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sábado, 27 de outubro de 2007

Leio Baudolino, de Umberto Eco

Boa Vista - O às-vezes-engraçado-porém-chatíssimo Baudolino foi cometido pelo mesmo autor de O nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault, o semiótico Umberto Eco. Por sugestão de Vandré Fonseca, passei os últimos onze meses devorando o calhamaço, enquanto acrescentava leituras contrastantes para sobreviver ao caos de mentiras, sopapos, piadas étnicas e escatologias que Baudolino, o maior mentiroso do mundo, e seu grupo excêntrico vivem na Europa dos séculos XI e XII. Baudolino acabou, mas ainda leio a Eneida (Vergílio) e caminho À sombra das raparigas em flor (Marcel Proust), enquanto finalizo Como vivem os mortos (Will Self), que deve ser a próxima mini-resenha deste blog bissexto. Vandré, valeu, viu?

Livro: Baudolino
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Páginas : 459
Preço: R$ 43,00


quarta-feira, 18 de abril de 2007

Leio “Bestas, homens e deuses”, de Ferdinand Ossendowski

Boa Vista - A louca história do polonês que, perseguido pelos bolcheviques através da Sibéria, termina participando de guerras na Mongólia e no Tibete, em uma longa jornada de volta a Europa. No caminho, depara-se com garimpeiros assassinos, militares cruéis, monges guerreiros e com o enigma do Rei do Mundo. Morador de um reino subterrâneo vastíssimo, a Agartha, o Rei do Mundo é um ser atemporal cuja fala pode parar o vento, calar os animais e paralisar o crescimento das plantas. Sinistro.

domingo, 8 de abril de 2007

A ausência

Boa Vista - O número 5 de Minguante traz textos inspirados de autores de Portugal, Brasil, Espanha, México e Chile. O tema da ausência permitiu enredos competentes. Carlos Seabra vem de humor negro, Luís Ene envereda pela videoarte, Alberto Monteiro desafia a temática e Maria Pragana prega sustos.

Três amigos comparecem neste número. O já citado Luís Ene, o ausente homenageado aqui e o talentoso Ricardo Divino, meu prezado das Geraes.

Impressiona a quantidade de textos sem título, nesta edição. Ou não?

sábado, 2 de dezembro de 2006

Belo Horizonte - Ele é o afeto e o presente, pois abriu a mansão ao inverno espumante e ao rumor do verão, ele que purificou a bebida e os alimentos, ele que é o charme dos lugares em fuga e a delícia super-humana das estações. Ele é o afeto e o futuro, a força e o amor que nós, pisando sobre ódios e tédios, vamos passar num céu de tempestades e bandeiras de êxtase.

Ele é o amor, na perfeita medida reinventada, razão maravilhosa e imprevisível, e a eternidade: adorável máquina de qualidades fatais. Sentimos o terror de sua concessão e da nossa: ó prazer de nossa saúde, élan de nossos sentidos, afeto egoísta e paixão por ele, ele que nos ama em sua vida infinita.


(Arthur Rimbaud, Iluminuras)

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Hiperliteratura, de graça, para as massas

Belo Horizonte - A revista eletrônica de micronarrativas é temática. O número 1 tratou dO Banal. O atual, dO Azul. Além de jovens talentos de Portugal, Espanha e Brasil, há criações gráficas de Margarida Delgado, Dionísio Leitão e Ana Oliveira. Bela foto de Margarida Delgado ilustra a capa.

Projeto editorial maduro, graficamente bem organizado, autores afiados, Minguante é literatura contemporânea em pixels. Muda-se o suporte, mantém-se a mensagem. Loas ao corpo editorial formado por Fernando Gomes , Henrique Manuel Bento Fialho, Luís N. e Margarida Delgado.

Todos os textos merecem leitura, mas aí vão duas dicas de cada país: Inmaculada Luna e Francis Vaz (Espanha), Sílvia Chueire e Márcia Maia ( Brasil) , Rui Almeida e Vitor Mateus (Portugal).

