segunda-feira, 12 de maio de 2003

Bola ao cesto
Escrevi isso nos anos 1990 e ainda acredito: não existe esporte coletivo mais emocionante que o basquete. Não existem jogadas mais rápidas, passes mais impressionantes e disputas de bolas mais acirradas que neste formidável jogo aéreo, em que a batalha acontece no ar e é difícil saber se as jogadas são mais racionais que instintivas.

No basquete, o tempo é peça-chave. Cada segundo pode significar vitória ou derrota. Inventado pelos canadenses e aperfeiçoado nos Estados Unidos, o basquete me conquistou ainda criança, com o desenho animado dos Harlem Globe Trotters. Joguei no primeiro e segundo graus como ala e embora não fosse um grande jogador, arremessava razoavelmente.

O tempo passou, o jornalismo me conquistou aos 16 e durante algum tempo esqueci o basquete, exceto pelo brilhantismo de Oscar, Pipoca e outros brasileiros bons de cesta. Em 1990 comecei a reparar no Los Angeles Lakers de Earvin “Magic” Johnson e viria a saber, no ano seguinte, que o maior ídolo do basquete norte-americano estava com AIDS. Em 1992, assisti ao Dream Team – Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Charles Barkley, David Robinson, Patrick Ewing, Karl Malone, Scottie Pippen, John Stockton, Chris Mullin, Clyde Drexler e Christian Laettner – na Olimpíada de Barcelona e voltei a acreditar que o céu era o limite.

Virei torcedor dos Lakers, mas na fase pós-Magic Johnson, em que o fenômeno Michael Jordan era absoluto. Foram seis anos de domínio do Chicago Bulls nas quadras, o que faz deste o time preferido da minha geração. Atualmente, há uma garotada torcendo para os Lakers, mas no país do futebol ainda é difícil encontrar alguém para falar de basquete.

Irônico é que no Brasil o maior incentivo para praticar o futebol é abandonar a escola – a maioria de nossos boleiros é semi-analfabeta – enquanto nos Estados Unidos o critério número 1 para entrar na NBA é ter cursado uma universidade. Embora seja uma sociedade diacrônica, a norte-americana tem a nos ensinar em matéria de mens sana in corpore sano.
2 a 2
A série está empatada. Na terça-feira e na quinta haverá jogos em San Antonio, com a torcida texana na catimba. No domingo, Kobe Bryant esteve brilhante, com vôos que lembram Michael Jordan. Shaquille O’Neal provou que algumas dezenas de quilos distribuídos em 2,16 m podem ser rápidas o suficiente para atravessar a quadra e enterrar na cesta adversária sem obstáculo aparente. Mas, verdade seja dita, não queria estar na pele dos torcedores de Dallas Mavericks e Sacramento Kings, que sofreram um bocado com a partida terminando empatada em 95 x 95, cinco minutos de prorrogação encerrando em 113 x 113 e finalmente a vitória por cinco pontos para o time de Dallas. Emocionante.

sábado, 10 de maio de 2003

quinta-feira, 8 de maio de 2003

114 a 95?!
Perdemos a batalha, mas a guerra ainda não acabou. A surra que o Los Angeles Lakers levou ontem de um excelente San Antonio Spurs ainda dói, mas a série está empatada. Amanhã o jogo é em Los Angeles. Aí eu quero ver. Mas, verdade seja dita, Tim Duncan continua insuperável e o argentino Ginobili é rápido demais para nossa marcação, que precisa (alô, Phil Jackson) de Rick Fox (por que ele está no banco?) e Samaki Walker, para dar um descanso aos combalidos Robert Horry e Derek Fisher, este último que não estava nos seus melhores dias para cestas de três pontos.

O Lakers não jogou mal. Sem dúvida, foi o melhor jogo das semifinais da conferência Oeste. O problema é que o San Antonio Spurs jogou BEM DEMAIS.

segunda-feira, 5 de maio de 2003

Obituário
A Waly Salomão
As artes brasileiras ficaram mais pobres não porque surgiu novo MC Serginho, mas porque sumiu Waly Salomão.

