quarta-feira, 16 de junho de 2004

100 a 87

São Paulo - Toda a glória aos pistões de Detroit.

Ben Wallace nas alturas.

O abalado Los Angeles Lakers estava irreconhecível em quadra. Tinha que perder mesmo.

Sofrimento dobrado para Karl Malone, que apostou errado trocando os US$ 18 milhões de renovação com o Utah Jazz por 1/10 desse valor para jogar no Lakers.

Duelo de técnicos é um termo apropriado para a final da NBA. Ao derrotar o laureado Phil Jackson, Larry Brown (laureado de outrora) prova que no basquete, diferente da política externa, toda supremacia tem limites.

terça-feira, 15 de junho de 2004

Igualzinho

São Paulo - Essa eu vi num post do Israel Barros no Cabuloso Destino: com o singelo subtítulo de Star Estimator, o Analogia localiza celebridades que se pareçam com você. Isso mesmo, você. Basta ter uma foto no micro. O resultado nem sempre é fiel a nosso fenótipo. Ou então pareço com Diego Armando Maradona e Timothy Dalton. Encontre seu sósia-celebridade aqui.

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Do ofício

São Paulo - Custa-me a acreditar que sejamos quem fomos; somos quem somos a cada momento, mas a história de quem fomos tem muitas vezes de ser contada para que possamos verdadeiramente ser quem somos. As pequenas histórias que aqui podem ser lidas contam elas mesmas a história deste sítio, e fazem-no muito melhor do que eu alguma vez poderei, mas existem outras histórias por trás destas que eu mesmo quero contar.

Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Sobre blogs

São Paulo -
1 - Blogs são coleções de textos preparados por uma ou mais pessoas (podem ser pessoas preparando diferentes textos ou textos a quatro, seis mãos). Blogs são escritos.

2 - Bloggers escrevem blogs. Logo, bloggers são blogueiros e blogs são blogs. Blogs normalmente são diários, mas também podem ser semanários, bissextos, hebdomadários...

3 - Blog não é blig ou blogger. Chamar aos blogs dessa forma equivale a chamar lã aço de Bombril e lâmina de barbear de Gillette. Blogs são blogs. Ponto.

4 - Blogs podem ter ferramentas auxiliares, como os sistemas de comentários, o Blogchalking, o Blogtree e os contadores.

5 - Sistemas de comentários são formas instantâneas de comunicação entre bloggers (ou blogueiros) e seus leitores (que também podem ser blogfans ou blogfreaks). São ferramentas democráticas que os jornais, por exemplo, não têm coragem de instalar.

6 - Blogchalking é um sistema de classificação geográfica criado por um brasileiro, o Daniel Pádua. A idéia é identificar o blogger (blogger é o blogueiro, não o blog) por cidade e até por bairro. Assim pode-se descobrir quem bloga na sua vizinhança. Aquele bonequinho na coluna à esquerda indica que sou um indivíduo do sexo masculino com idade entre 31 e 35 anos (quando comecei estava noutra faixa etária), morador de São Paulo, bairro Butantã, que passa cerca de 40 por cento do seu dia conectado à rede (um exagero, mas os índices disponíveis são 20, 40, 60 e 80 por cento).

7 - Os contadores registram o números de visitas à sua página, mas também registram a origem dos acessos (o país e em alguns casos a cidade), o sistema operacional dos computadores que abrem seu blog mundo afora (já fui lido em 76 países!) e o endereço IP, caso destas e-pístolas.

8 - Blogtree é um serviço criado no MIT (Massachussets Institute of Technology) que estabelece uma espécie de genealogia blogger. Funciona assim: você cria uma conta gratuita, inscreve-se e identifica que blogs influenciaram na criação do seu. Este aqui, por exemplo, foi inspirado no Internetc, no Taperouge e no Metafilter. Da mesma forma, influenciou no surgimento do Canaimé, que por sua vez inspirou o Laranja Podre. Assim, o e-pístolas é tão filho do Metafilter quanto este é bisavô do Laranja Podre.

9 - Ninguém é obrigado a adotar tais ferramentas, mas sabe-se que um blog é mais blog se não está isolado. Um blog só é blog se está numa rede, como seus correspondentes humanos em sociedade.

10 - Blogs podem ser meros depositários de devaneios pessoais sem nenhuma importância para o coletivo humano ou podem contribuir para a discussão de temas socialmente relevantes, como a guerra, a arte ou a arte da guerra.

11 - Nao convém publicar a própria foto num blog. Elas podem ser usadas em montagens obcenas ou ilustrar os posts dos seus inimigos.

