quarta-feira, 8 de setembro de 2004
Candidatos a vereador
Zé da Vó
Maria Alice do Foto Ásia
Arapinha
Dé Pasteleiro
Vicente Formigão
Divino da Babilônia
Dário Camelô
Antero Padeiro
Peroba
Moisés Trocador
Gilberto Examinador
Francisco da Telemensagem
Pateta
Careca da Água Mineral
Padre Pintor
Tião Pega Lobo
Paçoca
Geralda Mãe dos Trigêmeos
terça-feira, 7 de setembro de 2004
domingo, 5 de setembro de 2004
Redução de danos
A Revista MTV de agosto traz uma matéria polêmica e necessária sobre um tema presente no cotidiano, nas escolas, nas ruas, nas boates: o uso de drogas atinge muitas famílias, mas é obscurecido por razões legais, religiosas, políticas. No centro da questão, a proposta da redução de danos, que provocou queda substancial nas infecções por HIV por usuários de drogas injetáveis mesmo sendo tratado como estímulo à estupefaciência pelo nem sempre lúcido Ministério Público.
A conclusão, quase nunca compartilhada pela sociedade, é de que dependentes de drogas não são criminosos, mas podem ser vítimas. E que precisam ter os riscos à saúde minimizados sem necessidade de intervenção policial.
Para pais, filhos, educadores e consumidores é material valioso, principalmente as dicas sobre redução de danos para usuários de drogas leves, injetáveis e sintéticas. Alguns trechos:
"Não há como consumir drogas sem correr riscos. Simplesmente pelo fato de que não existe droga inofensiva à saúde física e mental." Fernanda Mena, jornalista, autora da matéria.
"As propostas de erradicação das drogas parecem vindas de alguém que tomou um ácido. Não é possível que, em sã consciência, alguém acredite que isso vá acontecer." Fábio Mesquita, coordenador de DST e Aids da Cidade de São Paulo.
"Quem usa drogas pode até se matar. E pode ter problemas com a justiça, com o traficante, com a saúde, com a polícia, com a família, com a conta bancária e com o trabalho." Paulo Giacomini, coordenador de redução de danos do Centro de Convivência É de Lei.
"O que causa maior dano é a criminalização da droga". Maria Lúcia Karam, juíza aposentada
"A legislação brasileira parece ainda pouco adaptada a esta realidade. Mais do que isso, ela dá sinais de esquizofrenia: delibera que usar droga não é crime, mas que portá-la é um passaporte para a prisão com anos de validade". Fernanda Mena.
quinta-feira, 2 de setembro de 2004
segunda-feira, 30 de agosto de 2004
Na tela
Na tela
Divinópolis - Cazuza é um bom filme, mas não atinge a excelência cinematográfica de um Oliver Stone em The Doors. A espera por uma superprodução tupininquim continua a frustrar os cinéfilos mais exigentes e lembra a cobrança ostensiva por um desempenho impecável dos atletas brasileiros em Olimpíada ou Copa do Mundo, como se a perfeição pudesse ser alcançada todos os dias. Não é.
A participação da TV Globo gerou os padrões de qualidade esperados, mas esmaeceu a direção de fotografia e criou clima folhetinesco. O figurino poderia ser melhor, assim como a direção de arte. Nada disso entretanto, comprometeu o trabalho de adaptação do livro Só as mães são felizes, de Regina Echeverría. O filme, pode-se dizer, é o livro em formato audiovisual.
O melhor de Cazuza é a interpretação do ator Daniel Oliveira, que incorporou os gestos, o riso debochado e a empáfia do jovem poeta morto pela Aids aos 32 anos, no auge da carreira. Cazuza cantou um país desconjuntado, com o egoísmo dos filhos únicos, o hedonismo dos poetas e a paixão da juventude. Suas letras foram interpretadas pelos maiores nomes da música brasileira. Sua mensagem, misto de crítica cruel e prazer sem culpa, soa eterna.
