quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

A solução (?)

Porto Velho - Duas hidrelétricas que fornecerão energia para o Acre e para o Centro-Oeste são tidas como a solução para os problemas sócio-econômicos de Rondônia. Como se décadas de políticas públicas equivocadas pudessem ser esquecidas ou consertadas com o desaparecimento da Cachoeira do Teotônio e a promessa de sanear parte da capital. E viva as parcerias público-privadas!

sábado, 30 de dezembro de 2006

A vida e os limões

Porto Velho - Comprar peixe no Mercado Cai n'água, à beira do Rio Madeira, exige técnicas marroquinas de negociação, olhar de dona-de-casa, faro de gourmet.

O tambaqui pescado no rio, cuja carne sabe a todos os nutrientes da imensa Amazônia, é mais caro que os peixes criados em cativeiro, em que o amarelado da pele denuncia a ração.

Entre os melhores exemplos de verve mercantil está o Paixão, singelo vendedor de dourados (tinha, mas acabou) curimbas e tambaquis. "Aqui freguês compra o peixe e ganha o limão". A propaganda é tão boa que o freguês esquece os limões no final, eximindulgindo Paixão de qualquer crime.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

O Oeste

Porto Velho - O velho bandido me encarou com raiva, a barba mal-feita desenhando traços duros, pronto para sacar o colt. As portas do saloon bateram por causa do vento e um arbusto seco rolou pela rua. O sol se punha do lado esquerdo. Entre nós, apenas dez passos.

Epílogo
A poeira era tanta que deixava tudo ao redor avermelhado. A rua, as casas, tudo é vermelho.

sábado, 23 de dezembro de 2006

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Reacionário


Ver Pete Townshend na Rolling Stone apoiando o sionismo armado e George Bush; destratando fãs e detonando companheiros de banda (Roger Daltrey seria um não-sico e o falecido John Entwistle, um junkie dominado pela namorada) é prova que do artista devemos reverenciar apenas a obra. Pessoas são imperfeitas.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

sábado, 2 de dezembro de 2006

Belo Horizonte - Ele é o afeto e o presente, pois abriu a mansão ao inverno espumante e ao rumor do verão, ele que purificou a bebida e os alimentos, ele que é o charme dos lugares em fuga e a delícia super-humana das estações. Ele é o afeto e o futuro, a força e o amor que nós, pisando sobre ódios e tédios, vamos passar num céu de tempestades e bandeiras de êxtase.

Ele é o amor, na perfeita medida reinventada, razão maravilhosa e imprevisível, e a eternidade: adorável máquina de qualidades fatais. Sentimos o terror de sua concessão e da nossa: ó prazer de nossa saúde, élan de nossos sentidos, afeto egoísta e paixão por ele, ele que nos ama em sua vida infinita.


(Arthur Rimbaud, Iluminuras)

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

A ponte que sumiu

Belo Horizonte - Matéria do Jornal Hoje (TV GLobo) informa que "finalmente" uma ponte foi construída (com recursos do Banco do Brasil) sobre o Rio Orinoco, na Venezuela, uma revolução na logística do país, que antes dependia do transporte por balsa.

Mentira. Desde 6 de janeiro de 1967 há uma ponte na região, em Ciudad Bolívar. Cruzei-a várias vezes. Chama-se Puente Angostura e é uma belíssima obra de engenharia, totalmente desconhecida do repórter enviado à região.

O erro de informação é resultado da arrogância da emissora, que envia repórteres do Sudeste para cobrir matérias na Bolívia, Colômbia, Venezuela e outras regiões, sem nenhum conhecimento das filigranas regionais. Morar no Rio de Janeiro ou São Paulo não faz de um repórter especialista em política venezuelana. E, francamente, ouvir a opinião dos cidadãos sobre o Governo Chávez é muita falta de imaginação.

O jornalismo da Rede Globo é superficial porque valoriza quantidade mais que qualidade. A única exceção ainda é o Globo Repórter, que aprofunda mais os temas, embora a pauta nem sempre seja interessante. Ao repórter oferecemos a foto da ponte e alguns links para deixá-lo melhor informado sobre o país de Wilmer Walderrama. Quem?! Bom, se 30 anos de profissão são insuficientes para nutrir um jornalista de informações fundamentais sobre política e economia do continente, que dizer da cultura pop?

sábado, 4 de novembro de 2006

P2P não é crime

Belo Horizonte - Baixar músicas em sistemas de troca de arquivos não é crime, pelo menos para a juíza espanhola Paz Aldecoa, da cidade de Santander. Aldecoa absolveu esta semana um homem de 48 anos acusado de compartilhar músicas pela Internet e abriu um novo precedente na batalha entre gravadoras e usuários da rede. Leia mais.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Hiperliteratura, de graça, para as massas

Belo Horizonte - A revista eletrônica de micronarrativas é temática. O número 1 tratou dO Banal. O atual, dO Azul. Além de jovens talentos de Portugal, Espanha e Brasil, há criações gráficas de Margarida Delgado, Dionísio Leitão e Ana Oliveira. Bela foto de Margarida Delgado ilustra a capa.

Projeto editorial maduro, graficamente bem organizado, autores afiados, Minguante é literatura contemporânea em pixels. Muda-se o suporte, mantém-se a mensagem. Loas ao corpo editorial formado por Fernando Gomes , Henrique Manuel Bento Fialho, Luís N. e Margarida Delgado.

Todos os textos merecem leitura, mas aí vão duas dicas de cada país: Inmaculada Luna e Francis Vaz (Espanha), Sílvia Chueire e Márcia Maia ( Brasil) , Rui Almeida e Vitor Mateus (Portugal).

Nesta edição, um noir infame de minha autoria. Publique também.

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Na vitrola

Belo Horizonte - Hoje, do Paralamas.
Barry Adamson, que é sugestão do Israel Barros e toca com o Nick Cave. Sim, ele é uma bad seed.
OK Go, que é divertido, de arranjos interessantes e pouco juízo. Na linha Sha-Na-Na.
Jet, que é a nova salvação do rock n' rol, tipo se você detesta o rótulo, precisa lembrar de Justin Timberlake, Kevin Federline, Robbie Willians, Pussy Cat Dolls e James Blunt. Portanto, no contexto da indústria cultural, blá blá, blá, blá, blá.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Caricatura



Avery Veríssimo, por José Alves Neto.
Belo Horizonte, Outubro de 2006

Totem 2

Belo Horizonte - Numa cantina italiana, oito amigos discutem a vida pós-estouro da bolha da blogosfera. A discussão já dura uma hora e estamos num momento impreciso da cronologia, pois que no virtual esta frase tem a mesma (val)idade que esta e enquanto isso não se sabe mais com quem está a palavra. A mistura de discursos exige uma tomada de providência. Resolvo assumir a parada, embora sem nenhuma intenção de encerrar o assunto.

- Não, não, interrompi. Acho que vivemos algo parecido com a transição da literatura para o cinema e daí para a televisão. Da mesma forma que as pessoas passaram a ler menos com o audiovisual, o hipertexto passou a ser desprezado se se mantém apenas como texto. Os internautas deste século querem ver, ouvir. Viajar em sensações programadas, ser conduzidos pela grade de opções da rede, como telespectadores dos programas de domingo à tarde.

- É, mas isso não é de todo verdade, diz Leãdro Wojak. O cinema, por exemplo, já foi tido como destruidor da literatura, mas não conseguiu fazer isso, e nem era essa sua intenção. Assim como a televisão não destruiu o cinema. As mídias podem conviver umas com as outras, tranqüilamente.