12 - Blogs têm um tempo de vida útil. Um dia este blog irá morrer.

quarta-feira, 2 de junho de 2004

Na vitrola
Beto Guedes - Sol de primavera
Flávio Venturini - O andarilho
Lô Borges e Milton Nascimento - Clube da esquina 2

quinta-feira, 27 de maio de 2004

Reflexões numa manhã de quinta-feira
Toda cidade tem uma padaria com o nome da cidade
Toda cidade tem um Hotel Plaza
Toda cidade tem uma Relojoaria Pontual
Toda cidade tem uma Drogaria Avenida
Toda cidade tem um Salão Status
Toda cidade tem uma rua com o nome de outra cidade
Toda cidade tem suscetibilidades

quinta-feira, 20 de maio de 2004

Divinópolis
Pássaros pela manhã. Uma carroça conduzida com tranqüilidade. Sol. Luz de outono. Árvores. Flores amarelas. Uma ponte. Um rio. Montanhas. Um trampo. Um i-Mac. Um bom e velho PC. Um post slow-motion. Uma réstia de sol pela janela. Life is easy.

domingo, 16 de maio de 2004

Na tela
Diários de Motocicleta não apela para "um certo sentimentalismo de esquerda" ao contar a história da viagem de descoberta da América Latina pelo jovem Ernesto Guevara e seu companheiro Alberto Granado. O que este road-movie (ou river-movie) propõe não é panfletário - nem poderia, dada à origem burguesa do diretor Walter Salles -, por isso não deve aumentar significativamente a venda de camisetas com a efígie do revolucionário argentino. Diários de Motocicleta é o resgate do "caminho", que muitos acreditam estar entre a França e a Espanha, ou na trilha inca que conduz a Macchu Picchu. Como diria Carlos Castaneda (ou Belchior) o seu caminho (ou seu lugar) é aquele em que você está. Lembra-nos, entretanto, que a riqueza deste continente está mais nas pessoas que nas incríveis paisagens. A bela fotografia granulada acentua o período histórico e embeleza a tela.

quinta-feira, 6 de maio de 2004

Li Tempos Interessantes, de Eric Hobsbawm
Aqui a leitura do Século 20 por seu maior especialista ocorre de dentro para fora, como se os historiadores,

A história exige mobilidade e capacidade de
avaliar e explorar um vasto território, isto é,
a capacidade de ir além das próprias raízes.
Por isso é que não podemos ser plantas, incapazes
de deixar seu solo e habitat nativo, porque
nosso tema não pode esgotar-se em um único
habitat ou nicho ambiental (p. 451)


esses maravilhosos e poeirentos examinadores tardios das idiossincrasias humanas tivessem o direito de examinar a história por meio de suas experiências pessoais. Bom, Hobsbawm tem.

Os que têm a minha idade em alguns países
do hemisfério norte são a primeira geração de
seres humanos que efetivamente viveram como adultos
antes desse extraordinário lançamento da nave
espacial coletiva da humanidade em órbitas de
inaudita revolução social. (p. 434)


A formação multicultural (nascido em Alexandria, criado em Viena, jovem comunista em Berlim, fugiu para a Inglaterra, acompanhou a guerra fria, pôs o pé na estrada nos anos 60, assistiu à consolidação do imperialismo

O poder não corrompe necessariamente
as pessoas como indivíduos, embora não seja
fácil resistir a sua corrupção. O que o poder faz,
especialmente em tempos de crise e de guerra,
é tornar-nos capazes de realizar e justificar
coisas inaceitáveis se fossem feitas
por indivíduos privados. (p. 150)


e o surgimento da internet...) dá a Eric Hobsbawm essa característica única dos que conviveram (e aprenderam) com diferentes povos e línguas: reconhecer-se mais membro da espécie humana que tão-somente alemão, inglês, judeu etc. Fora o fato de ter acompanhado a época de maiores transformações na história, o sinistro século passado.

Em Tempos interessantes EH trabalha com uma infinidades de autores, escolas e movimentos que exigem dezenas de leituras complementares. Assim, vamos descobrindo um E. P. Thompson aqui,

... que seria registrado pelo Índice de
Citações de Artes e Humanidades (1976-1983)

como um dos cem autores do século 20 mais citados
em quaisquer dos campos cobertos pelo Índice. (p. 240)

um Ephraim Feuerlicht acolá,

Regressou à Áustria como membro
do bureau político do PC austríaco, escreveu
um livro curto e revelador sobre a França
e editou o jornal teórico do partido. (p. 164)

mas com o tempo, a bibliografia torna-se tão numerosa que chega a comprometer a própria conclusão do livro. Sorte têm os que chegam vivos às páginas finais que retratam um período da história mais conhecido, porquanto mais recente.

Para fãs do Século 20.

Guerra fria