sábado, 14 de maio de 2005

Uma corrente

Divinópolis - Não sou afeito a correntes, testes de blog e karaokê. Mas já testei a garganta com o Nei e o Saraiva num buteco em São Paulo, descobri que sou While my guitar gently weeps num teste que encontrei no Leãdro e agora participo dessa corrente literária que chegou aqui via tor e Edgar. Sinal dos tempos.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Assisti a Fahrenheit 451 e Amarcord quando tinha 10 anos, o que certamente ajudou a me deixar assim, desse jeito. Mas, sinceramente, a pergunta me soa confusa. Talvez pelo português de Portugal. Imagino que seja "que livro você gostaria de ser, exceto Fahrenheit 451". A resposta é On the road, do Jack Kerouak.

Já alguma vez ficaste perturbado por um personagem de ficção?
O narrador de Trópico de Capricórnio e o Humbert Humbert, de Lolita (Vladimir Nabokov) são perturbadores.

O último livro que compraste?
Relato de um certo oriente, do Milton Hatoum.

Qual o último livro que leste?
Ruído Branco, do Don dellilo.

Que livro estás a ler?
O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Cem Anos de Solidão (Gabriel García-Márquez), Grande sertão veredas (Guimarães Rosa, que vergonhosamente ainda não li), Decamerão, de Bocaccio (Que já comecei umas 50 vezes), Em busca do tempo perdido (Obrigado, Marcel Proust, pelas 3 mil páginas nesse período indefinido na ilha deserta) e, claro, Ulisses (James Joyce).

A quem vais passar este testemunho (6 pessoas) e porquê?
Aos amigos Carlos Saraiva, para despoetizar por alguns instantes; Nei Costa, que deve aproveitar o link acima e descobrir que música do White Album ele é; Feutmann Gondim, que é novo na blogosfera, mas leitor de priscas eras, Leãdro Wojak que é blogueiro de priscas eras e leitor de eras priscas, além de Pablo Varela e Renata Augusta, como motivos para um novo post.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Na cova dos leões

Divinópolis - O escritor Fernando Morais (Olga, Chatô) não se conforma com a censura e a mordaça imposta pelo juiz Jeová Sardinha, de Goiânia. Sardinha mandou recolher todos os exemplares do livro "Na toca dos leões" e estabeleceu multa de 5 mil reais para qualquer declaração do escritor sobre o fato.

Morais reuniu jornalistas brasileiros em Paris para criticar a decisão estapafúrdia do juiz goiano. O livro trata de um suposto projeto de eugenia do ruralista Ronaldo Caiado, cujo objetivo seria a esterilização de mulheres pobres do Nordeste brasileiro.

Caiado, para quem não sabe, é líder da bancada ruralista no Congreso Nacional. Ruralista, para quem não sabe, é uma espécie de predador que ocorre em grandes áreas de terra na Amazônia e no Centro-Oeste brasileiro. Com forte instinto territorial, os ruralistas defendem latifúndios, são contra a reforma agrária, as terras indígenas e a agricultura familiar, não sabem onde fica o Suriname e, principal característica, odeiam livros.

Conheço uns ruralistas.

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Uma canção

Dia Luna... Dia Pena
(Manu Chao)

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no quiero
Hoy día luna día pena

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no veo
Por ahí cualquiera solución...

Arriba la luna Ohea...

Hoy día luna día pena
Hoy me llevanto sin razón
Hoy me llevanto y no quiero
Hoy día luna día muero...

Arriba la luna Ohea...

terça-feira, 10 de maio de 2005

Na vitrola

Nine Inch Nails - With Teeth
Cazuza - Só se for a Dois
The Cure - Seventeen Seconds
Mutantes - Mutantes ao Vivo

segunda-feira, 9 de maio de 2005

A falta de paciência com o cinema

Divinópolis - Leia o artigo de Marcelo Miranda no Digestivo Cultural e entenda porque existem pessoas que não consideram Titanic o maior filme de todos os tempos.

sábado, 7 de maio de 2005

Juiz não pode mais exigir ser chamado de doutor pelo porteiro do condomínio

Justiça nega a magistrado tratamento de 'doutor'
07/05/2005 - 10h35m - (Antônio Werneck - O Globo)

O juiz Alexandre Eduardo Scisinio, da 9 Vara Cível de Niterói, julgou improcedente o processo movido pelo juiz Antônio Marreiros da Silva Melo Neto, da 6 Vara Cível de São Gonçalo, contra a síndica Jeanette Granato e o Condomínio Luiza Village, no Ingá, em Niterói. Melo Neto, que mora no condomínio, moveu uma ação por danos morais, com pedido de indenização, e também para ser tratado por "senhor" ou "doutor" pelos funcionários do prédio.

