quarta-feira, 24 de dezembro de 2003
domingo, 21 de dezembro de 2003
Leio
O homem duplicado - José Saramago
Li Budapeste, de Chico Buarque
José Costa, ghost-writer e personagem principal de Budapeste, tem pinta de blogger.
Autor anônimo que vê seu trabalho assinado por outros e vive feliz com isso, enlouquece em Budapeste entre palavras magiares indecifráveis. Ou enlouquece num Hotel do Rio de Janeiro, tanto faz. Importa é que Szoze Kósta, literato de fina estirpe cujo trabalho só é reconhecido por um seleto grupo de colegas de profissão, tem na incomunicabilidade com os que lhe cercam seu maior obstáculo.
O enredo fluido, a pesquisa dedicada e o amor pelas palavras e sua sonoridade fazem de Chico Buarque candidato ao time dos grandes escritores brasileiros da atualidade.
O homem duplicado - José Saramago
Li Budapeste, de Chico Buarque
José Costa, ghost-writer e personagem principal de Budapeste, tem pinta de blogger.
Autor anônimo que vê seu trabalho assinado por outros e vive feliz com isso, enlouquece em Budapeste entre palavras magiares indecifráveis. Ou enlouquece num Hotel do Rio de Janeiro, tanto faz. Importa é que Szoze Kósta, literato de fina estirpe cujo trabalho só é reconhecido por um seleto grupo de colegas de profissão, tem na incomunicabilidade com os que lhe cercam seu maior obstáculo.
O enredo fluido, a pesquisa dedicada e o amor pelas palavras e sua sonoridade fazem de Chico Buarque candidato ao time dos grandes escritores brasileiros da atualidade.
terça-feira, 16 de dezembro de 2003
O BlogGlob revela sua face
A Globo acaba de definir novas regras para seu serviço de blogs. Agora todos terão publicidade (pop-ups, forma mais nefasta impossível) e poderão ser usados para divulgar o serviço (produto?) em qualquer meio ou lugar.
A partir de agora, o serviço será pago. Os usuários podem criar até no máximo cinco páginas, desde que sejam assinantes da globo.com. Os conteúdos podem ser apagados a qualquer momento, se ferirem o código de conduta (palavrões nos logins, blogs do tipo "eu odeio qualquer artista do casting", fotos de nudez ou sexo, críticas diversas.)
O mais terrível: pelo contrato, o autor permite o usufruto perpétuo dos textos publicados, concedendo royalties às Organizações Globo. Para contestar as novas leis, fica eleito o Foro do Estado do Rio de Janeiro.
A medida atinge cidadãos portugueses e lusófonos mundo afora, que utilizam o BlogGlob.
Assombre-se aqui.
A Globo acaba de definir novas regras para seu serviço de blogs. Agora todos terão publicidade (pop-ups, forma mais nefasta impossível) e poderão ser usados para divulgar o serviço (produto?) em qualquer meio ou lugar.
A partir de agora, o serviço será pago. Os usuários podem criar até no máximo cinco páginas, desde que sejam assinantes da globo.com. Os conteúdos podem ser apagados a qualquer momento, se ferirem o código de conduta (palavrões nos logins, blogs do tipo "eu odeio qualquer artista do casting", fotos de nudez ou sexo, críticas diversas.)
O mais terrível: pelo contrato, o autor permite o usufruto perpétuo dos textos publicados, concedendo royalties às Organizações Globo. Para contestar as novas leis, fica eleito o Foro do Estado do Rio de Janeiro.
A medida atinge cidadãos portugueses e lusófonos mundo afora, que utilizam o BlogGlob.
Assombre-se aqui.
Leio
Budapeste – Chico Buarque
Li Dublinenses, de James Joyce
Os primeiros contos de James Joyce, espécie de short-cuts da própria família, dos amigos, dos desafetos. Ácidas referências a tradições e maneirismos irlandeses em livro que pouco lembra o esteta do período pós-Ulisses. Política, pedofilia, embriaguez e provincianismo em contos da velha Irlanda. Fundamental.