A Jair Borin
A primeira foi Elizabeth Callandrini, a professora da segunda série. Nos anos 90, Gigi Martins, no jornalismo pré-faculdade e Saul, que ensinava Filosofia e foi enterrado à chuva fina. Em 2002, Alexandre Borges, de comunicação comunitária e este ano Jair Borin. Além de aluno em Media Criticism, fui assistente de Borin na ECA-USP (Jornalismo Sindical), onde trocamos idéias sobre Napoleão (ele desprezava a biografia escrita por Emil Ludwig) e imigrantes suíços em São Paulo. Na nossa última conversa, um café com Paulo Moreira Leite (Época) na ECA, defini a Anistia como pacto medíocre e ele nada disse em respeito à minha insipiência. Pessoas assim estão, cada uma a seu modo, retratadas em Jack Lemon no filme A última grande lição (Cradle with rock), escrito e dirigido pot Tim Robbins, em que o velho professor ainda tem muito a ensinar. Mesmo que não reconheçamos, estamos sempre em débito com quem nos orienta para a vida.

A minha avó
Umbelina Pereira da Conceição era seu nome. Morreu em janeiro de 2002, e nunca foi mencionada aqui porque blog não é lugar para assuntos pessoais. Minha avó veio ao mundo em 1908, como Simone de Beauvoir. Não nasceu em berço burguês, não fez faculdade e muito menos mudou a história da mulher, como a intelectual francesa. Trabalhou no campo, adoeceu e morreu aos 93 anos recebendo a menor aposentadoria paga no Brasil. Sobreviveu a Beauvoir. Seus netos e bisnetos estão espalhados por várias partes do mundo: Venezuela, São Paulo, Roraima, Maranhão, Alemanha e... França. Beauvoir não deixou descendentes.

quinta-feira, 1 de maio de 2003

quarta-feira, 30 de abril de 2003

Inteligência emocional
Todo meu amor a Andréa Cattaneo, que hoje na USP tornou-se mestre em Ciências da Comunicação. Pois que mestre já era, na ciência do meu coração.
Li
B. B. King: Corpo e alma do blues - David Ritz e B. B. King
Vida e obra do rei do blues, das plantações de algodão do Mississipi a chá com a rainha da Inglaterra. Um trecho:

Espremo os olhos, abro a boca, ergo as sobrancelhas, jogo a cabeça para trás e sabe Deus o que mais. Parece que estou sendo torturado, mas na verdade estou em êxtase. Não faço isso porque quero. Cada fibra do meu corpo está vibrando. As notas atravessam meu corpo e fazem cócegas em minhas entranhas.

É King pra ser lido e ouvido.

Premonições
Passado o governo Jay Garner, o Iraque tornar-se-á (perdão pela mesóclise) uma teocracia xiita no modelo persa e será derrubada pelos Estados Unidos, com a ajuda de Saddan Husseim.

George W. Bush será reeleito - desta vez, sem fraudes.

Osama Bin Laden comandará a explosão da Estátua da Liberdade.

Rubens Barrichello chegará em segundo lugar.

Nenê Hilário deixará o Denver Nuggets para entrar nos Lakers (oba!).

Gugu Liberato e Carla Perez dividirão um talk-show.

Ah, chega.

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Do rancor
Daniel Piza teve dias melhores na Gazeta Mercantil, mas é caretice total no Estadão, onde ataca Paulo Coelho. Ora, se não gosta, não leia. Li dois e parei. A perseguição ao agora imortal já não se justifica, a não ser pela busca de audiência junto à Academia Brasileira de Letras, que sempre foi órgão mais político que de excelência. E não vale dizer que este é o papel do crítico.

O stablishment literário não engole Paulo Coelho porque se satisfaz com um povo ignorante, para reforçar a distinção entre plebe e elite, relegando à panelinha onde infelizmente me incluo a tarefa de obliterar tudo o que não satisfaz nossos cérebros cansados dos clássicos.

