar (por uns dias, é claro) a Marina Lima. Haddad era como alguns santos. Santos Dumont, Saint-Exupéry. Era piloto. Haddad Voava.

O celular de Naná é a lua

São Paulo - Naná Vasconcelos é um cara que dispensa apresentações - nada como um lugar-comum do tipo 'dispensa apresentações' para facilitar a comunicação com grandes massas de leitores ignóbeis de blog, mas isso seria limitar o assunto.

Naná já tocou com Talking Heads, BB King, Jean-Luc Ponty, Pat Metheny, Paul Simon… Melhor dizendo, estes caras tocaram com ele. NV hoje tenta viver no Brasil, onde sua arte nunca rendeu muito. Vai ter que se contentar com viagens freqüentes ao exterior, onde seu trabalho é muito bem pago. Gasta parte da grana com crianças pobres e se emociona toda vez que fala no Brasil, na sua terra.

Não sei o que dizer sobre nacionalismos e congêneres, mas sei o que é saudade. Naná é um exilado involuntário num mundo cão, tentando ficar junto aos que o rejeitaram e - por isso mesmo - lhe ajudaram a chegar ao topo na sua especialidade.
O cara é muito, muito bom mesmo. Músico do corpo e da alma. Viva Naná, patrimônio do Brazil.

sexta-feira, 26 de abril de 2002

Agenda

São Paulo - Shows desta semana na cidade: The Mission, Stephen Malkmus, Otto, Nação Zumbi, Ira...

Eu e Baudrillard

São Paulo - Na Bienal, assisto a palestra interessante e ainda faço perguntas a Jean Baudrillard (muito chique) sobre a sociedade de consumo, o auto-sacrifício dos terroristas e sobre como essa disposição de morrer é levada (oferecida) à nação mais poderosa, como alternativa honrosa ao combate. Trata-se de uma proposta bem indecorosa, mas altamente crível. Encetei pequeno colóquio (em inglês) com o rabugento francês.

Livros, livros, livros

São Paulo - Ontem fomos à Bienal com o Liu e ninguém disse que ele estava proibido de ter acesso à literatura adulta ou qualquer outra literatura, porque "ele é muito pequenininho".

No Otto 4 U, Liu

São Paulo - Hoje fomos barrados no show do Otto & Nação Zumbi, que acontece agora no velódromo da USP. Um absurdo proibirem os bebês de assitir a concertos de rock. É o mesmo caso do casal de músicos eruditos que não puderam entrar com seu bebê num concerto.. por força de uma lei estúpida que visa garantir excluídos culturais.

quinta-feira, 25 de abril de 2002

Atlântida, Jurubatuba e Barra Funda

São Paulo - Neste dia de greve de ônibus em São Paulo, em que andei pela Barra Funda e vi tigres siberianos na frente da TV Record, percebi que Jurubatuba-Osasco é bem melhor que Júlio Prestes-Etc e atravessei a ponte Cidade Universitária a pé no horário de pico observando, na massa escura, brilhante, espessa e lustrosa que é o rio Pinheiros, que alguma coisa borbulhava lá embaixo. Atravessar a saída da marginal pode ser suicídio, razão pela qual esperamos uma eternidade até passar pelo velódromo da USP, que recebe Otto e Nação Zumbi na próxima sexta-feira, trazendo ritmo, atitude e aquela antenada de Recife, que é local sendo global, tendo no mar um rio a atravessar, para encontrar lá a saudade de cá, e se Israel não sabe a diferença entre civis e militares, nem sabem os Estados Unidos, nem a França de Napoleão, cuja biografia estou lendo (e gostando), escrita pelo mesmo cara (Emil Ludwig) que fez Bolívar e se compartilho do mesmo interesse de Garcia-Márquez por ditadores e outras figuras despóticas, antipáticas e, porque não dizer, carismáticas, é porque se tais tipos não são interessantes, que tipos serão?, ou, apelando para novas proposições polêmicas e eugênicas de escritor não-publicado - um jornalista super-publicado pode lamentar ou alegar essas coisas? - que os estúpidos me perdoem, mas inteligência é fundamental, e lamentar a frase infeliz, lamentar a adesão à barbárie geral dos nossos dias, lamentar a aceitação da intelligentzia como modus vivendi que precisa ser mantido ad nutum num mundo que é muito pro tempore; e lamentar a falta de humildade, a falta de re-conhecimento do limite emocional das pessoas que amo, da incompreensível insatisfação do limbo, da condição nímbica de nossos dias, se é que posso dizer coisas assim tipo Geração X revoltada e ao mesmo tempo saber que, no interior da Terra moram criaturas imberbes e esquentadas, que a Atlântida é uma festa no verão gaúcho e que Ushuaia não é tão longe assim.

domingo, 14 de abril de 2002

Blog?

Blig.

Blog?

Bleg.

Blog?

Blag.

Chavo

São Paulo- O resgate de Chávez foi muito louco. Uma brigada de paraquedistas invadiu o cativeiro, numa ilha (La Orchilla) e libertou o presidente em ação hollywoodiana. Os golpistas estão sendo presos e HC volta ao Miraflores. Não foi dessa vez, uncle Sam.

Bushada

São Paulo- Hugo Chávez havia sido seqüestrado pelos golpistas, que inventaram a história da renúncia. O cara foi levado para cinco lugares diferentes dentro do país. Loucura. Bush 2 deve estar furioso com esse milico maluco no governo do quarto maior produtor de petróleo. Mandou dizer que espera que a Venezuela tome um rumo decente: o rumo que o FMI, primeira entidade a admitir o golpe de estado, deseja.

Chav'z back

São Paulo - Incrível. Chávez voltou ao governo da Venezuela. Incrível. E nem tive tempo de escrever um post sobre o papo que tive num chat da Venezuela onde, infelizmente, havia um brasileiro dizendo que o venezuelano é um "povo inferior", formado por negros e índios. Tive vontade de matar o imbecil, descobrir o endereço dele e ensinar-lhe boas maneiras. Me enojam tais figuras. Isso é falta de escola.

Rock e/é Cultura

São Paulo - Os programas Musikaos e Alto falante, exibidos nas madrugadas de sábado na TV Cultura podem ser a salvação da TV aberta. Um horário para roqueiros casados.

