O cinema da minha infância tinha poltronas vermelhas, música de abertura e ficava a três quadras de casa, para onde ia sozinho aos 9, 10 anos, ver filmes dos Trapalhões, George Lucas, Steven Spielberg e mais tarde Stanley Kubrick. Um dia foi comprado pela IURD e transformado em templo para culto de outras fantasias. A seita cristã fechou um número incalculável de cinemas e casas de espetáculo no Brasil e em outros países, inclusive o Marquee (Londres), onde tocaram Hendrix e Dylan. Esta semana, um movimento contrário e católico começou no Algarve, onde igrejas centenárias exibirão clássicos do cinema. O primeiro filme é Aurora, de F. W. Murnau, considerado obra-prima por um certo François Truffaut.
O time chama-se Canelas. Um nome pouco atraente para os adversários inscritos na série D do campeonato português. Nos últimos dias, 12 times da Associação de Futebol do Porto recusaram-se a enfrentar o Canelas. Vão arcar com derrota por não-comparecimento e multa de 750 euros por jogo. Motivo: o Canelas é bruto; seus jogadores e diretoria são violentos, aéticos e ameaçadores. Os times Oliveira do Douro e Varzim B só não anunciaram a decisão oficialmente porque a pena é cair de divisão. Ao saber do boicote, Bruno Canastro, o dirigente do Canelas, declarou estar "estupefacto" e com "um brutal sentimento de injustiça". Hoje, durante a madrugada, duas carrinhas (vans) do Pedrouços Atlético Club foram queimadas. Ninguém sabe, ninguém viu. O Canelas lidera o campeonato com seis vitórias e um empate