Paulo Coelho tem o mérito de formar leitores, "para desespero da crítica acadêmica que tanto parece invejar seu sucesso comercial", diz o próprio Piza, em saudável mea culpa.

quarta-feira, 23 de abril de 2003

Sem comentários
O Falou & Disse anda com problemas. Razão para a baixa interatividade. Ensaio novo lay-out e novo sistema de comentários.

terça-feira, 22 de abril de 2003


Réquiem (a Nina Simone)
Conheci-a naquele momento pós-Janis Joplin, em que fazemos o caminho de volta do rock para o blues; tempo marcado pelas relações duradouras e trilhas sonoras insubstituíveis, quando a solidão dos dois só tinha Nina Simone por testemunha.

segunda-feira, 21 de abril de 2003

Blogs
Enquanto Carlos Saraiva faz revival de Vivaldi, Leãdro Wojak investiga sumiço de órgão interno, Nei Costa troca de lay-out e Humberto Cruz ouve Sugar Minot. Alhures, minha sobrinha bloga entre strudels da velha Bavária.

sexta-feira, 18 de abril de 2003

Frases que sempre ouvimos
- A banda está trancada em estúdio;
- O grupo Hamas negou a autoria do atentado;
- O senador Antônio Carlos Magalhães não quis comentar o assunto;

terça-feira, 15 de abril de 2003

Village
Lou Reed regravou Walk on the wild side com letra anti-guerra sob o título Georgie joins the army. Dá pra ouvir .

segunda-feira, 14 de abril de 2003

Boca do inferno
- Eles agem como serpentes mas vamos cortá-los em pedaços.
- Deus vai assar seus estômagos no inferno.


Maldições atrozes são a especialidade do ministro da informação de Saddam Husseim, Muhammad Said al-Sahaf, que está desaparecido há quase uma semana. Al-Sahaf ficou célebre pelos xingamentos ferinos e elegantes desferidos contra Donald Rumsfeld, Bush 2 e Tony Blair, classificando-os de “histéricos”, "mentirosos" e “ladrões” entre outras gentilezas, conquistando a simpatia dos jornalistas que cobrem o conflito.
O ministro e suas frases formidáveis são homenageados aqui .

Sobre pesquisa científica

São Paulo - O ministro Roberto Amaral é mesmo afeito a frases infelizes. A mais recente, publicada no Estadão é: “não se faz ciência e tecnologia no Brasil se não for a partir de São Paulo e do Rio”. Falando assim, Amaral desconsidera o trabalho profícuo de cientistas que atuam na Amazônia, esquece das pesquisas em tecnologia desenvolvidas em universidades de Pernambuco e da Bahia e de centros de pesquisa no Sul e no Centro-Oeste com produção comprovada.

Propor campi avançados em outras regiões é uma alternativa, mas sem a estruturação e instrumentação dos que já existem, subsistirá a dependência por laboratórios melhor equipados. Isso prejudica o trabalho científico em determinadas regiões mas não estimula a migração, como acredita o ministro em inoportuna atitude corporativista.

O cientista fora de suas bases continua a fazer ciência.

Ao invés de tentar consertar as disparidades regionais desprezando a produção científica de fora do eixo Rio-São Paulo deve-se desestimular a imigração e repatriar cientistas brasileiros que estão no exterior. O trânsito interno entre regiões menos favorecidas e centros de excelência é pouco diante da comunidade científica que abandona o Brasil.

sexta-feira, 11 de abril de 2003

Leio B. B. King: Corpo e alma do blues, de David Ritz e B. B. King

Leio
B. B. King: Corpo e alma do blues - David Ritz e B. B. King

Leio Showrnalismo, de José Arbex Jr.
Sobre jornalismo, entretenimento e suas intersecções. O autor avalia o tratamento dado à notícia pelos grandes conglomerados de comunicação, atribuindo a qualidade do que é levado ao público à relação incestuosa do "quarto poder" com o stablishment político.

terça-feira, 8 de abril de 2003

Alvo: a imprensa
O ataque a jornalistas em Bagdá é crime de guerra e merece ser punido por algum tribunal internacional, desses que se reúnem de 20 em 20 anos em Haia para condenar pequenos ditadores do leste europeu.
Para a tropa norte-americana ("Matar, matar, matar!!"), a missão do dia era eliminar jornalistas, únicas testemunhas do massacre que se avizinha. Planejamento militar tosco, em que cães de guerra recebem ordens para vazar os olhos do mundo.

O jornalista Tarik Ayoube, da Al Jazeera e os cinegrafistas José Couso, do canal espanhol Telecinco e Taras Protsyuk (Reuters) morreram alvejados pelos que querem matar mais que Saddan Hussein: querem matar a consciência.