Insones

São Paulo - É 1h36 da manhã e meu filho está acordado, brincando. Legal.

sábado, 13 de abril de 2002

Golpe na Venezuela

São Paulo - Militares caudilhos, ignóbeis seguidores de George W. Bush, depuseram Hugo Chávez, depois de batalha campal nas ruas de Caracas. Surpreendentemente, elegeram um civil para chefiar a nova junta ditatorial. É incrível que estejamos assistindo, em pleno século 21, a mais um golpe militar na América Latina, mais uma mancha na democracia, em nome de uma “ascese” estapafúrdia. Chávez era meio maluco mas não muito diferente da maioria do povo pobre da Venezuela, que confiou a própria vida a ele. Deposto pelos poderosos (leia-se Tio Sam), HC deve asilar-se em Cuba para assistir ao golpe de camarote.

É duro constatar mais uma vez que a tentativa de “desalinhar-se” com os donos do hemisfério pode custar caro. A “América” prevalece ,mais uma vez. E assistiremos, calados, a notícias como: “O FMI é a primeira entidade internacional a reconhecer o novo governo venezuelano”.

Como estará meu pai, na Venezuela? Ele era favorável ao Chávez. Morei seis anos naquele país, talvez os mais importantes (primeira infância). Me preocupa muito o que acontece por ali.

Rede

São Paulo - Índio na rede. Mitos digitais. Minha dissertação vem aí.

quarta-feira, 10 de abril de 2002

Branco

São Paulo - Não sei o que escrever. Tinha mil coisas para colocar aqui e de repente, nada. Branco. Era importante? Era sobre política? economia? direitos humanos? jornalismo? blog? MST? USP?

domingo, 7 de abril de 2002

Pane

São Paulo - O blogger saiu do ar. Demorou, mas voltou. Ele tem dessas.

Leio Napoleão, de Emil Ludwig.

São Paulo - Biografia do espevitado francês. Sujeitinho único, esse aqui. Parece ser o ídolo maior de Ottomar Pinto. Do nascimento em berço não-esplêndido ao exílio em Santa Helena; da volta triunfabte à decadência política, uma revisão política de uma personalidade ímpar.

Em conversa com Jair Borin, descubro que ele prefere a de biografia de Napoleão feita pelo Alexandre Dumas. Justo.

sábado, 6 de abril de 2002

Bloqueio

São Paulo - É quase uma da manhã e ainda não terminei a matéria sobre a Casa de Detenção para o Jornal da OAB. Tô com alguma trava, porque queria bolar um texto literalmente literário - consegui um pleonasmo ipsis literis -, mas pelo jeito não vou conseguir. Difícil criar alguma coisa experimental sem cair num pedantismo intelectual (porque existem outros pedantismos) que choca os defensores da pretensa objetividade jornalística.

sexta-feira, 5 de abril de 2002

Awake

São paulo -
Tenho um dia cheio daqui a pouco, mas a insônia permanece. Imnsonia remains the same.

Letras devoradas

São Paulo - Li apenas nove livros no primeiro trimestre de 2002, o que é uma média razoável, mas ainda insatisfatória. Vamos a eles:

1 - O Falador (Mario Vargas Llosa)
2 - Uma estranha realidade (Carlos Castañeda)
3 - A terceira visão (Lobsang Rampa)
4 - Trópico de Capricónio (Henry Miller)
5 - Memórias do Cárcere I (Graciliano Ramos)
6 - Memórias do Cárcere II (Graciliano Ramos)
7 - O Diário de Bridget Jones (Helen Fielding)
8 - Cheiro de Goiaba - Diálogos com Gabriel García-Márquez (Plínio Apuleyo Mendoza)
9 - O Quarto de Jacob (Virginia Woolf)


O Falador, de Llosa é uma fabulosa (palavra que tem que ser entendida em seu significado original, e não em acordo com o adjetivismo primário de nossos dias) novela movida a turning points, com aquelas mudanças radicais que nos causam arrepio, embora sem muita surpresa. O que considero uma grande vantagem, já que a surpresa pura e simples pode ser bem decepcionante, enquanto algo que anuncia-se sorrateiramente, aproxima-se com cuidado, faz ameaças e recuos e, principalmente, provoca-nos a sensação de que pode não ser o que estamos imaginando, me parece muito mais satisfatório. Não confundir com previsível.

Uma estranha realidade é o segundo livro de Castañeda, feito sete anos depois de A Erva do Diabo (odeio o título em português), que foi traduzido em mil línguas e vendeu bilhões de livros mundo afora, tornando o antropólogo de nome fake Carlos Castañeda conhecido internacionalmente. Depois de curtir os louros da fama, ela volta ao Novo México e apresenta a obra ao velho mestre don Juan, que faz pouco caso dos conceitos de fame, fortune and glory de nosso amigo - que sempre se diz violentado pelas alucinações mas não deixa de mascar peiote e viajar por outras dimensões.

A terceira visão é um livro que deixei de ler na adolescência por causa de um Edgar Allan Poe sempre à mão. Acho que fiz bem. Ou não? Rampa tem uma escrita semelhante ao passo e ao fôlego dos orientais, o que é curioso. Assim como suas descrições cruas de rituais místicos tibetanos e de seu pouco caso com a morte. Comprei Entre os monges do Tibete, mas este é o último da trilogia que começa em A Terceira visão. Falta-me O médico de Lhasa.

Trópico de Capricórnio não merece comentários. Leiam. Se posso dizer qualquer coisa sobre esse livro é que talvez ele seja o tipo de obra que nós, espirantes a escritor, planejaremos durante toda uma vida e talvez venhamos a morrer sem fazê-la. Cru, amoral, machista, despótico, autêntico, sem freios. Li uma edição dos anos 60, com uns poucos grifos feitos pelo leitor da época, nas primeiras páginas. Depois não há mais grifos, provando que o livro conta mais sobre sua vida do que você possa imaginar. Encontrei milhões de motivos. Mas não fiz nenhum grifo.

As Memórias do Cárcere aqui consideradas como dois livros por imposição da Editora José Olympio, nessa edição do começo dos anos 70. Pungente. O cara é bom em descrições estóicas e, por incrível que pareça, muito pouco auto-comiserativas. Rachel de Queiroz, Nise da Silveira, José Lins do Rego, Jorge Amado, Olga Prestes e Sobral Pinto, entre outras figuras ilustres, obscuras e excêntricas, aparecem nas suas 676 páginas (373 do primeiro mais 303 do segundo volume). Só para abusar do lugar-comum, é o retrato de uma(s) época(s).

O Diário de Bridget Jones é um dos best-sellers do momento, mas não quer dizer que seja ruim. Humor inglês despretensioso, até meio novaiorquino, numa mescla de Woody Allen e Mike Leigh em comédia shakesperiana dirigida por Kenneth Branagh. Ou também pode não ser nada disso. Um livro mulher. Uma livra.

