sábado, 24 de abril de 2004

Na tela (Kill Bill – Vol. 1)
Para quem conhece Anime, Electra, Mangá, Mortal Kombat, O Tigre e o Dragão, e Western Spaghetti, assistir a Kill Bill (Vol. 1) pode ser uma agradável experiência de transcendência pop. Ou um certificado de vítima da indústria cultural, dependendo do ponto-de-vista. Trata-se um filme conservador no sentido tarantinesco do termo: confirma-o a não-linearidade do roteiro, personagens doentes e a violência explícita.

Mas nada é real em Kill Bill - filme que sabe que é filme -, exceto o sentimento de vingança tão típico do ser humano. E nesse cinema pelo cinema, a ultra-violência comparece como caricatura, afastando-se da proposta de Cães de Aluguel (Michael Madsen tortura um policial) para trilhar caminhos de humor sibilino.

Quentin Tarantino - funcionário de videolocadora e freqüentador de cinemas de segunda categoria que virou cineasta - irrita quem não lhe alcança a fina ironia, mas é muito considerado no grupo dos que assistem 500 filmes por ano, lêem quadrinhos, gostam de filosofia oriental e artes marciais.

O quarto filme de QT traz movimentos de câmera abusados, referências a dezenas de filmes e HQs e uma trilha sonora tão esdrúxula quanto apropriada. E apesar da crítica média, aquela que conta todo o filme, seja por soberba ou limitações técnicas, trata-se de peça cinematográfica de indiscutível qualidade.

PS: Se você não leu Electra por Frank Miller, desconhece Mangá, nunca assistiu Akira, não jogou Mortal Kombat, não viu O tigre e o dragão nem sabe o que é western spaghetti, não se preocupe: Kill Bill tem muita ação.

quarta-feira, 21 de abril de 2004

Sem título
Era uma vez um partido tão democrático que cada membro tinha opinião própria. Jamais chegaram a um acordo.

quinta-feira, 15 de abril de 2004

Sem título
Ele queria escrever. E escreveu. Mas escreveu sobre não ter o que escrever,
como sempre fazem os que escrevem.

quinta-feira, 8 de abril de 2004


Smells like teen spirit
Há 10 anos Kurt Cobain se matava em Seattle, encerrando mais cedo os anos 90. O que viria depois no rock, de Radiohead a Smashing Pumpkins, de Beck Hansen a Belle and Sebastian, de Pizzicato Five a Coldplay, já encerrava um pouco do que ouvimos agora, nos 2000. Estou no time dos que acham que o Nirvana foi a salvação do rock nos anos 90, mas não culpo a geração anterior (Smiths, The Cure, Jesus and Mary Chain, Echo and the Bunnymen, The Cult, U2...) ou a atual (The Hives, The Vines, The Strokes, White Stripes, Kings of Leon) pela ausência de ícones. Talvez Cobain, imolado pelo maisntrean, fãs obtusos, depressão e drogas represente exatamente isso: o fim dos heróicos anti-heróis do rock n' roll.

terça-feira, 6 de abril de 2004

Réquiem
Ao professor Octavio Ianni, que morreu no domingo e reunia agudeza intelectual com afetividade, ativismo com temperança e muito colaborou na conclusão da minha pós-graduação. Suas sugestões ajudaram meu Índio na Rede a encontrar equilíbrio entre a sociedade da informação e o pensamento selvagem.

segunda-feira, 5 de abril de 2004

Cidadania
Para doações em dinheiro às vítimas do Catarina: Banco do Brasil (agência 3226-13 ­ conta-corrente 7.285­0) e BESC-Banco do Estado de Santa Catarina (agência 0680, conta-corrente 802.500-5).

terça-feira, 30 de março de 2004

Pelo telefone
Os grupos Telefônica, Telemar e Brasil Telecom uniram-se no Consórcio Calais para comprar a Embratel da falida MCI. Cobriram a oferta da Telmex argumentando que o consórcio é nacional (tem nome de cidade portuária da França), que o negócio será o melhor para o Brasil etc. A intempestiva reunião das gigantes da telefonia guarda o vírus do oligopólio, já visível na reduzida diferença entre preços nos serviços e a falta de transparência nas tarifas cobradas por cada empresa. A Telmex pode ser estrangeira, mas nenhuma das que já dividem os lucros da telefonia brasileira é genuinamente nacional. A entrada de novo grupo pode, eventualmente, evitar a disparada dos preços que essa estranha união de "concorrentes" pode provocar. A Anatel precisa exercer um papel pró-consumidor.

Guerra fria