Nesta edição, um noir infame de minha autoria. Publique também.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Totem 2

Belo Horizonte - Numa cantina italiana, oito amigos discutem a vida pós-estouro da bolha da blogosfera. A discussão já dura uma hora e estamos num momento impreciso da cronologia, pois que no virtual esta frase tem a mesma (val)idade que esta e enquanto isso não se sabe mais com quem está a palavra. A mistura de discursos exige uma tomada de providência. Resolvo assumir a parada, embora sem nenhuma intenção de encerrar o assunto.

- Não, não, interrompi. Acho que vivemos algo parecido com a transição da literatura para o cinema e daí para a televisão. Da mesma forma que as pessoas passaram a ler menos com o audiovisual, o hipertexto passou a ser desprezado se se mantém apenas como texto. Os internautas deste século querem ver, ouvir. Viajar em sensações programadas, ser conduzidos pela grade de opções da rede, como telespectadores dos programas de domingo à tarde.

- É, mas isso não é de todo verdade, diz Leãdro Wojak. O cinema, por exemplo, já foi tido como destruidor da literatura, mas não conseguiu fazer isso, e nem era essa sua intenção. Assim como a televisão não destruiu o cinema. As mídias podem conviver umas com as outras, tranqüilamente.

- Sim, mas isso não explica a queda brutal de audiência do meu blog, ri Edgar Borges.

- É que você é um ciberdissidente, gargalha Vandré Fonseca, reconhecendo logo depois a própria condição de publicador bissexto.

- O problema é que a gente não ocupa bem esse território anárquico do ciberespaço. Nós temos que avançar, rapaziada, entrar de sola nas outras formas de sociabilidade, com áudio, vídeo e o escambau, propõe um empolgado Israel Barros.

- Rapaz, não tenho certeza disso. Falta afetividade. Em vários lugares a territorialidade é importante. E não falo só do Acre. Em Guarulhos, não há campanha na TV. A eleição se decide com santinho e cartazete na rua. Ao mesmo tempo, a política é exercida de forma cada vez menos territorial e mais virtual. Portanto acho que é a possibilidade de falar, isso mesmo, simplesmente falar, que vai garantir nossa sobrevivência, atesta um messiânico Maurício Bittencourt.

- Mas isso só aumenta a dispersão, avalia Nei Costa. A internet é um punhado de lixo, muitas vezes reciclado, a maior parte inútil. Garimpar algo bom é tão difícil quanto garimpar mesmo. Por isso é que temos de instigar o povo a assumir os media.

- Falas como um comunicólogo, meu caro. O que todos nesta mesa, de certa forma, são, observo.

- E o corporativismo, onde fica? Não é assim não, qualquer um metendo o bedelho na nossa mais-valia?, grita Rogério Christofoletti, posando de sindicalista radical.

- Ó pá, mas que diabos vocês estão a dizer? Blogue é edição. Blog é edição. Blogging is editing. Mesmo, Avery, que um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da pavórnia, venha a dizer o contrário. E peçamos algo para comer, decreta Luís Ene.

- Só se for agora, atalha Leãdro, ávido por umas saltenhas chilenas das que têm na Vila Madalena. Saltenhas!

- Chico Esperto, como é que é isso?

- É comida italiana, italiana, grita o Vicenzo.

- Então mande mais algumas biras, grita Edgar.

- Você não era assim, diz Nei.

- Ô vida dura.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Leio Cinzas do Norte, de Milton Hatoum

Belo Horizonte - Entre outras estórias, um artista que deixa a Amazônia para cumprir auto-exílio noutras plagas. Mais do que isso, um livro sobre amizade, arte, dramas familiares, sobre a morte, sobre destinos não-cumpridos, sobre natureza devastada, sobre natureza humana, sobre política. A narrativa original de Milton Hatoum permite que o retrato do inconformismo e da inadequação ganhe cores surpreendentes neste livro sobre o(s) desterro(s).

Algumas pessoas fazem o impossível para deixar seu lugar e às vezes vão longe demais.
(p. 160)

Pensei: todo ser humano em qualquer momento de sua vida devia ter algum lugar aonde ir. Não queria perambular para sempre... morrer sufocado em terra estrangeira. (p. 308)

Cinzas do Norte
Companhia das Letras
311 Páginas
R$ 41,00

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Leio Almanaque Anos 70, de Ana Maria Bahiana

Belo Horizonte - Parte de meu ralo conhecimento sobre cultura pop devo a Ana Maria Bahiana, que junto com José Emílio Rondeau, Alex Antunes, Thomas Pappon, Jean-Yves de Neufville, Marcel Plasse e outros escribas da Revista Bizz influenciaram significativamente o texto e as idéias da minha geração, nascida nos anos 70.

