Na tela (Kill Bill – Vol. 1)
Para quem conhece Anime, Electra, Mangá, Mortal Kombat, O Tigre e o Dragão, e Western Spaghetti, assistir a Kill Bill (Vol. 1) pode ser uma agradável experiência de transcendência pop. Ou um certificado de vítima da indústria cultural, dependendo do ponto-de-vista. Trata-se um filme conservador no sentido tarantinesco do termo: confirma-o a não-linearidade do roteiro, personagens doentes e a violência explícita.
Mas nada é real em Kill Bill - filme que sabe que é filme -, exceto o sentimento de vingança tão típico do ser humano. E nesse cinema pelo cinema, a ultra-violência comparece como caricatura, afastando-se da proposta de Cães de Aluguel (Michael Madsen tortura um policial) para trilhar caminhos de humor sibilino.
Quentin Tarantino - funcionário de videolocadora e freqüentador de cinemas de segunda categoria que virou cineasta - irrita quem não lhe alcança a fina ironia, mas é muito considerado no grupo dos que assistem 500 filmes por ano, lêem quadrinhos, gostam de filosofia oriental e artes marciais.
O quarto filme de QT traz movimentos de câmera abusados, referências a dezenas de filmes e HQs e uma trilha sonora tão esdrúxula quanto apropriada. E apesar da crítica média, aquela que conta todo o filme, seja por soberba ou limitações técnicas, trata-se de peça cinematográfica de indiscutível qualidade.
PS: Se você não leu Electra por Frank Miller, desconhece Mangá, nunca assistiu Akira, não jogou Mortal Kombat, não viu O tigre e o dragão nem sabe o que é western spaghetti, não se preocupe: Kill Bill tem muita ação.
Sem comentários:
Enviar um comentário