domingo, 14 de abril de 2002

Blog?

Blag.

Chavo

São Paulo- O resgate de Chávez foi muito louco. Uma brigada de paraquedistas invadiu o cativeiro, numa ilha (La Orchilla) e libertou o presidente em ação hollywoodiana. Os golpistas estão sendo presos e HC volta ao Miraflores. Não foi dessa vez, uncle Sam.

Bushada

São Paulo- Hugo Chávez havia sido seqüestrado pelos golpistas, que inventaram a história da renúncia. O cara foi levado para cinco lugares diferentes dentro do país. Loucura. Bush 2 deve estar furioso com esse milico maluco no governo do quarto maior produtor de petróleo. Mandou dizer que espera que a Venezuela tome um rumo decente: o rumo que o FMI, primeira entidade a admitir o golpe de estado, deseja.

Chav'z back

São Paulo - Incrível. Chávez voltou ao governo da Venezuela. Incrível. E nem tive tempo de escrever um post sobre o papo que tive num chat da Venezuela onde, infelizmente, havia um brasileiro dizendo que o venezuelano é um "povo inferior", formado por negros e índios. Tive vontade de matar o imbecil, descobrir o endereço dele e ensinar-lhe boas maneiras. Me enojam tais figuras. Isso é falta de escola.

Rock e/é Cultura

São Paulo - Os programas Musikaos e Alto falante, exibidos nas madrugadas de sábado na TV Cultura podem ser a salvação da TV aberta. Um horário para roqueiros casados.

Insones

São Paulo - É 1h36 da manhã e meu filho está acordado, brincando. Legal.

sábado, 13 de abril de 2002

Golpe na Venezuela

São Paulo - Militares caudilhos, ignóbeis seguidores de George W. Bush, depuseram Hugo Chávez, depois de batalha campal nas ruas de Caracas. Surpreendentemente, elegeram um civil para chefiar a nova junta ditatorial. É incrível que estejamos assistindo, em pleno século 21, a mais um golpe militar na América Latina, mais uma mancha na democracia, em nome de uma “ascese” estapafúrdia. Chávez era meio maluco mas não muito diferente da maioria do povo pobre da Venezuela, que confiou a própria vida a ele. Deposto pelos poderosos (leia-se Tio Sam), HC deve asilar-se em Cuba para assistir ao golpe de camarote.

É duro constatar mais uma vez que a tentativa de “desalinhar-se” com os donos do hemisfério pode custar caro. A “América” prevalece ,mais uma vez. E assistiremos, calados, a notícias como: “O FMI é a primeira entidade internacional a reconhecer o novo governo venezuelano”.

Como estará meu pai, na Venezuela? Ele era favorável ao Chávez. Morei seis anos naquele país, talvez os mais importantes (primeira infância). Me preocupa muito o que acontece por ali.

Rede

São Paulo - Índio na rede. Mitos digitais. Minha dissertação vem aí.

quarta-feira, 10 de abril de 2002

Branco

São Paulo - Não sei o que escrever. Tinha mil coisas para colocar aqui e de repente, nada. Branco. Era importante? Era sobre política? economia? direitos humanos? jornalismo? blog? MST? USP?

domingo, 7 de abril de 2002

Pane

São Paulo - O blogger saiu do ar. Demorou, mas voltou. Ele tem dessas.

Leio Napoleão, de Emil Ludwig.

São Paulo - Biografia do espevitado francês. Sujeitinho único, esse aqui. Parece ser o ídolo maior de Ottomar Pinto. Do nascimento em berço não-esplêndido ao exílio em Santa Helena; da volta triunfabte à decadência política, uma revisão política de uma personalidade ímpar.

Em conversa com Jair Borin, descubro que ele prefere a de biografia de Napoleão feita pelo Alexandre Dumas. Justo.

sábado, 6 de abril de 2002

Bloqueio

São Paulo - É quase uma da manhã e ainda não terminei a matéria sobre a Casa de Detenção para o Jornal da OAB. Tô com alguma trava, porque queria bolar um texto literalmente literário - consegui um pleonasmo ipsis literis -, mas pelo jeito não vou conseguir. Difícil criar alguma coisa experimental sem cair num pedantismo intelectual (porque existem outros pedantismos) que choca os defensores da pretensa objetividade jornalística.

sexta-feira, 5 de abril de 2002

Awake

São paulo -
Tenho um dia cheio daqui a pouco, mas a insônia permanece. Imnsonia remains the same.

