terça-feira, 19 de abril de 2011

Li A Vida dos Animais, de J. M. Coetzee

Boa Vista - Gosto de gente como Coetzee, porque que não dá a mínima para o leitor médio. Idem. Nesta novela da vida real - ou da vida dos animais, estes "outros" - pouco importa se o que lemos é metaficção ou metarealidade. Já não o sabemos e isso não importa mais. 


Consideremos este um romance acadêmico, a propósito de imprimir um rótulo fácil e digerível. Entretanto, é acima de tudo um idílio com a imaginação e direitos que só consideramos humanos e que, definitivamente, não comoverá a maioria.  


Livro: A vida dos animais
Autor: J. M. Coetzee
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 27,90

sábado, 16 de abril de 2011

Há 10 anos

São Paulo - Cegos, caminhamos pelos jardins da universidade, guiados por alguém de confiança. Sons. Formas. Adaptação. Medo. Ser cego é estar mutilado, deprimido e estranhamente tranqüilo. Eu e Damião Marques cegos num velho exercício de teatro. Wide eyes shut. Reféns da confiança. Verdadeiro acinte à vida urbana. Verdadeiro banho de imersão na complexidade dos quatro sentidos restantes.

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Da série “comerciais de cosméticos com voz sussurrada e aveludada no final”, Gisele Bündchen lânguida em cetim, brinca com um gato no sofá. Ao final, a voz diz: “vi vara”.

The George Constanza Show



George "T-Boooooone" Constanza

Master of the house


doling out the charm


ready with a handshake


and an open palm




(Trecho do  musical Les Miserables, que George não consegue parar de cantar no episódio The Jacket)

sexta-feira, 15 de abril de 2011


Thomas Mann
Encontro a frase num velho Thomas Mann, incrustado na estante entre A Morte em Veneza e Os Buddenbrook, levemente inclinado à esquerda, aguardando com a paciência dos livros o momento de ser lido. Na carta escrita em 15 de abril de 1932, Mann protesta a um editor contra a interpretação de obra politicamente engajada conferida à sua novela “Mario e o Mágico”

Em discurso habilidoso, o escritor alemão separa, apesar das muitas semelhanças, os dois campos do saber (Ética e Política) em um golpe rápido no final do parágrafo. Aufklarüng legítimo. Anos depois ele admitiria que, sim, a obra era uma crítica ao fascismo italiano. 

"Não me agrada ver esta história ser considerada uma sátira política. Dessa forma ela fica destinada a uma esfera que convém apenas a uma parte restrita de seu ser. Não negarei que pequenas fosforescências e alusões políticas atuais estejam inseridas nela, mas a política é uma vasta noção que, sem uma delimitação muito precisa, se confunde com o problema e o domínio da ética; e eu preferiria desvendar o sentido de minha pequena história – colocado à parte o plano artístico – muito mais no plano ético que no político." (TM)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Li Vida, de Keith Richards

Boa Vista - Na melhor biografia de rockstar dos últimos tempos, Keith Richards devassa o processo criativo com a afinação aberta em guitarras de cinco cordas, fala sobre troca de sangue, cheirar as cinzas do pai e outros mitos, além do papel dos estupefacientes na criação artística, acidentes domésticos e infernos particulares.

A conturbada relação dos glimmer twins é revista, de forma seca a implacável, como a introdução de Rocks off. Mas nada das farpas típicas trocadas pela dupla mais jurássica do rock nos anos 90. Keith Richards e sua saúde de ferro ensinam a roqueiros de boutique que todo buraco é mais embaixo. Que música é sacerdócio.

Com 50 anos de carreira (artística, a outra ele deixou há alguns anos), o velho roqueiro continua a ser um heróico anti-herói.


Livro: Vida
Autor: Keith Richards
Editora: Globo
Preço: R$ 52,00

quarta-feira, 16 de março de 2011


James Harden, do Oklahoma Thunders, tinha visual black exploitation. Agora ostenta corte moicano. Mas manteve a barba à Kyp Malone.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A Rede

Lethem - Com pes rachados, sandalias de dedo e bone, um indio de meia-idade acessa o Facebook ao meu lado.

Lethem music play

Lethem - Veus, saris, cores e musica pop indiana a todo volume nas lojas do pequeno centro comercial de Lethem. A cidade que ate recentemente era um povoado desorganizado e sem infraestrutura urbana comeca a ganhar ruas pavimentadas e uma especie de plano diretor.

No cruzamento da Takutu Road com a 3rd Street, vejo uma mulher muculmana conversando com uma indiana. O que nao seria possivel na Cashemira, aqui e normal. Assim como a animada reuniao de indios, africanos e indianos no Forest Dragon, um dos muitos restaurantes chineses de Lethem.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Negocio da China da Guiana

Lethem - Os chineses comecam a invadir a fronteira da Guiana com o Brasil, o que nao eh nenhuma surpresa. A maior economia nao cresce apena pelas exportacoes, mas pela renda gerada em diversas partes do mundo por chineses expatriados, que lentamente assumem o lugar dos arabes no comercio de miudezas a precos convidativos. A area da rua 25 de marco em Sao Paulo, passa por este tipo de dominacao. Santa Elena de Uiren, na Venezuela, ja sente os efeitos.