Cheiro de Goiaba, frase que não aparece no livro, é creditado a Gabriel García Márquez mas na verdade é de Plínio Apuleyo Mendoza, amigo íntimo de Gabo e autor de singela biografia desse colombiano-maluco-parecido-com-meu-pai. Altas revelações sobre técnicas literárias e superstições do Caribe.

O Quarto de Jacob marca o início da fase experimental de Virginia Woolf, com seu belo texto poético estilhaçado em mil pedaços, esculpindo personagens incompletos, omitindo emoções que depois são exteriorizadas violentamente. Uma saraivada. Grande livro. Um trecho, na página 80: "Ou somos homens ou somos mulheres. Ou somos frios, ou somos sentimentais. Ou somos jovens, ou estamos envelhecendo. Em qualquer caso, a vida não é senão uma procissão de sombras, e sabe Deus por que as abraçamos tão avidamente e as vemos partir com tal angústia, já que não passam de sombras."

Do inferno

São Paulo - Hoje visitei o inferno. Era um sonho antigo. Estive nos pavilhões 6 e 8 da Casa de Detenção, que está sendo desativada, numa pauta para o Jornal do Advogado. Percorri aquelas celas vazias sentindo uma apreensão previsível e uma energia ruim que já era esperada. Fotos, livros, documentos, cadeiras, espelhos quebrados, copos, muletas, solidão.

Percebi, entretanto, que além do cheiro de comida podre, de madeira encharcada, das manchas nas paredes infiltradas, dos grafites, das fotos de mulheres das revistas pregadas nas paredes e do miado dos gatos abandonados, que ali (ainda) reina uma atmosfera de desesperança, ódio, violência e sangue.

segunda-feira, 1 de abril de 2002

Saudades

São Paulo - De Porlamar, Ciudad Bolívar, Juan Griego, Santa Elena, a estrada litorânea até Güiria, Georgetown, Paramaribo... Quanta coisa se perde nestas latitudes.

Março já era

São Paulo
Que venham os próximos. Gosto de março. Um pouco quente, mas gosto. Andréa deprê, não consegue adiantar a dissertação.

quinta-feira, 28 de março de 2002

Green is the colour

São Paulo - O show de Roger Waters foi demais - não sei porque estou escrevendo isto somente hoje, talvez porque seja uma daquelas desculpas do tipo "ainda estou avaliando tudo o que aconteceu", e como não consigo pensar em nada que justifique tal atraso, que avilta a instantaneidade dos blogs, atrasa a apressada apreciação jornalística, "esfria" o assunto etc, vamos nessa. Como diria Dustin Hoffman, definitivamente valeu a pena gastar os últimos trocados com o ingresso mais barato. Mr. Waters (sir?) causou arrepios, executando as mais belas canções jamais feitas: Dogs, shine on you crazy diamond, in the flesh, another brick in the wall, pigs on the wing.... Incrível.

sábado, 23 de março de 2002

Tudoaomesmotempoagora

São Paulo - O que estive fazendo, para não atualizar o blog? Seu Walmor, avô da Andréa, morreu. Reencontro meu filho depois de três semanas (ele em Rondônia, eu no Rio Grande do Sul). Fui a Roraima, onde fiquei cinico dias, desconhecendo amigos e paisagens, passeando de barco pelo rio Branco, revendo Nagisa, despedindo-me dela, de minha mãe, tomando um ônibus e conversando com senhora evangélica que acredita que todas as bandas de rock firmam contratos com o demônio, descolando quem se dispusesse a viajar de Presidente Figueiredo (AM) a Manaus de táxi, chegando em cima da hora, pegando vôos pinga-pinga por toda a Amazônia, voltando para São Paulo, revendo Liu e Andréa e a USP e o pessoal da OAB-SP para quem faço uns frilas, voltando ao normal, descomprimindo, aterrissando, slow, slow, slow.

Malditos hackers

Boa Vista - Alguém descobriu minha senha e escreveu uma mensagem no blog, dizendo que se fosse pessoa de má índole teria detonado minhas palavras etc. Nenhum dano aparente. Agradeço ao hacker de bom coração.

sábado, 9 de fevereiro de 2002

Périplo

São Paulo - Estive em Porto Alegre e em Capão da Canoa, depois subi o litoral até Torres, fui de carona até Sombrio (SC), de lá até Araranguá e de Araranguá a Criciúma. De Criciúma peguei um ônibus pra São Paulo, onde chego são e salvi ao Terminal do Tietê

terça-feira, 5 de fevereiro de 2002

Sombra e Água Fresca

Capão da Canoa - Recebido com honras de estado por Rafael Francez e a família, passo dias agradáveis no litoral gaúcho. Há um turismo interno considerável. E muitos argentinos, que aproveitam os últimos dias de câmbio favorável para comprar tudo em dupla. "Dame dos", ainda dizem, mas dizima mais no verão passado. Capão da Canoa é agradável. Atrai a juventude nos finais de ano e a terceira idade depois das férias escolares.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2002

Espiões

Porto Alegre - Segundo o hacker, minha senha foi encontrada num provedor do Rio Grande do Sul (Via RS). Nunca usei. Gozado.

domingo, 3 de fevereiro de 2002

Mensagem de um hacker

Porto Alegre -

véio, naum deixa a tua senha exposta aqui na via-rs.
qualquer pessoa como eu pode entrar e bagunçar (coisa que eu naum faço)

teliga!

abração.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2002

Tempo esgotado para o uso do chat

Porto Alegre - Muita gente na fila e eu escrevendo posts feito louco, garantindo a instantaneidade que o Blog merece. As monitoras estão de olho, e uma já me deu um aviso. A outra olha feio pro lado de cá. Há uma senhora da terceira idade querendo usar o computador, argumentam, mas ninguém me tira daqui vivo. Ttem alguém segurando meu braço. Solta. Solta. Ei, pára com isso. Me larguem. Me larguem! Ok, vocês venceram. Novas informações solamente mañana.

Ágora

Porto Alegre - Um ponto em comum em algumas das pessoas com quem tenho conversado no fórum é a crítica ao... fórum, como se, pelo exercício da crítica à estrutura que lhe permite ter acesso aos contatos de que precisa para divulgar sua ideologia, estivesse a redenção da filosofia pessoal. O uruguaio Mauro e o pernambucano Rodrigo que o digam. Rodrigo é absolutamente contra a reunião, "que será comandada por um punhado de ONGs". Pretende protestar.

