quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

Natal

Belo Horizonte - Tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan
tan-tan-tan-tan-tan

(Desça um tom na última nota e nunca mais esqueça os compassos de Jingle Bells).

Ei, irmão
vamos seguir com fé
tudo que ensinou
o homem de Nazarééééééé

(Chitãozinho e Xororó, para ouvidos menos sensíveis a altos decibéis).

Natal, Natal das crianças
Natal da noite de luz
Natal da estrela-guia
Natal do Menino Jesus
Blim, blão, blim, blão, blim, blão...
Bate o sino da matriz
Papai, mamãe rezando
Para o mundo ser feliz

(Simone, no slowmotion CD 25 de dezembro, só para cristãos muito pacientes).

So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun

(Veja, John Lennon, o pior de tudo é que a maioria dos comerciais só usa a primeira estrofe e encobre o resto da letra com ofertas e prazos de pagamento. Ninguém agüenta mais os comerciais. Nem a música)

Esquecem o espírito do Natal e valorizam o consumo etc.
(Lugar-comum preferido entre jornalistas sem assunto nos seus enfadonhos artigos diários).

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

Plagiários de todo o mundo, uni-vos!

Belo Horizonte - Depois do Googlealert, que nos informa sobre buscas com determinados temas, o Google está divulgando o lançamento do Copyscape, que pretende ser um localizador de plágios na rede.

O serviço ainda precisa ser aperfeiçoado. Na pesquisa sobre o e-pístolas foram indicados textos de minha autoria reproduzidos com crédito em outros blogs, assim como textos com crédito que reproduzi no e-pístolas.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

As mulheres da minha vida

Belo Horizonte - A ansiedade dos aeroportos. A voz soft-robótica ouvida no check-in, nos corredores, nos banheiros. Saltos altos riscam o chão encerado. Vozes altas ao telefone móvel. Malas deslizam sobre rodas. Quatro horas de atraso, a sina dos vôos longos. Ruído de turbinas que pousam. Abraços há muito esperados sufocam crianças, velhos, amigos. Entre os sorrisos, cintilam os de minha mãe e minha filha. Aqui, neste não-lugar, onde vidas se separam e se reúnem, resvalo em lânguida pieguice familiar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Sobre imprensa

Belo Horizonte - Recentemente, o governo de Minas divulgou em todos os grandes jornais mineiros e brasileiros, o tão almejado "déficit zero" no Estado. No jornal "Estado de Minas" (que se transformou em um editorial do governo) a matéria teve grande destaque, com aplausos e ovações ao governo mineiro. (...) Em Minas, jornalistas e veículos de imprensa são "censurados" pelo governo Aécio, que pressiona e "pune" jornalistas que mostram as falhas do governo. Recentemente, como já havia sido denunciado aqui, o professor e jornalista do "Estado de Minas", Fernando Massote, teve sua coluna semanal suspensa e foi posteriormente desligado do jornal. Motivo: críticas sistemáticas ao governo Aécio Neves.

Leia mais no Geógrafos sem fronteiras.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Aids

Uma luta mundial.
Uma tragédia africana.
Uma preocupação do Brasil.

Só dá valor quem tem

Belo Horizonte - A amizade é como um navio no horizonte. Nós o vemos recortando contra o céu, e em seguida ele avança, desaparece de vista, mas isto não significa que não continue lá. A amizade não é linear. Ela se move em todas as direções, nos ensinando sobre nós mesmos e sobre cada um de nós. É por isto que no transcurso de longas amizades estamos presentes um para o outro, mesmo que nem sempre estejamos visíveis.

cia Araújo, amiga virtual de Brasília que brilha no breu.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Cesta básica

Um mini iPod tem 4000 megas. Cada música (depende do que você escuta) tem mais ou menos 3,5 megas. Então dentro de um mini iPod cabe mais ou menos 1.142 músicas. Certo? Certo. Continuemos. Supondo que cada musica custe 0,99 euros, encher o seu mini iPod com musicas legalmentes compradas sai por nada mais nada menos que 1.131,42 euros. Chegamos à conclusão que um mini iPod para ser usado legalmente por um brasileiro sai por mais ou menos 4.110,70 reais. Vai encarar?

O texto acima é do Israel Barros, que põe na ponta do lápis o investimento necessário para quem deseja ouvir música durante uma caminhada no parque.