Doze jornalistas foram mortos desde o inicio da invasão ao Iraque.
Coisas que não existem
1 - Guerras justas;
2 - Bombas inteligentes;
3 - Democracia;
4 - ONU;
5 - Serra Leoa;
6 - Palestina;
7 - Tibete;
8 - Chechênia;

Lista em construção.
Mortos
A equipe do Iraq body count acompanha as mortes de civis durante a invasão anglo-americana. Sinistro.

segunda-feira, 7 de abril de 2003

Li
Conversa na catedral - Mario Vargas Llosa
A superposição de diálogos e o zigue-zague na linha do tempo desorientam os menos acostumados. Literatura latino-americana de primeiro time, o livro de Vargas LLosa reúne jornalismo, política, cultura caribenha e andina e exige bastante do leitor.

domingo, 6 de abril de 2003

Moto contínuo
I think it is vitally important for a President to know when to use military force. I think it is also very important for him to know when not to commit U.S. military force.... [I]t would have been a mistake for us to get bogged down in the quagmire inside Iraq...
Saddam Hussein's offensive military capability, his capacity to threaten his neighbors, has been virtually eliminated.

Dick Cheney, 1991

sábado, 5 de abril de 2003

Era uma vez
...então o Império conquistou a segunda maior fonte de petróleo do planeta e não precisou fazer mais guerras, porque dominava a todos. Viveram felizes para sempre.
Geografia
Lembra o velho mapa-múndi de papel, quando a criança fazia viagens imaginárias por estradas e rios estranhos. Dica do Rafael.
Um disco



Um signo



Uma ruína

sexta-feira, 4 de abril de 2003

A guerra na escola
O site ajuda profesores a lidarem com este tema exasperante, a guerra, em sala de aula. Da série funcionalistas que funcionam.

quarta-feira, 2 de abril de 2003

Branco
No princípio era a página em branco, mas logo as palavras começaram a aparecer. Vinham do noroeste, as palavras. As palavras eram negras e isso era bom. As palavras avançavam para o sudeste da página em branco, navegando a sotavento. Durante muitos anos as palavras ficaram no papel e um dia deixaram de ser impressas. Mudaram-se para uma tela de computador e tornaram-se pixels. Agora a página em branco é outro mar e as palavras, como as pessoas, mortais. Mas não no sentido finito. E a página em branco, que já não era tela cheia, ficou cada vez menor, até virar uma tela dentro da tela. Chamam-na blog. Quanto às palavras, navegam.

sábado, 29 de março de 2003

Rasgando seda
Todo meu apreço a Luís Nozes, que escreve o excelente 1000 e uma de Faro, na província do Algarve, e dedica ao autor destas e-pístolas um post de dadaísmo eletrônico.
Na tela
Revejo Fearless, onde sobrevivente de um acidente aéreo (Jeff Bridges) discute toda incerteza que avilta a vida. Um filme sobre valores.

Na janela
..enquanto isso, no karaokê, alguém canta Malandragem à Netinho de Paula.

sexta-feira, 28 de março de 2003

Tema do Mombo Bombo
Tudo pode acontecer
Lá vem o Mombo Bombo
Não irá se arrepender
De todos conhecer

O Mombo Bombo
O Pulinho e o Chico
Vivem muito mais pra ver
Com alegria todo dia
Tudo eles vão fazer

quinta-feira, 27 de março de 2003

segunda-feira, 24 de março de 2003


Na vitrola
Amused to death - Roger Waters




It's a miracle (Roger Waters)
Miraculous you call it babe
You ain't seen nothing yet
They've got Pepsi in the Andes
McDonalds in Tibet
Yosemite's been turned into
A golf course for the Japs
The Dead Sea is alive with rap
Between the Tigris and Euphrates
There's a leisure centre now
They've got all kinds of sports
They've got Bermuda shorts
They had sex in Pennsylvania
A Brazilian grew a tree
A doctor in Manhattan
Saved a dying man for free
It's a miracle
Another Miracle
By the grace of God Almighty
And the pressures of the marketplace
The human race has civilized itself
It's a miracle




