segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

Todos Severinos

Divinópolis - Parece que leu o post. A primeira viagem de trabalho do novo presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, foi a Roraima, onde ele chegou esta manhã para juntar-se ao lobby anti-indígena. Severino vai sobrevoar (??) a terra indígena Raposa Serra do Sol e dizer em entrevista coletiva qualquer coisa contra as demarcações etc porque a Amazônia precisa ser explorada etc porque o Brasil não aceita interferência estrangeira etc, etc, etc e, é claro, etc.

domingo, 27 de fevereiro de 2005

P2P

Divinópolis - Na linha do Shareaza, o Exeem promete arquivos .torrent em velocidades terminais sem a necessidade de instalar programas criadores de torrents. Prefira a versão Lite, que não traz adwares.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Notas políticas

Divinópolis - Em Roraima, onde a corrupção rules, nem o Judiciário está livre da mão grande dos que ganham dinheiro fácil. Tudo com a proteção de parte da imprensa, que além de eficiente acessório de limpeza de imagem arranhada, atua na campanha contra a demarcação de terras indígenas e na desqualificação do trabalho da freira Dorothy Stang, assassinada por defender os pequenos agricultores do Pará.

No Pará, onde se espanca jornalistas com a mesma naturalidade que se mata ambientalistas, a corrupção permanece impune. Políticos armados até os dentes arvoram-se defensores da pátria e não pagam por seus crimes, como é comum numa terra sem lei. Enquanto isso, a união entre madeireiras e grileiros devasta a floresta amazônica na velocidade do desvio de dinheiro público na maior cidade do País.

Em São Paulo, onde Paulo Maluf permanece impune por desviar milhões de dólares em recursos públicos, passar pelo túnel Ayrton Senna ou pela avenida Água Espraiada equivale a dar uma volta no Vaticano ou no Sultanato de Brunei. O custo é parecido, mas a riqueza não aparece como no Vaticano ou em Brunei. Maluf quase chegou a presidente da República com o apoio dos militares, que ocuparam o poder em 1964, ano da estréia política de Severino Cavalcanti, que comanda 513 deputados na capital federal.


Em Brasília, o concreto já rachou. A Câmara Federal tem um novo presidente, homem insipiente e retrógrado com poucas idéias e muita garganta. Com dezenas de projetos atrasados (razão para que votações importantes só aconteçam em período de férias com pagamento em dobro) Severino Cavalcanti começou o trabalho propondo aumento de salário para os deputados.

Será que ele consegue?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Sobre blogs

Divinópolis - Blogs são lidos enquanto podem compartilhar sensações e literatura.

A bliteratura fortalece identidades. Revela talentos. Traz monstros à tona.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Piadas infames

O Zé encostou o cigarro em mim. Qual é o nome do desenho animado?
Mickey Mouse.

Porque estrela não faz miau?
Porque astro não mia.

O que é verde, grande, vive embaixo da terra e come pedras?
É o incrível monstro verde que mora a 4 pés do chão, comedor de pedras.

Por que o jacaré tirou o filho da escola?
Porque ele réptil de ano.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Nonada

O dito e o não-dito, muitas vezes o já-dito, se refazem a cada dia nas escolas e universidades. Aí percebemos que quem entra em sala de aula não são alunos e professores, mas pais, amigos, igrejas, polícias, governos, nações. Cada qual espelhado nas falas, nos sentidos atribuídos e suprimidos, nos relacionamentos e nas tensões, nas relações de poder e alienação.

Compreender a linguagem e suas implicações tem a distância do infinito, é como se a cada passo dado na compreensão déssemos mil na incompreensão. No entanto, o sentido de compreender passa por esse indissolúvel dilema Shakespeareano / pós-moderno, ser ou não ser. Ou ser o não-ser.


Pablo Varela, no Pobre Diabo

Na vitrola

Divinópolis - Artistas independentes de Tblisi de verve east-berliner e kraftwerkiana. A algaravia eletrônico-sensorial do septeto georgiano é biscoito fino da post industrial mediocracy.

Post Industrial Boys have the wonderful voice
They read some James Joyce and make a careful choice
Post Industrial Boys subscribe to Village Voice
They play with colored toys and make an awful noise

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

Carnaval

Divinópolis - Editar posts é entender a natureza transitória do registro. A existência deste blog está baseada na efemeridade do próprio conteúdo. A leitura da obra em construção interessa mais, porque nela está o caos inicial, manufatura e aprimoramento. O texto escrito na tela, no ato. E depois.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Leio A justa medida, de Luís Ene

São Paulo - O primeiro romance do advogado, escritor e blogueiro português Luís Ene (vencedor do prêmio Educare.pt/ Novos talentos, Novos projetos) é um policial que segura o leitor da primeira à última página, levando-nos por uma viagem gastronômica, estupefaciente, ideológica, filosófica. O livro traz romances pouco convencionais, personagens pouco convencionais e desfechos ibidem. A mídia média pode considerar A justa medida como um mix de Kafka, Borges e Saramago não pelo autor, mas por seus enigmáticos personagens apegados à boa vida. Aliás, o título tem esse objetivo: amor, vinho, esportes, comida... a cada necessidade, sua justa medida.

A obtenção da perfeita embriaguez é não só uma arte, requerendo perícia e sensibilidade, mas sobretudo um estado de espírito, exigindo disciplina e fé. (p. 9)

"Nós nao temos pressa e gostamos sempre de ouvir o que nos têm para dizer, mesmo que venha de um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da parvónia." (p. 18)

... reflexo da diferença de opiniões sobre o assunto, mas também de posições e personalidades. Padecem em grau elevado da rivalidade tradicional entre as duas magistraturas, situação agravada por dois temperamentos de difícil conciliação. Têm mantido as suas diferenças disciplinadas, espartilhadas pelas regras processuais e do convivívio profissional, mas de vez em quando o verniz parece estar pronto a estalar. (Sobre juízes e advogados, p. 55)

Qualquer semelhança com a realidade não é mais que uma conseqüência de a ficção correr senão dentro da vida. (p. 135)


Livro: A Justa medida
Autor: Luís Ene
Editora: Porto
Páginas: 216
Preço: 12,51 Euros

Guerra fria