- Sim, mas isso não explica a queda brutal de audiência do meu blog, ri Edgar Borges.

- É que você é um ciberdissidente, gargalha Vandré Fonseca, reconhecendo logo depois a própria condição de publicador bissexto.

- O problema é que a gente não ocupa bem esse território anárquico do ciberespaço. Nós temos que avançar, rapaziada, entrar de sola nas outras formas de sociabilidade, com áudio, vídeo e o escambau, propõe um empolgado Israel Barros.

- Rapaz, não tenho certeza disso. Falta afetividade. Em vários lugares a territorialidade é importante. E não falo só do Acre. Em Guarulhos, não há campanha na TV. A eleição se decide com santinho e cartazete na rua. Ao mesmo tempo, a política é exercida de forma cada vez menos territorial e mais virtual. Portanto acho que é a possibilidade de falar, isso mesmo, simplesmente falar, que vai garantir nossa sobrevivência, atesta um messiânico Maurício Bittencourt.

- Mas isso só aumenta a dispersão, avalia Nei Costa. A internet é um punhado de lixo, muitas vezes reciclado, a maior parte inútil. Garimpar algo bom é tão difícil quanto garimpar mesmo. Por isso é que temos de instigar o povo a assumir os media.

- Falas como um comunicólogo, meu caro. O que todos nesta mesa, de certa forma, são, observo.

- E o corporativismo, onde fica? Não é assim não, qualquer um metendo o bedelho na nossa mais-valia?, grita Rogério Christofoletti, posando de sindicalista radical.

- Ó pá, mas que diabos vocês estão a dizer? Blogue é edição. Blog é edição. Blogging is editing. Mesmo, Avery, que um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da pavórnia, venha a dizer o contrário. E peçamos algo para comer, decreta Luís Ene.

- Só se for agora, atalha Leãdro, ávido por umas saltenhas chilenas das que têm na Vila Madalena. Saltenhas!

- Chico Esperto, como é que é isso?

- É comida italiana, italiana, grita o Vicenzo.

- Então mande mais algumas biras, grita Edgar.

- Você não era assim, diz Nei.

- Ô vida dura.

domingo, 8 de outubro de 2006

Manifesto

Estão abolidas, a partir de agora, todas as novas idéias sobre como manter as coisas do jeito que estão.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Lula x Alckmin

Belo Horizonte - E agora, votar em quem? Faça nos comentários sua sugestão para o segundo turno da eleição para presidente do Brasil.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Desaparecidos XV, XVI, XVII e XVIII

Belo Horizonte - Perder discos dos Smiths é sempre doloroso. Se são LPs de vinil, a perda é maior. Especialmente quando estes estão entre os primeiros discos que você comprou.

The Smiths - O primeiro disco dos caras de Manchester é repleto de melancolia e cinismo pós-punk. Muita filosofia existencial, cinema e crimes. Da série de discos que salvaram nossas vidas.

Hatful of Hollow - Heaven knows i'm miserable now, How soon is now e Handome Devil estão entre as 50 melhores músicas que começam com a letra H. Tem ainda a mediterrânea Please Please Let Me Get What I Want e outras pérolas, como Girl Afraid e This charming man. Gravado parte no estúdio, parte ao vivo no programa John Peel com alta inspiração, Hatful of Hollow é o melhor disco da banda. Embora digam por aí que o melhor é o The Queen is Dead.

Meat is murder - Ainda não tinha esse, o terceiro, quando Nasser Hamid propôs trocar pelo recém-lançado Momentary Lapse of Reason, do Pink Floyd. Topei. O estranho terceiro disco tem coisas pouco executadas, mas não menos brilhantes, como Well i wonder, What She Said, That Joke Isn't Funny Anymore e Barbarism Begins at Home, além da música mais anti-açougue da história, Meat is Murder.

The queen is dead - Ela ainda está viva, mas sua majestade havia sofrido pouco nas mãos dos Sex Pistols. Faltavam algumas pancadas dos Smiths. Querido charles, você não anseia aparecer na primeira página do Daily mail vestido com o véu de noiva de sua mãe?, provoca Morrisey. No final dos 80, algumas garotas eram bigger than others. Lembra as idas da velha turma aos Cemetry Gates. Lembra quantas vezes acabamos a festa ouvindo I know it's over. Certas luzes nunca se apagam.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Leio Cinzas do Norte, de Milton Hatoum

Belo Horizonte - Entre outras estórias, um artista que deixa a Amazônia para cumprir auto-exílio noutras plagas. Mais do que isso, um livro sobre amizade, arte, dramas familiares, sobre a morte, sobre destinos não-cumpridos, sobre natureza devastada, sobre natureza humana, sobre política. A narrativa original de Milton Hatoum permite que o retrato do inconformismo e da inadequação ganhe cores surpreendentes neste livro sobre o(s) desterro(s).

Algumas pessoas fazem o impossível para deixar seu lugar e às vezes vão longe demais.
(p. 160)

Pensei: todo ser humano em qualquer momento de sua vida devia ter algum lugar aonde ir. Não queria perambular para sempre... morrer sufocado em terra estrangeira. (p. 308)

Cinzas do Norte
Companhia das Letras
311 Páginas
R$ 41,00

O Onze

Belo Horizonte - Há cinco anos um grupo de estudantes de pós-graduação assistia, pela internet, aviões sendo lançados contra o World Trade Center e o Pentágono, no coração do Império Americano. O local: um dos laboratórios de informática da ECA-USP. Os estudantes eram, salvo engano, o autor deste blog, o cartunartista Marcelo D' Salete; o jornambientalista Alberto Gonçalves; o criador do Barata Elétrica, Derneval Cunha e Antônio Filho, excêntrico pesquisador do cinema de Carlos Prates Correia. Aplausos e apupos da turma socialista. Agora o império pensaria duas vezes antes de começar uma nova guerra? O tempo provaria que não. E onde estaria Leãdro Wojak em data tão simbólica?

Abraços, camaradas, aonde quer que estejam.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Desaparecidos (Cap. XIV)

Belo Horizonte - Gosto das veres de "Perfect Day", "Riptide" e "Busload of faith" contidas nesta Perfect Night in London, do mestre do new-journalism em versos, Lou Reed. Hoje toca em algum lugar de São Paulo, presa de algum receptador de CDs roubados.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Leio Almanaque Anos 70, de Ana Maria Bahiana

Belo Horizonte - Parte de meu ralo conhecimento sobre cultura pop devo a Ana Maria Bahiana, que junto com José Emílio Rondeau, Alex Antunes, Thomas Pappon, Jean-Yves de Neufville, Marcel Plasse e outros escribas da Revista Bizz influenciaram significativamente o texto e as idéias da minha geração, nascida nos anos 70.

É desse período o Almanaque Anos 70 (R$ 49, Ediouro, 416 p.): os sons, as cores, a moda, a música, o cinema, a comida, os brinquedos, os móveis, os cheiros, os carros e a memorabilia de uma época de transformações sociais e tecnológicas, berço e nascedouro dos últimos literatti.

