Divinópolis - Item importantíssimo da série "como ainda não tinha lido isso?", o
livro reúne três novelas que se imbricam num momento e se repelem no outro, que se afastam e se reaproximam a cada página, num interessante jogo de espelhos, novidade na narrativa de literatura policial. Um roteiro pré-
Pulp fiction (o filme) e pós
pulp-fiction (a verve), se é que me faço entender.
Auster tem grandeza intelectual indiscutível, mas aqui ela é apenas insinuada. O autor não a deixa emergir, para não prejudicar o andamento aparentemente simples das três histórias.
Cidade de Vidro começa com um telefonema recebido tarde da noite por um escritor de contos policiais que é confundido com um detetive particular chamado... Paul Auster. Em
Fantasmas reúnem-se paranóias de investigadores e investigados nos anos 1940, em clima
noir, onde os nomes não importam, todos substituídos por cores como Blue, Black, White, Brown e os papéis se invertem: loucura entra em cena.
O quarto fechado é a última novela e quase explica o início do li
vro, mas faz bem em não cumprir a missão. Melhor procurar o escritor maluco que não quer ser encontrado e ficar à mercê do mistério que a previsibilidade da literatura fácil dos que desconhecem Milton e não entendem porque o Harvey Keitel insiste em fotografar sempre a mesma cena em
Smoke, o filme.