É desse período o Almanaque Anos 70 (R$ 49, Ediouro, 416 p.): os sons, as cores, a moda, a música, o cinema, a comida, os brinquedos, os móveis, os cheiros, os carros e a memorabilia de uma época de transformações sociais e tecnológicas, berço e nascedouro dos últimos literatti.

Se você foi criança nos anos 70, não pode perder. Se já era adulto, acenderá um incenso. Se não viveu os anos 70, vai aprender um bocado sobre aqueles tempos de cabelos compridos, boca-de-sino, discoteca, macrobiótica, cavalo-de-aço... Recomendo enfaticamente.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Minguante

Belo Horizonte - Projeto coletivo dos blogueiros-escritores Luís Ene, Fernando Gomes, Henrique Fialho e Margarida Delgado, Minguante é revista de micro-narrativas com textos de escribas portugueses, brasileiros e espanhóis, em conceitual salada literária ibérica. Contém banalidades heréticas do autor destas e-pístolas. Minguante já está disponível aqui.

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Bloom!

Belo Horizonte - Hoje é dia de flanar até Dublin (tem um barzinho com esse nome em Santa Tetesa ou na Savassi)

sábado, 1 de outubro de 2005

Leio da mão para a boca, de Paul Auster

Belo Horizonte - Mistura excelente auto-biografia a duas peças de teatro horrorosas, um desprezível jogo de beisebol com cartas de baralho e uma novela noir bem construída. A primeira parte, como bem afirma o Antônio Marcos, comprova que mesmo na adversidade é possível construir uma carreira sólida, por mais que os fracassos se sucedam.

A coletânea de fracassos em Da mão para a boca é expiação para o autor, que depois de limpar privadas em navios, flanar sem rumo pelas ruas de Paris, trabalhar em subempregos e tentar projetos mirabolantes na busca da estabilidade financeira, encontrou seu lugar como escritor e roteirista na selvagem Manhattan.

Dos vinte e muitos aos trinta e poucos anos de idade passei por um longo período em que tudo o que eu tocava dava em fracasso. Meu casamento terminou em divórcio, meu trabalho como escritor não levava a nada e eu vivia atormentado por problemas financeiros. Não me refiro apenas a um aperto ocasional, a épocas recorrentes de vacas magras, e sim a uma falta de dinheiro constante, opressora, quase sufocante, que me envenenava a alma e mantinha-me num estado perene de pânico. (p. 7)

Livro: Da mão para a boca
Autor: Paul Auster
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 50,50

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Leio Haxixe, de Walter Benjamin

Belo Horizonte - Ri à beça com as aventuras do excelso teórico da Escola de Frankfurt e seus colegas de pesquisa (Ernst Jöel e Fritz Fränkel) na embriaguez do haxixe. Como Edgar Morin, Benjamin acreditava no observador participante, uma forma de imersão no campo de pesquisa que vai além da mera transcrição de detalhes (o que está matando o jornalismo) e parte para a compreensão de todo o universo de significações, via observação direta, do comportamento do(s) indivíduo(s) pesquisado(s) em determinada situação. Um tipo de trabalho onde a participação não gera interferência direta nos resultados, mas uma metodologia de acompanhamento de cada experiência.

De modo assaz genérico, pode-se dizer que a noção de um "lá fora" ou de um "além" vem associada a um certo desprazer. Mas é preciso distinguir rigorosamente o "lá fora" do campo de visão extremamente vasto que, para a pessoa sob o efeito do haxixe, tem tão pouco a ver com o "lá fora" quanto, para o espectador de teatro, o palco e a rua fria. Insistindo nessa analogia, dir-se-ia que entre o drogado e seu campo de visão parece interpor-se uma espécie de proscênio por onde perpassa uma brisa bem diversa: o mundo exterior. (p. 52)

Bloch se dispõe a tocar-me de leve o joelho. Sinto o toque da mão muito antes que ela me alcance, e o gesto me choca como uma desagradável violação de minha aura. (p. 53)

