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quinta-feira, 25 de abril de 2002

Atlântida, Jurubatuba e Barra Funda

São Paulo - Neste dia de greve de ônibus em São Paulo, em que andei pela Barra Funda e vi tigres siberianos na frente da TV Record, percebi que Jurubatuba-Osasco é bem melhor que Júlio Prestes-Etc e atravessei a ponte Cidade Universitária a pé no horário de pico observando, na massa escura, brilhante, espessa e lustrosa que é o rio Pinheiros, que alguma coisa borbulhava lá embaixo. Atravessar a saída da marginal pode ser suicídio, razão pela qual esperamos uma eternidade até passar pelo velódromo da USP, que recebe Otto e Nação Zumbi na próxima sexta-feira, trazendo ritmo, atitude e aquela antenada de Recife, que é local sendo global, tendo no mar um rio a atravessar, para encontrar lá a saudade de cá, e se Israel não sabe a diferença entre civis e militares, nem sabem os Estados Unidos, nem a França de Napoleão, cuja biografia estou lendo (e gostando), escrita pelo mesmo cara (Emil Ludwig) que fez Bolívar e se compartilho do mesmo interesse de Garcia-Márquez por ditadores e outras figuras despóticas, antipáticas e, porque não dizer, carismáticas, é porque se tais tipos não são interessantes, que tipos serão?, ou, apelando para novas proposições polêmicas e eugênicas de escritor não-publicado - um jornalista super-publicado pode lamentar ou alegar essas coisas? - que os estúpidos me perdoem, mas inteligência é fundamental, e lamentar a frase infeliz, lamentar a adesão à barbárie geral dos nossos dias, lamentar a aceitação da intelligentzia como modus vivendi que precisa ser mantido ad nutum num mundo que é muito pro tempore; e lamentar a falta de humildade, a falta de re-conhecimento do limite emocional das pessoas que amo, da incompreensível insatisfação do limbo, da condição nímbica de nossos dias, se é que posso dizer coisas assim tipo Geração X revoltada e ao mesmo tempo saber que, no interior da Terra moram criaturas imberbes e esquentadas, que a Atlântida é uma festa no verão gaúcho e que Ushuaia não é tão longe assim.

Guerra fria