Se você foi criança nos anos 70, não pode perder. Se já era adulto, acenderá um incenso. Se não viveu os anos 70, vai aprender um bocado sobre aqueles tempos de cabelos compridos, boca-de-sino, discoteca, macrobiótica, cavalo-de-aço... Recomendo enfaticamente.

domingo, 27 de agosto de 2006

Post número 1000 (P2P)

Belo Horizonte - Há mash-ups improváveis na rede, como os que reúnem Gang of Four e 50 Cent; Black Eyed Peas e Traveling Wilburys; The Clash e Gwen Stefani; Crosby, Stills, Nash & Young e Moby (participação de Public Enemy); Jimi Hendrix e Brk, Simon & Garfunkel e Depeche Mode, Snoop Dogg e Queen...

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Minguante

Belo Horizonte - Projeto coletivo dos blogueiros-escritores Luís Ene, Fernando Gomes, Henrique Fialho e Margarida Delgado, Minguante é revista de micro-narrativas com textos de escribas portugueses, brasileiros e espanhóis, em conceitual salada literária ibérica. Contém banalidades heréticas do autor destas e-pístolas. Minguante já está disponível aqui.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

A incrível história do Bebê-Monstro de Sete Lagoas contra a Banda Calypso

Belo Horizonte - Jornal popular de BH publicou matéria interessante: um bebê-monstro (com três olhos e muitos dentes) teria nascido num hospital em Sete Lagoas. O hospital não confirma, nem médicos e enfermeiros. Os pais não foram localizados. Cientistas não foram ouvidos. E o ilustre recém-nascido não virou atração apenas por sua constituição física. Chamado de feio no momento do nascimento, o triclope teria respondido: "Feio é o que vai acontecer hoje à noite no show da Banda Calypso". Dizem que os dançarinos parenses amargaram prejuízo no show de Sete Lagoas. Faltou energia, etc.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Cassação em vista

Eis a lista de parlamentares de Minas Gerais envolvidos no escândalo de superfaturamento na compra de ambulâncias.



Cabo Júlio (PMDB-MG)


Cleuber Carneiro (PTB-MG)



Isaias Silvestre (PSB-MG)



João Magalhães (PMDB-MG)



José Militão (PTB-MG)


Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG)


Osmanio Pereira (PTB-MG)


Saraiva Felipe (PMDB-MG) Belo Horizonte -

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Da guerra e males duradouros

Belo Horizonte - Não dá mais pra disfarçar. Algo muito grave acontece no norte da África. E não se trata de mero alarmismo. Israel ocupa o Líbano em ato calculado de expansionismo (apoiado pelo Império Americano), realizado logo após a saída das tropas sírias. Se a invasão do Líbano unir os estados árabes contra o enclave israelense, teremos uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio.

Dona ONU, que se preocupa muito com causas humanitárias, fez um protesto formal contra um míssil jogado no mar pela Coréia do Norte. Um simples míssil. Mas nenhuma menção à destruição da infra-estrutura e dos habitantes do Líbano. Até quando os mansos Irã, Egito, Líbia e Síria suportarão o massacre?

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Impressões pessoais

Belo Horizonte - Piercings na úvula, máfia das sanguessugas, censura chinesa, hospitais do Hiszbollah, Carolina Cascão, MST, diploma de jornalista, línguas bovinas imensas, propaganda de cachaça, jogos de futebol transmitidos pela TV Globo, FASCISMO.

sábado, 15 de julho de 2006

Mário Wander Nascimento (1970-2006)

Belo Horizonte - Amigo, compadre, parceiro de bandas e de aventuras, agitador cultural, multiinstrumentista, bibliófilo,  professor e historiador Mário Wander Nascimento (à direita na foto de Orib Ziedson), morreu hoje em Porto Alegre, de meningite (infecção hospitalar contraída no Hospital após a retirada de um aneurismo).
Deixa a mulher, Marta e os filhos Fernando e Muriel. Mário partiu cedo demais, cancelando nossos planos de reunir a velha banda, gravar um CD desterritorializado, com bases gravadas em Belo Horizonte e no Sul. É revoltante saber que num país arruinado por uma saúde pública porca, jovens educadores sejam arrancados da vida prematuramente. Mário será enterrado em Roraima, onde nasceu.

sexta-feira, 14 de julho de 2006

Estado de terror

Belo Horizonte - Absolutamente condenável o massacre que Israel promove na Palestina. A matança de inocentes e a destruição de universidades e hospitais (terrorismo de Estado) não ressuscita os mortos em atentados. Destruir a infraestrutura dos territórios palestinos não garante a segurança dos soldados israelenses seqüestrados. Violência gera violência.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Shine on, crazy diamond



Belo Horizonte
- O baterista do Pink Floyd morreu.
- O quê?!
- Deu no jornal agora.
- Mulher, o Nick Mason não pode ter morrido.
- Acho que foi o baixista, então.
- O Roger Waters?!
- Não sei, não lembro.

Corro ao ecrã à procura da notícia, torcendo para que não tenha sido Mason, que deu pistas recentes sobre uma última turnê do Pink Floyd. Mas o morto era Syd Barrett, o genial fundador da banda, vítima de esquizofrenia e aposentado desde 1989. Meio morto desde as primeiras crises, em 1968, Barrett transformou o rock n' roll para sempre aos 23 anos. Segue na jornada histórica com Jimi Hendrix, John Entwistle e Miles Davis.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

domingo, 2 de julho de 2006

sábado, 1 de julho de 2006

Se

Belo Horizonte - Se você não lê livros
Se você gosta de propaganda de cerveja
Se você compra abadá de carnaval pagando em 12 vezes
Se você não perde uma micareta
Se você gostou de "Dois filhos de Francisco"
Se você admira o Galvão Bueno
Se você tem adesivos no carro do tipo "Rastreado por mulheres"
Se você é fanático por qualquer coisa
Se você acha que Tati Quebra Barraco lidera o novo feminismo
Se você curte rodeios
Se você usa shorts curtos com salto alto
Se você acha que Internet só serve pra copiar trabalhos escolares
Se você acha que e-mail só serve para enviar piadas e correntes
Se você usa camisa aberta e tem cordões pendurados no pescoço
Se você curte hip-hop-gangsta-imbecil-de-carrões-e-mulheres-fáceis
Se você vota no PFL, PRONA e PP
Se você tem anões de jardim
Se você se inscreve no Big Brother Brasil
Se você acha o resultado mais importante que jogar bonito
Por favor, não leia este blog.

Déjà vu

Belo Horizonte - França elimina o Brasil da Copa do Mundo. Em campo, apatia e reverência. O axioma "somente um idiota jamais muda de idéia" cabe bem ao técnico da Seleção Brasileira.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

Uzalemão

Belo Horizonte - A Argentina perdeu a chance de chegar ao tricampeonato mundial por dois erros nos pênaltis. Pena. No Brasil, torcedores obtusos comemoram a derrota do rival sul-americano, mas esquecem que somente times europeus permanecem nas últimas fases da Copa do Mundo. A Alemanha pode, se vencer a Itália (caso esta vença a Ucrânia, daqui a pouco) colocar mais uma estrela no uniforme. Se o ataque brasileiro continuar dependendo do lento Adriano, vem aí mais um tetracampeão.

sexta-feira, 23 de junho de 2006

La canción de Cat Dog

Belo Horizonte - Un buen dia, con un guau y un miau,
Un bebe nos desconcerto.
No era un buitre ni un lobo feroz
Solo un perro y gato llamado CatDog

¡CatDog! ¡CatDog!
¡solito en el mundo vive el pobre CatDog!


En cada esquina y por toda la ciudad,
El pobre CatDog siempre alerta esta.
Sus enemigos tiene mala intencion,
Pero siempre canta esta cancion.

!CatDog! !CatDog!
¡solito en el mundo vive el pobre CatDog!


