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sábado, 31 de outubro de 2015

People who died

Porlamar - Antonio Vieira dizia coisas engraçadas, como "jazz é um monte de sons pequenininhos, separadinhos, que fazem sentido" ou "tu é socialista porque nasceu na Amazônia, desconhece escassez", entre outras observações lúcidas/bizarras sobre vida, religião, economia e o algo mais e era exatamente por esse motivo que conseguíamos manter aqueles diálogos notáveis entre liberalismo e socialismo, quando atribuía meu bem-estar a Adam Smith, e claro que pensei sobre isso no sétimo andar daquele hotel no estrangeiro. O ateu Antônio é reintegrado à terra de onde saímos bilhões de anos atrás nalguma forma primitiva e ordinária até redundar no ser humano e seus feitos extraordinários, seus equívocos letais. E percebo que não vi mortos meu cunhado, o Mário Wander, nem o Simões ou o Laucides, somente Feutmann dias antes de Murilo e Zequinha, enterrados no mesmo horário em cemitérios diferentes, e todos se foram e porque caímos como moscas num Brasil polarizado entre o fascismo e o setentismo pré-revolucionário, eterna vítima de auto-indulgência, insensível ao cheiro de podre que vem da TV, ex-indústria cultural atual cultura bacteriológica, produtora de autômatos nessa inexplicável amálgama de niilismos yuppies, ruralistas, reacionários, religiosos, racistas, catequizadores, manipuladores e toda sorte de lunáticos dispostos a desinstalar o Iluminismo, jogar tudo fora, a certeza de que o tempo só é vencido pela fotografia, como a dos tênis na varanda em respeito à imaculada brancura do chão da minha sala.

terça-feira, 4 de março de 2008

Memórias de um dinossauro

Nei Costa lembra de quando tinha apenas quarenta e poucos anos:


O ano de 1968 foi de perdas e conquistas. Foi um tempo de vitórias importantes no campo social, com conquistas como a igualdade de direitos civis, a liberação sexual, o reconhecimento das lutas dos estudantes e da diversidade cultural.
O clima tenso tomou conta daquele ano. Maio pode ser considerado o estopim. Naquele mês as revoltas foram sentidas com mais força e transmitidas de um país a outro pelos meios de comunicação de massa, principalmente a televisão.


Vá lá e leia.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Só dá valor quem tem

Belo Horizonte - A amizade é como um navio no horizonte. Nós o vemos recortando contra o céu, e em seguida ele avança, desaparece de vista, mas isto não significa que não continue lá. A amizade não é linear. Ela se move em todas as direções, nos ensinando sobre nós mesmos e sobre cada um de nós. É por isto que no transcurso de longas amizades estamos presentes um para o outro, mesmo que nem sempre estejamos visíveis.

cia Araújo, amiga virtual de Brasília que brilha no breu.

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

O poema

Divinópolis - Ler Mickiewitz é ser assaltado pela sensação de que o ato de escrever estará sempre associado às verdades universais. Comprovam-no as letras no encarte do Mande minhas lembranças ao onze, todas do Leãdro, que dedico respectivamente a Orib, Edgar, Mário, Humberto e Josimar.

Todo mundo quer amor / eu só quero a dor / todo mundo quer ter paz / eu vivo na espera / e no fim das contas / vou aonde meu nariz aponta (Stoney)

Ah, eu vou embora um dia / vou levar só o que carregar / bem assim eu me vejo indo / claro outono / a chuva caindo (Avenida Principal, 777)

Ouviram do Ipiranga / o brado redundante / viva o Brasil / onde o povo manda / Terra de santa Cruz / viveiro de urubus / a cuidar da vida alheia / bandeiras vermelhas / O futuro acabou / levante as mãos quem acreditou / o futuro éramos nós / perdidos e sem voz (Bandeiras vermelhas)

Vai ser tão bom, o maior som / deixar a Babilônia / deixar pra trás, sem outros que tais / a azia e a insônia (O chão encontra as nuvens)

Na margem do grande mar violeta / cavalos alados disparam siderais / sons e fúria tomam a luz do planeta / lâminas de fogo avançam mais e mais (Os novos deuses)

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Mulheres desaparecidas

Divinópolis - O que teria acontecido a Sidenia, Chris, Conce e Karina?

a) Resolveram seguir carreira musical, adotaram o visual afro e fazem backing vocal para o Paul Simon?
b) Integram a nova formação de As Panteras (Charlie's Angels)?
c) Entraram em crise com o excesso de exposição e agora só escrevem diários fechados?
d) Todas as respostas anteriores.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Na tela

Na tela


Divinópolis - Cazuza é um bom filme, mas não atinge a excelência cinematográfica de um Oliver Stone em The Doors. A espera por uma superprodução tupininquim continua a frustrar os cinéfilos mais exigentes e lembra a cobrança ostensiva por um desempenho impecável dos atletas brasileiros em Olimpíada ou Copa do Mundo, como se a perfeição pudesse ser alcançada todos os dias. Não é.