Letras devoradas

São Paulo - Li apenas nove livros no primeiro trimestre de 2002, o que é uma média razoável, mas ainda insatisfatória. Vamos a eles:

1 - O Falador (Mario Vargas Llosa)
2 - Uma estranha realidade (Carlos Castañeda)
3 - A terceira visão (Lobsang Rampa)
4 - Trópico de Capricónio (Henry Miller)
5 - Memórias do Cárcere I (Graciliano Ramos)
6 - Memórias do Cárcere II (Graciliano Ramos)
7 - O Diário de Bridget Jones (Helen Fielding)
8 - Cheiro de Goiaba - Diálogos com Gabriel García-Márquez (Plínio Apuleyo Mendoza)
9 - O Quarto de Jacob (Virginia Woolf)


O Falador, de Llosa é uma fabulosa (palavra que tem que ser entendida em seu significado original, e não em acordo com o adjetivismo primário de nossos dias) novela movida a turning points, com aquelas mudanças radicais que nos causam arrepio, embora sem muita surpresa. O que considero uma grande vantagem, já que a surpresa pura e simples pode ser bem decepcionante, enquanto algo que anuncia-se sorrateiramente, aproxima-se com cuidado, faz ameaças e recuos e, principalmente, provoca-nos a sensação de que pode não ser o que estamos imaginando, me parece muito mais satisfatório. Não confundir com previsível.

Uma estranha realidade é o segundo livro de Castañeda, feito sete anos depois de A Erva do Diabo (odeio o título em português), que foi traduzido em mil línguas e vendeu bilhões de livros mundo afora, tornando o antropólogo de nome fake Carlos Castañeda conhecido internacionalmente. Depois de curtir os louros da fama, ela volta ao Novo México e apresenta a obra ao velho mestre don Juan, que faz pouco caso dos conceitos de fame, fortune and glory de nosso amigo - que sempre se diz violentado pelas alucinações mas não deixa de mascar peiote e viajar por outras dimensões.

A terceira visão é um livro que deixei de ler na adolescência por causa de um Edgar Allan Poe sempre à mão. Acho que fiz bem. Ou não? Rampa tem uma escrita semelhante ao passo e ao fôlego dos orientais, o que é curioso. Assim como suas descrições cruas de rituais místicos tibetanos e de seu pouco caso com a morte. Comprei Entre os monges do Tibete, mas este é o último da trilogia que começa em A Terceira visão. Falta-me O médico de Lhasa.

Trópico de Capricórnio não merece comentários. Leiam. Se posso dizer qualquer coisa sobre esse livro é que talvez ele seja o tipo de obra que nós, espirantes a escritor, planejaremos durante toda uma vida e talvez venhamos a morrer sem fazê-la. Cru, amoral, machista, despótico, autêntico, sem freios. Li uma edição dos anos 60, com uns poucos grifos feitos pelo leitor da época, nas primeiras páginas. Depois não há mais grifos, provando que o livro conta mais sobre sua vida do que você possa imaginar. Encontrei milhões de motivos. Mas não fiz nenhum grifo.

As Memórias do Cárcere aqui consideradas como dois livros por imposição da Editora José Olympio, nessa edição do começo dos anos 70. Pungente. O cara é bom em descrições estóicas e, por incrível que pareça, muito pouco auto-comiserativas. Rachel de Queiroz, Nise da Silveira, José Lins do Rego, Jorge Amado, Olga Prestes e Sobral Pinto, entre outras figuras ilustres, obscuras e excêntricas, aparecem nas suas 676 páginas (373 do primeiro mais 303 do segundo volume). Só para abusar do lugar-comum, é o retrato de uma(s) época(s).

O Diário de Bridget Jones é um dos best-sellers do momento, mas não quer dizer que seja ruim. Humor inglês despretensioso, até meio novaiorquino, numa mescla de Woody Allen e Mike Leigh em comédia shakesperiana dirigida por Kenneth Branagh. Ou também pode não ser nada disso. Um livro mulher. Uma livra.

Cheiro de Goiaba, frase que não aparece no livro, é creditado a Gabriel García Márquez mas na verdade é de Plínio Apuleyo Mendoza, amigo íntimo de Gabo e autor de singela biografia desse colombiano-maluco-parecido-com-meu-pai. Altas revelações sobre técnicas literárias e superstições do Caribe.