CatDog's Song

One fine day there was a woof and a purr
a baby was born and it caused a little stir
No blue buzzard, no three eyed frog
Just a feline/canine little CatDog

CatDog! CatDog!
Alone in the world is the little CatDog!

Out on the road or back in town
All kind of critters putting CatDog down
Gotta rise above it, gotta try to get along
Gotta walk together, gotta sing this song

CatDog! CatDog!
Alone in the world is the little CatDog!

CatDog! CatDog!
Alone in the world is the little CatDog!

Uma canção

Belo Horizonte - Tema do CatDog

Um bebê tão lindo ao nascer
Fez o mundo inteiro se surpreender
Por que era uma aberração
Coitadinho do pobre CatDog, irmão

CatDog! CatDog!
Sozinho no mundo o amigo Catdog!

Se tentar vai desistir
Pegar Catdog ninguém vai conseguir
A melhor maneira de estar com o amigão
É a gente se unir e cantar esta canção

CatDog! CatDog!
Sozinho no mundo o amigo Catdog!

quinta-feira, 22 de junho de 2006

A frase

Belo Horizonte - Infelizmente, temos que nos contentar em assistir a apenas um excelente jogador de meio-campo, e não ao genial reinventor do futebol. Pena! A Copa fica menos alegre.

Tostão, na Folha de São Paulo de hoje, sobre Ronaldinho.

Hoje tem jogo do Brasil

Belo Horizonte - Prepare-se, caro técnico-torcedor, para passar muita raiva com a escalação, o esquema tático e o revoltante pragmatismo do professor pé de uva.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Argentina

Belo Horizonte - A Holanda é um tabu portenho. A Argentina só obteve uma vitória sobre o time laranja, na final de 1078. Perdeu e empatou mais, na história das copas. Hoje manteve a tradição no insosso zero a zero. Costa do Marfim (3) e Sérvia e Montenegro (2) era oão melhor na ESPN2.

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Argentina

Belo Horizonte - Depois de golear Sérvia e Montenegro (6 a 0), a Argentina quer ser campeã da Copa 2006. O time sabe dar espetáculo. Podia fazer a final contra o Brasil, porque joga criativamente. Se o país do quadrado trágico for desclassificado, torço pelo tricampeonato dos argentinos. Antes premiar o bom futebol que ver Alemanha ou Itália ameaçando nossa liderança no ludopédio.

Bloom!

Belo Horizonte - Hoje é dia de flanar até Dublin (tem um barzinho com esse nome em Santa Tetesa ou na Savassi)

segunda-feira, 12 de junho de 2006

A Copa do Mundo

Belo Horizonte - Dos jogos que vi, República Tcheca empolga, Alemanha insinua, Inglaterra vacila, Argentina catimba, Itália enfeia, México promete, Costa do Marfim anima, Angola desanda, Gana desalinha, Japão decepciona, Costa Rica desanima, Holanda esconde, Portugal ensaia.

terça-feira, 6 de junho de 2006

Uma canção

Pena, viu?
(Carlos Saraiva)

pena que você não vê
que eu finjo que acredito
que você não topa
se não guria
a gente já teria
conquistado a europa

pena que você não lê
que em tudo quanto eu creio
é só no que vai fundo
se não guria
a gente já teria
dado a volta ao mundo

pena que você não crê
na cena que o VT
revela a toda hora
se não guria
a gente estaria
namorando agora

Talk about the weather

Belo Horizonte - Na manhã de 10 graus, o outono de Belo Horizonte prenuncia álgido inverno.

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Atroz modernidade

Belo Horizonte - ... chato mesmo é constatar que a Direita tem maior poder de adaptação que a Esquerda às mudanças sociais. Cada nova concepção de mundo arraigada é absorvida pelo sistema, fazendo com que o conservador progressista de direita adquira maior valor na Bolsa Moral que o revolucionário utópico de Esquerda. Na lógica do consumo da atroz-modernidade, o futuro é uma câmara de gás, como diz Fred Zero Quatro.

domingo, 28 de maio de 2006

Meu Basquiat

Belo Horizonte - O Basquiat que ilustra o sistema de comentários deste blog há um par de anos ("Florence", de 1983) pertence ao banqueiro Edemar Cid Ferreira, que está preso em mais uma empreitada quimérica do judiciário brasileiro pelo Estado de Direito - embora este mesmo sistema não resista a um bom pedido de habeas corpus. Edemar era conhecido pelos originais de Henry Moore, Roy Lichtenstein e Fernand Leger, misteriosamente desaparecidos após a falência do Banco Santos. A Justiça pediu o seqüestro dos bens para o pagamento da dívida bilionária, mas necas.

terça-feira, 23 de maio de 2006

Desaparecidos (12)

Belo Horizonte - A O Chamado, de Marina Lima, chamamos de disco conceitual por falta de melhor definição. Aqui a cantora e compositora desenluta da morte em família, de inquietações políticas e depressão. Sua composições lembram a noite, vulcões italianos, meus irmãos. Riqueza blue da música popular brasileira, Marina era também o maior ídolo de meu amigo Haddad, misto de piloto de avião, músico e contador de histórias, Saint-Exupéry particular para seleto grupo de amigos. Haddad costumava brincar: "Um dia seqüestro a Marina no meu avião só pra conversar e tocar violão com ela. Já pensou?". Pensava. Até torcia. Mas Haddad morreu ao mergulhar com seu pequeno avião meio da selva amazônica. Fez mulher, filhos e amigos todos fãs da cantora. Ouça no avião.

quarta-feira, 17 de maio de 2006

Toque de recolher (o caixa)

Belo Horizonte - Medo? Absolutamente. Quando vi meus funcionários indo embora às 15h, pensei no prejuízo. O que eu vi na rua foi um misto de pânico e euforia, porque estava todo mundo indo para casa. Parecia o dia em que Tancredo Neves morreu, e ligaram da escola avisando que seria feriado. Fiquei felicíssimo.

Alexandre Herchovitch, estilista, sobre a guerra urbana em São Paulo.

terça-feira, 16 de maio de 2006

Surrealismo

Belo Horizonte - Tensão e medo em SP: criminosos aterrorizam a população dizia a legenda sob a imagem de Paulo Maluf na TV, causando breve sentimento de justiça, como se a verdade finalmente viesse à tona. Ex-presidiário, Maluf é identificado nos créditos como "doutor" e discursa contra a bandidagem, atropelando a ética profissional. Diz que se sente seguro em Nova Iorque, no que é apoiado por Sônia Abrão, fiel cabo eleitoral. A dupla contribui generosamente para manter a Rede TV líder no ranking do baixo nível na teledifusão brasileira.

sábado, 13 de maio de 2006

Uma canção

May I
(Kevin Ayers)

I just came in off the street
Looking for somewhere to eat
I find a small cafe
I see a girl and then I say
'May I sit and stare at you for a while?
I'd like the company of your smile'
You don't have to say a thing
You're the song without the sing
The sunlight in your hair
You look so good just sitting there
'May I sit and stare at you for a while?
I'd like the company of your smile'

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Yupanqui

Belo Horizonte - A nacionalização dos recursos naturais é uma necessidade da Bolívia, que age corretamente ao propor percentual de ganho sobre a exploração das reservas de gás e petróleo. Cabe aos investidores decidir se aceitam ou não tais imposições. A isso se chama liberalismo.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

