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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Leio A misteriora chama da rainha Loana, de Umberto Eco

Um homem de 60 anos sofre um acidente vascular cerebral e não lembra mais da mulher, filhos, netos, nem do próprio rosto. A Amnésia, porém, não atinge a parte racional do cérebro.

Livreiro e bibliófilo, Yambo lembra de citações e obras diversas, mas perde o arcabouço emocional que lhe fazia ser quem era. Por isso parte em busca de seu passado vasculhando a memória de amigos e parentes, velhas revistas, discos e livros. O passeio pelas letras é acompanhado por imagens. É um romance ilustrado, avisa a capa brasileira.

Nesta bela história de Umberto Eco, percebemos como a sociedade do século 20 foi ligeiramente homogênea em relação aos produtos culturais da época. Tanto a geração de Yambo (nascida nos anos 1930) quanto a minha, nascida nos anos 1970, tiveram a infância embebida em literatura, cinema e quadrinhos.

O defeito, como na maioria dos livros de Eco, são umas 100 páginas a mais do que a estória realmente necessita. Talvez UE seja um dos autores com maior número de catataus publicados per capita. Acabo de testar isso com os volumes de Baudolino, O Nome da Rosa, O Pêndulo de Foucault e A misteriosa chama da rainha Loana: todos ficam em pé, sem necessidade de apoio.

Se preciso pegar alguma coisa no alto da estante, basta empilhar quatro livros do Umberto Eco.

Livro: A misteriora chama da rainha Loana
Autor: Umberto Eco 
Editora: Record 
Páginas: 454 
Preço: R$ 40,00

sábado, 27 de outubro de 2007

Leio Baudolino, de Umberto Eco

Boa Vista - O às-vezes-engraçado-porém-chatíssimo Baudolino foi cometido pelo mesmo autor de O nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault, o semiótico Umberto Eco. Por sugestão de Vandré Fonseca, passei os últimos onze meses devorando o calhamaço, enquanto acrescentava leituras contrastantes para sobreviver ao caos de mentiras, sopapos, piadas étnicas e escatologias que Baudolino, o maior mentiroso do mundo, e seu grupo excêntrico vivem na Europa dos séculos XI e XII. Baudolino acabou, mas ainda leio a Eneida (Vergílio) e caminho À sombra das raparigas em flor (Marcel Proust), enquanto finalizo Como vivem os mortos (Will Self), que deve ser a próxima mini-resenha deste blog bissexto. Vandré, valeu, viu?

Livro: Baudolino
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Páginas : 459
Preço: R$ 43,00


terça-feira, 16 de julho de 2002

Livros

São Paulo - O segundo trimestre de 2002 rendeu pouco. Li pouco. Escrevi pouco. Saí pouco. Ganhei pouco. Pouco is beatiful.

Leio Regresso ao Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) - Vinte e sete anos depois, o velho Huxley revisita seu livro mais controvertido e, diferente de gente como eu e você, que pode detestar tudo o que escreveu há um ano, faz uma análise precisa dos acontecimentos presentes e seus desdobramentos futuros.

Leio O Médico de Lhassa (Lobsang Rampa) - Continuação das loucas aventuras de um monge tibetano pela China. Leia com atenção as descrições cruas das torturas japonesas.

Leio A Hora dos Ruminantes (José J. Veiga) - Pavorosa história do sinistro J. Veiga, sobre figuras estranhas que acampam do outro lado do rio, deixando os moradores da pacata Manarairema em estado de pânico.

Leio A Morte Feliz (Albert Camus) - Camus, neste que foi um dos seus últimos escritos (embora tenha sido preparado na mesma época que O Estrangeiro) fala de amor de forma existencial e niilista, como sempre. Mas envolto num lirismo inesperado. Quem não gostaria de habitar a Casa Diante do Mundo?

Leio Vidas Secas (Graciliano Ramos) - Fui, provavelmente, o último brasileiro a ler as aventuras e desventuras de Fabiano, Sinhá Vitória e a cachorra Baleia. Antes tarde do que nunca. Graciliano é um mestre na arte da síntese. Felizmente ele nasceu na época certa, ou hoje seria obrigado a atuar na publicidade.

Leio Pemongon Patá: Território Macuxi, rotas de conflitos (Paulo Santilli) - A tese de doutorado de Santilli, sobre a organização política dos índios macuxi, me deixou com saudades de Roraima. O autor caiu em campo e trouxe lendas e guerras dos índios. E atinge, em cheio, o stablishment político e agrário de Roraima, dominado por um punhado de famílias de invasores da terra indígena que se perpetuam no poder até hoje. A luta pela demarcação da terra dos índios continua, em pleno Século 21.

Leio O Túnel (Ernesto Sábato) - Suspense argentino, pra levantar os ânimos. Sábato é o tipo intelectual-acadêmico-científico que enveredou pela ficção. O livro segue o modelo das "memórias do assassino", mas um assassino de classe, amante das artes e artista. Um criminoso assoberbado.

Leio Seis passeios pelos bosques da ficção (Umberto Eco) - Pra quem AMA literatura. Nesta obra, baseada na série de seis palestras que deu em Harvard, o velho Eco é, ao mesmo tempo, acadêmico e fã de literatura. Claro que ele trata de Ulisses, A Metamorfose, A Montanha Mágica, O Aleph e outras grandes obras. Pérola: "A imensa e antiga popularidade da Bíblia deve-se à sua natureza desconexa, resultante de ter sido escrita por muitos autores diferentes".

Guerra fria