O Quarto de Jacob marca o início da fase experimental de Virginia Woolf, com seu belo texto poético estilhaçado em mil pedaços, esculpindo personagens incompletos, omitindo emoções que depois são exteriorizadas violentamente. Uma saraivada. Grande livro. Um trecho, na página 80: "Ou somos homens ou somos mulheres. Ou somos frios, ou somos sentimentais. Ou somos jovens, ou estamos envelhecendo. Em qualquer caso, a vida não é senão uma procissão de sombras, e sabe Deus por que as abraçamos tão avidamente e as vemos partir com tal angústia, já que não passam de sombras."

Do inferno

São Paulo - Hoje visitei o inferno. Era um sonho antigo. Estive nos pavilhões 6 e 8 da Casa de Detenção, que está sendo desativada, numa pauta para o Jornal do Advogado. Percorri aquelas celas vazias sentindo uma apreensão previsível e uma energia ruim que já era esperada. Fotos, livros, documentos, cadeiras, espelhos quebrados, copos, muletas, solidão.

Percebi, entretanto, que além do cheiro de comida podre, de madeira encharcada, das manchas nas paredes infiltradas, dos grafites, das fotos de mulheres das revistas pregadas nas paredes e do miado dos gatos abandonados, que ali (ainda) reina uma atmosfera de desesperança, ódio, violência e sangue.

segunda-feira, 1 de abril de 2002

Saudades

São Paulo - De Porlamar, Ciudad Bolívar, Juan Griego, Santa Elena, a estrada litorânea até Güiria, Georgetown, Paramaribo... Quanta coisa se perde nestas latitudes.

Março já era

São Paulo
Que venham os próximos. Gosto de março. Um pouco quente, mas gosto. Andréa deprê, não consegue adiantar a dissertação.

quinta-feira, 28 de março de 2002

Green is the colour

São Paulo - O show de Roger Waters foi demais - não sei porque estou escrevendo isto somente hoje, talvez porque seja uma daquelas desculpas do tipo "ainda estou avaliando tudo o que aconteceu", e como não consigo pensar em nada que justifique tal atraso, que avilta a instantaneidade dos blogs, atrasa a apressada apreciação jornalística, "esfria" o assunto etc, vamos nessa. Como diria Dustin Hoffman, definitivamente valeu a pena gastar os últimos trocados com o ingresso mais barato. Mr. Waters (sir?) causou arrepios, executando as mais belas canções jamais feitas: Dogs, shine on you crazy diamond, in the flesh, another brick in the wall, pigs on the wing.... Incrível.

sábado, 23 de março de 2002

Tudoaomesmotempoagora

São Paulo - O que estive fazendo, para não atualizar o blog? Seu Walmor, avô da Andréa, morreu. Reencontro meu filho depois de três semanas (ele em Rondônia, eu no Rio Grande do Sul). Fui a Roraima, onde fiquei cinico dias, desconhecendo amigos e paisagens, passeando de barco pelo rio Branco, revendo Nagisa, despedindo-me dela, de minha mãe, tomando um ônibus e conversando com senhora evangélica que acredita que todas as bandas de rock firmam contratos com o demônio, descolando quem se dispusesse a viajar de Presidente Figueiredo (AM) a Manaus de táxi, chegando em cima da hora, pegando vôos pinga-pinga por toda a Amazônia, voltando para São Paulo, revendo Liu e Andréa e a USP e o pessoal da OAB-SP para quem faço uns frilas, voltando ao normal, descomprimindo, aterrissando, slow, slow, slow.