A luta continua

Belo Horizonte - Primeiro tiveram sua humanidade questionada. Depois sua religião virou motivo de escárnio. Sua liberdade, subtraída. Sua cultura, descaracterizada. Suas terras, roubadas. Suas mulheres, estupradas. Seus filhos sub-empregados. Sua imagem, deturpada. Seu futuro, ameaçado. Quinhentos anos depois, os índios do Brasil lutam por justiça e dignidade.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Belo Horizonte - IMOLAR SUZANNE RICHTHOFEN não vai diminuir a sensação geral de que nosso judiciário é ineficiente e pesado. E de que brasileiro endinheirado não vai para a cadeia. Suzanne vai como bode expiatório. Além de tudo, dificilmente vai botar as mãos na herança dos pais, o que lhe veda acesso a bons advogados e às benesses do nosso sistema.

terça-feira, 28 de março de 2006

Green is the colour

Belo Horizonte - Filhos do Carnaval é bom porque soma Shakespeare a três Thomas: Mann, Anderson e Winterberg. Rei Lear, Festa de Família, Magnólia e os Buddenbrook comparecem nesta saga particular que está mais para Mike Leigh que Fernando Meirelles.

terça-feira, 21 de março de 2006

Como extinguir pássaros

Belo Horizonte - A fronteira agrícola na Amazônia não destrói apenas matas e rios. O desequilíbrio provocado pela monocultura de arroz no extremo norte do Brasil afeta, em diferentes instâncias, os bichos e os homens.

O desaparecimento de espécies de pássaros como o João-de-barba-grisalha (Synallaxis Kollari), que só existe em Roraima, é um indício.

Matérias como as de Vandré Fonseca, além de bem-elaboradas (jornalismo se faz assim) chamam a atenção para um problema mais que sério: urgente.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Demônios

Belo Horizonte - No conjunto de mímicas do país do futebol e do carnaval destaca-se à crítica ao sistema, ao Hip-Hop e à TV Globo. É muito fácil demonizar a Globo ou ao Hip-Hop. É fácil berrar contra o sistema, culpar o poder público pela degradação social das grandes cidades.

Por isso Falcão: Meninos do Tráfico, dói em nossa alma pequena, desacostumada à vida real. O cotidiano de crianças em risco social, acompanhados pelo olhar atento e nem sempre passivo de uma câmara, nos é apresentado em imagens e depoimentos dolorosos, que insultam nosso comodismo social. Fazer o quê, agora?

sexta-feira, 10 de março de 2006

Desaparecidos XI

Belo Horizonte - Funcionários pouco éticos da Expresso Araçatuba também levaram o CD A vida é doce, do Lobão, um dos melhores, senão o melhor trabalho de João Luiz Woerdenbag Filho.

Músicas como universo paralelo, amanhecendo na lagoa, el desdichado II, além da própria faixa-título, são mísseis musicais e poéticos que não têm par na história da música popular brasileira.



Com a mesma falta de vergonha na cara eu procurava alento no
Seu último vestígio, no território, da sua presença
Impregnando tudo tudo que
Eu não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone não
São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirênes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram tão depressa,
Tão depressa, tão depressa (A Vida é doce)

segunda-feira, 6 de março de 2006

Humpf

Belo Horizonte - Chega de escrever sobre carnaval, férias, shows de roquenrou, política, trânsito, poesia, crianças.

Chega de falar de cinema Munique-Crash-Syriana, como se entendesse de indústria de petróleo, sionismo, afins.

Chega de downloads e de updatings.

Chega de leitura. Nunca mais leio um livro hoje.

Chega de blogs, de Pods (os Is e os casts), de logoffs.

Chega de praia e cerveja gelada, de estrada e música a caminho do trabalho. Nunca mais vou ouvir música hoje.

Chega desse papo-cabeça-pequeno-burguês disposto à efêmera eternidade dos bits.

Até o próximo post.

sexta-feira, 3 de março de 2006

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Desaparecidos VII, VIII, IX e X

Belo Horizonte - Terra dos Ventos, de Pedro Link e Renato Costa tem som de floresta, de mergulho no rio, ayahuasca, paz de espírito. A natureza incomum de Roraima, palavra indígena que significa "Mãe dos Ventos". Edileuson Almeida pintou em São Paulo e trouxe um exemplar. Sempre discoteca básica.

Makunaimeira, da dupla Zeca Preto e Neuber Uchôa (o segundo mora no Rio, atualmente), mistura ritmos caribenhos, forró e MPB. A beira de qualquer coisa sem saber / troquemos tudo em graúdo / pra não perder (...) A gosto do freguês somos os tais / buritizeiros demais / caimbezeiros boçais (Macuxis Salada).

George Farias apresenta, em seu primeiro CD, reggae, blues e música popular brasileira de alta estirpe, produzidas pelo cantor e compositor e parceiros como o irmão Cacá, que escreveu a formidável Correntes.

Eliakin Rufino: A produção de Paulo Amorim deu ao primeiro CD do poeta naturalista uma inesperada atualidade techno. O impacto de Mosquito da malária, entretanto, é sempre o mesmo, no batidão ou no violão.

Mosquito da malária
(Eliakin Rufino)
hoje quem defende a amazônia
é o mosquito da malária
se não fosse esse mosquito
a floresta virava palha

salve salve salve ele
viva sua febre incendiária
o maior ecologista da amazônia
é o mosquito da malária

não adianta sucam
jogar ddt na sua área
super-defensor da amazônia
é o mosquito da malária

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Mídia Média

Belo Horizonte - O Fórum Social Mundial é uma reunião de movimentos sociais, organizações humanitárias, estudantes, artistas e ambientalistas, com reuniões temáticas, propostas e outras formas de intervenção social com vistas a um mundo melhor. Já estive no FSM e vi trabalhos dignos serem desenvolvidos, embora a imprensa liberal estanque no lugar-comum de mostrar as tribos presentes e seus protestos contra o capitalismo.

A má-fé na cobertura do evento pela Folha de São Paulo é indisfarçável: na edição de hoje, o jornal preocupa-se apenas com os gastos com o evento, esquecendo dos assuntos discutidos por ali. O importante é criticar os "esquerdinhas", a "idolatria" a Hugo Chávez e a presença de José Dirceu no evento. Nada sobre os temas fundamentais para a humanidade que estão em pauta.

Na página seguinte, o jornal mostra sua verdadeira face com matéria sobre o Fórum Econômico em Davos: "Corrupção incomoda 79 por cento dos empresários". A combinação infeliz entre a cobertura do FSM e o "manifesto cidadão" dos maiores financiadores da corrupção mundial subsiste, nas páginas do jornal, como um manifesto liberal típico dos que querem manter as coisas exatamente como estão.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Desaparecidos 6

Circo Beat tem um não sei quê de muito bom que a ouvidos pouco afeitos à embriaguez lírica de Fito Paez parece incomodamente kitsch. Comprado numa loja de discos perto da loja da minha cunhada em Ciudad Bolívar, esta bolacha conduz a melodramas familiares

Todas las mañanas que viví / todas las calles donde me escondí / El encantamiento de un amor / el sacrificio de mis madres / los zapatos de charol / Los domingos en el club / salvo que Cristo sigue allí en la cruz / las columnas de la catedral / y la tribuna grita gol el lunes por La Capital

, latinidade

La moneda en la vida de Juan / Chico Buarque, lo lentes, la estatua de sal
el suicida y su gato irreal / lo que fue, lo que es, lo que ya no será...