A participação da TV Globo gerou os padrões de qualidade esperados, mas esmaeceu a direção de fotografia e criou clima folhetinesco. O figurino poderia ser melhor, assim como a direção de arte. Nada disso entretanto, comprometeu o trabalho de adaptação do livro as mães são felizes, de Regina Echeverría. O filme, pode-se dizer, é o livro em formato audiovisual.

O melhor de Cazuza é a interpretação do ator Daniel Oliveira, que incorporou os gestos, o riso debochado e a empáfia do jovem poeta morto pela Aids aos 32 anos, no auge da carreira. Cazuza cantou um país desconjuntado, com o egoísmo dos filhos únicos, o hedonismo dos poetas e a paixão da juventude. Suas letras foram interpretadas pelos maiores nomes da música brasileira. Sua mensagem, misto de crítica cruel e prazer sem culpa, soa eterna.

PS: Gean Queiroz (Joca), parceiro em várias canções do Carolina Cascão, faz uma ponta.

segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Pobre Diabo

Divinópolis - Pablo Varela invade o blogverso com as insólitas aventuras do Diabo que fez pacto consigo mesmo.

Não pretendia nada que não fosse diabólico, afinal não abria mão de ser ele mesmo. Ao mesmo tempo deveria pegar leve pra não ser politicamente incorreto. Queria seu espaço, mostrar que era perfeitamente possível a convivência de beatas, putas, maconheiros, políticos, blasfemadores...

domingo, 20 de junho de 2004

O mundo é pequeno?


O mundo é pequeno
São Paulo - O mundo acadêmico é. Ontem encontrei no Terminal Tietê (eu chegando a São Paulo, ele saindo de) o pesquisador da Embrapa, especialista em orquídeas, Joaci Freitas. Joaci faz doutorado ardido em cidade de nome doce, Jaboticabal. Está pesquisando o DNA de uma espécie de pimenta nativa de Roraima, que os índios usam imemorialmente. Permanece, no entanto, fotografando e pesquisando Cattleyas violaceas e outras espécies de orquídea do Norte e do Sudeste. Nos velhos tempos de minha banda, Carolina Cascão, Joaci recebeu-nos em casa para uma turnê Brasil-Venezuela marcada por muita sede e rock n' roll.

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Do ofício

São Paulo - Custa-me a acreditar que sejamos quem fomos; somos quem somos a cada momento, mas a história de quem fomos tem muitas vezes de ser contada para que possamos verdadeiramente ser quem somos. As pequenas histórias que aqui podem ser lidas contam elas mesmas a história deste sítio, e fazem-no muito melhor do que eu alguma vez poderei, mas existem outras histórias por trás destas que eu mesmo quero contar.

Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.

sábado, 30 de agosto de 2003

Wanderley, Takamine e o Diabo

São Paulo - Vamos registrar o que estamos conversando. É tudo que foi gravado até aqui, neste século, não sei, talvez sabão, projetos gráficos, sabão, tem a mesma origem gráfica, mas time levou tudo praticamente, depois do, de, do, mestre de lá, não é cuteireres, gutem, pô cara, literatura pura, dez, treze, 834, minha, talvez, ... leitura, muito louca, louco, objetivo, litero, absoluto, tudo e nada, língua, será?, qual? Não sou tudo, só poesia, você sempre registra, você sintetiza, ideologia, Leminski, Boldo, Jorge, todos podemos fazer, afinal, o vivo. E outra, espero que ele escreva não isso mesmo que vai acontecer, mas você tem que falar um pouquinho, buraco desse jeito, aquele lance todo que aconteceu, o carro tem que ter digitamento para escrever o que vier na memória é um tormento é uma frase, é uma fase. Uma fase que a gente. Uma fase que a gente... que a gente. Senta o pé, senta a pua. A centopéia está na rua.

terça-feira, 23 de outubro de 2001

Guerra fria