quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

Índole
Notas Políticas
Olho para a Venezuela em crise e não a reconheço, porque tendo morado lá por seis anos (durante o milagre econômico dos anos 70), a memória sobrevém à realidade. Nessa época estavam por lá Isabel Allende e Eduardo Galeano, entre outros latino-americanos que erravam pelo continente, como meu pai, que nunca mais voltou. Havia muito petróleo, muita grana circulando; eu, pequeno, passeando com meus pais à noite. Vitrines. (Quase) tudo era importado, Made in USA.

O presidente era Carlos Andrés Perez, que voltaria a governar o país entre 1989 e 1994 e seria condenado por corrupção - chegando a ficar preso. A economia desandou. O petróleo caiu, a inflação cresceu e o descontrole nas contas públicas lançou o país num caos que não é estranho à América Latina. Uma série de presidentes depois - incluindo um herói nacional, Rafael Caldera - não conseguiram melhorar a economia: até hoje o país carece de um parque industrial eficiente porque se apoiou, durante muito tempo, nos petrodólares.

O povo desesperado que elegeu Hugo Chávez presidente, espera uma revolução social pacífica, mas o messianismo não foi bem aceito pela velha burguesia venezuelana - leia-se Fedecaramas -, que com o apoio aberto dos Estados Unidos, tenta iniviabilizar um governo legítimo, que busca recuperar a economia e a auto-estima de um país belíssimo, a "pérola do Caribe".
Fora da estante
A Expedição Kon-Tiki - Thor Heyerdahl

Na vitrola
Heroin - Velvet Underground.

sábado, 14 de dezembro de 2002

Do mal
É oficial. Os Estados Unidos querem um novo governo para a Venezuela. Depois do golpe fracassado, quando o FMI ofereceu "ajuda para a recuperação econômica do país", agora o presidente norte-americano reconhece a necessidade de tirar o governo de Hugo Chávez em favor de algum candidato neoliberal. Com isto, está reconhecida a existência de um eixo do mal na América Latina (Cuba, Venezuela, Equador e, quem sabe, Brasil), além do eixo do mal no Oriente Médio (Iraque, Irã, Arábia Saudita, Síria e Líbia) e o recentíssimo, mas não menos preocupante eixo do mal norte-coreano. Alheio a tratados internacionais de autonomia e confiante nas tecnologias de informação e bélicas (já não são a mesma coisa?), o bushismo encena uma guerra global.

terça-feira, 10 de dezembro de 2002

Sociais

São Paulo - Raimundo Siqueira, que não consegue telefonar ou enviar e-mails da fria Londres ("sabe como é, muitos compromissos em Oxford, Cambridge...") chega a São Paulo para curta temporada. A ele, que é jornalista, dedicamos o post abaixo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2002

Vida de jornalista
1) Você trabalha em horários estranhos (que nem as putas!)
2) Te pagam pra fazer programas (que nem as putas!)
3) Seu trabalho sempre vai além do expediente (que nem as putas!)
4) Você é recompensado por entreter e proporcionar prazer (que nem as putas!)
5) Seus amigos se distanciam de você, e você só anda com outros iguais a você (que nem as putas!)
6) Seu patrão tem um lindo carro e você não (que nem as putas!)
7) Quando vai ao encontro do entrevistado, você tem de estar sempre apresentável (que nem as putas!)
8) Mas ao final do expediente, parece saído do inferno (que nem as putas!)
9) Seu chefe quer sempre pagar menos e quer que você faça maravilhas (que nem as putas!)
10) Todo dia, ao acordar, você diz: "NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA FAZENDO ISSO" (que nem as putas!)
11) Se as coisas dão errado, é sempre culpa sua (que nem as putas!)
12) Apesar de tudo isso, você trabalha com prazer (que nem as putas!).

Pescado aqui.

Guerra fria