Melo Neto entrou com o processo no dia 10 de setembro do ano passado, alegando ter sido desrespeitado pelos porteiros e pela síndica quando solicitou ajuda para resolver um problema de infiltração em seu apartamento. Doutor é título acadêmico, afirma o juiz na sentença.


terça-feira, 3 de maio de 2005

segunda-feira, 2 de maio de 2005

O muro

Divinópolis - Entrou na cozinha, subiu na cadeira e pegou um pote de geléia. Desceu, passou numa fatia de pão e comeu.

- Corta, disse Alan Parker.

sábado, 30 de abril de 2005

Indômita

Divinópolis - Ela completa 10 anos hoje, e se parece com as outras meninas: tem registro de nascimento, não pára quieta, às vezes é prestativa, às vezes nonsense, poética, militante, inadequada, intolerante, violenta. No Brasil, nasceu em 30 de abril de 1995, quando teve definidas suas regras de utilização comercial pelo Ministério das Comunicações. Desde então, não conseguimos viver sem a Internet.

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Ser, veja

Divinópolis - , mpuDivinópolis enlouquece durante a Festa da Cerveja. O trânsito está fechado a várias quadras do local. Uma faculdade deixou de dar aula porque ficou inacessível aos alunos. Que não iriam mesmo: a "falta geral" atingiu boa parte dos campi do centro-oeste mineiro.

Hoje, amanhã e sábado a festa vai atrair boêmios de 50 cidades. Para trazer mais público, a organização liberou a entrada de crianças de 12 anos acompanhadas dos pais. É a iniciação aos mistérios da cevada. A Festa é da cerveja porque é a cidade de maior consumo per capita de cerveja no Brasil. Os bares não têm do que reclamar. Muitos se instalam na porta das faculdades, levando universitários incautos a novos paradigmas de fermentação alcoólica.

A organização dividiu a festa com base no repertório. Hoje é dia de rock: Capital Inicial, Ira e Marcelo Nova. Nos dias seguintes, música de produtor: Jota Quest, Sideral, Daniela Mercury e Ivete Sangalo

terça-feira, 26 de abril de 2005

Televisão

Hangin' out down the street
the same old thing we did last week
Nothing to do but talk to you
We're all alright!!
We're all alright!!
Hello Wisconsin!!!

Leio Ruído Branco, de Don Delillo

Belo Horizonte - O que pode haver de interessante na vida de professor universitário que deixa a metrópole e muda com a família para uma cidade do interior, passa a viver entre tipos excêntricos, adoece repentinamente, tem medo da morte e enxerga a vida como um supermercado? Ops, lembra minha própria vida.

Ecos do Nabokov de Fogo Pálido e Lolita.

A beleza descritiva nos arrasta como um canto indígena que dura dias, em que o transe leva o professor alto das mãos grandes a virar Humbert Humbert, agonizando a perda do sagrado. E sagrado é segredo. Nesse momento, que o cinema chama de plot, que os roteiristas chamam de turning-point, em que donas-de-casa descansam, que os cães recolhem-se em seus cantos e bruxas voam, o escritor corre seu maior risco: estar na autobähn a 240 quilômetros por hora e acelerar na última curva.

Ruído Branco parece ter sido iniciado por Dr. Jekyll e finalizado por Mr. Hyde. Mas é um grande obra de Delillo, das que passam tranqüilamnete no CRF (Coeficiente de Realidade e Ficção) necessário a toda estória.

Título: Ruído Branco
Autor: Don Delillo
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 320
Preço: R$ 44,90

sábado, 23 de abril de 2005

Roraima S.A.

Folha de S. Paulo
A ação, ajuizada na 11ª Vara Cível de Belém (PA) em 3 de janeiro de 2000, originalmente cobrava R$ 9,82 milhões. Com o passar do tempo, a dívida dobrou, passando de R$ 18 milhões. Os devedores apontados pelo Basa são Romero Jucá, sua mulher, Maria Teresa Jucá, atual prefeita de Boa Vista, Getúlio Cruz, ex-governador de Roraima, sua mulher, Maria Nazaré Araújo de Souza Cruz, e a empresa Frangonorte.