PS: Gean Queiroz (Joca), parceiro em várias canções do Carolina Cascão, faz uma ponta.
quinta-feira, 26 de agosto de 2004
quarta-feira, 25 de agosto de 2004
terça-feira, 24 de agosto de 2004
sexta-feira, 20 de agosto de 2004
Salve o Ministério Público
Um Ministério Público independente é fundamental para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais. A Justiça brasileira já contribuiu o suficiente com o crime organizado nos últimos anos, fornecendo pessoal especializado como os juízes Nicolau dos Santos Neto e João Carlos da Rocha Mattos. O primeiro comandou um esquema de superfaturamento nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo , deixando o prédio uns 50 milhões de Euros mais caro. Cumpre prisão domiciliar. Rocha Mattos negociava sentenças e livrava grandes criminosos da cadeia por quantias generosas e alguns eletroeletrônicos. Está preso e promete entregar mais bandidos de toga e distintivo.
A Transparência Brasil está coletando assinaturas contra a nefasta atitude do STF de limitar os poderes de investigação do Ministério Público. Leia o Manifesto e assine.
terça-feira, 17 de agosto de 2004
On the road
On the road
Esta cidade faz parte da História da Ciência graças a Carlos Chagas, que nasceu aqui em 1879 e tornou-se o único cientista do mundo a identificar uma doença (Mal de Chagas), descobrir-lhe o inseto hospedeiro (Barbeiro), o agente causador da enfermidade (Tripanosoma Cruzi) e o tratamento. Chagas trabalhou com outro grande pesquisador, Oswaldo Cruz, cujo sobrenome serviu para batizar o protozoário, numa homenagem do amigo oliveirense.
segunda-feira, 9 de agosto de 2004
Pobre Diabo
Não pretendia nada que não fosse diabólico, afinal não abria mão de ser ele mesmo. Ao mesmo tempo deveria pegar leve pra não ser politicamente incorreto. Queria seu espaço, mostrar que era perfeitamente possível a convivência de beatas, putas, maconheiros, políticos, blasfemadores...
quarta-feira, 4 de agosto de 2004
Mudança 3
A economia local é baseada na indústria de vestuário e siderurgia. Depois da capital e de Juiz de Fora, Divinópolis é a cidade com melhor desempenho na economia mineira. Os índices sócio-econômicos são muito bons. As ruas são arborizadas, o trânsito tranqüilo, a poluição controlada e as pessoas amáveis: Se estão indo, dizem "fica com Deus". Se ficam, dizem "vá com Deus". Se estão falando, não são interrompidas. Se estão ouvindo, não interrompem. Se oferecemos chocolate ao cavalo da charrete, o condutor aceita com um sorriso.
Divinópolis rulez.
Mudança 2
Ao ver as caixas de livros pelo escritório lembro de um texto chamado Ex Libris, que escrevi há alguns anos numa outra mudança, em que lembrava Walter Benjamin e seu "Desempacotando minha biblioteca". Abrir caixas de livros, mesmo que sejam seus velhos livros, é sempre um parto. É como trazer novamente à vida velhos vampiros fossilizados da literatura e das ciências.
Mudança
segunda-feira, 2 de agosto de 2004
Uma canção
(Zé Da Luz/Cordel Do Fogo Encantado)
Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empareasse
Se juntim nóis dois vivesse
Se juntim nóis dois morasse
Se juntim nóis dois drumisse
Se juntim nóis dois morresse
Se pro céu nóis lá subisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse
pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tavés que nóis dois ficasse
Tavés que nóis dois caísse
E o céu furado arriasse
e as virgi toda fugisse
quarta-feira, 28 de julho de 2004
terça-feira, 27 de julho de 2004
Pensamentos de rodoviária
quarta-feira, 21 de julho de 2004
Poster-busters: uma idéia a ser seguida
"Somos apartidários e retiramos propaganda de qualquer candidato. Certamente passaremos a incomodar os caras e a a população vai perceber que é sacana esse gesto de sujar a cidade para tentar se eleger. Temos a Democracia a nosso favor. É maravilhoso olhar uma rua por onde passamos e limpamos. E também receber os elogios dos passantes, que dão uma buzinada ou ficam simplesmente admirando", diz a Lilian.
A ação já aconteceu na Zona Leste (av. Paes de Barros), Oeste (Pinheiros, rua Henrique Schaumann) e imediações do Hospital do Servidor Público (Zona Sul). Hoje de madrugada tem mais. Lilian, estivesse aí e certamente participaria da ACC. Coisas assim provocam a pouco crível saudade de Sampa.