Budapeste – Chico Buarque
Li Dublinenses, de James Joyce
Os primeiros contos de James Joyce, espécie de short-cuts da própria família, dos amigos, dos desafetos. Ácidas referências a tradições e maneirismos irlandeses em livro que pouco lembra o esteta do período pós-Ulisses. Política, pedofilia, embriaguez e provincianismo em contos da velha Irlanda. Fundamental.
domingo, 14 de dezembro de 2003
sábado, 13 de dezembro de 2003
sexta-feira, 12 de dezembro de 2003
domingo, 7 de dezembro de 2003
Mondo cane
- Tive o consentimento dele. Está gravado em vídeo.
Armin Meiwes, o Canibal de Rotenburg, ao dirigir-se à corte alemã. Ele admite ter recrutado (via internet) e comido o engenheiro Bernd-Jurgen Brandes. Antes de morrer, Brandes teria autorizado o banquete e experimentado pedaços da própria carne. Juízes e jurados terão que assistir às fitas.
- Tive o consentimento dele. Está gravado em vídeo.
Armin Meiwes, o Canibal de Rotenburg, ao dirigir-se à corte alemã. Ele admite ter recrutado (via internet) e comido o engenheiro Bernd-Jurgen Brandes. Antes de morrer, Brandes teria autorizado o banquete e experimentado pedaços da própria carne. Juízes e jurados terão que assistir às fitas.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2003
Fábula
Então o artista finalmente percebeu que o povo só queria ver televisão. E ele lhes deu. Uma televisão imensa, a maior já construída, em pleno centro da cidade, com comerciais, noticiários, esportes, cultura inútil e pessoas paradas assistindo, dia após dia, ano após ano, a maior platéia jamais alcançada em qualquer outra época. Ele envelheceria e sobreviveria a fama, dinheiro e algumas dependências, embalado pelo sucesso de sua obra maior, a tal TV gigante. Arte democrática, a TV podia ser usada por todos. Filas gigantescas eram formadas na esperança de poder usar o controle remoto. Alguns passaram a morar perto do aparelho. Párias de todos os tipos e lugares vinha experimentar a novidade. O local passou a abrigar centenas, depois milhares de pessoas. Virou caso de saúde pública, insurreição popular, represálias governamentais, milícias armadas, grupos de extermínio, ultraviolência. Decretou-se toque de recolher e a repressão virou rotina. O artista, protegido pelo aparato tecnológico-informacional que somente a era do mercado nos concede, sobrevive.
Então o artista finalmente percebeu que o povo só queria ver televisão. E ele lhes deu. Uma televisão imensa, a maior já construída, em pleno centro da cidade, com comerciais, noticiários, esportes, cultura inútil e pessoas paradas assistindo, dia após dia, ano após ano, a maior platéia jamais alcançada em qualquer outra época. Ele envelheceria e sobreviveria a fama, dinheiro e algumas dependências, embalado pelo sucesso de sua obra maior, a tal TV gigante. Arte democrática, a TV podia ser usada por todos. Filas gigantescas eram formadas na esperança de poder usar o controle remoto. Alguns passaram a morar perto do aparelho. Párias de todos os tipos e lugares vinha experimentar a novidade. O local passou a abrigar centenas, depois milhares de pessoas. Virou caso de saúde pública, insurreição popular, represálias governamentais, milícias armadas, grupos de extermínio, ultraviolência. Decretou-se toque de recolher e a repressão virou rotina. O artista, protegido pelo aparato tecnológico-informacional que somente a era do mercado nos concede, sobrevive.
terça-feira, 2 de dezembro de 2003
Blogs
Vinte mil acessos depois admite-se perguntas do tipo: o que é ser blog? O que é ter blogger? Na zona que chamamos ciberespaço, os verbos podem confundir-se e a propriedade virar pessoa, que vira propriedade, como num desenho de Escher. Criatura que almeja ser criador. Por que no começo, bem no início, éramos a tela e eu, escondidos nas geocities (ou fortunecities) da vida, monotonamente ruminando obviedades. No começo era o verbo. E os gifs animados, espécie de orc da época.
