quinta-feira, 29 de maio de 2003

Leio
Os versos satânicos - Salman Rushdie
Duas surpresas e uma mesmice
* Um dos maiores atletas do basquete, imortal nas camisas de três times, Oscar Schmidt finalmente se aposentou, perto dos 50 mil pontos.
* Ariel Sharon admitiu que Israel ocupa terras palestinas e é preciso devolver os territórios conquistados em 1967.
* O Brasil tem taxas de juros de paraíso fiscal.

quarta-feira, 28 de maio de 2003

Das coisas estranhas que a gente encontra na Internet

Com esse (sic) fragmento de informação podemos crer que os Orcs foram criados por Morgoth no noroeste da Terra-Média da P.E., quase certamente em Angband para onde este voltou depois do seu primeiro cativeiro pelos Valar. No Sil (p. 83) está escrito o seguinte: "...e se tornaram incontáveis as hostes dos seus animais e dos seus demônios, e a raça dos Orcs, criada muito antes, cresceu e multiplicou-se...".

Tava aqui.

segunda-feira, 26 de maio de 2003

Hackers
Um furo bloguístico. A página de Michael Moore está em fundo branco com horrenda bandeira norte-americana no alto da página e texto com a seguinte mensagem:
Mr. Moore, your documentary "Bowling for Columbine" is fictitious, not factual. David Hardy's Truth About Bowling is simply damning. You deliberately deceive your viewers, who are only expecting a slightly biased factual report. Mr. Moore, my personal hope is that you publicly apologize, not for your ideas, but for dubbing your lies the truth. Please see revoketheoscar.com Love always, NHA Crew.
Greets to: Colin L. Powell, DoubleOh, xyral, qu3da, Rav3n, GOD, Zombie *good luck in the marines*, kluster, Ruder, OSS, YuY, Bill O'Reilly, Tyger, Avangel, sub_pop_culture, AcIdR3IgN, Renegade

Não dá pra esperar outro tratamento dos neoconservadores - só recentemente aceitei esse termo - para quem revela os crimes de guerra do seu país.

Updating: O site voltou ao normal na terça-feira (27) pela manhã.

quinta-feira, 22 de maio de 2003

Tempo de violência
1 - Tiros em Columbine é um trabalho de ativista. Por mais que o método de Michael Moore seja criticado, o documentário atinge seu propósito, que é discutir a violência latente no povo norte-americano. Querem que os documentários limitem-se a planos fixos, sem música e sem cortes. Se a intenção é criar um movimento de volta às raízes, fique à vontade, mas deixe Moore tocar seu rock n' roll. Não vejo mal nenhum em provocar o artrítico Charlton Heston, defensor da luta armada. Se não quer aparecer como velho, não envelheça. Aliás, era isso que Peter Pan Heston pretendia ao conceder entrevista diante do cartaz de Ben-Hur.

2 - Carandiru é o típico Babenco, e isso é muito bom, porque no embate entre oprimidos e opressores, há sempre uma busca por redenção. Meio clichê, mas é assim mesmo. Carandiru é Hip Hop em celulose. É longo, mas passa rápido, porque não relaxa. Retrata com fidelidade o clima na grande cadeia. As cenas do sangue lavado nas escadas e a conversão de Peixeira estão entre as minhas preferidas, mas todo o filme é ritmo e poema. Quem esteve entre aqueles muros sabe do que estou falando. Eu estive lá. Leia aqui.

segunda-feira, 19 de maio de 2003

Versos satânicos
Salman Rushdie não é, definitivamente, o sujeito paranóico que o imaginário popular (ok, nem tão popular assim) plasmou, com a ajuda da imprensa. Rushdie detém refinado british humour e é dono de uma inteligência aguçada, menos engajada que a ala sartriana, porém, não menos sarcástico. É que Rushdie, assim como sua obra, vem de uma sociedade pluriétnica (ele nasceu em Bombain, mas foi morar em Londres aos 13 anos) e dá a seus livros um conteúdo cósmico semelhante à profusão de deuses hindus. Gosta de Machado de Assis, Borges e García-Marquez, não acredita em estados teocráticos e acha que poderia ter escrito mais livros se não tivesse sido condenado à morte pelo Aiatolá Khomeini. Em tempo: ele não recomenda a ninguém ser incluído numa fátua. Apresentado por Milton Hatoum (Os dois iros) ao público do MASP, Rushdie é orador fascinante, freqüentemente inquirido sobre seus personagens - que garante, são absolutamente fictícios.

