sexta-feira, 27 de maio de 2016

Flôr Varela

Casal brasileiro. Terceira idade. Retirados. Aposentados. Férias. Restaurante. Melhor idade. Europa. Lugar-comum. Assoberbados. Elitistas. Impaciência. Crítica. Economia. Inconsciência. Neo politizados. Lugar-comum. Memória? Não. História? Não. Imóveis. Sim. Armas. Sim. Consumo. Sim. Memória? Não. História? Não.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Na era da informação de massas, a direita e a religião (separação retórica para fins didáticos) elevam o conceito de hipocrisia a patamares nunca atingidos. A aceitação só depende do prefixo "ex": ex-criminoso, ex-prostituta, ex-drogado, ex-umbandista, ex-homossexual, ex-qualquer coisa. Todos terão lugar em suas fileiras. A redenção torna-os fortes e militantes. Quando qualidade importa menos que número, a ciência perde significado

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Um sonho

Sonhei que estava em Amsterdã, com minha mãe. Andávamos de mãos dadas, entre a Overtoom e o Vondelpark. Conversávamos sobre a minha infância. Chovia, mas não estava frio. Tão longe, tão perto. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016






O ódio só faz mal a quem o sente. Rouba o ar. A pessoa que sofre de ódio engasga, sufoca, convive com o afogamento. Porém, o ódio pode ser criado artificialmente, manipulado, canalizado. Pode entranhar na cultura. Para isso, basta usar perversamente a comunicação de massa. Pelo poder, a elite dissemina o ódio sem nenhum remorso. Este será cada vez mais ampliado e direcionado até transformar-se em violência.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O pobre capitalista reclama
e nunca compreendeu
onde foi parar a grana
que pediu e Deus não deu
fica com ódio ao saber
que mesmo sem oração
qualquer socialista ateu
tem maior satisfação
é o azar de Prometeu
e a sorte de Pandora
o primeiro ora e chora
o outro aplica o que leu
um ajoelha e clama
o outro segue sem drama
um vive da vassalagem
e defende a opressão
no fim comerá lavagem
talvez um pouco de pão
pois quem louva o capital
perde de Deus o perdão
comete pecado mortal
e não vai para o céu, não

domingo, 15 de maio de 2016

O pobre capitalista reclama
e nunca compreendeu
onde foi parar a grana
que pediu e Deus não deu
fica com ódio ao saber
que mesmo sem oração
qualquer socialista ateu
tem maior satisfação
é o azar de Prometeu
e a sorte de Pandora
o primeiro ora e chora
o outro aplica o que leu
um ajoelha e clama
o outro segue sem drama
um vive da vassalagem
e defende a opressão
no fim comerá lavagem
talvez um pouco de pão
pois quem louva o capital
perde de Deus o perdão
comete pecado mortal
e não vai para o céu, não

(Milton Lagos)

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mudanças sociais não surgem da massa em sua eterna espera de comando, de direção. Surgem de um pequeno grupo de pessoas, ideias e vozes. Gente que se dedica a melhorar a vida dos que ignoram, criticam ou atacam a vanguarda. Mudanças sociais não devem ser confundidas com convulsões sociais.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Hoje é Dia da Língua Portuguesa. Dia da sonora, romântica, proparoxítona, musical, rica língua portuguesa, quinto maior idioma do mundo, com 280 milhões de falantes. São pelo menos 10 milhões (!) de palavras. Insondável idioma. Língua é pátria, não é umbigo. Essa visão coxinha de identidade nacional, que atinge todos os estratos, de políticos a cientistas; de artistas a religiosos; de poetas a escritores, é confete auto-indulgente. PAREM JÁ COM ISSO! A grandeza da pátria não é medida em cores, metros quadrados, linhas imaginárias, esse misto de ingenuidade e canalhice que manipuladores na política, nas artes, nos meios de comunicação chamam de patriotismo. Pátria é outra coisa. Valorizar a língua portuguesa é valorizar o ouvido. Não é valorizar o umbigo. Chega desse comportamento obsequioso, alto-indulgente, orgulhoso. Dessa incapacidade de diálogo com a América Hispânica. Dessa incapacidade de diálogo inter-regional. Dessa incapacidade de diálogo com lusófonos de África, Ásia e Europa. Parabéns a quem escreve, que mantém a língua viva. Mas não há mérito nenhum no desconhecimento de outras. O monoglota morre de uma fome que não sabe que é fome, porque escolheu ignorar outros sons, outras palavras. Ou em bom português (brasileiro): chega de papo furado, cambalacho, disse-me-disse, babaquice, essa bagunça cívica sem sentido. Português é lindo. Ridículo é o fascismo.

Guerra fria