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre as reais intenções da indústria fonográfica ao vender arquivos de MP3, uma dica: é como comprar o equivalente às velhas fitas-cassete piratas dos anos 1980. Alguém ainda se lembra?

domingo, 28 de novembro de 2004

Coisas detestáveis em bliteratura

Belo Horizonte - As tentativas de imitar Bukowski via descrição dos acontecimentos mundanos. Um certo gosto pelo bizarro que se completa com a publicidade. A imobilidade impercebida das comunidades de direita, cuja veleidade de ler somente a si próprias lhes torna serpente que engole o próprio rabo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

Coisas detestáveis em literatura

Divinópolis - Bukowski. Sei que com isso incomodo pessoas bacanas, que lêem de tudo um pouco e curtem proscritos de toda ordem chafurdando no mundo-cão, etc. Mas Bukowski carece de qualidade literária em sua prosa irregular, seus gostos duvidosos, suas falsas verdades de bêbado. A literatura etílica é desbocada e sem horizontes intelectuais mais ambiciosos, com a parca capacidade descritiva dos consumidores de whiskey travestida de fluxo de consciência. Quase sempre relação de coisas e pessoas que compõem o universo dos alcoólatras: brigas de prostitutas em becos sujos, lixo espalhado e bares de péssima reputação. Bukowski está num limbo cognitivo no qual não podemos entrar sem assumir sua postura looser de cordeiro em pele de lobo.

Bukoswski jamais seria Henry Miller porque nunca foi um grande leitor e se interessava mais pelas garrafas que pelas mulheres. Nem William Burroughs porque, convenhamos, Burroughs é de erudição e decadência insuperáveis. Jamais seria Jack Kerouak porque pôr o pé na estrada significaria uns goles a menos na imobilidade dos bares. Ernest Hemingway não fazia do álcool sua única profissão de fé: tinha mais assunto. Scott Fitzgerald também, mas tinha classe. James Joyce tomava todas, mas se os seus livros porventura são interpretados como resultado de bebedeira falta vinho a seus detratores.

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

A lista do Francis

Divinópolis - A frase é batida, mas Paulo Francis foi mesmo um dos maiores e mais polêmicos intelectuais brasileiros. Crítico contundente e acidíssimo, homem das letras que não cursou universidade, podia travar batalhas gnósticas com qualquer livre docente. Não tinha diploma, mas ainda é usado como exemplo por alguns boçais que confundem autodidatismo com opção pela ignorância. Comparar-se a Paulo Francis é sempre uma heresia.

Guardava artigos de PF publicados na Folha, no Estadão. Lia e relia descobrindo aforismos, hipérboles novas, no seu texto encontrava palavras desconhecidas que me faziam correr até o dicionário e ler sempre mais de um verbete - como fazem os que lêem dicionários. Dentre os achados, a sua sugestão de biblioteca básica:
Os Sertões, de Euclides da Cunha;
Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Memorial de Aires, de Machado de Assis;
A Apologia e Simpósio, de Platão;
As Vidas, de Plutarco;
A Guerra do Peloponeso, de Tucídides;
Os Doze Césares, de Suetônio;
Declínio e Queda do Império Romano, de Gibbon;
Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper;
Prefácio do Novum Organum, de Francis Bacon;
Prefácio dos Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton;
Prefácio de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead de seus Princípios da Matemática;
História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell;
o capítulo sobre Positivismo Lógico;
Hamlet, de Shakespeare;
Antígona, de Sófocles;
Pequena História do Mundo, de H.G.Wells;
As Confissões, de Santo Agostinho;
A Origem das Espécies e Viagens de um Naturalista ao redor do Mundo, ambos de Darwin;
Cidadãos, de Simon Schama;
Rumo à Estação Finlândia, de Edmund Wilson;
História da Revolução em França, de Edmund Burke;
A Revolução Russa, de Trotski;
History of the United States of America, de Hugh Brogan;
Dicionário de Economia, da Abril;
Guerra e Paz, de Tolstói; Crime e Castigo, de Dostoievski;
A Montanha Mágica e Dr. Fausto, de Thomas Mann.

Dizia: "A lista que fiz me parece o básico. Em algumas semanas, duas horas por dia, se lê tudo. Duvido que se ensine qualquer coisa de semelhante nas nossas universidades. Se eu estiver enganado, dou com muito prazer a mão à palmatória."

Não é razão para deixar de estudar. Mas PF tem razão.

Guerra fria