Malditos hackers

Boa Vista - Alguém descobriu minha senha e escreveu uma mensagem no blog, dizendo que se fosse pessoa de má índole teria detonado minhas palavras etc. Nenhum dano aparente. Agradeço ao hacker de bom coração.

sábado, 9 de fevereiro de 2002

Périplo

São Paulo - Estive em Porto Alegre e em Capão da Canoa, depois subi o litoral até Torres, fui de carona até Sombrio (SC), de lá até Araranguá e de Araranguá a Criciúma. De Criciúma peguei um ônibus pra São Paulo, onde chego são e salvi ao Terminal do Tietê

terça-feira, 5 de fevereiro de 2002

Sombra e Água Fresca

Capão da Canoa - Recebido com honras de estado por Rafael Francez e a família, passo dias agradáveis no litoral gaúcho. Há um turismo interno considerável. E muitos argentinos, que aproveitam os últimos dias de câmbio favorável para comprar tudo em dupla. "Dame dos", ainda dizem, mas dizima mais no verão passado. Capão da Canoa é agradável. Atrai a juventude nos finais de ano e a terceira idade depois das férias escolares.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2002

Espiões

Porto Alegre - Segundo o hacker, minha senha foi encontrada num provedor do Rio Grande do Sul (Via RS). Nunca usei. Gozado.

domingo, 3 de fevereiro de 2002

Mensagem de um hacker

Porto Alegre -

véio, naum deixa a tua senha exposta aqui na via-rs.
qualquer pessoa como eu pode entrar e bagunçar (coisa que eu naum faço)

teliga!

abração.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2002

Tempo esgotado para o uso do chat

Porto Alegre - Muita gente na fila e eu escrevendo posts feito louco, garantindo a instantaneidade que o Blog merece. As monitoras estão de olho, e uma já me deu um aviso. A outra olha feio pro lado de cá. Há uma senhora da terceira idade querendo usar o computador, argumentam, mas ninguém me tira daqui vivo. Ttem alguém segurando meu braço. Solta. Solta. Ei, pára com isso. Me larguem. Me larguem! Ok, vocês venceram. Novas informações solamente mañana.

Ágora

Porto Alegre - Um ponto em comum em algumas das pessoas com quem tenho conversado no fórum é a crítica ao... fórum, como se, pelo exercício da crítica à estrutura que lhe permite ter acesso aos contatos de que precisa para divulgar sua ideologia, estivesse a redenção da filosofia pessoal. O uruguaio Mauro e o pernambucano Rodrigo que o digam. Rodrigo é absolutamente contra a reunião, "que será comandada por um punhado de ONGs". Pretende protestar.

Sobre comida e calor

Porto Alegre - A comida está racionada. O rango é caro e tão prejudicial para as mentes e corpos dos consumidores quanto o álcool proibido, que circula livremente. Há uma expectativa de que vá chegar alimentação natural a qualquer momento, nesse acampamento da juventude. Por enquanto, Porto Alegre é um inferno de calor.

Fly on, little wing

Porto Alegre - Ontem "naveguei" entre a multidão, flanando como Leopold Bloom, encontrando um respeito impressionante às diferenças tribais. Ficava com um grupo, depois partia com alguns deles noutra direção, mudando de companhia naquele ponto e ficando por ali até encontrar novamente outra galera. Pessoas dançando, uma fogueira, punks reunidos, mulheres de vestidos longos carregando crianças, sexagenários cabeludos, duas bicicletas, pessoas cantando, pessoas conversando, pessoas. Um eremita na multidão.

Informação

Porto Alegre - Pretendo melhorar minha logística com o jornalzinho (desatualizado) que acabei de receber na recepção, mas acho que ainda vou perder muitas palestras nessa PUC-RS.

Na PUC-RS é tudo belezinha, grandes auditórios que são verdadeiros cinemas, chão brilhando, pintura nova. Um shopping-center.

Paçoquinha

Porto Alegre - Paçoquinha, que me apresentou aos punks, tem uns 17 e responde a processo por estar na rua depois da meia-noite. Vende adesivos anarquistas e foi assediado por anarquistas do movimento internacional, que buscam arregimentar anarco-punks em fóruns sociais vez em quando. Comprei-lhe uns adesivos malucos sobre o holocausto nuclear - "melhor sermos ativos hoje que radiativos amanhã" - e sobre política - "Una-te pelo fin (sic) da exploração. Vote nulo".

Passo Fundo Anarchy

Porto Alegre - O punk que conversa comigo diante da venda de camisetas de protesto (12 reais) é de Passo Fundo, onde o movimento atualmente ficou restrito a uma meia dúzia de pessoas. Nos anos 80 eram mais de 20, que apanhavam mesmo da polícia, mas com o passar do tempo, os brigadianos foram se acostumando com os caras e já não esquentam mais com eles. O cara fala (e cospe) um monte, o que é bem punk. Filosofia de vida. Muito respeito.