Benjamin, como em outros experimentos, mantém o braço e o dedo indicador, apoiados no cotovelo, apontados para cima. "Talvez minha mão se transforme num pequeno ramo". É extraordinariamente significativo que, na imaginação de Benjamin, tenha se acrescentado a essa observação "se é que não se manifestou simultaneamente a ela" a idéia de que a mão ramificada se cobria de neve. (p. 107)

Além do ornamento porém, há na esfera banal das coisas observáveis certos objetos que transmitem ao êxtase o peso e o significado que os habitam. Entre eles incluem-se as cortinas e os rendados. As cortinas são intérpretes da linguagem dos ventos. Elas conferem a cada sopro o perfil e a sensualidade das formas femininas. Diante delas o fumante, absorto em seu jogo ondulatório, desfruta do mesmo prazer que lhe proporcionaria uma bailarina consumada. Mas, se a cortina estiver aberta de par em par, ela pode tornar-se instrumento de um jogo ainda mais extraordinário, pois essas rendas funcionarão para o fumante como padrões, que por assim dizer, seu olho imprimirá sobre a paisagem, transformando-a de maneira singular. (p. 38)

Embora a incoerência típica do êxtase resulte num texto vezooutra anárquico, Benjamin apresenta características da borracheira com a maestria literária e científica que lhe são próprias. Certas passagens são hilárias, como convém à estupefaciência. O livro ainda acrescenta experimentos com Mescalina produzida pelo Laboratório Merck, aquele mesmo, do Paracetamol.

Livro: Haxixe
Autor: Walter Benjamin
Editora: Brasiliense
Páginas: 126
Preço: Esgotado

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Belo Horizonte - MANTENHO ESTE BLOG HÁ ANOS e os resultados de audiência para uma nova proposta de texto em quatro dimensões (quer entender, leia os arquivos, cansei de desperdiçar HTML) são pífios. O que faz pensar se a manutenção deste espaço vale a pena. Não trato blog como terapia, passatempo ou modismo, nem condeno sua utilização dessa forma. Escrevo para formar leitores, uns trezentos a quinhentos, que possam consumir minha produção literária chinfrim no futuro. Blogar cria atalhos no percurso literário.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Belo Horizonte - NOSSOS ESCRITOS DIGITAIS SÃO GARANTIA DE ETERNIDADE? Teremos, com nossos blogs encontrado a solução para o grande dilema sartriano? Teremos oportunidade, como nas crenças monoteístas, de que um grande backup salve nossos textos toscos da destruição e forje uma Bíblia do futuro, destinada a uma nova humanidade, bárbara e destecnologizada?

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Leio Alta Fidelidade, de Nick Hornby

Belo Horizonte - DEZ ANOS APÓS o seu lançamento e standartização como literatura pop e é a mesma coisa que lê-lo na época. O personagem Rob Flemming encarna tipo xiita que briga com fãs do Simple Minds e mantém uma mente de 16 anos em corpo de 35. Fui assim aos 23. Mais do que a Síndrome de Peter Pan, subsiste no protagonista o (bom?) e velho conservadorismo britânico, agregado à incapacidade de amadurecer um relacionamento. Tudo isso no meio dos milhares de discos que compõem a trilha sonora da sua vida. A complexidade psicológica de Flemming pode ser subestimada pelo leitor mais afoito ou demasiado exigente. Mas ela não comparece nos trechos abaixo:

A loja tem cheiro de fumaça choca, umidade e capas plásticas, e é estreita e lúgubre e suja e apinhada, em parte pórque é isso que eu queria - é assim que toda loja de discos devia ser, e só os fãs de Phil Collins dão bola para as que parecem limpas e saudáveis feito casa de subúrbio. (p. 40)

Antes de a banda subir ao palco, tudo é genial. Antigamente levava um tempo até as pessoas esquentarem, mas hoje elas estão a fim de cara. Em parte isto é porque, na sua maioria, os freqüentadores desta noite estão alguns anos mais velhos do que estavam há alguns anos, se vocês entendem o que eu quero dizer - em outras palavras, este é exatamente o mesmo pessoal, e não seus equivalentes de 1994 - e eles não querem esperar até meia noite e meia ou uma hora para deixar cair: estão cansados demais para isso hoje em dia, e de qualquer forma alguns deles têm que ir para casa render as babysitters. (p. 257-58)

O livro é a prova da difícil convivência entre uma mulher normal e um homem com um enorme coleção de discos. Para colecionadores de discos e suas cara-metades.