, utopia

I'm a hippie / siempre fue así / Hay un hippie / dentro de mí / no me tomes tan en serio / sólo dejo que ocurra.

e arte

Los cines ya no están / Rose Marie, mi amor / hoy vuelvo a la ciudad a encontrármelos/ donde volcó el Poseidón / donde escapó Papillón /Woody tenía razón
Si Disney despertase...


Ouça (leia) Normal 1 e renda-se. Circo Beat é vintage.Belo Horizonte -

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Bring the boys back home

Belo Horizonte - Não temos mais o que fazer no Haiti. Não podemos ser nação amiga, capacetes azuis pró-paz sem dinheiro da ONU, Estados Unidos e Comunidade Européia. Desse jeito, viramos força invasora. Quando não há dinheiro para investimento social e pelotões armados circulam entre pessoas já suficientemente acuadas pela pobreza e corrupção, assumimos o papel de senhores do caos. Bring the boys back home.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

There is a light that never goes out

Belo Horizonte - Dois membros da lendária banda britânica The Smiths devem se apresentar juntos pela primeira vez em quase 20 anos no fim deste mês. O guitarrista Johnny Marr e o baixista Andy Rourke...

Leia mais aqui.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Desaparecidos - 5

Belo Horizonte - Meu Wish you were here importadão também desapareceu. O melhor disco do Pink Floyd na opinião de Gilmour, Mason e Wright (sorry, Waters, a maioria vence)era um dos exemplares mais antigos que tinha em compact disc. Estivesse por aqui, seria um adolescente de 14 anos pronto para a troca por um exemplar mais novo. Não se comenta esta obra-prima. Ouve-se.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Sobre a mágoa

Belo Horizonte - Há pessoas que nunca esquecem. Renovam a tristeza e o desprezo constantemente, numa maneira equivocada de manter-se vivo. Na verdade, aferram-se a uma morte lenta, revelada na própria imutabilidade. Que o ano novo lhes traga amor, sabedoria e compaixão. Nada como um dia depois do outro.

domingo, 1 de janeiro de 2006

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Saraiva

São Paulo - Venho à cidade à procura de coisas urbe. Uma delas é o Saraiva. Mas cadê o Carlos Saraiva?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Comida

São Paulo - Polvos na Barão de Iguape. O Chi-Fu é pequeno e tão chinês que ninguém por lá fala nosso idioma. Muita gente trabalhando no restaurante. Suas crianças, mais versadas em mandarim e português que os adultos, usam talheres. Adaptação. Depois um almoço assim, jantar no Big Fellows assitindo ao programa televisivo de Diego Maradona é um eficiente contraste.

On the road

São Vicente - O Brasil começou aqui, mas nossa aventura pelo litoral paulista, em Mongaguá. Depois, Praia Grande e Itararé. Camarão, água de coco, cação e guarda-sol. Rodovia dos Imigrantes zen: lá embaixo, a antiga estrada de Santos.

domingo, 25 de dezembro de 2005

Sem título

Bragança Paulista - Boa Vista, bairro fora do perímetro urbano de Bragança, repleto de árvores, araucárias e barro molhado de chuva, tem algo que lembra o último refúgio de Rémy, em As Invasões Bárbaras. Lugar adequado para a retomada de um romance interrompido por 40 anos que, depois de realizado, acaba em leito de hospital, festa de natal, encontros inesperados de familiares dispersos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Notas gerais

São Paulo - Hugo Chávez e Evo Morales lembram o estado indígena, que já governou muito bem essas terras latino-americanas.

Paulo Maluf doou uma dinheirama a projetos assistenciais e posou ao lado do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra em solenidade pública. Agora diga: você confiaria seu voto a um deles?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Bloguema

KGB
ursos
russos
na tundra


CIA
grande
loja
de
departamentos


MI6
in
my
sex


SNI
seicho
no
ie


Mossad
Moçada

sábado, 10 de dezembro de 2005

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Notas sociais 2

Belo Horizonte -

Israel Barros e Laura largaram Marselha por uns dias. Desembarcaram em Belo Horizonte, onde fomos aos Chopps no Lord Pub, com Christian, Michel, Dominique, Juliana, Manoelita e entourage. Durante apresentação da banda It's Only Rolling Stones, todo o sarcasmo enriquecido como urânio iraniano dos autores dO cabuloso destino e destas e-pístolas vem à tona em brado nonsense:

- Toca Stairway to heaven!

domingo, 27 de novembro de 2005

Notas sociais

Belo Horizonte - Sexta-feira e sábado eletrônicos em Belo Horizonte, com o Fórum Eletronika de Mídia Expandida rolando na Casa do Conde. Video-arte, gente de óculos, DJs Kowalsky (BH), Dolores (Aracaju), Pheek (Canadá), Rupture (Espanha), os newordianos alemães Ada e Metope, encerrando com a bricolage sonora do canadense Akufen. E ainda as presenças ilustres de Antônio Marcos Pereira - que depois se mandou pra São Paulo atrás do Flaming Lips -, Andréa Cattaneo, Fábia Lima, Ana Paula Damasceno e Leo Gomes. Hype? Hiper.

sábado, 26 de novembro de 2005

Um menino vê hamsters na vitrine

Belo Horizonte -



...como quando deixamos as garagens dos condomínios e saímos,
encapsulados em nossos carros, observadores da vida encaixotada, a caminho do Shopping.



domingo, 20 de novembro de 2005

Desaparecidos IV

Belo Horizonte - Um som é mais um desses discos conceituais, sonoros, vocálicos, graves, universais e impressionantes do cantor, compositor, poeta e performer brasileiro Arnaldo Antunes. Esgotadíssimo, nem em redes P2P pode ser encontrado.

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Desaparecidos (III)

Belo Horizonte - Santorini Blues, de Herbert Vianna é introspectivo, família, gravado em estúdio caseiro, com ecos mediterrâneos, vinho tinto e pólvora. Ganhei da Andréa, que já usou uma faixa (Luca) num vídeo ambiental ali pelo finalzinho do século 20. Depois de alguns anos esgotado, voltou a ser prensado e é vendido por preço especial anti-pirataria numa grande loja de discos virtual. O exemplar desaparecido já foi substituído.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Desaparecidos (II)

Belo Horizonte -
Berlin, do Lou Reed, é perda inestimável. Coisa antiga. Minha mãe não gostava. Nenhuma mãe gosta do Berlin. Coloque para sua mãe ouvir e veja se ela gosta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Desaparecidos (I)

Belo Horizonte - Re, do Cafe Tacuba é um disco excepcional, onde o rock latino apresenta-se transfigurado por mitos indígenas, campesinos e chilangos e canções de amor e música mexicana de raiz e cinismo e cultura híbrida. Da veia revolucionária que engendra Santana, Mutantes e Orquestra Tabajara. Inspiração para o som do Los Hermanos. Paradigma pós-moderno e item obrigatório. Comprei num shopping em Puerto Ordaz junto com o Vodoo Lounge, dos Stones e o Soup, Do Blind Melon em novembro de 1995. Até agora não foi substituído, mas tenho em MP3, até lá.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Desaparecidos (Prólogo)

Belo Horizonte - Compradores compulsivos de discos são uns incompreendidos. A maioria das pessoas acha suficiente ouvir música no rádio, em lojas de roupas, em carros "tunados" ou na TV, e que portanto não precisa dela. A música é etérea, logo a tentativa de aprisioná-la configura egoísmo, instinto de propriedade, atitude pouco sociável diante da mais bela e intangível arte. Argumentos bons, mas insuficientes para convencer os colecionadores de discos.