PS: Colabore, cidadão. Crie seu próprio grupo de caça à sujeira da propaganda eleitoral.
segunda-feira, 19 de julho de 2004
Ame-o ou deixe-o
sexta-feira, 16 de julho de 2004
terça-feira, 13 de julho de 2004
Dia do rock
sexta-feira, 9 de julho de 2004
Micronações
E os sites de maledicência contra tipos insuportáveis (Casas Bahia, Galvão Bueno)? Tem os que homenageiam RPG, O Senhor dos Anéis e Harry Potter, com vocabulários específicos e herméticos. Há os codificados com a escrita semiótica dos chats que lembram idiomas falados pelo C3PO. E há os blogs adolescentes, cheios de dolls e temas de importância universal, como a última ida ao cabeleireiro.
Mas nada se compara em matéria de estranheza ao fenômeno das micronações. Nesses ambientes virtuais, cidadãos criam personas, instituições públicas e governam seus reinos de pixel com dedicação de estadistas, ampliando o espaço nos discos rígidos que sustentam a ciberesfera e, claro, a lentidão da rede. Mas quem não contribui para o grande engarrafamento virtual que atire o primeiro mouse.
Nas micronações, os internautas podem atuar em profissões diferentes das que exercem na realidade. Participam da administração do país, caso dos funcionários públicos e candidatam-se a eleições, desde que tenham partido político. Os partidos, por sua vez, devem ter sítio próprio. Para fundar uma micronação, basta ter um computador, hospedagem gratuita e perfil de estadista.
Vejam um trecho da história da Monarquia Hereditária de Brunão, que subsiste em uploads feitos de Curitiba:
A História de Brunão remonta (sic) os tempos da Guerra do Golfo (1991), quando um menino com ainda 5 anos sonhava fundar seu próprio país. Mais adiante (10 de outubro de 1996) é criado um país com o nome de Monarquia Hereditária de Brunão que existe até hoje, tendo como rei Vossa Alteza Real Rei Bruno Quadros e Quadros. O brunaíno é um idioma artificial que está sendo desenvolvido pelo Rei e procura ter raízes portuguesas, inglesas, romenas, célticas, vikings e gaélicas.
A veterana Pasárgada tem versões em português, inglês e espanhol e possui estrutura administrativa impécavel, com cantões (Éfaté, Icária, Inverness e Sloborskaia) e constituição própria:
Verdadeiro ícone do sentimento democrático Pasárgado, a Constituição define Pasárgada como "um estado social e democrático de Direito, que tem como valores superiores de seu ordenamento jurídico a Liberdade, a Justiça, a Igualdade e o Pluralismo político", onde "a soberania nacional reside no Povo Pasárgado, do qual emanam todos os poderes do Estado".
Outras, como a Comunidade Cecília, cansada de nações virtuais autocráticas, tem propostas mais ousadas:
Diferente de algumas micronações, temos como objetivo fazer com que os cidadãos pensem sobre a própria sociedade do mundo real. Pensem e, se acharem algo de errado, que façam alguma coisa.
Alguns links:
Micro-Nations
Reino Unido de Portugal e Algarves
Reino Unido de Sayed
Reino da Normandia
quinta-feira, 8 de julho de 2004
terça-feira, 6 de julho de 2004
terça-feira, 29 de junho de 2004
Leio A artista do corpo, de John Delillo
segunda-feira, 28 de junho de 2004
America
Do livro Detonando a Notícia, do jornalista norte-americano James Fallows, p. 172
domingo, 27 de junho de 2004
Imagens
quinta-feira, 24 de junho de 2004
quarta-feira, 23 de junho de 2004
Textos sem autor
Seriam descendentes dos desafetos de James Joyce os autores das cartas escatológicas que tentam lhe copiar a fleuma? Seriam separatistas os responsáveis pelos textos falsos atribuídos a Luís Fernando Verissimo?
Teria sido Sérgio Brito (Titãs) o autor de versos moribundos atribuídos a Jorge Luís Borges? Que fundamentalistas escreveram as mensagens piedosamente cristãs atribuídas ao pouco religioso Gabriel García-Márquez?
segunda-feira, 21 de junho de 2004
São Paulo
domingo, 20 de junho de 2004
O mundo é pequeno?
