quarta-feira, 13 de abril de 2016

Um brazuca em Varsóvia

Faro - Era meu último dia em Varsóvia quando notei as sandálias havaianas com bandeiras do Brasil. Quem usaria isto, aqui, onde se fala mais russo que inglês e fica bem longe de Miami? Eu estava afastado da língua portuguesa há muitos dias, numa viagem chicobuarqueana, completamente analfabeto diante dos cartazes, placas, anúncios e conversas em polonês. E de repente encontro David Marques, que como eu é fã da Cortina de Ferro, Jazz, Pink Floyd e roteiros pouco ortodoxos. Falamos de Minsk e Tbilisi, nossos próximos roteiros. Já estou ao norte da África e ele continua por lá, país sem geladeiras e ar condicionados (pode existir, mas não vi), onde não se vê papel no chão. Provavelmente em Cracóvia ou Zakopane. Grande figura.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Impeachment?

Faro - Algumas observações toscas e sem sentido sobre a complexa realidade de um país em crise:
1 - Impeachment não é golpe porque é constitucional, mas...
1.1 - Impeachment é golpe porque é feito por colégio eleitoral.
2 - A corrupção não foi inventada pelo PT, mas...
2.1 - A corrupção foi reinventada pelo PT.
3 - Opor-se ao governo é um ato de resistência à corrupção, mas...
3.1 - O governo será substituído pela própria corrupção.
4 - A crise é política e econômica, mas...
4.1 - A crise é moral.
5 - Eu estou com a razão, mas...
5.1 - Você também tem razão.

Impeachment?!

Faro - Tornei-me oposição ainda no primeiro mandato de Lula. Não voto há várias eleições. Não acredito que um partido com 15 segundos na TV tenha chances contra os 10 minutos de outro. Não acredito no presidencialismo. Não acredito em 37 partidos políticos, essa diversidade ideológica inexiste.

Fernando Collor não era o único vilão no primeiro impeachment. Dilma Rousseff não é a única no segundo. Não acredito em boas intenções da Câmara ou do Senado, porque seus integrantes são abjetos. Acredito que neste domingo haverá uma distribuição de dinheiro como nunca houve na história desse país.

Nem Privataria, nem Mensalão e muito menos o primeiro impeachment podem ser comparados. Deputados e senadores recebem dos dois lados. Negociarão até o último minuto e como terão sido regiamente pagos pela ala pró e pela ala contra, estarão livres para votar com suas consciências. De ratos que são.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Faro - "Polônia?!". A pergunta sobre o local para minhas férias, já encerradas, partiu de vários amigos e parentes, curiosos sobre o destino insólito. Bom, a Polônia conserva uma paixão inarredável pelas ciências e pelas artes clássicas. Graças a Nicolau Copérnico, o mundo descobriu que girava em torno do Sol e não o contrário. Uma das descobertas mais importantes da História, que permitiu trabalhos revolucionários e influenciou Isaac Newton e Albert Einstein, para não citar milhares de outros cientistas.

A Polônia havia sido um reino importante no século XV, o maior da Europa, mas passou por maus bocados nos 500 anos seguintes. Foi retalhada por Prússia, Áustria e Alemanha; conquistou a independência em 1918, mas foi invadida pela Alemanha Nazista em 1939. Teve seis milhões de habitantes exterminados no período, até que em 1944 vira república. Três anos depois, entra para a Cortina de Ferro por quase meio século. Foi num estaleiro de Gdansk que o Sindicato Solidariedade deu início a mudanças concretas no regime comunista e contribuiu para sua queda no fim dos anos 1980.

As imagens de Varsóvia não dão conta da beleza que é este país sem geladeiras e sem ar condicionados (podem até existir, mas não vi nenhum). A Polônia é um destino pouco procurado até por europeus. Mas a comida, os transportes, as grandes áreas públicas e a simpatia do povo ajudam a entender porque virei um fã. As estradas e ruas de todas as cidades são muito bem sinalizadas, até demais. Quando se pergunta uma informação a um polonês ele explica em detalhes, citando o número de metros para chegar ao local. Pães e queijos deliciosos, trutas temperadas com galhos de menta, doces diversos. Até o idioma é doce. Lembra russo com elementos latinos e sotaque carioca.

Roman Polanski é polonês. Krzysztof Kieslowski é polonês. Quer mais? Vá à Polônia e descubra por si mesmo. Conheci o sul, na fronteira eslovaca e Varsóvia. Mas volto lá em breve, para ficar mais tempo e aproveitar seus preços baixos: o Zloty equivale a um real e as coisas são ligeiramente mais baratas que no Brasil. Por que Polônia? Porque sim.

Impeachment

Faro - O programa 360 Graus (SIC) deu amplo destaque ao processo de Impeachment esta noite. Foram destacados o fato de Dilma Rousseff não ter sido responsabilizada criminalmente e o discurso antecipado de Michel Temer como novo presidente (Frank Underwood curtiu isso).

Além da impossibilidade de Rousseff governar, caso o impedimento não passe. O professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Andrés Malamud, convidado para comentar o caso, parece conhecer a situação brasileira melhor que os nativos. Analisou a crise sob diversos aspectos e suas possíveis ramificações no continente. Atestou que a democracia não corre risco, que generais não governarão o país, mas que não há na lista de sucessão, ninguém confiável.

 "O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é o mais corrupto de todos", destacou. Acrescentou que a luta de classes é definitiva num país que tem 7 milhões de empregadas domésticas. Pelo conteúdo, é provável que os portugueses estejam mais informados que os brasileiros a respeito do tema.

sábado, 9 de abril de 2016

Faro - Tavira tem um castelo, escadarias, 37 igrejas históricas e apenas 27 mil habitantes. Tavira respira e transpira cultura. Álvaro de Campos, o heterônimo mais "selvagem" de Fernando Pessoa, nasceu em Tavira. A plateia do lançamento de um livro é formada por poetas, músicos e escritores. Na Casa Álvaro de Campos há livros, pinturas, souvenires e camisetas que fazem de Pessoa legítimo e merecido popstar. Porque assim devem ser tratados os poetas.

sexta-feira, 8 de abril de 2016


Virou a esquina da
Sete de Abril
e sumiu
disse que
tinha que ir embora
do Brasil
que não queria mais
ter que pagar
pra respirar.


Uma letra que comecei a escrever em São Paulo há muito anos. Como outras, é devir.

Guerra fria