Sobre comida e calor

Porto Alegre - A comida está racionada. O rango é caro e tão prejudicial para as mentes e corpos dos consumidores quanto o álcool proibido, que circula livremente. Há uma expectativa de que vá chegar alimentação natural a qualquer momento, nesse acampamento da juventude. Por enquanto, Porto Alegre é um inferno de calor.

Fly on, little wing

Porto Alegre - Ontem "naveguei" entre a multidão, flanando como Leopold Bloom, encontrando um respeito impressionante às diferenças tribais. Ficava com um grupo, depois partia com alguns deles noutra direção, mudando de companhia naquele ponto e ficando por ali até encontrar novamente outra galera. Pessoas dançando, uma fogueira, punks reunidos, mulheres de vestidos longos carregando crianças, sexagenários cabeludos, duas bicicletas, pessoas cantando, pessoas conversando, pessoas. Um eremita na multidão.

Informação

Porto Alegre - Pretendo melhorar minha logística com o jornalzinho (desatualizado) que acabei de receber na recepção, mas acho que ainda vou perder muitas palestras nessa PUC-RS.

Na PUC-RS é tudo belezinha, grandes auditórios que são verdadeiros cinemas, chão brilhando, pintura nova. Um shopping-center.

Paçoquinha

Porto Alegre - Paçoquinha, que me apresentou aos punks, tem uns 17 e responde a processo por estar na rua depois da meia-noite. Vende adesivos anarquistas e foi assediado por anarquistas do movimento internacional, que buscam arregimentar anarco-punks em fóruns sociais vez em quando. Comprei-lhe uns adesivos malucos sobre o holocausto nuclear - "melhor sermos ativos hoje que radiativos amanhã" - e sobre política - "Una-te pelo fin (sic) da exploração. Vote nulo".

Passo Fundo Anarchy

Porto Alegre - O punk que conversa comigo diante da venda de camisetas de protesto (12 reais) é de Passo Fundo, onde o movimento atualmente ficou restrito a uma meia dúzia de pessoas. Nos anos 80 eram mais de 20, que apanhavam mesmo da polícia, mas com o passar do tempo, os brigadianos foram se acostumando com os caras e já não esquentam mais com eles. O cara fala (e cospe) um monte, o que é bem punk. Filosofia de vida. Muito respeito.

Deep Step Punks

Porto Alegre - Enfim, coisas estranhas acontecem, como a palestra "Amazônia, a revolução vivida hoje", que mudou de andar. Enquanto isso, descubro que, pela quantidade de índios do lado de fora, jamais vou conseguir assistir à oficina "Terras Indígenas: Demarcação, lutas", um estudo regional feito em Passo Fundo (RS). Falsar em Passo Fundo, descubro que há punks por lá. Seriamo os Deep Step Punks?

Chomsky

Porto Alegre - Asssisto a palestra de Chomsky lotadíssima. Ele diz coisas que queremos ouvir.

"A tecnologia em geral é totalmente neutra: um martelo pode ser utilizado por um carpinteiro para construir uma casa ou por um torturador para esmagar a cabeça de alguém; o martelo não se importa", por exemplo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

Malditos ladrões!

Porto Alegre - Deixei minha toalha de bobeira no varal coletivo e agora preciso de uma nova. Fui roubado. Que falta de respeito. Me disseram que toda a marginália de Porto Alegre se misturou aos particpantes do Fórum Vou até a Loja das Noivas e compro toalha nova, gastando uma grana que poderia ser melhor aproveitada. Humpf.

Tiroteio Antártico

Porto Alegre - Muito interessante o nome desta banda de Porto Alegre: Astronauta Pingüim e os Baleados.

Caminho contrário

Porto Alegre - Epnogoha fica agradavelmente surpreso ao saber que vim "da floresta" e que meu trabalho tem a ver com os problemas indígenas. Gosto de saber que esse cara, que largou a cidade para virar brujo e cuida, junto com o mexicano Oscar da fogueira mística, pensa de forma semelhante a este blogueiro (pesquisador de ciberativismo, caçador de respostas para essa desorganização mundial, prescrutador dos dominios virtuais em busca de cidadania planetária, teoórico do ativismo digital) que é, ao mesmo tempo, pesquisador e objeto num tal modelo de investigação participante.

Arte Engajada

Porto Alegre - Tomo três rodadas de chimarrão com um grupo de moradores de rua de Porto Alegre que está fazendo uma exposição com arte feita de material reciclado.

Pai

Porto Alegre - Soube que meu pai está no Brasil, doente. Vai ficar alguns dias na casa da minha irmã. Faz tempo que não falo com o velho. Distâncias...

Casa

Porto Alegre - A juventude tem muitas idades. Sabemos disso ao ver esses jovens de várias idades circulando por aqui. A juventude fica instalada em algumas pessoas ad aeternum, porque nelas reside o vírus do otimismo. Se acreditamos, permanecemos jovens. E o acampamento é do tamanho do mundo.

Himmler

Porto Alegre - Ouço no rádio que no discurso de Bush 2 no Congresso foi dito que a "guerra pela liberdade" vai se estender além dos limites do Afeganistão. E por que não? Não vamos perder tempo com panegíricos a Mr. Bush, Júnior. Esse filhote da guerra fria ainda vai dar trabalho...

Invasão

Porto Alegre -
Quando cheguei ao Parque da Juventude havia pouca gente instalada, a maioria estrangeiros, que precisaram chegar mais cedo por causa de credenciamento e o MST, de quem me tornei vizinho. Mas se outrora havia grandes espaços, hoje estou cercado pela galera de Pernambuco, que discute política as 24 horas do dia. Amanhã é a palestra de abertura do fórum, com Noam Chomsky.

Ideólogos de todo o mundo, uni-vos

Porto Alegre - A organização procura atender os visitantes com comida natural de baixo custo e muitos sorrisos. Toco violão com uruguaios e discuto a eficácia do fórum com o Rodrigo, da UFPE, que é contra a nomeação de um punhado de delegados ligados a um punhado de ONGs. Brada contra o evento e contra seus financiadores - Fundação Ford, etc. -, mas admite que o estabelecimento de contatos e o intercâmbio com outros movimentos são fatores positivos.

Cidade da Juventude Carlo Giuliani

Porto Alegre - O acampamento lembra um show de rock n'roll, mas é uma aposta ideológica. Gente que quer mudar o sistema, que sabe que do jeito que as coisas estão, podemos nos inviabilizar enquanto seres humanos. Há pouca gente quando instalo minha barraca à sobra de uma árvore, próximo da barraca do MST e de uns chilenos. Os canadeneses (digo, quebequenses) estão aí já há algum tempo, ao lado de uns franceses radicais.