Deep Step Punks

Porto Alegre - Enfim, coisas estranhas acontecem, como a palestra "Amazônia, a revolução vivida hoje", que mudou de andar. Enquanto isso, descubro que, pela quantidade de índios do lado de fora, jamais vou conseguir assistir à oficina "Terras Indígenas: Demarcação, lutas", um estudo regional feito em Passo Fundo (RS). Falsar em Passo Fundo, descubro que há punks por lá. Seriamo os Deep Step Punks?

Chomsky

Porto Alegre - Asssisto a palestra de Chomsky lotadíssima. Ele diz coisas que queremos ouvir.

"A tecnologia em geral é totalmente neutra: um martelo pode ser utilizado por um carpinteiro para construir uma casa ou por um torturador para esmagar a cabeça de alguém; o martelo não se importa", por exemplo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

Malditos ladrões!

Porto Alegre - Deixei minha toalha de bobeira no varal coletivo e agora preciso de uma nova. Fui roubado. Que falta de respeito. Me disseram que toda a marginália de Porto Alegre se misturou aos particpantes do Fórum Vou até a Loja das Noivas e compro toalha nova, gastando uma grana que poderia ser melhor aproveitada. Humpf.

Tiroteio Antártico

Porto Alegre - Muito interessante o nome desta banda de Porto Alegre: Astronauta Pingüim e os Baleados.

Caminho contrário

Porto Alegre - Epnogoha fica agradavelmente surpreso ao saber que vim "da floresta" e que meu trabalho tem a ver com os problemas indígenas. Gosto de saber que esse cara, que largou a cidade para virar brujo e cuida, junto com o mexicano Oscar da fogueira mística, pensa de forma semelhante a este blogueiro (pesquisador de ciberativismo, caçador de respostas para essa desorganização mundial, prescrutador dos dominios virtuais em busca de cidadania planetária, teoórico do ativismo digital) que é, ao mesmo tempo, pesquisador e objeto num tal modelo de investigação participante.

Arte Engajada

Porto Alegre - Tomo três rodadas de chimarrão com um grupo de moradores de rua de Porto Alegre que está fazendo uma exposição com arte feita de material reciclado.

Pai

Porto Alegre - Soube que meu pai está no Brasil, doente. Vai ficar alguns dias na casa da minha irmã. Faz tempo que não falo com o velho. Distâncias...

Casa

Porto Alegre - A juventude tem muitas idades. Sabemos disso ao ver esses jovens de várias idades circulando por aqui. A juventude fica instalada em algumas pessoas ad aeternum, porque nelas reside o vírus do otimismo. Se acreditamos, permanecemos jovens. E o acampamento é do tamanho do mundo.

Himmler

Porto Alegre - Ouço no rádio que no discurso de Bush 2 no Congresso foi dito que a "guerra pela liberdade" vai se estender além dos limites do Afeganistão. E por que não? Não vamos perder tempo com panegíricos a Mr. Bush, Júnior. Esse filhote da guerra fria ainda vai dar trabalho...

Invasão

Porto Alegre -
Quando cheguei ao Parque da Juventude havia pouca gente instalada, a maioria estrangeiros, que precisaram chegar mais cedo por causa de credenciamento e o MST, de quem me tornei vizinho. Mas se outrora havia grandes espaços, hoje estou cercado pela galera de Pernambuco, que discute política as 24 horas do dia. Amanhã é a palestra de abertura do fórum, com Noam Chomsky.

Ideólogos de todo o mundo, uni-vos

Porto Alegre - A organização procura atender os visitantes com comida natural de baixo custo e muitos sorrisos. Toco violão com uruguaios e discuto a eficácia do fórum com o Rodrigo, da UFPE, que é contra a nomeação de um punhado de delegados ligados a um punhado de ONGs. Brada contra o evento e contra seus financiadores - Fundação Ford, etc. -, mas admite que o estabelecimento de contatos e o intercâmbio com outros movimentos são fatores positivos.

Cidade da Juventude Carlo Giuliani

Porto Alegre - O acampamento lembra um show de rock n'roll, mas é uma aposta ideológica. Gente que quer mudar o sistema, que sabe que do jeito que as coisas estão, podemos nos inviabilizar enquanto seres humanos. Há pouca gente quando instalo minha barraca à sobra de uma árvore, próximo da barraca do MST e de uns chilenos. Os canadeneses (digo, quebequenses) estão aí já há algum tempo, ao lado de uns franceses radicais.

