sábado, 10 de agosto de 2002

Morte ao Rappa
"... Desta vez o músico Negueba (pequena pausa) foi baleado. Paulo Sérgio Santos Dias, o Paulo Negueba, percussionista do grupo Rappa, foi alvejado por pelo menos duas balas. (andando e apontando) Olha aqui, ó. O músico está dentro desse hospital, ferido. Ele é o segundo músico..."

A cultura está sendo assassinada neste país, e não adianta intelectualizar - e em conseqüência disso dar outra conotação a esta frase gasta - o debate, tentando explicar a violência por fórmulações-padrão como a origem na pobreza extrema ou no crime organizado, ou idiossincrasias sobre o Estado Paralelo.

Teríamos que saber, antes de tudo, que a morte da cultura enquanto palavra fácil, usada para definir objetos de consumo nas grandes feiras e exposições onde nos refugiamos, quando não estamos diante da teletela; que a morte dessa cultura que é palavra-chave no discurso de políticos ordinários; que a morte dessa cultura que é múltipla e nada homogênea, essa cultura ameaçadora que brota da pobreza-periferia; que a morte dessa cultura pode significar a morte de uma cultura.

O músico está bem, lúcido e vai voltar a andar, diz o Estadão.

Sem comentários:

Guerra fria