quinta-feira, 23 de junho de 2005

Comunicação

Divinópolis - Dentre todas as falhas imperdoáveis em comunicação (seja em assessoria, jornal, agência, docência, televisão ou banco de escola), a falta de provas e as incorreções, nesta ordem, são as mais significativas.

No primeiro caso, a intersecção perigosa entre o que se obtém de uma única fonte e o que pode ser comprovado desfaz qualquer trabalho sério. A fronteira entre fato e versão pode custar a reputação de qualquer veículo.

Enquanto os erros na grafia (e por grafia entenda-se topo tipo de publicação, do jornal impresso ao hipertexto, das legendas cinematográficas à diagramação) comprometem a qualidade do trabalho, a desinformação destrói credibilidades, maior patrimônio do setor.

Equipes informes, com diferentes níveis de talento, comprometem a qualidade e andam à margem do amadorismo. Quer ver sua empresa vendendo, seu jornal ganhando crédito, sua publicidade levada a sério, sua festa bombando? contrate um profissional de comunicação.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Uma canção

Todo Se Transforma
(Jorge Drexler)

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Piadas infames sem fio

- Quando ele se foi... me senti completamente wi-fi, disse a viúva.
- Ei, garota, vê se larga do meu pé. Eu sou wi-fi.
- Antes de morrer, pediu ao barman um wi-fi.
- Wi-fi e wai-fai eram tweeters que invejavam woofers, mas nunca eram levados a sério.
- Wii-fii!! , assobiou o menino para a morena na calçada.

Enquanto isso, no interior de Minas gerais:
- Aqui se faz pão de queijo?
- Uai, fai.

Divinópolis, Junho de 2005

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Mondo Pop

Divinópolis - Michael Jackson foi inocentado das 10 acusações de crimes que iam da narcotização de menores até abuso sexual. Assim como Roberto Jefferson, os acusadores careciam de provas. Depois dessa, Jacko deve deixar Neverland e ir morar no Camboja. Ops.

O Pink Floyd vai tocar no Hyde Park de Londres no mês que vem com a seguinte formação : David Gilmour (voz e guitarra), Nick Mason (bateria), Rick Wright (teclados) e Roger Waters (baixo e voz). A proeza é do Bob Geldof. Li primeiro no Leãdro, depois aqui e aqui. Notícia melhor, só se for sobre turnê mundial incluindo o Brasil.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Sobre a pesquisa científica no Brasil

Por que Deus nunca será professor titular ou pesquisador do CNPq ou da CAPES

1. Só tem uma publicação;
2. Esta publicação não foi escrita em inglês e sim em hebraico (mesmo que tenha sido traduzida para vários idiomas);
3. A referida publicação não contém referências bibliográficas;
4. Não tem publicações em revistas indexadas, ou com comissão editorial, ou ainda com pareceristas;
5. Há quem duvide que sua publicação tenha sido escrita por ele mesmo. Em um exame rápido, se nota a mão de, pelo menos, 11 colaboradores;
6. Talvez tenha criado o mundo. Mas o que tem feito, ou publicado, desde então?


Leia mais no Leãdro Wojak.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

I feel a little more blue than then

I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then
I feel a little more blue than then

terça-feira, 31 de maio de 2005

Leio Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum

Divinópolis - Milton Hatoum é um caso raro na literatura brasileira. Seus dois únicos livros ganharam o Prêmio Jabuti (este e o Dois Irmãos) e foram traduzidos em várias línguas. Escrita madura, como se a estréia não fosse em 1990, com este livro, mas muito antes, pulverizada nos contos, ensaios, aulas de literatura que lentamente formam o autor, aluno de Irlemar Chiampi, leitor de Proust, Machado, Borges e Clarice. Hatoum é um artífice das letras, com sua estrutura em dois narradores (irmão e irmã) que se alternam a cada capítulo até um final que não é final. A composição geográfica de Manaus, do Líbano e da Europa fica em segundo plano, para que as sensações possam descrevê-las.

Livro: Relato de um certo Oriente
Autor: Milton Hatoum
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 166
Preço: R$ 34,00

quinta-feira, 26 de maio de 2005

Leio Fifteen Books (Amphigorey), de Edward Gorey

Divinópolis - Esse post precisa ser escrito em inglês. Sorry, non-english readers.