Walter Benjamin disse que a reprodução indiscriminada de bens culturais destrói o valor de culto da obra genuína. Na era da reprodutibilidade técnica, o valor de exposição assume a liderança. Esse paradigma ganha roupa nova no século 21, onde CDs, livros e filmes são bens culturais que passaram a concentrar, na era da pirataria cibernética, o mesmo valor de culto que as pinturas de Vermeer. Um dia esses objetos deixarão de ser fabricados, submersos na digitalização desenfreada de conteúdos. Passado humano ainda presente.

Entre a reprodutibilidade técnica e a pirataria cibernética, o colecionador de discos busca aprisionar a música para lhe dar o devido valor de culto. Há gente que vive muito bem com menos de 600 discos. Não é meu caso. Os 50 CDs desaparecidos que tentarei lembrar e comentar aqui reaparecem, fantasmagóricos, em forma de expiação e terapia. Sugestão do Annio Marcos, ainda às voltas com a tese.

PS: Como prometido, a série começa no dia seguinte a uma segunda-feira, com a volta do bom e velho sistema de comentários Haloscan.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Já era

Belo Horizonte - A PARTIR DE AMANHÃ MESMO começo a escrever sobre 50 CDs desaparecidos em 2001.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Belo Horizonte - NA VITROLA, SONIC YOUTH, o primeiro, de 1982, com aquelas linhas de baixo que só a Kim Gordon sabe fazer.
Belo Horizonte - O FIM DA CRISE POLÍTICA aproxima-se, célere. E traz alívio rápido para o Congresso Nacional. É que os 13 deputados acusados de receber dinheiro ilícito para suas campanhas devem renunciar e ficar livres da cassação por falta de decoro parlamentar. Há um cheiro de pizza vindo de Brasília. Pizza gigante, tamanho família, com sabores que atendem aos partidos envolvidos na tramóia: PP, PSDB, PDT, PL, PFL e, claro, o PT. Blindagem é isso.

sábado, 8 de outubro de 2005

Belo Horizonte - TESTAR UM NOVO TEMPLATE é sempre uma atividade divertida, se podemos realmente nos dedicar a ela.

sábado, 1 de outubro de 2005

Leio da mão para a boca, de Paul Auster

Belo Horizonte - Mistura excelente auto-biografia a duas peças de teatro horrorosas, um desprezível jogo de beisebol com cartas de baralho e uma novela noir bem construída. A primeira parte, como bem afirma o Antônio Marcos, comprova que mesmo na adversidade é possível construir uma carreira sólida, por mais que os fracassos se sucedam.

A coletânea de fracassos em Da mão para a boca é expiação para o autor, que depois de limpar privadas em navios, flanar sem rumo pelas ruas de Paris, trabalhar em subempregos e tentar projetos mirabolantes na busca da estabilidade financeira, encontrou seu lugar como escritor e roteirista na selvagem Manhattan.

Dos vinte e muitos aos trinta e poucos anos de idade passei por um longo período em que tudo o que eu tocava dava em fracasso. Meu casamento terminou em divórcio, meu trabalho como escritor não levava a nada e eu vivia atormentado por problemas financeiros. Não me refiro apenas a um aperto ocasional, a épocas recorrentes de vacas magras, e sim a uma falta de dinheiro constante, opressora, quase sufocante, que me envenenava a alma e mantinha-me num estado perene de pânico. (p. 7)

Livro: Da mão para a boca
Autor: Paul Auster
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 50,50

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Leio Haxixe, de Walter Benjamin

Belo Horizonte - Ri à beça com as aventuras do excelso teórico da Escola de Frankfurt e seus colegas de pesquisa (Ernst Jöel e Fritz Fränkel) na embriaguez do haxixe. Como Edgar Morin, Benjamin acreditava no observador participante, uma forma de imersão no campo de pesquisa que vai além da mera transcrição de detalhes (o que está matando o jornalismo) e parte para a compreensão de todo o universo de significações, via observação direta, do comportamento do(s) indivíduo(s) pesquisado(s) em determinada situação. Um tipo de trabalho onde a participação não gera interferência direta nos resultados, mas uma metodologia de acompanhamento de cada experiência.

De modo assaz genérico, pode-se dizer que a noção de um "lá fora" ou de um "além" vem associada a um certo desprazer. Mas é preciso distinguir rigorosamente o "lá fora" do campo de visão extremamente vasto que, para a pessoa sob o efeito do haxixe, tem tão pouco a ver com o "lá fora" quanto, para o espectador de teatro, o palco e a rua fria. Insistindo nessa analogia, dir-se-ia que entre o drogado e seu campo de visão parece interpor-se uma espécie de proscênio por onde perpassa uma brisa bem diversa: o mundo exterior. (p. 52)

Bloch se dispõe a tocar-me de leve o joelho. Sinto o toque da mão muito antes que ela me alcance, e o gesto me choca como uma desagradável violação de minha aura. (p. 53)

Benjamin, como em outros experimentos, mantém o braço e o dedo indicador, apoiados no cotovelo, apontados para cima. "Talvez minha mão se transforme num pequeno ramo". É extraordinariamente significativo que, na imaginação de Benjamin, tenha se acrescentado a essa observação "se é que não se manifestou simultaneamente a ela" a idéia de que a mão ramificada se cobria de neve. (p. 107)

Além do ornamento porém, há na esfera banal das coisas observáveis certos objetos que transmitem ao êxtase o peso e o significado que os habitam. Entre eles incluem-se as cortinas e os rendados. As cortinas são intérpretes da linguagem dos ventos. Elas conferem a cada sopro o perfil e a sensualidade das formas femininas. Diante delas o fumante, absorto em seu jogo ondulatório, desfruta do mesmo prazer que lhe proporcionaria uma bailarina consumada. Mas, se a cortina estiver aberta de par em par, ela pode tornar-se instrumento de um jogo ainda mais extraordinário, pois essas rendas funcionarão para o fumante como padrões, que por assim dizer, seu olho imprimirá sobre a paisagem, transformando-a de maneira singular. (p. 38)

Embora a incoerência típica do êxtase resulte num texto vezooutra anárquico, Benjamin apresenta características da borracheira com a maestria literária e científica que lhe são próprias. Certas passagens são hilárias, como convém à estupefaciência. O livro ainda acrescenta experimentos com Mescalina produzida pelo Laboratório Merck, aquele mesmo, do Paracetamol.

Livro: Haxixe
Autor: Walter Benjamin
Editora: Brasiliense
Páginas: 126
Preço: Esgotado

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Belo Horizonte - ACREDITO NA BLOGOSFERA como novo espaço público habermasiano, lugar de gestação de novas políticas de comunicação, onde a liberdade de pensamento e a possibilidade de intervenção sejam plenas. Os sistemas de comentários dos blogs serão fantasmas assombrando a grande imprensa, num futuro muito próximo. Os mass media precisam se render à manifestação da audiência, ou seu modelo entrará em colapso. Políticas públicas globais de comunicação, já!