Parece evento de consumo, mas é anti-consumo. E se foi montada uma estrutura de consumo é porque não é possível suportar a chegada de 60 mil pessoas sem um mínimo de estrutura física, de alimentação e de logística.

Ou estou enganado ou esse é um som de um instrumento aborígine vindo daquele cara junto à fogueira. Descobrirei mais tarde que não. Trata-se de um brujo mexicano Oscar veio a pé para o Fórum. Partiu em maio do ano passado, conforme havia previsto durante o primeiro fórum. Ao seu lado, Epnogoha, que já chamou-se Sílvio, um gaúcho que descobriu-se feiticeiro durante um trabalho de preparação que durou três anos e três meses no alto da serra.

Software livre

Porto Alegre - O horário é restrito e o tempo é curto, mas o serviço de chat do Fórum Social Mundial funciona. Uma fila querendo usar o computador atrás de mim. Os softwares originais instalados nessa rede, conflituam com os slogans das camisetas propondo o Software Livre.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

À pampa

Porto Alegre - Chego alquebrado nestas paragens meridionais. Finalmente, o Fórum Social Mundial. Ônibus sucks.

terça-feira, 29 de janeiro de 2002

Longe demais das capitais

Porto Alegre - Chego a uma cidade quente, ígnea, magmática. Suo aos litros enquanto penso que deveria ter vindo conhecer o Sul no inverno. Vim num ônibus muito pouco confortável da Viação Penha, que me deixou marcas nos discos da coluna vertebral. Conversei em inglês com uma mulher de erres russos, bálticos, eslavos, sei lá. Um erre forte, pronunciado, que leva esta gauchinha que espera o ônibus a comentar: "Bah, mas que sotaque forte tem essa mulher."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2002

Rumo ao Sul

Registro - Parti para o Terminal Rodoviário do Tietê em trânsito e calor horrendos. Não vai dar tempo de receber o dinheiro do Jornal da OAB. Chego na Sé às 13h20, na esperança de pegar o ônibus para Porto Alegre, mas ainda preciso comprar o bilhete do metrô. Os guichês estão cheios. Filas. Vou até a máquina. Fila. Faltam três. Faltam dois. Falta um, mas o cara insiste em inserir a nota dobrada, que volta repetidamente. Troco a nota para ele, que agradece e sai. No relógio, 13h23 e a máquina recusa uma moeda de 50 centavos. Depois de tentar duas vezes, coloco outra nota de 1 Real, aperto o botão do troco e espero uma eternidade. Corro para o metrô, sentido Tucuruvi, atropelando pessoas com uma mochila pesada e um violão que peguei com o Paulo Bauer. Chego à Tietê exatamente às 13h30 e torço para que o ônibus atrase. Vou até a plataforma 25, onde há três ônibus. Pergunto qual deles vai para Porto Alegre e quase entro o ônibus errado. Alguém olha pro meu bilhete e diz que tenho que pegar o que vai para Santana do Livramento, que está ali, de saída. Faço sinais. A porta abre. Porto Alegre, here i go.

Trainspotting

On the road - As estradas do interior de São Paulo estão esburacadas como as ruas da capital. Os banheiros lembram a cena do mergulho em Trainspotting. No Paraná, estradas com sinalização perfeita, pavimento de primeira e banheiros que parecem a descrição de Renton para o que ele esperava do banheiro para onde corria, constipado.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2002

Deu pra ti

São Paulo - Atenção, leitores fantasmas deste blog. Daqui a duas semanas vou à a capital mais meridional do Brasil, lugar distante e isolado nos confins de planeta, verdadeiro fim de mundo, terra de várias cores e um único sotaque, de grandes bandas de rock, bom churrasco, boa erva e gente hospitaleira. Em Porto Alegre, verei como é essa reunião de gente do mundo todo interessada em paz, solidariedade, distribuição de renda e tecnologia compartilhada.

Go!

São Paulo - Hoje o Lakers deu um PAU no Detroit Pistons. Mais de 30 pontos de diferença, com o time reserva (Horry, George, Madsen, Medvedenko e Hunt). O'Neal, Bryant, Walker, Fisher e Fox assistiram a metade final do banco.

sábado, 29 de dezembro de 2001

Shame

São Paulo - Não vou ganhar nenhum amplificador ou guitarra sorteado pela Kiss FM porque não votei nas clássicas do rock clássico. Shit.

UFO

São Paulo - Já é 29 de dezembro e ainda não escrevi sobre o meteorito que vi da sacada do apartamento, que fotografei na ânsia de reter bela imagem de corpo celeste incendiando a atmosfera. Pelo menos consegui ficar longe do computador alguns dias (este verme eletrônico, maldita taenia digital), para me dedicar exclusivamente a três pessoas: minha mulher, meu filho e o ócio. Dezessete dias e um Érico Veríssimo (O Senhor Embaixador) depois, i'm back!!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2001

sexta-feira, 7 de dezembro de 2001

Sobre a rede

São Paulo - Às vezes minha mãe me pergunta por que eu trabalho com a rede: - meu filho, por que você trabalha com isso? - Por que blá blá blá, mãe. Minha filha também já me inquiriu. À ela respondi que o trabalho, no ciberespaço, é mais fácil, porque faço.

Dissertação

São Paulo - Há dias reescrevo os mesmos parágrafos em versões diferentes. Edito e reedito idéias, reelaboro proposições, afirmo coisas de uma forma e reafirmo, dias depois, num texto completamente diferente. Pós-graduação. Um caos de informação, tecnologia e ação política nesse pretenso fórum global, a rede.

Download

São Paulo - O epitonic.com é bom mesmo. Recomendo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2001

Compartilhando

Neste momento estou testando epitonic.com. Vamos ver se temos mesmo um novo canal de mp3. He he he.

terça-feira, 4 de dezembro de 2001

Nasser e Inácio

São Paulo - Anastase Papoortzis me conta que, por causa da perseguição à comunidade islâmica, Nasser Hamid teve que mudar de nome. Agora chama-se Inácio José Amilton. Só pode ser brincadeira...

domingo, 2 de dezembro de 2001

Lista Negra

São Paulo - Não vote nesses caras. Eles votaram contra ou se abstiveram no projeto de lei que acaba com a imunidade parlamentar sobre crimes comuns. Foram 412 votos a favor, 9 contra e 4 abstenções. Veja a lista de infelizes:

Alberico Filho (PMDB-MA)
Almir Sá (PPR-RR)
Bonifácio de Andrada (PSDB-MG)
De Velasco (PSL-SP)
Eurico Miranda (PPB-RJ)
João Magalhães (PMDB-MG)
José Gomes da Rocha (PMDB-GO)
Jose Militão (PTB-MG)
Jurandir Juarez (PMDB-AP)
Mauro Lopes (PMDB-MG)
Olavo Calheiros (PMDB-AL)
Reginaldo Germano (PFL-BA)
Wigberto Tartuce (PTB-DF)

George Harrisson

São Paulo - Ok... George Harrisson. Mas dizer o quê sobre o cara? Que era o melhor instrumentista dos Beatles? Que compôs coisas incrivelmente inspiradas? Que quando aprendi While my guitar gently weeps senti que, agora sim, sabia tocar guitarra? É tudo verdade...

