segunda-feira, 31 de outubro de 2016

"Que a Polícia Militar utilize meios de restrição à habitabilidade do imóvel, tal como corte do fornecimento de água; energia e gás. Da mesma forma, autorizo que restrinja o acesso de terceiros, em especial parentes e conhecidos dos ocupantes, até que a ordem seja cumprida. Autorizo também que impeça a entrada de alimentos. Autorizo, ainda, o uso de instrumentos sonoros contínuos, direcionados ao local da ocupação, para impedir o período de sono."
(Juiz José Alex de Oliveira, da Vara de Infância e Juventude. Ordem judicial de desocupação do Centro de Ensino Asa Branca de Taguatinga, em Brasília.)

domingo, 30 de outubro de 2016

Há algum veado aqui esta noite?
Ponham-no contra o muro!
Lá está um, no holofote, isso não me parece certo!
Ponham-nos contra o muro!
Aquele parece ser judeu! 
E aquele é um preto!!
Quem deixou toda essa escória entrar?
Tem um fumando maconha!
E outro com espinhas!
Se fosse à minha maneira...
Eu fuzilaria todos vocês!!

(Pink Foyd - In The Flesh)

Pink Foyd - In The Flesh

Há algum veado aqui esta noite?
Ponham-no contra o muro!
Lá está um, no holofote, isso não me parece certo!
Ponham-nos contra o muro!
Aquele parece ser judeu! 
E aquele é um preto!!
Quem deixou toda essa escória entrar?
Tem um fumando maconha!
E outro com espinhas!
Se fosse à minha maneira...
Eu fuzilaria todos vocês!!

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Pensar

No livro "O planalto e a estepe" (Pepetela), um professor de Filosofia, indiano e padre, diz a seus alunos que vai ensiná-los a pensar. Quanta ousadia e quanta verdade numa frase simples. Ter pensamentos não significa necessariamente pensar. A maioria confunde tomada de decisões ou opinião como pensamento. Pensar não é "liberdade de expressão", conquista humana apropriada e disseminada pelo fascismo em redes de ódio. 

Pensar pressupõe uma série de abandonos. Abandonar certezas, preconceitos. Abandonar ideias, paixões e auto-complacência. Pensar exige sofrimento psíquico e apesar do ganho utilitarista que é o saber adquirido - muitas vezes usados para o alpinismo social - ninguém será mais feliz por ter aprendido a pensar.

sábado, 15 de outubro de 2016

Textão do Dia do Professor.

Mais de 400 escolas e universidades estão ocupadas hoje no Brasil. A velocidade com que circula a informação é uma vantagem do dominador. Nem sempre calculamos bem como dizer, escrever ou agir. Ninguém é livre da manipulação e da própria verborragia e ainda que professor, não me considero exceção. Michel Temer guia um governo ilegítimo, mas usar os ocupantes dos governos para justificar os próprios conceitos políticos relega o caos humanitário a um segundo plano. Como se a posse temporária da razão fosse mais importante que a fome do próximo. A fome é urgente, não respeita regras. Um homem com fome não respeita vitrines. Sua casa segura, seu carro com alarme, sua cerca elétrica e seu cão feroz que tritura ossos não são uma conquista, mas uma declaração de derrota. Não há vitória no medo. No caso da Venezuela, atribuir os erros de um governo inábil a um ideário de libertação legítimo é confundir a História. Todo professor é de História e por isso um risco potencial. Esse ideário de libertação não começou na Venezuela bolivariana, no México zapatista, na Rússia comunista, na Índia ou Galiléia, mas nos primórdios da humanidade, desde que a primeira cerca dividiu povos e rebanhos. Simplificar este tema é parte do plano da elite cujos ancestrais fizeram a cerca. Que vive com medo, cercada de segurança e mimos, incapaz de sair à rua. Mais de 400 escolas e universidades estão ocupadas hoje no Brasil. Jovens e adolescentes que noutro momento estariam amarrados a postes e espancados em "legítima defesa coletiva", como afirma o novo jornalismo. Investimentos em educação e saúde foram congelados por 20 anos, mas não a sangria da dívida pública. Aposentadorias serão revistas, mas não taxarão as grandes fortunas. Tenho amigos professores desempregados dos dois lados do Atlântico. Saber de que lado estamos é uma escolha.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Você não ouviu? É uma batalha de palavras
Gritou o homem que carregava o cartaz
Ouça, filho, disse outro com o revólver
Há um quarto para você lá dentro
Eles não vão te matar 
Se você der-lhes um choque rápido e certeiro
Eles não vão fazer isso de novo, entendeu?
Ele escapou porque eu teria lhe dado uma surra
Mas só bati nele uma vez
Foi apenas uma diferença de opinião
Mas realmente... acho que boas maneiras
Não custam nada para ninguém, não é?
(Pink Floyd - Us and them)

Guerra fria