Em Lethem, sao lojas e supermercados de chineses que vendem produtos chineses, roupas paquistanesas e castanha do caju de Mossoro (RN) para guianenses de origem africana, indigena, indiana e para brasileiros. As ruas de Lethem sao repletas de guianenses que dominam o portugues. Enquanto isso, chineses que mal falam o ingles, negociam quinquilharias neste ponto perdido do planeta.

Aqui, na sala de internet do Hotel Takutu, onde tomo cerveja do Suriname, encontro uma conexao muito mais veloz que a frustrante rede oferecida pelo Telecentro do Terminal Rodoviario do Caimbeh, de onde saih ateh este ponto de anglofilia para atualizar o bom e velho e-pistolas em seu decimo ano na world wide web.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coração

Coração bate 

Diástoles de Pelope

Sístoles de Circe 

Coração é músculo

não é cérebro

Coração pós-moderno 

Dorme Desdêmona e acorda Othelo

domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre o jornalismo na contemporaneidade

Faz sentido exigir diploma para uma profissão marcada por sempiterna obediência às inclinações sádicas da audiência? A sociedade precisa se reunir com os meios de comunicação e chegar a um consenso sobre como a violência e o bizarro engendram a mídia que engendra novas formas narrativas da violência e do bizarro.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Benício e o MC


Boa Vista - Volta à baila a capa do disco do Erasmo Carlos que vi quando criança, que teria me causado susto e asco e fixação e pesadelos intermitentes e processos arcaicos e sociopatia e internação, caso eu não fosse o típico garoto destemido, construtor de estradas e astronauta, amigo de dragões, homúnculos e gigantes.


O tema foi criado para o álbum Amar para viver ou morrer de amor (1982) pelo ilustrador Benício, hoje com 74 anos. Autor de ilustrações e cartazes de cinema como estes aí do lado,  Benício quer processar por plágio o MC Morlockk Dilemma, um alemão que parece um mix de Phil Collins e Dave Matthews. O trabalho de Benício é bem melhor. A programação visual também. 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Fitz

"O que você está escrevendo? Por favor, diga-me alguma coisa sobre o seu romance. E, se eu gostar da ideia, talvez a transforme num conto para o Post, a ser publicado antes do seu romance e roubar todo o clamor. Quem vai fazê-lo? Bebé Daniels? Ela é uma sensação!"

Francis Scott Key Fitzgerald, em carta a John Peale Bishop, no inverno de 1924-25

sábado, 15 de janeiro de 2011

Há nove anos, neste blog

Porto Alegre - Chego alquebrado nestas paragens meridionais. Finalmente, o Fórum Social Mundial. Ônibus sucks.

Há oito anos, neste blog

Li 
Trópico de Câncer - Henry Miller 
Miller tem a capacidade de escrever sobre toda a maldade que temos mas não externamos ou que não temos mas gostaríamos de ter. Desaconselhável para leitores neófitos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cadiquim de Minas

Tudo que você podia ser
(Lô Borges)

Com sol e chuva você sonhava
Que ía ser melhor depois
Você queria ser o grande herói das estradas
Tudo o que você queria ser

Sei um segredo: você tem medo
Só pensa agora em voltar
Não fala mais na bota e no anel de Zapata
Tudo que você devia ser sem medo

E não se lembra mais de mim
Você não quis deixar que eu falasse de tudo
Tudo que você podia ser na estrada

Ah! sol e chuva na sua estrada
Mas não importa não faz mal
Você ainda pensa e é melhor do que nada
Tudo que você consegue ser ou nada



Manuel, o audaz
(Toninho Horta e Fernando Brant)
Se já nem sei

O meu nome
Se eu já não sei parar
Viajar é mais
Eu vejo mais
A rua, luz, estrada, pó
O jipe amarelou
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz, vamos lá
Viajar
E no ar livre
Corpo livre
Aprender ou mais, tentar
Manoel, o audaz
Manoel, o audaz
Iremos tentar
Vamos aprender
Vamos lá

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quando éramos campeões


Boa Vista - Ainda éramos crianças do sétimo ou oitavo ano. Altemar, Israel, Osni  e eu voávamos em nossas bicicletas para jogar fliperama na Tip Ti Dog, depois da escola. Havia apenas duas máquinas de pinball hiper disputadas, a Close Enconnters of the 3rd Kind e a Klondike.

Éramos quase invencíveis. Poucas vezes perdemos nas disputas para garotos do Costa e Silva, do Oswaldo Cruz e até do Gonçalves Dias. Éramos bons nas duas máquinas e chegávamos mais cedo porque o Penha Brasil era mais perto da lanchonete do que as outras escolas.

As máquinas foram parar ali na esquina da Major Williams com José Bonifácio depois de terem passado pelo Centro, levadas pelo argentino Henrique, que depois vendeu as máquinas junto com umas mesas de pebolim ao Marreco. E o Marreco sumiu.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vainas

Hallaca
No confundas las hallacas con tortillas; las tortillas con cachapas; las cachapas con arepas; los caneys con churuatas; los bueys con las vacas.

Guerra fria