Com apenas 51 anos, Rest in peace, George.

sábado, 1 de dezembro de 2001

Tomara

São Paulo - Acho que vou ganhar uma bolsa de estudos. Desconfio.

É possível...

São Paulo - Sensação boa. De notícias alvissareiras.

Deu na Rolling Stone:

São Paulo - Excelente notícia. Tomara que sim:

"I never want to say we're done completely, but we may be," says Pink Floyd guitarist David Gilmour. "With the length of time since we've done something together, it just doesn't feel like something I've missed very much. I don't want to be touring anymore. I'm fifty-five; it's a young man's game."
Gilmour's revelation comes with the release of Echoes: The Best of Pink Floyd, a lavish and thoughtfully assembled double-CD retrospective tracing the band's thirty-six-year career -- from its apprenticeship in the mid-Sixties London club scene and its psychedelic explorations to its reincarnation as the high priests of Seventies concept albums and spare-no-expense arena-rock extravaganzas. After six years without a new album, Gilmour says the tank is empty. "We don't have any project in mind," he admits.

Leia mais aqui

sexta-feira, 30 de novembro de 2001

Ciberativismo

São Paulo - Acabo de enviar para a Fapesp minha proposta de pesquisa sobre ciberativismo. Meu estudo pretende mostrar que a Internet, ultrapassando o conceito de tecnologia de informação, tornou-se ferramenta política indispensável. E que os temas tratados pelo ativismo político na rede mundial de computadores podem ser considerados, mais do que a simples mediação do stablishment, como uma tentativa real (e não virtual) de modificação dos atuais conceitos de cidadania.

About time

São Paulo -
Bad time.
Bed time.

Invasores de Corpos

São Paulo - Neste momento, plena madrugada, centenas, milhares de pessoas Brasil afora sentam-se, extáticos, diante da tela. A web, essa maravilhosa diversão eletrônica, antes vista como lenta e monótona, avança sobre as presas humanas qual extraterrestres invasores de corpos. Assisti a esse filme, com Donald Sutherland, quando tinha 10 anos. Me assustou um bocado.

Tristessa

São Paulo - Releio, com a satisfação das primeiras vezes (1995, 1996?), Tristessa, uma cybernovela muito bacana que descobri na rede naquele início de navegação pelos idos de 1996. Logo fiquei a fim de também criar meu livro digital. Down, romântica e Generation X, Tristessa é pra quem curte Leonard Cohen, Nick Cave, Radiohead, John Coltrane, Dexter Gordon...

Bolas, Livros

São Paulo -O jogo Bulls x Heat foi uma decepção na casa dos setenta pontos. Com ninguém, ninguém mesmo que mereça destaque. Na próxima terça tem Kings x 76ers, dia em que o coleguinha Renato Modernell lança seu livro, "Viagem ao pavio da vela" no Shopping Villa Lobos. Que desculpa vou dar na próxima aula?

quinta-feira, 29 de novembro de 2001

Comments

São Paulo -Tento, sofregamente, instalar comentários no Blog. É uma luta inglória contra programas que fecham, códigos HTML que desaparecem etc.

quarta-feira, 28 de novembro de 2001

Vidraça

São Paulo -O Vitrine (TV Cultura) de hoje, não estava exatamente fabuloso. Mas no geral o programa é sempre bom. Como outros programas tipo Conversa Afiada, Diário Paulista, RG... Ops, RG não! É uma pena que a direção da TV Cultura não tenha a mesma qualidade da programação.

Absurdos - parte 1

São Paulo - Acho questionável a genialidade de Jimi Hendrix. Não acredito nessa conversa de que ele revolucionou completamente o instrumento, que atingiu escalas nunca antes tentadas, que conseguia fazer movimentos absurdos e extrair frases lascivas e inesperadas daquela velha guitarra...

Sinceramente, alguém já ouviu uma coisa dessas? Nem eu. Empale-se o autor de tal heresia.

Insônia

São Paulo - Pra relaxar, um banho. Mas nada de sono

terça-feira, 27 de novembro de 2001

Bola ao cesto

São Paulo -Muito devagar o jogo entre Sacramento Kings x Houston Rockets. Glenn Rice está morto e aquele cabeludo é mau passador. A TV poderia estar transmitindo Lakers x Bucks, que seria muito melhor. E não é porque sou torcedor dos Lakers. Falo como amante do esporte. Por isso, conselho de amigo, não assista Rockets x Kings. Putz, se fosse um jogo dos Spurs ou dos Raptors.
Bom, o Lakers vai jogar em nove terças-feiras (dias em que a ESPN transmite) até a rodada final. Não é possível que não transmitam pelo menos seis.

A Incrível Teoria dos Planetas, por Edileuson Almeida

São Paulo - Edileuson Almeida tem uma interessante teoria sobre a humanidade. Ei-la: nós, na verdade, não somos deste planeta. Somos uma gente que veio, há muito tempo atrás, de um outro mundo e que irá partir, em breve, para outro. Não metafisicamente, como crêem as sociedades místicas, mas fisicamente mesmo. Em algum momento - e da próxima vez será por causa das agressões ao ambiente - teremos que encontrar outro lugar para viver. E assim por diante.

Feliz aniversário

Você não pôde ler isso no dia em que escrevi, ocupada que estava com o menino maluquinho. Hoje pouco importa o que escrevi, porque o eternizar da mensagem consegue explicar bem isso que a gente é. Poderia, a meu modo, buscar mil maneiras de explicar em frases feitas o que sinto por você. Te amo. Somos soma.

Radiografia

São Paulo- Em Roraima, uma reportagem da revista Época foi condenada pelos jornalistas locais. Imagino o quanto lhes daria prazer ter acesso ao texto e jogá-lo no incinerador mais próximo, antes de ser publicado.