Revista Época
No dia 15, ao ser entrevistado por Época, Jucá disse ter se associado à Frangonorte por solidariedade a um aliado político, Getúlio Cruz. "Nesse negócio nefasto da Frangonorte só entrei para ajudar o Getúlio". (...) Getúlio, por sua vez, disse a um oficial de justiça que não tinha nada a ver com a empresa. (...) Nos últimos anos, Jucá transferiu para familiares boa parte de seus bens. Suspeita-se que ele tenha feito isso para esconder o patrimônio. (...) Coincidência ou não, dois meses depois do pedido de penhora, Jucá começou a transferir seu patrimônio para o nome dos quatro filhos.


Associação Brasileira de Imprensa
Outra dor de cabeça para o Governo é o Ministro da Previdência, Romero Jucá. Ele é acusado pelo Procurador de ter contraído um empréstimo do Basa (Banco da Amazônia) para abrir um abatedouro de frangos nas imediações de Boa Vista, a Frangonorte, que jamais chegou a ser construída.(aliás, a corrupção parece preferir a carne branca e macia, como a dos ranários virtuais do então Senador Jader Barbalho e os frangos superfaturados do frangogate do Prefeito malufista Celso Pitta). (...) A dívida com o banco (da Amazônia) chega hoje a R$ 18 milhões. Em função disso, o banco resolve cobrar a dívida penhorando os bens. É feita uma busca e descobre-se que os imóveis são fantasmas.


Tribuna da Imprensa
Roraima descobriu que tem seu Jader Barbalho. É o caso típico de uso de cargos públicos para fazer negócios.


Diário de Cuiabá
O ministro reconheceu que se sente "desconfortável" por ser alvo de denúncias, mas "tem a determinação do presidente da República" para cuidar dos assuntos da Previdência. "Quem estiver achando que vai me tirar do rumo com qualquer acusação leviana, está redondamente enganado. Estou tranqüilo, aguardando a manifestação do Ministério Público", disse o ministro, que pretende entregar explicações ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles, até o final da semana. O procurador deu prazo de 20 dias, a contar da última quinta-feira, para que Jucá enviasse suas explicações sobre o empréstimo de R$ 18 milhões (principal mais juros e correções) do Basa para uma empresa que lhe pertenceu entre 1994 e 1996.


Folha de S. Paulo
O documento foi assinado por Jucá, junto com representantes do Basa e com seu outro sócio, Getúlio Cruz, em 12 de agosto de 1996. Por esse instrumento, registrado em cartório de Boa Vista (RR), o ministro e Cruz apresentaram as sete propriedades rurais como garantias ao banco, sem mencionar possível transferência de cotas. O documento acrescentou as garantias, mas ratificou integralmente outro documento, de 20 de dezembro de 1995, pelo qual o ministro e Cruz assumiram as dívidas e o papel de principais pagadores e fiadores do negócio.


Tribuna do Interior
O ex-sócio de Romero Jucá no negócio, Getúlio Cruz, disse que nunca foi comunicado pelo Basa de que Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, o "dono" das propriedades inexistentes no Amazonas, havia sido considerado inidôneo pelo banco, junto com Deoclécio Barbosa Filho. "Tudo o que soubemos sobre restrições foi via imprensa", afirmou Cruz. A reportagem tentou hoje localizar Luiz Carlos Oliveira, mas o empresário não havia respondido aos recados até o momento.


Jornal Extra - Alagoas
No esforço para isentar-se de culpa, Jucá enroscou-se numa teia feita de explicações insensatas, argumentos anêmicos, denúncias inverossímeis. O palavrório tornou-se especialmente amalucado depois da divulgação de um documento em que Jucá inclui entre as garantias do empréstimo sete fazendas espalhadas pela Amazônia. A Justiça e a imprensa constataram que Jucá é o dono da assinatura no papel, mas não das terras. Aliás, as sete fazendas não foram localizadas. Nem serão, porque nunca existiram. Jucá afirma que o banco deveria ter conferido a papelada com mais cuidado. No Brasil, enganadores transferem a culpa para os enganados.


Revista Primeira Leitura
Vamos ver como é que a Procuradoria-Geral da República vai tratar a "distração" que faz parte da defesa do ministro Romero Jucá. As fazendas fantasmas "localizadas" na imensidão da Amazônia foram dadas ao Banco da Amazônia (Basa) como garantia para a liberação da segunda parcela de R$ 750 mil em 12 de agosto de 1996. O ministro só deixou formalmente a sociedade da Frangonorte, com Getúlio Cruz, em 1997.

Guerra fria