segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Boa Vista - Dos governos se espera legitimidade e capacidade para organizar e gerir o estado de forma responsável. O sistema eleitoral viciado que afiliados e partidos apoiam, beneficia oligarquias com a desculpa de que a democracia é falha, mas... é o melhor que temos.

Esse sistema distribui desproporcionalmente tempo de TV para beneficiar coalizões-mensalões enquanto pequenos partidos têm apenas segundos; sistema controlado por um Legislativo que ano após ano se permite a distribuição de canais de TV; por um Executivo que gasta mal; por licitações dirigidas que cartelizam serviços de má-qualidade.

É um sistema que vai contra toda a lógica da eficiência: mantém ladrões (alguns já puxaram cadeia) em cargos públicos; permite nomeações para secretarias e ministérios com base em indicações partidárias e não em qualificação técnica; enfim, que funciona muito, muito mal.

Não podemos mais acreditar e estimular esse sistema. Fomos 23 milhões na eleição passada. Na próxima seremos muito mais.

sábado, 25 de janeiro de 2014

"Ele mente não porque seja de seu interesse mentir; ele mente porque é da sua natureza mentir". 

(Helmut Sonnenfeld, sobre Henry Kissinger)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Guayaquil - Sonhava conhecer o Oceano Pacífico desde criança, desde os primeiros livros de aventuras, desde sempre. Encerrar a jornada aqui foi revigorante. A água é  densa, salgada energizante. É a casa dos grandes peixes, o lar de nossos antepassados, a verdadeira Terra.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Riobamba - Depois do Chimborazo, a ideia era ir direto para o Pacífico, mas instado pelo amigo equatoriano Hotsmaro Salazar, fizemos uma visita ao Oriente, também conhecido como Amazônia Equatoriana. Uma brusca mudança na paisagem. Canyons, selva e cidades cheias de charme no caminho entre Riobamba e Rio Negro. 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014


Riobamba - Hoje escalei nada menos que 5 mil dos 6.310 metros do Vulcao Chimborazo, a montanha mais alta da Terra. Sim, é o que dizem sobre o Everest, mas a montanha do Himalaia nao está próxima da linha do equador, portanto na face mais externa do planeta. O Chimborazo está mais distante do centro da Terra que qualquer outra elevaçao, portanto mais próxima do sol. Trata-se do cume do planeta, localizado a nada menos 2,1 quilometros acima do Everest (!).

A aventura começou em Riobamba, com uma preparaçao fisica que incluiu adaptaçao à altitude (a cidade fica a 2.850 metros), alimentaçao a base de proteína, super hidrataçao e muita força de vontade para vencer as intempéries, o cansaço e o soroche, o mal das alturas. Logo eu perceberia que a missao é sempre mais complicada durante sua execuçao. Depois de comprar luvas, gorro e um casaco novo, de alpaca, chegara a hora de conquistar meu primeirto vulcao.

Localizado nos Andes equatorianos, onde a Cordilheira Ocidental se divide em dois gigantescos braços a noroeste de Riobamba, o Chimborazo tem seu cume coberto por neves perpétuas e as bases ocupadas por vales férteis onde se cultiva frutas, flores e gado. Um Parque Nacional preserva a fauna e a flora. Ali, vicunhas percorrem a planície e falcoes sobrevoam nossas cabeças.

Depois de chegar de carro ao Parque Nacional, (cerca de 4 mil metros), começamos a jornada a pé. Com uma temperatura de zero grau e uma chuva fina que logo que se tornaria neve, comecamos a subida. A primeira parada foi o refúgio Carrel, a 4,7 mil metros de altitude. A chegada foi dificultada pela falta de ar, o que obriga a dar algumas paradas. Temperatura de -5 cent{igrados. Depois de conversar com japoneses e equatorianos sobre as condiçoes de tempo, percebemos que seria complicado chegar ao segundo refúgio caso a neve persistisse e a névoa aumentasse.