Se a liberdade de imprensa não está morta e enterrada, cabe ao jornalismo repensar seu papel social e profissional para não confundir a missão de bem informar com os arroubos de quem tenta conservar em cova rasa um cadáver putrefato.

segunda-feira, 26 de novembro de 2001

A casa do Mussum na web

São Paulo- O site não é muito bom, mas é uma homenagem ao Mussum. Só por isso já vale a pena ir. Para fãs que, como eu sempre acharam o Mussum o melhor dos quatro trapalhões.

Bloguema número 1

Blog Trotter
Blogs, blogs, blogs
Dez mil blogs no Brasil
Antes que te afogues, navegando em tantos blogs
Poeta ordinário, que comete rima vil
Epifanize a rotina, cauterize a retina
A coluna dói, o mouse faz clique
Ao oftalmologista, rogue
Ao ortopedista, suplique


São Paulo, Novembro de 2001

Reading

São Paulo -
Uma pilha de livros para ler.
Porção de sites a pesquisar.
Endereços virtualmente reais
Alcidas Ramos, Memórias Sanumá.
Ideologia de Thompson, compromisso da ciência.
Sociedade em Rede, de Manuel Castells
De Levy, O que é Virtual? e Tecnologias da Inteligência.
Pra distrair, nem um H. G. Wells

domingo, 25 de novembro de 2001

Liu

São Paulo - Meu filho é um sujeito incrível. Deixa claro suas opções (melhor dizendo, as nossas alternativas) em poucos minutos. Consegue apresentar, com sua personalidade pouco ortodoxa, um conjunto de regras de convivência que dificilmente poderíamos imprimir sem a sua ajuda.

Hoje é seu quadragésimo dia de vida. Criamos um endereço virtual para ele ser visto por nossos amigos. A Nagisa, de carona, "atualiza" sua page, em pantomima pueril e fake de pai que quer ser filho.

Rock n'roll

São Paulo - Hoje (já passou da meia-noite, então foi ontem) toquei rock n' roll com Paulo Bauer (voz), Alê Borges (baixo) e Rodrigo Vitulo (bateria), que gostam de Led Zeppelin e outras bandas "da diretoria". Acho que foi por isso que nos demos bem logo no primeiro ensaio.

Tocamos no MK Estúdio, na área "musical" da Teodoro Sampaio. No repertório improvisado, Led Zeppelin (Whola Lotta Love), Sttepenwolf (Born to be Wild, é claro) e Queen (Underpressure, mas não ficou legal). Fiquei empolgado com o som. Vamos ver no que vai dar. Por mim, dá rock. Até porque não poderia dar outra coisa. Jazz? Quem sabe mais tarde...

Magic and Loss

São Paulo - Passei, ainda há pouco, por aquele susto de quem perde um texto no computador, assim que mandei o primeiro post. Reconstruí os escritos de forma bastante semelhante à da primeira versão, mas é claro que nunca, nunca mesmo, terei de volta o que escrevi e desapareceu misteriosamente da tela, enquanto o padrão do teclado era alterado e a barra de rolagem subia e descia, alucinada. Apostaria, se gostasse de apostas, que é coisa de hacker.

Escola

São Paulo - Soube que o velho prédio da minha primeira escola em Boa Vista foi derrubado e em seu lugar construíram uma nova estrutura de armações megalometálicas. Os rodapés daquele velho prédio pré-moldado em blocos metálicos produziam um som incrível, quando atingidos por bolinhas de gudes. Eram nossos canhões a laser. Naquela época (final dos 70, início dos 80) o regime militar subsistia, com cartazes nos postes: "Diga sim ao presidente Figueiredo". Futebol, basquete, bullying etc. Sopa de feijão, paçoca de amendoim... Quimeras possíveis no ensino público e gratuito.

domingo, 28 de outubro de 2001

Um Sonho

São Paulo - Numa loja de bootlegs devolvo ao vendedor o Railway to Hell, do AC/DC, que estava na capa do Back in Black. A conversa gira sobre trivialidades eicidicianas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2001

Ask the dust

São Paulo - Milhares de norte-americanos apavorados, principalmente jornalistas e carteiros. Todos com medo do antrax, o pó da morte. E as brincadeiras da imprensa? "Se você receber um pacote com um pó branco suspeito, chame a polícia". Prato cheio para o Macaco Simão: "Então cancela a entrega do Manoel! Rarará."

Em Roraima enviaram coisa parecida para um deputado estadual, mas a imprensa perdeu a oportunidade de dar como manchete "Pó branco agita deputados".

terça-feira, 23 de outubro de 2001

quinta-feira, 18 de outubro de 2001

Liu

São Paulo - Meu filho nasceu anteontem no Hospital Universitário da USP e chama-se Liu. O nome foi decidido há poucas horas. Significa voz em Malawi. No I-Ching, é "O peregrino".

Anunciamos a família e amigos por correio eletrônico: Liu chegou. Confiram.

quinta-feira, 27 de setembro de 2001

Ars Longa Vita Brevis

São Paulo - Converso com Marcelo Fortes da Silva via correio eletrônico sobre gnose, luxações, amputações, a velha turma, rock, Nova Iorque... Ele tergiversa à moda dos obscuros e obnubilados anos 80 dizendo que não está nem um pouco preocupado com o WTC.

- Você que é cosmopolita se importa com isso. Einstein disse: 'se houver uma terceira guerra mundial, nem imagino quais armas serão usadas, mas na quarta usaremos pedras e tacapes'.

- Marceleza, O que aconteceu em Nova Iorque foi uma mistura de política, religião (gnosis) e arte. O que me interessa muito.

Tudo o que é passado e presente confunde-se numa boa conversa entre amigos.

domingo, 23 de setembro de 2001

Letal

São Paulo - Pesquisa e escrita no laboratório da ECA. Sansaço físico e mental. Olhei pra cima. Vi um teto com lâmpadas fluorescentes que exercia com toda dignidade o seu papel de teto e pensei: nada como a tranquilidade de uma rede. Letal.

quarta-feira, 29 de agosto de 2001

Mensagem eletrônica

São Paulo -
Dear Avery verissimo,
Thank you for your e-mail and your interest in our seminar on Environmental Journalism. Unfortunately it is not possible to apply for this year's seminar. For this year seminar on Environmental Journalism we received more than 150 applications and the selection of the 20 participants was done. Yours sincerely,

Christina Winso



...e lá se vai minha chance de fazer um curso gratuito na Suécia.

terça-feira, 21 de agosto de 2001

Fogo amigo

São Paulo - Marcelo Fortes me saúda em pixels com falsa alegria, revelando linhas depois que levou um tiro, em acidente de trabalho. Leitura tenebrosa. Recupere-se logo, meu velho. Lembre-se da velha banda.

segunda-feira, 30 de julho de 2001

Da serenidade hamidiana

São Paulo -Teclo provocações a Nasser Hamid, enquanto ouço You can't always get what you want e ameaço ingressar no establishment, exercer meu quinhão de hipocrisia e fingir que está tudo bem com o mundo e com as pessoas, cumprindo meu papel no teatro social via concurso público.