A velha home-page, ao tornar-se blog, trouxe como efeito colateral a observação silenciosa de leitores nos Estados Unidos, Malásia, Canadá, Espanha, Japão... Brasileiros, talvez, já que o País tinha 9 mil blogs, dos quais dois terços inativos.
Havia, como ainda há, um voyeurismo exasperante, mas não havia, como ainda não há, o que fazer.
Os sistemas de comentários trouxeram alguma interação a este ambiente de egolatria e pixels, enquanto amigos (Vandré, Rubinho, Nei, Humberto, Sidenia, Saraiva) se desmaterializavam, viravam seres digitais. Cmo os faraós, nos encontramos em outra outra vida.
Linkei e fui linkado, diz a novilíngua. Outros criaram links para cá (com o perdão dos que não foram citados) e os mantêm, mesmo sem receber outro "em troca".
Blogs amigos, amigos bloggers.
Vinte mil acessos depois admite-se perguntas do tipo: o que é ser blog? O que é ter blogger? Na zona que chamamos ciberespaço, os verbos podem confundir-se e a propriedade virar pessoa, que vira propriedade, como num desenho de Escher. Criatura que almeja ser criador. Por que no começo, bem no início, éramos a tela e eu, escondidos nas geocities (ou fortunecities) da vida, monotonamente ruminando obviedades. No começo era o verbo. E os gifs animados, espécie de orc da época.
A velha home-page, ao tornar-se blog, trouxe como efeito colateral a observação silenciosa de leitores nos Estados Unidos, Malásia, Canadá, Espanha, Japão... Brasileiros, talvez, já que o País tinha 9 mil blogs, dos quais dois terços inativos.
Havia, como ainda há, um voyeurismo exasperante, mas não havia, como ainda não há, o que fazer.
Os sistemas de comentários trouxeram alguma interação a este ambiente de egolatria e pixels, enquanto amigos (Vandré, Rubinho, Nei, Humberto, Sidenia, Saraiva) se desmaterializavam, viravam seres digitais. Cmo os faraós, nos encontramos em outra outra vida.
Linkei e fui linkado, diz a novilíngua. Outros criaram links para cá (com o perdão dos que não foram citados) e os mantêm, mesmo sem receber outro "em troca".
Blogs amigos, amigos bloggers.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2003
sexta-feira, 28 de novembro de 2003
quinta-feira, 27 de novembro de 2003
Reunião de bacana
(Os Originais do Samba)
Todo mundo cantando esse refrão
Se gritar pega ladrão
Não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um
Você me chamou para esse pagode
Nem me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor eu sou escurinho
Aqui realmente está toda a nata
Doutores senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão
Lugar meu amigo é minha baixada
E ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho e se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que voce me trouxe para ser roubado
(Os Originais do Samba)
Todo mundo cantando esse refrão
Se gritar pega ladrão
Não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão
Não fica um
Você me chamou para esse pagode
Nem me avisou aqui não tem pobre
Até me pediu pra pisar de mansinho
Porque sou da cor eu sou escurinho
Aqui realmente está toda a nata
Doutores senhores até magnata
Com a bebedeira e a discussão
Tirei a minha conclusão
Lugar meu amigo é minha baixada
E ando tranquilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça
Pois não há ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia bacana
Se leva o bagulho e se deixa a grana
Não é como esse ambiente pesado
Que voce me trouxe para ser roubado
quarta-feira, 26 de novembro de 2003
Aeroporto
(Fellini)
Na entrada não se podia ver nem mesmo um espirro
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro
No círio um garoto nos sapatos de um homem
Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro
Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Não se viaja sempre solo per lavoro
(Fellini)
Na entrada não se podia ver nem mesmo um espirro
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro
No círio um garoto nos sapatos de um homem
Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro
Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Não se viaja sempre solo per lavoro
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