quinta-feira, 5 de maio de 2011

Boa Vista - Hoje sou entrevistado às 17h por Jeremias Nascimento na AM 590, sobre Jornalismo, comunicação, cultura e política.

Diário

Dia 416: É meio-dia e os últimos tuiteiros vivos anunciam que vão almoçar. Alguns mencionam o cardápio. Droga, logo não restará ninguém.


Dia 508: Há duas semanas ninguém publica nenhum tweet. A epidemia parece estar fora de controle. Mortos vivos nas ruas.


Dia 582: Depois de vasculhar a rede por dias, descubro uma sobrevivente. Disse que está viva por que nem mesmo zumbis acessam o Flogão.

domingo, 1 de maio de 2011

Faroeste caboclo

Las Claritas - O reggaeton toca a altos decibeis na rua mais movimentada do lugarejo. Catadores deixam  pilhas de latas de cerveja no asfalto para que os carros amassem. Se é preguica ou esperteza, nao sei, mas o espetaculo é deprimente.

Zed is dead, baby

Las Claritas - Anteontem mataram um homem em Las Claritas. Meu primo chegava pela mañha à loja do meu irmao quando notou o corpo estirado na rua. As pessoas passavam, olhavam e seguiam adiante. Tipo assim, nao há nada de errado com ele, exceto pelo fato de nao estar vivo.

Nao ha franquias em Las Claritas, mas em pelo menos uma coisa, o lugarejo se assemelha a Sao Paulo.

Os assassinatos, assaltos e latrocínios sao tao comuns por aqui que a populacao ja criou seu proprio toque de recolher. Quase ninguem sai as ruas depois das 22h. É o preco que se paga pelos diamantes e pelo ouro que se extrai da terra.

sábado, 30 de abril de 2011

Bolivarianas

Las Claritas - Estou em um cybercafe - se assim podemos chamar o cubículo de 10 metros quadrados com 16 computadores e uma cabine telefónica - instalado ao lado de uma das trës  farmácias de Las Claritas, um lugarejo perdido no meio do mundo, nos limites da Gran Sabana a 800 metros de altitude e  de latitude norte. 


Falta luz e faz muito calor. Um pequeno gerador de energia mantém as máquinas funcionando. O teclado está configurado para escrever em espanhol e náo é possível enxergar as teclas.


Las Claritas é o retrato da República Bolivariana de Venezuela, um país outrora atraente para o turismo, mas que agora afugenta os visitantes devido aos constrangimentos ilegais pelos quais passam os viajantes de carro, parados por militares do exército e da guarda nacional dispostos a cobrar propina e destratar turistas em troca de uns mìseros trocados ou mesmo chocolate.


Morei na Venezuela quando criança e ainda tenho pai, primos e irmaos vivendo aqui. Todos chavistas, embora o caudilho presidente tenha perdido a simpatia do lado brasileiro da familia. Gostei - muita gente gostou  dos primeiros anos de Hugo Chávez Frias à frente do país (ver arquivos do e-pístolas), mas agora a corrupçao, o desvio dos petrodolares e a formaçao de uma elite stalinista tornam desagradavel este país lindo, que se compara à Nova Zelandia em matéria de diversidade de natureza e paisagens que vao de praias caribenhas, a imensos deltas, savanas e selva amazonica, pantanais e picos nevados.


A sujeira toma conta do lugarejo, cuja economia está sustentada na atividade garimpeira. Uma miriade de homens e mulheres de diversas nacionalidades - colombianos, brasileiros, dominicanos e tambem venezuelanos - escavam a terra em busca de ouro e diamantes. A mineraçao por aqui é legalizada, mas nao significa que e ambientalmente correta. Ha uso de mercurio para minerar o ouro, que termina caindo nos mananciais.


Dias atrás estive em El Paují, uma comunidade meio hippie e meio indigena que começa a ser invadida pelos garimpos. Dizem que um irmao de Hugo Chavez tem mina por lá. 


Que pasa, Venezuela??

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Paris, Hilton

Boa Vista - Adrian Grenier explica a Paris Hilton o Mito de Narciso. Depois de ouvir a estória de um jovem muito bonito que se afoga ao admirar o próprio reflexo na água, Paris pergunta: "Isso é real?".

Vejo a cena em Teenage Papparazzo, documentário dirigido por Grenier sobre o garoto Austin, que de paparazzo-mirim, é tornado celebridade por conta do documentário dirigido por celebridade sobre papparazzo-mirim.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Li A Vida dos Animais, de J. M. Coetzee

Boa Vista - Gosto de gente como Coetzee, porque que não dá a mínima para o leitor médio. Idem. Nesta novela da vida real - ou da vida dos animais, estes "outros" - pouco importa se o que lemos é metaficção ou metarealidade. Já não o sabemos e isso não importa mais. 


Consideremos este um romance acadêmico, a propósito de imprimir um rótulo fácil e digerível. Entretanto, é acima de tudo um idílio com a imaginação e direitos que só consideramos humanos e que, definitivamente, não comoverá a maioria.  


Livro: A vida dos animais
Autor: J. M. Coetzee
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 27,90

sábado, 16 de abril de 2011

Há 10 anos

São Paulo - Cegos, caminhamos pelos jardins da universidade, guiados por alguém de confiança. Sons. Formas. Adaptação. Medo. Ser cego é estar mutilado, deprimido e estranhamente tranqüilo. Eu e Damião Marques cegos num velho exercício de teatro. Wide eyes shut. Reféns da confiança. Verdadeiro acinte à vida urbana. Verdadeiro banho de imersão na complexidade dos quatro sentidos restantes.

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Da série “comerciais de cosméticos com voz sussurrada e aveludada no final”, Gisele Bündchen lânguida em cetim, brinca com um gato no sofá. Ao final, a voz diz: “vi vara”.

The George Constanza Show



George "T-Boooooone" Constanza

Master of the house


doling out the charm


ready with a handshake


and an open palm




(Trecho do  musical Les Miserables, que George não consegue parar de cantar no episódio The Jacket)

Guerra fria