O mundo é pequeno
São Paulo - O mundo acadêmico é. Ontem encontrei no Terminal Tietê (eu chegando a São Paulo, ele saindo de) o pesquisador da Embrapa, especialista em orquídeas, Joaci Freitas. Joaci faz doutorado ardido em cidade de nome doce, Jaboticabal. Está pesquisando o DNA de uma espécie de pimenta nativa de Roraima, que os índios usam imemorialmente. Permanece, no entanto, fotografando e pesquisando Cattleyas violaceas e outras espécies de orquídea do Norte e do Sudeste. Nos velhos tempos de minha banda, Carolina Cascão, Joaci recebeu-nos em casa para uma turnê Brasil-Venezuela marcada por muita sede e rock n' roll.
quarta-feira, 16 de junho de 2004
Bloomscentury
Há cem anos ocorria o Bloomsday.
Para entender, leia o Ulisses de James Joyce. Mas depois... sua vida será outra, com você pensando de forma multifacetada, querendo escrever complicado só pra sentir o gostinho, com idéias revolucionárias sobre arte e estética. Depois ficará surpreso com a memória das coisas, a organização interna das gavetas, o orgulho nacional e achará que conhece a loquaz Molly Bloom. Depois descobrirá que a vida é menos complexa, que dá pra encarar um Fernando Sabino sem perder a calma, assistir a Jay e Silent Bob, Hermes e Renato...
100 a 87
Ben Wallace nas alturas.
O abalado Los Angeles Lakers estava irreconhecível em quadra. Tinha que perder mesmo.
Sofrimento dobrado para Karl Malone, que apostou errado trocando os US$ 18 milhões de renovação com o Utah Jazz por 1/10 desse valor para jogar no Lakers.
Duelo de técnicos é um termo apropriado para a final da NBA. Ao derrotar o laureado Phil Jackson, Larry Brown (laureado de outrora) prova que no basquete, diferente da política externa, toda supremacia tem limites.
terça-feira, 15 de junho de 2004
Igualzinho
segunda-feira, 14 de junho de 2004
Do ofício
Luís Ene, escritor português em visita ao Brasil, autor dos blogs 1000 e uma e Ene coisas, de quem tomo palavras escritas aqui.
sexta-feira, 11 de junho de 2004
Sobre blogs
1 - Blogs são coleções de textos preparados por uma ou mais pessoas (podem ser pessoas preparando diferentes textos ou textos a quatro, seis mãos). Blogs são escritos.
2 - Bloggers escrevem blogs. Logo, bloggers são blogueiros e blogs são blogs. Blogs normalmente são diários, mas também podem ser semanários, bissextos, hebdomadários...
3 - Blog não é blig ou blogger. Chamar aos blogs dessa forma equivale a chamar lã aço de Bombril e lâmina de barbear de Gillette. Blogs são blogs. Ponto.
4 - Blogs podem ter ferramentas auxiliares, como os sistemas de comentários, o Blogchalking, o Blogtree e os contadores.
5 - Sistemas de comentários são formas instantâneas de comunicação entre bloggers (ou blogueiros) e seus leitores (que também podem ser blogfans ou blogfreaks). São ferramentas democráticas que os jornais, por exemplo, não têm coragem de instalar.
6 - Blogchalking é um sistema de classificação geográfica criado por um brasileiro, o Daniel Pádua. A idéia é identificar o blogger (blogger é o blogueiro, não o blog) por cidade e até por bairro. Assim pode-se descobrir quem bloga na sua vizinhança. Aquele bonequinho na coluna à esquerda indica que sou um indivíduo do sexo masculino com idade entre 31 e 35 anos (quando comecei estava noutra faixa etária), morador de São Paulo, bairro Butantã, que passa cerca de 40 por cento do seu dia conectado à rede (um exagero, mas os índices disponíveis são 20, 40, 60 e 80 por cento).
7 - Os contadores registram o números de visitas à sua página, mas também registram a origem dos acessos (o país e em alguns casos a cidade), o sistema operacional dos computadores que abrem seu blog mundo afora (já fui lido em 76 países!) e o endereço IP, caso destas e-pístolas.
