sexta-feira, 25 de abril de 2008

Leio Os filmes de minha vida, de Alberto Fuguet

Boa Vista -
Alberto Fuguet é um escritor chileno dedicado a criar um novo movimento nas letras latino-americanas disposto a se contrapor ao realismo fantástico de Gabriel García-Márquez e que se chama... McCondo (!)

Fuguet é autor de "Os filmes da minha vida", que não causa surpresas estilísticas nem consegue inaugurar nada de novo, mas tem a capacidade de gerar lembranças em gente que viveu algo parecido. Eu, por exemplo, e minha infância na Venezuela. O fato de ter vivido noutro país, de conviver com duas línguas e se sentir estrangeiro onde quer que esteja é uma sensação que conheço bem, mas acaba aí. Os filmes que assistiu,  inclusive coisas obscuras interessantes, que pouca gente lembra, mal recebem uma análise superficial.

O escritor parece tão disposto a comer um Big McCondo que esquece as tortillas, ignora vulcões e povos indígenas. A prosa é norte-americana e compreende-se porquê.

Livro: Os filmes da minha vida
Autor: Alberto Fuguet
Editora: Agir
Páginas
: 296
Valor: R$ 40,41

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Notícias da semana

Boa Vista - Em janeiro de 2003, o índio Aldo da Silva Mota estava ajoelhado e com os braços levantados quando levou um tiro que lhe atravessou o tórax. Foi enterrado numa cova rasa na Fazenda Retiro. A conclusão dos legistas é de que ele estava no chão, de joelhos, com os braços levantados, dominado e indefeso.

Em Roraima, ações terroristas em terras indígenas acontecem há muito tempo, mas uma eficiente soma de omissão política e propaganda racista nos meios de comunicação permitiu que esses grupos permanecessem atuando ao longo dos últimos 30 anos sem punição.

Desde 1981, houve 21 homicídios; 21 tentativas de homicídio; 54 ameaças de Morte; 51 agressões físicas; 80 casas destruídas; 71 prisões ilegais; cinco roças destruídas e cinco pessoas mantidas em cárcere privado - dados de 2003. já desatualizados.

A milícia travestida de agronegócio já espancou e matou índios e missionários. Suas ações já renderam a morte por tiros do índio Paulo José de Souza, em Uiramutã, em fevereiro de 1999. No mesmo mês, foram assassinados os índios Regelino Nascimento Souza (estrangulado) e o adolescente Renan Almeida André, de apenas 14 anos. No mesmo mês, o padre Egon Heck foi esfaqueado e um grupo de índios espancado.

Em janeiro de 2004, um grupo invadiu a Missão Surumu e seqüestrou os padres Ronildo França e Cezar Avallaneda e o diácono João Carlos Matinez, mantendo-os reféns por três dias. Em 2005, um grupo de 150 homens incendiou a missão do Surumu, destruindo uma escola, um hospital e uma igreja. Um professor foi espancado e um homem ficou queimado. O mesmo grupo provocou três incêndios e alguns espancamentos em 2004.

Atualmente, a Vila Surumu está isolada. Pontes foram destruídas e uma bomba caseira fabricada para novas ações terroristas explodiu nas mãos de Renato Quartieiro, filho do líder da resistência do agrobussiness em Raposa Serra do Sol, Paulo César Quartieiro. Centenas de policiais federais já chegaram e novos grupos continuam a chegar em Roraima para tentar a desapropriação exigida pela lei.

Guerra fria