Edward Gorey has some black-victorian-humour-drawing-style that i could not believe until finish his 15 surreal stories about imaginary animals, suffer children, strange travellers, ghost characters, insects... He writes in classic english and, oh, he is vain. He's addicted to bèlle-époque. He - read this as a big mama from Bronx - doesn't mind the teachings of our holly lord Jesus Christ. I tell you, people: he's an incubus! This is not an anthology, this is scathology! By the way, there are 7,9 millions results for anthology in there. No big deal. But how about the incorrect form antology appears on 26 thousand adresses? Frightened? Barbarian invasions? Did i saw it on MTV? Yeah, the army of guys with umbrellas falling and marching. I guess is Gorey! It seems like an ancient Harvey Peakar. It seems like a brother of Robert E. Howard, like a Pasolini friend, a Ken Loach father. Don't ask me why. I'd tell you everything. Made up my mind. Thanks a lot, dude.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Leio O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa

Divinópolis - As vidas de Flora Tristán e seu neto Paul Gaugain contadas com acuidade jornalística pelo autor de Conversa na catedral. A extensa pesquisa bibliográfica (neste caso, também pictográfica) não obscuresce as qualidades literárias do autor que, li em algum lugar, dá aos biografados a aura dos personagens de ficção mais apaixonantes. Como em A guerra do fim do mundo, quando Llosa homenageia Euclides da Cunha contado a saga de Antônio Conselheiro, líder mitológico do sertão brasileiro.

Tristán foi líder operária, feminista e revolucionária nos anos 1830. Gaugain, marinheiro, especulador, pintor boêmio e junkie nas selvas da Polinésia, na transição do Século 19 para o 20. Duas vidas atraentes, histórias fascinantes do século das utopias. Uma obra fundamental do peruano que é uma das maiores autoridades literárias da contemporaneidade.

O que indignou Flora foi perceber que um dos estivadores passava uma enorme maleta - quase um baú - a uma genovesa alta e forte, mas com gravidez adiantada. Encolhida, com a carga no ombro, a mulher avançava rugindo, a cara congestionada pelo esforço e pingando suor, na direção da diligência dos passageiros. O estivador lhe deu vinte e cinco centavos. E quando ela, em um francês bárbaro começou a reclamar ao homem os vinte e cinco restantes, ele a ameaçou e insultou. (p. 223)

Livro: O paraíso na outra esquina
Autor: Mário Vargas Llosa
Editora: ARX
Páginas : 496
Preço: R$ 56,00

sábado, 14 de maio de 2005

Uma corrente

Divinópolis - Não sou afeito a correntes, testes de blog e karaokê. Mas já testei a garganta com o Nei e o Saraiva num buteco em São Paulo, descobri que sou While my guitar gently weeps num teste que encontrei no Leãdro e agora participo dessa corrente literária que chegou aqui via tor e Edgar. Sinal dos tempos.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Assisti a Fahrenheit 451 e Amarcord quando tinha 10 anos, o que certamente ajudou a me deixar assim, desse jeito. Mas, sinceramente, a pergunta me soa confusa. Talvez pelo português de Portugal. Imagino que seja "que livro você gostaria de ser, exceto Fahrenheit 451". A resposta é On the road, do Jack Kerouak.

Já alguma vez ficaste perturbado por um personagem de ficção?
O narrador de Trópico de Capricórnio e o Humbert Humbert, de Lolita (Vladimir Nabokov) são perturbadores.

O último livro que compraste?
Relato de um certo oriente, do Milton Hatoum.

Qual o último livro que leste?
Ruído Branco, do Don dellilo.

Que livro estás a ler?
O paraíso na outra esquina, de Mario Vargas Llosa.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Cem Anos de Solidão (Gabriel García-Márquez), Grande sertão veredas (Guimarães Rosa, que vergonhosamente ainda não li), Decamerão, de Bocaccio (Que já comecei umas 50 vezes), Em busca do tempo perdido (Obrigado, Marcel Proust, pelas 3 mil páginas nesse período indefinido na ilha deserta) e, claro, Ulisses (James Joyce).

A quem vais passar este testemunho (6 pessoas) e porquê?
Aos amigos Carlos Saraiva, para despoetizar por alguns instantes; Nei Costa, que deve aproveitar o link acima e descobrir que música do White Album ele é; Feutmann Gondim, que é novo na blogosfera, mas leitor de priscas eras, Leãdro Wojak que é blogueiro de priscas eras e leitor de eras priscas, além de Pablo Varela e Renata Augusta, como motivos para um novo post.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Na cova dos leões

Divinópolis - O escritor Fernando Morais (Olga, Chatô) não se conforma com a censura e a mordaça imposta pelo juiz Jeová Sardinha, de Goiânia. Sardinha mandou recolher todos os exemplares do livro "Na toca dos leões" e estabeleceu multa de 5 mil reais para qualquer declaração do escritor sobre o fato.

Morais reuniu jornalistas brasileiros em Paris para criticar a decisão estapafúrdia do juiz goiano. O livro trata de um suposto projeto de eugenia do ruralista Ronaldo Caiado, cujo objetivo seria a esterilização de mulheres pobres do Nordeste brasileiro.

Caiado, para quem não sabe, é líder da bancada ruralista no Congreso Nacional. Ruralista, para quem não sabe, é uma espécie de predador que ocorre em grandes áreas de terra na Amazônia e no Centro-Oeste brasileiro. Com forte instinto territorial, os ruralistas defendem latifúndios, são contra a reforma agrária, as terras indígenas e a agricultura familiar, não sabem onde fica o Suriname e, principal característica, odeiam livros.

Conheço uns ruralistas.

Guerra fria