Perfect sense (Roger Waters)
Hold on hold on soldier
When you add it all up
The tears and marrowbone
There's an ounce of gold
And an ounce of pride in each ledger
And the Germans killed the Jews
And the Jews killed the Arabs
And Arabs killed the hostages
And that is the news
And is it any wonder
That the monkey's confused
He said Mama Mama
The President's a fool






What God wants (Roger Waters)
What God wants God gets God help us all
What God wants God gets
God wants boarders
God wants crack
God wants rainfall
God wants wetbacks
What God wants God gets
God wants voodoo
God wants shrines
God wants law
God wants organised crime
God wants crusade
God wants jihad
God wants good
God wants bad
What God wants God gets




O Oscar e a guerra
Intimidados pelo neo-macartismo, Susan Sarandon, Denzel Washington, Bono Vox e outros pacifistas ficaram calados ou eufemizaram sua opinião sobre a guerra em parábolas intraduzíveis durante a cerimônia de entrega do Oscar. De todos, Michael Moore, diretor do documentário Bowling for Columbine foi o mais direto: disse que a eleição de George Bush Júnior é uma ficção, assim como seu governo e as razões para empreender uma guerra contra o Iraque.

sábado, 22 de março de 2003

Baixas
Um jornalista australiano morreu no norte do Iraque e uma equipe da ITN está desaparecida, diz a agência Ansa.

Updating: um réporter da ITN morreu.
Preto
Este blog adotou o preto desde a quarta-feira, 19 de março, em protesto contra a invasão do Iraque por tropas anglo-americanas. Preto como o petróleo, como os soldados enviados ao campo de batalha, como a noite de bombardeios.
Também mudou de nome. De Epístolas, passa a chamar-se e-pístolas. Esta pistola eletrônica, entretanto, só dispara palavras. Não tem poder de frear as balas, não consegue parar os mísseis ou conter os incêndios e as mortes de inocentes. No fundo, o gesto inócuo de quem é incapaz de alterar as decisões já tomadas pelos líderes da DEMOCRACIA.
Vistamos o luto, enquanto esperamos mudança de estação e a chegada de outros tons.

Na vitrola
Season of the witch - Luna
Concretismo
George Dáblio Bush
George Diabo Bush


Na vitrola
Simpathy for the devil - Rolling Stones

sexta-feira, 21 de março de 2003

O senhor da guerra (Legião Urbana)

Existe alguém esperando por você
que vai comprar a sua juventude
e convencê-lo a vencer


Mais uma guerra sem razão
e já são tantas as crianças com armas na mão
mas me explicam novamente que a guerra gera empregos
e aumenta a produção
uma guerra sempre avança a tecnologia
mesmo sendo guerra santa, quente, morna ou fria
pra que exportar comida
se as armas dão mais lucros na exportação?


Existe alguém que está contando com você
pra lutar em seu lugar, já que nessa guerra
não é ele quem vai morrer
e quando longe de casa, ferido e com frio
o inimigo você espera
ele estará com outros velhos
inventando novos jogos de guerra


Que belíssimas cenas de destruição
não teremos mais problemas com a superpopulação
veja que uniforme lindo fizemos pra você
e lembre-se sempre que Deus está do lado de quem vai vencer


O Senhor da Guerra não gosta de crianças
O Senhor da Guerra não gosta de crianças
O Senhor da Guerra não gosta de crianças

quinta-feira, 20 de março de 2003

Ficção
A operação chama-se Liberdade do Iraque.
Liberdade de araque.
Instrumento

Moab
Bagdá, cidade-paradigma, Babilônia, velho reino de sábios e comerciantes, é bombardeada agora. Baterias anti-aéreas explodem no céu da cidade que amanhece. Previsível.

Na vitrola
Star spangled banner - Jimi Hendrix

quarta-feira, 19 de março de 2003

Realidade e Ficção
Dizem que não há geração que não inclua quatro homens honestos que secretamente sustentam o universo e o justificam diante do Senhor: um desses varões teria sido o juiz mais idôneo. Mas onde encontrá-los, se andam perdidos pelo mundo e anônimos e nem eles mesmos sabem do alto ministério que cumprem? Alguém então opinou que, se o destino nos vedava os sábios, teríamos de procurar os insensatos. Essa idéia prevaleceu.

(Jorge Luis Borges)
Realidade
Tudo é ficção.

Luto?
Luta.


Guerra fria