sábado, 30 de dezembro de 2006

A vida e os limões

Porto Velho - Comprar peixe no Mercado Cai n'água, à beira do Rio Madeira, exige técnicas marroquinas de negociação, olhar de dona-de-casa, faro de gourmet.

O tambaqui pescado no rio, cuja carne sabe a todos os nutrientes da imensa Amazônia, é mais caro que os peixes criados em cativeiro, em que o amarelado da pele denuncia a ração.

Entre os melhores exemplos de verve mercantil está o Paixão, singelo vendedor de dourados (tinha, mas acabou) curimbas e tambaquis. "Aqui freguês compra o peixe e ganha o limão". A propaganda é tão boa que o freguês esquece os limões no final, eximindulgindo Paixão de qualquer crime.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

O Oeste

Porto Velho - O velho bandido me encarou com raiva, a barba mal-feita desenhando traços duros, pronto para sacar o colt. As portas do saloon bateram por causa do vento e um arbusto seco rolou pela rua. O sol se punha do lado esquerdo. Entre nós, apenas dez passos.

Epílogo
A poeira era tanta que deixava tudo ao redor avermelhado. A rua, as casas, tudo é vermelho.

sábado, 23 de dezembro de 2006

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Reacionário


Ver Pete Townshend na Rolling Stone apoiando o sionismo armado e George Bush; destratando fãs e detonando companheiros de banda (Roger Daltrey seria um não-sico e o falecido John Entwistle, um junkie dominado pela namorada) é prova que do artista devemos reverenciar apenas a obra. Pessoas são imperfeitas.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

sábado, 2 de dezembro de 2006

Belo Horizonte - Ele é o afeto e o presente, pois abriu a mansão ao inverno espumante e ao rumor do verão, ele que purificou a bebida e os alimentos, ele que é o charme dos lugares em fuga e a delícia super-humana das estações. Ele é o afeto e o futuro, a força e o amor que nós, pisando sobre ódios e tédios, vamos passar num céu de tempestades e bandeiras de êxtase.

Ele é o amor, na perfeita medida reinventada, razão maravilhosa e imprevisível, e a eternidade: adorável máquina de qualidades fatais. Sentimos o terror de sua concessão e da nossa: ó prazer de nossa saúde, élan de nossos sentidos, afeto egoísta e paixão por ele, ele que nos ama em sua vida infinita.


(Arthur Rimbaud, Iluminuras)

Guerra fria