Parece evento de consumo, mas é anti-consumo. E se foi montada uma estrutura de consumo é porque não é possível suportar a chegada de 60 mil pessoas sem um mínimo de estrutura física, de alimentação e de logística.

Ou estou enganado ou esse é um som de um instrumento aborígine vindo daquele cara junto à fogueira. Descobrirei mais tarde que não. Trata-se de um brujo mexicano Oscar veio a pé para o Fórum. Partiu em maio do ano passado, conforme havia previsto durante o primeiro fórum. Ao seu lado, Epnogoha, que já chamou-se Sílvio, um gaúcho que descobriu-se feiticeiro durante um trabalho de preparação que durou três anos e três meses no alto da serra.

Software livre

Porto Alegre - O horário é restrito e o tempo é curto, mas o serviço de chat do Fórum Social Mundial funciona. Uma fila querendo usar o computador atrás de mim. Os softwares originais instalados nessa rede, conflituam com os slogans das camisetas propondo o Software Livre.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

À pampa

Porto Alegre - Chego alquebrado nestas paragens meridionais. Finalmente, o Fórum Social Mundial. Ônibus sucks.

terça-feira, 29 de janeiro de 2002

Longe demais das capitais

Porto Alegre - Chego a uma cidade quente, ígnea, magmática. Suo aos litros enquanto penso que deveria ter vindo conhecer o Sul no inverno. Vim num ônibus muito pouco confortável da Viação Penha, que me deixou marcas nos discos da coluna vertebral. Conversei em inglês com uma mulher de erres russos, bálticos, eslavos, sei lá. Um erre forte, pronunciado, que leva esta gauchinha que espera o ônibus a comentar: "Bah, mas que sotaque forte tem essa mulher."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2002

Rumo ao Sul

Registro - Parti para o Terminal Rodoviário do Tietê em trânsito e calor horrendos. Não vai dar tempo de receber o dinheiro do Jornal da OAB. Chego na Sé às 13h20, na esperança de pegar o ônibus para Porto Alegre, mas ainda preciso comprar o bilhete do metrô. Os guichês estão cheios. Filas. Vou até a máquina. Fila. Faltam três. Faltam dois. Falta um, mas o cara insiste em inserir a nota dobrada, que volta repetidamente. Troco a nota para ele, que agradece e sai. No relógio, 13h23 e a máquina recusa uma moeda de 50 centavos. Depois de tentar duas vezes, coloco outra nota de 1 Real, aperto o botão do troco e espero uma eternidade. Corro para o metrô, sentido Tucuruvi, atropelando pessoas com uma mochila pesada e um violão que peguei com o Paulo Bauer. Chego à Tietê exatamente às 13h30 e torço para que o ônibus atrase. Vou até a plataforma 25, onde há três ônibus. Pergunto qual deles vai para Porto Alegre e quase entro o ônibus errado. Alguém olha pro meu bilhete e diz que tenho que pegar o que vai para Santana do Livramento, que está ali, de saída. Faço sinais. A porta abre. Porto Alegre, here i go.

Trainspotting

On the road - As estradas do interior de São Paulo estão esburacadas como as ruas da capital. Os banheiros lembram a cena do mergulho em Trainspotting. No Paraná, estradas com sinalização perfeita, pavimento de primeira e banheiros que parecem a descrição de Renton para o que ele esperava do banheiro para onde corria, constipado.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2002

Deu pra ti

São Paulo - Atenção, leitores fantasmas deste blog. Daqui a duas semanas vou à a capital mais meridional do Brasil, lugar distante e isolado nos confins de planeta, verdadeiro fim de mundo, terra de várias cores e um único sotaque, de grandes bandas de rock, bom churrasco, boa erva e gente hospitaleira. Em Porto Alegre, verei como é essa reunião de gente do mundo todo interessada em paz, solidariedade, distribuição de renda e tecnologia compartilhada.

Go!

São Paulo - Hoje o Lakers deu um PAU no Detroit Pistons. Mais de 30 pontos de diferença, com o time reserva (Horry, George, Madsen, Medvedenko e Hunt). O'Neal, Bryant, Walker, Fisher e Fox assistiram a metade final do banco.

Guerra fria