8 - Blogtree é um serviço criado no MIT (Massachussets Institute of Technology) que estabelece uma espécie de genealogia blogger. Funciona assim: você cria uma conta gratuita, inscreve-se e identifica que blogs influenciaram na criação do seu. Este aqui, por exemplo, foi inspirado no Internetc, no Taperouge e no Metafilter. Da mesma forma, influenciou no surgimento do Canaimé, que por sua vez inspirou o Laranja Podre. Assim, o e-pístolas é tão filho do Metafilter quanto este é bisavô do Laranja Podre.
9 - Ninguém é obrigado a adotar tais ferramentas, mas sabe-se que um blog é mais blog se não está isolado. Um blog só é blog se está numa rede, como seus correspondentes humanos em sociedade.
10 - Blogs podem ser meros depositários de devaneios pessoais sem nenhuma importância para o coletivo humano ou podem contribuir para a discussão de temas socialmente relevantes, como a guerra, a arte ou a arte da guerra.
11 - Nao convém publicar a própria foto num blog. Elas podem ser usadas em montagens obcenas ou ilustrar os posts dos seus inimigos.
12 - Blogs têm um tempo de vida útil. Um dia este blog irá morrer.
quarta-feira, 9 de junho de 2004
segunda-feira, 7 de junho de 2004
quarta-feira, 2 de junho de 2004
quinta-feira, 27 de maio de 2004
Reflexões numa manhã de quinta-feira
Toda cidade tem uma padaria com o nome da cidade
Toda cidade tem um Hotel Plaza
Toda cidade tem uma Relojoaria Pontual
Toda cidade tem uma Drogaria Avenida
Toda cidade tem um Salão Status
Toda cidade tem uma rua com o nome de outra cidade
Toda cidade tem suscetibilidades
quinta-feira, 20 de maio de 2004
domingo, 16 de maio de 2004
Diários de Motocicleta não apela para "um certo sentimentalismo de esquerda" ao contar a história da viagem de descoberta da América Latina pelo jovem Ernesto Guevara e seu companheiro Alberto Granado. O que este road-movie (ou river-movie) propõe não é panfletário - nem poderia, dada à origem burguesa do diretor Walter Salles -, por isso não deve aumentar significativamente a venda de camisetas com a efígie do revolucionário argentino. Diários de Motocicleta é o resgate do "caminho", que muitos acreditam estar entre a França e a Espanha, ou na trilha inca que conduz a Macchu Picchu. Como diria Carlos Castaneda (ou Belchior) o seu caminho (ou seu lugar) é aquele em que você está. Lembra-nos, entretanto, que a riqueza deste continente está mais nas pessoas que nas incríveis paisagens. A bela fotografia granulada acentua o período histórico e embeleza a tela.
quinta-feira, 6 de maio de 2004
Aqui a leitura do Século 20 por seu maior especialista ocorre de dentro para fora, como se os historiadores,
avaliar e explorar um vasto território, isto é,
a capacidade de ir além das próprias raízes.
Por isso é que não podemos ser plantas, incapazes
de deixar seu solo e habitat nativo, porque
nosso tema não pode esgotar-se em um único
habitat ou nicho ambiental (p. 451)
esses maravilhosos e poeirentos examinadores tardios das idiossincrasias humanas tivessem o direito de examinar a história por meio de suas experiências pessoais. Bom, Hobsbawm tem.
do hemisfério norte são a primeira geração de
seres humanos que efetivamente viveram como adultos
antes desse extraordinário lançamento da nave
espacial coletiva da humanidade em órbitas de
inaudita revolução social. (p. 434)
A formação multicultural (nascido em Alexandria, criado em Viena, jovem comunista em Berlim, fugiu para a Inglaterra, acompanhou a guerra fria, pôs o pé na estrada nos anos 60, assistiu à consolidação do imperialismo
as pessoas como indivíduos, embora não seja
fácil resistir a sua corrupção. O que o poder faz,
especialmente em tempos de crise e de guerra,
é tornar-nos capazes de realizar e justificar
coisas inaceitáveis se fossem feitas
por indivíduos privados. (p. 150)
e o surgimento da internet...) dá a Eric Hobsbawm essa característica única dos que conviveram (e aprenderam) com diferentes povos e línguas: reconhecer-se mais membro da espécie humana que tão-somente alemão, inglês, judeu etc. Fora o fato de ter acompanhado a época de maiores transformações na história, o sinistro século passado.