Livro: Alta fidelidade
Autor: Nick Hornby
Preço: R$ 29,00
Editora: Rocco
Páginas: 267

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Na tela


Belo Horizonte - Sin City não tem uma estética inovadora, como apregoa a mídia média. É estética antiga, de histórias em quadrinhos.

Mas engana-se quem achar que Robert Rodriguez repetiu a fórmula observada em Homem-Aranha, X-Men, Demolidor ou no Batman de Tim Burton. Ao dividir a direção com o desenhista Frank Miller, criador de Sin City, Rodriguez usou de um expediente raro entre cineastas (a humildade) e deixou que o mestre dos quadrinhos trabalhasse com paciência no planejamento fotográfico. O resultado é impressionante. Sabe a Frank Miller animado.

Em Sin City as mulheres são belas, os homens truculentos e as chuvas escandalosamente cantareiras. Não atinge a qualidade que o suporte bidimensional do papel proporciona, mas o filme é de longe a melhor adaptação já feita dos quadrinhos para o cinema. Palavra de quem aos 9 anos viu no cinema um Peter Parker loiro, de cabelo comprido, com rastreador eletrônico e teias que eram cordas brancas sobre as quais um artista de circo fantasiado se equilibrava. O Homem-Aranha recente melhorou, mas excede na melancolia de órfão do tio Ben. Não tem o humor do super-herói dos quadrinhos.

Já em Quarteto Fantástico o humor comparece em doses generosas. O filme manda bem, apesar da origem pouco crível do Doutor Destino, submetido aos raios cósmicos na mesma nave dos quatro. Se contasse com o humor do Quarteto Fantástico e a estética de Sin City (e um outro ator no papel), o Homem-Aranha contemporâneo seria bem melhor. Mesmo com a tecnologia disponível, falta-lhe o filme definitivo.

Assim como ao Hulk, Demolidor, Elektra, X-Men...

Frank Miller, diferente de Gabriel García-Márquez e sua luta contra adaptações pouco fiéis, pode ficar tranqüilo. Com Rodriguez por perto dá pra pensar num Demolidor revisitado. Que tal?

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Leio Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel García-Márquez

Belo Horizonte - Este não é o melhor livro de García-Márquez, mas é interessante, por seu texto mimetizado e pela moral dos personagens. Nesta novela o escritor colombiano, qual Lou Reed, assume a pele de um jornalista da virada do século 19 para o século 20. O texto impressiona pelos floreios típicos dos dinossauros do jornalismo. García-Márquez não escreve assim. Seu personagem escreve. No final, a conclusão de que todas as profissionais do corpo são infelizes.

Título: Memórias de Minhas Putas Tristes
Autor: Gabriel Garcia Marquez
Editora: Record
Páginas: 132
Preço: R$ 29,90

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Stephen King

Divinópolis - Vejo filme na TV sobre escritor que volta à cidade natal para produzir livro na casa mal-assombrada da sua infância. Imperdível.

terça-feira, 31 de maio de 2005

Leio Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum

Divinópolis - Milton Hatoum é um caso raro na literatura brasileira. Seus dois únicos livros ganharam o Prêmio Jabuti (este e o Dois Irmãos) e foram traduzidos em várias línguas. Escrita madura, como se a estréia não fosse em 1990, com este livro, mas muito antes, pulverizada nos contos, ensaios, aulas de literatura que lentamente formam o autor, aluno de Irlemar Chiampi, leitor de Proust, Machado, Borges e Clarice. Hatoum é um artífice das letras, com sua estrutura em dois narradores (irmão e irmã) que se alternam a cada capítulo até um final que não é final. A composição geográfica de Manaus, do Líbano e da Europa fica em segundo plano, para que as sensações possam descrevê-las.

Livro: Relato de um certo Oriente
Autor: Milton Hatoum
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 166
Preço: R$ 34,00

Guerra fria