Um pausa para descansar e prosseguimos. A temperatura cai para -7. Tirar os óculos era impossivel. A brancura da neve feria os olhos. Confesso que estive a ponto de desistir por causa do soroche. Cinco quilometros acima do mar é uma regiao com mpouco oxigenio. A falta de ar torna a respiraçao pesada e ofegante. Depois, o sangue tenta se adaptar, correndo mais forte dentro das veias. Em seguida vêm as náuseas e a tontura. Finalmente, passado algum tempo, a pele começa a queimar, os pulmoes diminuem e pepitas de fogo percorrem seus orgaos internos. Nova pausa.

Finalmente, o refúgio Whymper se apresenta, congelado a 5 mil metros de altitude. Uma neve fina cai e derrete sobre o telhado, formando estalactites transparentes de gelo. A jornada precisa parar por aqui. Uma forte névoa cobre o cume e por segurança, ficamos por aqui. Comemoramos o feito com um grupo formado por japoneses, colombianos, mexicanos, brasileiros e equatorianos. Da próxima vez, quem sabe?

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quito - Além das paisagens, dos sabores e dos aromas. Além dos tecidos, da arquitetura e da medicina tradicional, o que chama a atencao no Equador eh a educacao do seu povo. Sou tao bem tratado em toda parte que quase nao perdoo a fleuma de alguns vizinhos sulamericanos. Um castelhano claro e pausado que delicia qualquer falante. Uma atencao rara em todas as classes sociais. Nao se trata apenas de treinamento para agradar turistas. Uma sabedoria verdadeira emerge dessas pessoas acostumadas a uma alimentacao farta e saudavel. Ateh os junkies e bebados fazem questao de demonstrar sua educacao. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Quito - No centro de Quito, um dominicano corta meu cabelo ao som de música gospel suave, bem diferente dos gritos de horror, digo louvor, que se ouve no Brasil. Conversamos e Alberto me fala que a República Dominicana continua a receber milhares de refugiados do Haiti e enfrenta dificuldades para atender às necessidades de quem perdeu tudo com as guerras civis e o devastador terremoto que completa três anos no próximo dia 12. Diz que o povo é mais receptivo que o local, o que me espanta, já que o povo equatoriano tem demonstrado uma educaçao exemplar. 
Quito - Linda, limpa, colorida e socialista como um fractal. 
Caracas - O psicodélico piso do Aeropuerto Internacional Simón Bolívar sob os pés.
Caracas - Os Awá são um dos últimos povos nômades caçadores-coletores do Brasil e dependem inteiramente da floresta. Vivem isolados e são vulneráveis a ataques e doenças contra as quais não têm imunidade.

O Brasil, tardiamente, se movimenta contra a exploraçao ilegal de madeira e a preservaçao do povo Awá. Mas o mundo teve que se movimentar antes.

Leia mais aqui.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

La Guaira - Depois de muita paciencia e sangue frio, conseguimos passagens de onibus para Caracas, onde chegamos de madrugada e percorremos as ruas desertas e estranhamente vazias da metrópole venezuelana. No terminal de onibus urbano, fui atacado por mosquitos, mas vale tudo para chegar a Quito (rima involuntaria). Passo o dia num pequeno hotel de frente para a Playa Verde em La Guaira, recuperando as forcas com cervejas e mariscos.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Puerto Ordaz - Caos total nos transportes aéreo e rodoviário da Venezuela. Para variar, a alta temporada gera fluxos de turismo interno em todos os sentidos e enche os hoteis de todo o país. Santa Elena e todo o Parque Canaima foram invadidos por carros off-road, máquinas possantes que bebem gasolina desarvoradamente e provocam desabastecimento e racionamento.

A confusao é aumentada com mochileiros de diversos países e milhares de brasileiros que sobem com seus carros de Manaus e Boa Vista. Todos sofrem com a falta de hotel, dificuldades com a língua e a comida e a falta de hospedagem, mas vale tudo para chegar ao Caribe e aproveitar as praias e precos baixos do verao mais intenso da recente história venezuelana.

Consigo evitar toda essa confusao com as ferramentas típicas de brazuelano acostumado as vicissitudes locais - nessas horas ter família aqui é fundamental. Mesmo assim, é preciso correr em pleno domingo (dia sagrado por aqui) pela cidade para trocar dólares e comprar passagens a precos interessantes para a próxima parte da jornada que comeca agora, num onibus em direcao a Caracas.

Guerra fria