A resposta dele: Fazer um concurso público não é acomodar-se ou mediocrizar-se, é uma opção inteligente de progredir e ajudar a sociedade; o serviço público do Brasil necessita de pessoas inteligentes e críticas. A mudança de sistema, meu caro, é parto difícil e dolorido da lenta evolução social. Nada mudaremos da noite para o dia, talvez, se tivermos sorte, levaremos uma ou duas décadas. Ando cansado e decepcionado, mas nunca desistirei. Nunca.

Quer saber? Ele tem razão.

domingo, 29 de julho de 2001

Na ECA

São Paulo - Com excesso de trabalhos acumulados, tento conseguir mais tempo em Jornalismo Literário Avançado.

- Posso entregar meu trabalho na próxima quinta-feira?, pergunto.

- Não dá. Estou embarcando em poucas horas para meu pós-doutorado no Canadá, responde o professor Edvaldo.

Correria.

quarta-feira, 25 de julho de 2001

Fim das férias

São Paulo - Nagisa deixa São Paulo e parte para uma pequena cidade ao norte do Equador. Vou morrer de saudades desta doce bárbara, líder carismática. Minha filha.

sábado, 21 de julho de 2001

Crônicas de Afonso Rodrigues de Oliveira

São Paulo - Ou de como é possível viajar em sua nostalgia sem pieguice sobre a juventude dos anos 50, os penteados e a rebeldia que subliminarmente permeava a geração baby boom.

sexta-feira, 29 de junho de 2001

Feliz

São Paulo - Depois de um vôo de 4 mil quilômetros ela finalmente chega. A ecologista, futura cineasta, violinista, obstetra e compositora Nagisa Veríssimo. Minha filha.

segunda-feira, 25 de junho de 2001

sábado, 16 de junho de 2001

sábado, 9 de junho de 2001

Trinta

São Paulo - É certo dia de junho, faz frio e completo trinta anos.
Saturno faz sua segunda volta e me torno um jovem homem velho. Como diria o poeta, apenas começamos...

terça-feira, 22 de maio de 2001

Tambores

São Paulo Esse cara que apareceu com Marea na aula de Irlemar Chiampi sabe tudo sobre música e africanidade. Conta coisas incríveis, que não consigo reproduzir sobre como a história oral de alguns povos é menos resistente às mudanças, por conta da intensidade rítimica. Como algumas culturas africanas, em que o registro histórico está diretamente ligado à sonoridade do tambor, criando um vínculo mental quase indestrutível.

A história contada é história cantada.

segunda-feira, 21 de maio de 2001

Prosa Latina

São Paulo - Vale a pena conferir o experimentalismo de Severo Sarduy. Os discursos folhetinescos de Puig apoiam-se em narrativas de bolero, como García-Márquez e seu vallenato. Frases feitas, o supra-sumo do provincianismo argentino.

terça-feira, 8 de maio de 2001

Verbo

São Paulo - Maio. Inferno astral. Saturno entra em novo ciclo. Uma barriga saliente. Duas barrigas salientes. Trabalho, trabalho, trabalho. Todo maio é assim.

segunda-feira, 16 de abril de 2001

Escola

São Paulo - Ouço violinos, caminhando pela Praça do Relógio durante discussão sobre bandas; dois caras expõem seus pontos-de-vista sobre as causas para a extinção de uma banda. Um deles decide que não vai tocar mais em bandas, num discurso do tipo: "oh, nem sei se ainda volto a tocar". Penso em Jornalismo Literário Avançado, humanização (?!), media trainning; literatura; jornalismo nipo-brasileiro; campanhas políticas e na máfia do CRUSP.

Blind, blind, blind, blind, bliiiind!

São Paulo - Cegos, caminhamos pelos jardins da universidade, guiados por alguém de confiança. Sons. Formas. Adaptação. Medo. Ser cego é estar mutilado, deprimido e estranhamente tranqüilo. Eu e Damião Marques cegos num velho exercício de teatro. Wide eyes shut. Reféns da confiança. Verdadeiro acinte à vida urbana. Verdadeiro banho de imersão na complexidade dos quatro sentidos restantes.

quinta-feira, 12 de abril de 2001

Serendipity

São Paulo - Idéia para o projeto de mestrado: estabelecer uma relação entre o hibridismo cultural da rede com o mix cultural das fronteiras não-ibéricas na Amazônia. Humpf. Pretensioso demais.

domingo, 1 de abril de 2001

Butantã

São Paulo - Verdade é que estamos em novo endereço, pertinho da cidade universitária. Depois de dois hotéis e uma confusão sobre preços e serviços com vitória para o cliente desembarcamos na Zona Oeste. O apartamento é um dois quartos pequeno, próximo à USP. Circuito interno, cabo coletivo, cerca elétrica...

quinta-feira, 8 de março de 2001

Baixista canhoto vende guitarra a Edgar Scandurra

São Paulo - Conheci o Dalmo, que conhece Vandré Fonseca de piscas eras. Com Dalmo, falamos de nossas bandas. Geração X, jornalismo e publicidade entre os dentes.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

Diálogos do Milênio

São Paulo - Agora tento recuperar anotações dispersas e atualizar as informações do que chamo de “Diálogos do Milênio”, um punhado de registros em áudio, vídeo e bytes de conversas e entrevistas com os representantes de uma geração.
Somos (acabo de me incluir) os que chegaram ao ano 2000 sem aeromóveis, os que desconhecem a exosfera; subtraíram-nos o teletransporte; ainda queimamos combustível fóssil.
Sub traíram-nos? Trabalhamos para uma elite triássica que condena, em nome de um bem-estar efêmero, a sobrevivência dos próprios netos.
Os Diálogos – que foram realizados/obtidos entre 1999 e 2001 – pretendem ser um testemunho superficial e sem pretensões de um grupo de pessoas no limiar do Século 21. Gente que nasceu assistindo televisão e virtua nas redes de computador. Recortes banais da vida fin-de-siècle no Brasil. Excelente pra ser publicado no início do século 22.

Arrival

São Paulo - Chegamos ontem. Choveu, mas o trânsito estava excelente. Estamos num hotel em Cerqueira César, longe da USP, mas perto de tudo. O Rádio está na 89 FM, mas o que aconteceu à Rádio Rock?!

Guerra fria