domingo, 18 de maio de 2003

Entrevista a Abujamra
Há tempos quero escrever algo sobre Antonio Abujamra e seu programa Provocações (TV Cultura), mas faltam-me palavras para definir este excêntrico entrevistador. Dizer o quê, sobre Abujamra? Que reinventa o déspota inteligente, meio Kerouak-Brecht, meio Becket-Hemingway? Jornalista fake, autor de pseudo-document?rios com outsiders e miseráveis da Praça da Sé? Em meio ao bloqueio criativo resolvi conceder - eu que detesto ser entrevistado - uma entrevista (fict?cia) a Abujamra:

- Quem você pensa que é?
- Um sujeito comum, desses que se olha na rua e não se dá nada por ele, enquanto lá vai ele se achando um gênio incompreendido. Não do tipo boêmio-toxicômano, que sonha morrer louco e esfarrapado em Paris, ou que poderia ter escrito algo genial aos 17 e desaparecido aos 22. Mas aquele que tece obra lenta e multi, como a daquele escritor irlandês, porém, sem a menor chance de comparação ou resultado parecido.
- A quem você acha que convence com essa conversa mole?
- A ninguém, nem a mim mesmo, ou a você. Talvez a um punhado de amigos otimistas demais.
- Blog, o que é isso? Para que serve isso?
- Blog é um lugar para escrever, espécie de registro hipócrita disfarçado de diário virtual. Blog não é livro ou poema. Blog não é nada, só algumas palavras escritas.
- E em que isso ajuda os 42 milhões de brasileiros que passam fome nesse país?
- Em nada. Blog é só exercício de vaidade.
- Você me faz perder tempo. Afinal o que você faz que pode reverter em alguma coisa positiva para a sociedade?
- Eu leciono e...
- Professor? E você acha que uma categoria mal paga e desprestigiada como os professores podem ser úteis em alguma coisa?
- Talvez, se indicarem os livros certos para seus alunos...
- E você não acha que isso é uma função da internet ou dos bibliotecários?
- Desde que conheçam seus acervos e que a busca na internet seja inteligente.
- Já que falamos de livros, qual foi o melhor autor que você já leu? E que grande autor você nunca leu?
- James Joyce e William Faulkner.
- Você é realmente muito previsível. Uma pena ter escolhido para entrevistar alguém tão medíocre.
- Azar o seu.
- Estamos chegando ao final da entrevista.
- Sorte a minha.
- Agora olhe para aquela câmara e diga tudo o que quiser: suas críticas, suas angústias, seus pesadelos. olhe ali e enforque-se na corda da liberdade.
- Abujamra sucks.
- Me dá aqui um abraço, que é a parte mais hipócrita de nossa entrevista...
- Só se for da sua parte.

Enquanto sobem os créditos, riem da encenação.
Averys

sexta-feira, 16 de maio de 2003

A um amigo em crise
Sim, você levou um grande susto esta semana. Depois foi assaltado pela terceira vez, pouco dias após o seqüestro do Alessandro. Está down e acha que a vida é pouco mais que lixo nesta cidade de São Paulo. E quase tem razão. Na verdade, vale menos que a taxa de lixo que o município nos cobra. Sabemos que a vida alcança cotação melhor noutras cidades, e que esta nos transforma em Geny do Zeppelin, em Bebel que a cidade comeu. É uma cidade partida, como o Rio de Zuenir Ventura. Estamos em blecaute. Mas acredite: bom mesmo é estar vivo, ter irmãos, ter amigos. Vá, se voc6e precisa ir. Mas lembre-se dos poetas e que o padecimento da matéria eleva o espírito.
Lakers eliminado
Malditos texanos!

Guerra fria