terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Carnaval

Divinópolis - Editar posts é entender a natureza transitória do registro. A existência deste blog está baseada na efemeridade do próprio conteúdo. A leitura da obra em construção interessa mais, porque nela está o caos inicial, manufatura e aprimoramento. O texto escrito na tela, no ato. E depois.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Leio A justa medida, de Luís Ene

São Paulo - O primeiro romance do advogado, escritor e blogueiro português Luís Ene (vencedor do prêmio Educare.pt/ Novos talentos, Novos projetos) é um policial que segura o leitor da primeira à última página, levando-nos por uma viagem gastronômica, estupefaciente, ideológica, filosófica. O livro traz romances pouco convencionais, personagens pouco convencionais e desfechos ibidem. A mídia média pode considerar A justa medida como um mix de Kafka, Borges e Saramago não pelo autor, mas por seus enigmáticos personagens apegados à boa vida. Aliás, o título tem esse objetivo: amor, vinho, esportes, comida... a cada necessidade, sua justa medida.

A obtenção da perfeita embriaguez é não só uma arte, requerendo perícia e sensibilidade, mas sobretudo um estado de espírito, exigindo disciplina e fé. (p. 9)

"Nós nao temos pressa e gostamos sempre de ouvir o que nos têm para dizer, mesmo que venha de um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da parvónia." (p. 18)

... reflexo da diferença de opiniões sobre o assunto, mas também de posições e personalidades. Padecem em grau elevado da rivalidade tradicional entre as duas magistraturas, situação agravada por dois temperamentos de difícil conciliação. Têm mantido as suas diferenças disciplinadas, espartilhadas pelas regras processuais e do convivívio profissional, mas de vez em quando o verniz parece estar pronto a estalar. (Sobre juízes e advogados, p. 55)

Qualquer semelhança com a realidade não é mais que uma conseqüência de a ficção correr senão dentro da vida. (p. 135)


Livro: A Justa medida
Autor: Luís Ene
Editora: Porto
Páginas: 216
Preço: 12,51 Euros

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Chávez no FSM

Divinópolis - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estará domingo em Porto Alegre, onde participa do Fórum Social Mundial. Figura excêntrica, de caudilhismo inato e encantado por idéias de esquerda e de direita (alô, Wank Carmo!), Chávez é prova viva de que ditaduras militares na América Latina são coisa do passado. Há quase três anos, empresários do petróleo e das telecomunicações tentaram derrubá-lo, with a little help from the States. O golpe foi por água abaixo, frustrando os planos do FMI de ajudar a pobre republiqueta sulamericana.

Três anos antes do golpe, entrevistei Hugo Chávez para a Gazeta Mercantil e no melhor estilo provocador perguntei-lhe se a Venezuela deixaria que os Estados Unidos usassem seu espaço aéreo para monitorar o narcotráfico na Colômbia. A resposta, eivada de orgulho latino, durou uns 10 minutos, começando por um enfático usted sabe que no.

Mais forte do que nunca, Chávez vai a Porto Alegre reforçar a aposta de que durará mais no Palácio Miraflores que Bush na Casa Branca.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Carta ao Ansar Alsunnah

Divinópolis - Caros membros da resistência iraquiana, não confundam as coisas: o Brasil não apoiou a invasão norte-americana ao Iraque. Não mandou soldados vigiar os poços de petróleo que lhe pertencem por direito. O Brasil não mata civis desde a Guerra do Paraguai. O Brasil não anexa territórios desde a Bolívia. Qualquer aspirante a terrorista detém mais conhecimento histórico que o presidente dos Estados Unidos. Em matéria de violência inexplicada, no entanto, vocês se parecem.

Não se igualem a déspostas não-esclarecidos. Libertem o brasileiro João Vasconcelos. Não somos como Japão, Coréia do Sul, Dinamarca e outros parceiros da coalizão anglo-americana, dispostos a sacrificar até o último dos seus filhos em apoio a Bush. O Brasil é (ou tenta ser) diferente. Aqui construímos uma nação multi-étnica que é exemplo mundial de tolerância. Por aqui convivem em relativa paz judeus, árabes, católicos, pentecostais, corintianos e palmeirenses. Ainda devemos maior respeito aos índios, mas com paciência vamos conseguir.

Libertem João Vasconcelos, que a nada lhes serve e tentem donos de empresas petrolíferas. Quem sabe um Chenney ou um Runsfeld? Desejo-lhes sorte e sabedoria para melhor escolher o alvo de sua compreensível revolta.

PS: O texto acima pode ser traduzido para o árabe, livres os direitos autorais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Agressão a jornalista

Divinópolis - O jornalista Lúcio Flávio Pinto foi agredido hoje, enquanto almoçava em um restaurante em Belém, no Pará, por seguranças ligados a Rômulo Maiorana Jr., dono do jornal O Liberal e de uma retransmissora da Rede Globo. A Informação foi passada pelo jornalista Carlos Tautz ao diretor da Agência Envolverde, Adalberto Wodianer Marcondes, que publicou na lista de Jornalismo Ambiental que a Andréa participa. Horas depois Ruth Rendeiro publicou na lista que havia conversado com com o irmão do Lúcio Flávio, o também jornalista Raimundo José Pinto. "A informação é que ele foi agredido (bastante!!!) por Ronaldo Maiorana e seguranças, no Restaurante Parque da Residência e que neste momento está registrando queixa policial . Ele estaria bastante ferido", escreveu Rendeiro.

Dias antes, Lúcio Flávio havia publicado uma matéria no Jornal Pessoal sobre as ligações da família Maiorana, dona do jornal O Liberal, emissoras de rádio e da afiliada da TV Globo em Belém com a politicalha paraense. A reportagem analisa as relações intestinas com os governos militares e o quase-monopólio da comunicação no Pará pelos Maiorana.

Guerra fria