Em Tempos interessantes EH trabalha com uma infinidades de autores, escolas e movimentos que exigem dezenas de leituras complementares. Assim, vamos descobrindo um E. P. Thompson aqui,
Citações de Artes e Humanidades (1976-1983)
como um dos cem autores do século 20 mais citados
em quaisquer dos campos cobertos pelo Índice. (p. 240)
um Ephraim Feuerlicht acolá,
do bureau político do PC austríaco, escreveu
um livro curto e revelador sobre a França
e editou o jornal teórico do partido. (p. 164)
mas com o tempo, a bibliografia torna-se tão numerosa que chega a comprometer a própria conclusão do livro. Sorte têm os que chegam vivos às páginas finais que retratam um período da história mais conhecido, porquanto mais recente.
Para fãs do Século 20.
sexta-feira, 30 de abril de 2004
A vantagem de assistir a um filme meses depois do seu lançamento é não carregar os críticos para a sala de cinema. Dessa forma, podemos ver esta película sobre a brevidade da vida com o espírito livre dos cadernos de cultura. Assim o merece o bom e velho cinema de autor.
As invasões bárbaras dá seqüência a O declínio do império americano, filme de 1986 cujo título dispensaria comentários se fosse óbvio. Mas não é. E as razões pelas quais não é também não serão ditas. Diga-se apenas que os dois filmes, escritos e dirigidos pelo franco-canadense Dennys Arcand são a (auto)crítica de uma certa, como diria Carlos Saraiva, vã guarda.
Excepcionalmente bem-escritos, os diálogos são a marca das duas obras, que devem ser assistidas preferencialmente em seqüência. A segunda parte apresenta o mesmo grupo de amigos reunidos à margem do lago, desta vez para encarar a doença e morte iminente de um deles.
Discussões de pais e filhos distantes uma geração, distantes alguns livros, distantes uma carteira de capitais, distantes afetivamente em intervalos de sono na narcose dos hospitais, o 11 de setembro na TV e as considerações políticas do ácido grupo de fãs de trufas e vinho - há um trecho formidável, em que Rémy e o filho atravessam a fronteira e são saudados por uma sorridente moça loura, que lhes diz "Welcome to America" e ganha em resposta: "Aleluia", "Amém".
Para professores universitários, famílias em crise e todos aqueles que amam a vita brevis.
sábado, 24 de abril de 2004
Para quem conhece Anime, Electra, Mangá, Mortal Kombat, O Tigre e o Dragão, e Western Spaghetti, assistir a Kill Bill (Vol. 1) pode ser uma agradável experiência de transcendência pop. Ou um certificado de vítima da indústria cultural, dependendo do ponto-de-vista. Trata-se um filme conservador no sentido tarantinesco do termo: confirma-o a não-linearidade do roteiro, personagens doentes e a violência explícita.
Mas nada é real em Kill Bill - filme que sabe que é filme -, exceto o sentimento de vingança tão típico do ser humano. E nesse cinema pelo cinema, a ultra-violência comparece como caricatura, afastando-se da proposta de Cães de Aluguel (Michael Madsen tortura um policial) para trilhar caminhos de humor sibilino.
Quentin Tarantino - funcionário de videolocadora e freqüentador de cinemas de segunda categoria que virou cineasta - irrita quem não lhe alcança a fina ironia, mas é muito considerado no grupo dos que assistem 500 filmes por ano, lêem quadrinhos, gostam de filosofia oriental e artes marciais.
O quarto filme de QT traz movimentos de câmera abusados, referências a dezenas de filmes e HQs e uma trilha sonora tão esdrúxula quanto apropriada. E apesar da crítica média, aquela que conta todo o filme, seja por soberba ou limitações técnicas, trata-se de peça cinematográfica de indiscutível qualidade.
PS: Se você não leu Electra por Frank Miller, desconhece Mangá, nunca assistiu Akira, não jogou Mortal Kombat, não viu O tigre e o dragão nem sabe o que é western spaghetti, não se preocupe: Kill Bill tem muita ação.
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Porto Velho - “A formação específica em cursos de jornalismo não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terce...
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Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.
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