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Belo Horizonte - MANTENHO ESTE BLOG HÁ ANOS e os resultados de audiência para uma nova proposta de texto em quatro dimensões (quer entender, leia os arquivos, cansei de desperdiçar HTML) são pífios. O que faz pensar se a manutenção deste espaço vale a pena. Não trato blog como terapia, passatempo ou modismo, nem condeno sua utilização dessa forma. Escrevo para formar leitores, uns trezentos a quinhentos, que possam consumir minha produção literária chinfrim no futuro. Blogar cria atalhos no percurso literário.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Belo Horizonte - NOSSOS ESCRITOS DIGITAIS SÃO GARANTIA DE ETERNIDADE? Teremos, com nossos blogs encontrado a solução para o grande dilema sartriano? Teremos oportunidade, como nas crenças monoteístas, de que um grande backup salve nossos textos toscos da destruição e forje uma Bíblia do futuro, destinada a uma nova humanidade, bárbara e destecnologizada?

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Belo Horizonte - BLOGS SÃO COMO DRUGS. Ao tornar-se usuário, nunca se sabe quando parar. A dependência pode durar anos. Mais da metade dos blogs (e eles existem aos milhões) morrem em 24 horas. Há uma quantidade absurda de cadáveres de blogs por aí. A maior parte não merece leitura, mas bons blogs também acabam. O André Muggiati não bloga mais. A Sidênia parou de blogar. A Lili e a Chris também pararam. O Luís Ene, querido crítico insuspeito d'além mar, matou o Ene Coisas. Já meus amigos Humberto e Vandré são mortos-vivos da blogosfera: vivem ressuscitando. Morrem os blogs, mas morrem também os autores de blogs, caso da Eduarda, que deixa órfão o Caderno de Sonhos, eternamente congelado em pixels, lacrado por senha inexpugnável.

Leio Alta Fidelidade, de Nick Hornby

Belo Horizonte - DEZ ANOS APÓS o seu lançamento e standartização como literatura pop e é a mesma coisa que lê-lo na época. O personagem Rob Flemming encarna tipo xiita que briga com fãs do Simple Minds e mantém uma mente de 16 anos em corpo de 35. Fui assim aos 23. Mais do que a Síndrome de Peter Pan, subsiste no protagonista o (bom?) e velho conservadorismo britânico, agregado à incapacidade de amadurecer um relacionamento. Tudo isso no meio dos milhares de discos que compõem a trilha sonora da sua vida. A complexidade psicológica de Flemming pode ser subestimada pelo leitor mais afoito ou demasiado exigente. Mas ela não comparece nos trechos abaixo:

A loja tem cheiro de fumaça choca, umidade e capas plásticas, e é estreita e lúgubre e suja e apinhada, em parte pórque é isso que eu queria - é assim que toda loja de discos devia ser, e só os fãs de Phil Collins dão bola para as que parecem limpas e saudáveis feito casa de subúrbio. (p. 40)

Antes de a banda subir ao palco, tudo é genial. Antigamente levava um tempo até as pessoas esquentarem, mas hoje elas estão a fim de cara. Em parte isto é porque, na sua maioria, os freqüentadores desta noite estão alguns anos mais velhos do que estavam há alguns anos, se vocês entendem o que eu quero dizer - em outras palavras, este é exatamente o mesmo pessoal, e não seus equivalentes de 1994 - e eles não querem esperar até meia noite e meia ou uma hora para deixar cair: estão cansados demais para isso hoje em dia, e de qualquer forma alguns deles têm que ir para casa render as babysitters. (p. 257-58)

O livro é a prova da difícil convivência entre uma mulher normal e um homem com um enorme coleção de discos. Para colecionadores de discos e suas cara-metades.


Livro: Alta fidelidade
Autor: Nick Hornby
Preço: R$ 29,00
Editora: Rocco
Páginas: 267

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Emera

Belo Horizonte - Nossa amiga (minha, da Andréa, do Liu) Eduarda morreu. Seu nome verdadeiro está na lista do e-pístolas: Eduarda Matos. Era mais conhecida por Emera, que rima com blogosfera.

Seu blog era um sucesso no Brasil e fora dele. Foi através de seus escritos que meu amigo Carlos Saraiva a conheceu. O namoro virtual virou realidade e um dia os dois pintaram na nossa casa em São Paulo, onde fiz a foto que aparece no Orkut.

Saraiva deixou Sampa e foi pra Fortaleza por causa dela. Dona de texto econômico, escreveu no lendário blog coletivo Canaimé, comigo, o Nei, Vítor, o Saraiva e o Vandré. Leitora de Clarice e Mishima, fã de bom cinema e boa música, era mística e já correu o mundo, fazendo o próprio caminho. Na segunda-feira, depois de uma cirurgia mal-resolvida, Eduarda morreu.

Atribuir culpas ou cultivar ressentimentos contra erros médicos, cada vez mais comuns porque cada vez mais tolerados, não a trará de volta. O Saraiva, em Fortaleza, curte sua dor ao lado dos pais de Eduarda. Não deixe comentários aqui. Vá ao blog dele ou ao dela e diga qualquer coisa. Que Eduarda, como persona virtual, vive.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Bola ao cesto

Belo Horizonte - A TV Globo ensaia interesse pelo basquete brasileiro, que hoje é menor que o argentino e o norte-americano, mas é dos melhores do mundo. Historicamente, somos quase tão campeões quanto os consagrados ianques.

Que isso aproxime a poderosa da NBA. Porque os times de basquete brasileiros e a própria seleção carecem de apoio. O ideal seria patrocínio dos exportadores, recentemente subsidiados com a queda do dólar e leis de incentivo. O Brasil está produzindo craques de basquete em série, como no futebol. Os empresários precisam ficar de olho e investir.

Como acontece no futebol espanhol e italiano, a vitrine mundial dos melhores jogadores de basquete do mundo é a NBA, onde aos poucos aumenta a presença de brazucas. Tem Leadrinho no Phoenix Suns, Anderson no Cleveland Cavaliers, Nenê nos Nuggets e Rafael Araújo no Toronto Raptors. Só queria saber o que aconteceu com as transmissões da ESPN.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Ladrões

Divinópolis - Belo Horizonte - Pacato interior de Minas? Há dias ladrões arrombaram a porta da cozinha e roubaram um DVD player, umas jóias e meu notebook, levado com bateria e carregador na bolsa. O dinheiro compra tudo de volta, mas o último item é irreparável, não pelo preço ou recursos tecnológicos. O prejuízo imaterial (os artigos científicos que vinha escrevendo, o conteúdo multimídia, um velho livro inacabado) causa mais danos: a perda da memória, da produção artística e acadêmica. Backups diários nunca foram meu forte. A Polícia foi informada. Os dias passam e as chances de recuperação são cada vez menores. Dependentes químicos trocaram-no por 50 reais em crack ou foi coisa de profissional? Roubaram quatro portáteis na mesma semana em Divinópolis. Na hierarquia do crime, de ladrões e receptadores, estes últimos são quase incógnitos. No fundo, gente comum, que adquire usados do amigo do amigo. Que compra auto-peças a preços inacreditáveis, na certeza de estar fazendo um grande negócio: quem compra mercadoria roubada não se importa se há sangue no que compra. O roubo de notebooks tem levado profissionais à ruína ou à morte, como aconteceu ao executivo da Schering, Alexandre Feijó. Amigos e familiares criaram uma ONG. Visite.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

F1

Divinópolis - Michael Schumacher na Ferrari
Felipe Massa na Ferrari
Rubem Barrichello na BAR
Nada de novo na Fórmula 1 em 2006

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Na tela


Belo Horizonte - Sin City não tem uma estética inovadora, como apregoa a mídia média. É estética antiga, de histórias em quadrinhos.

Mas engana-se quem achar que Robert Rodriguez repetiu a fórmula observada em Homem-Aranha, X-Men, Demolidor ou no Batman de Tim Burton. Ao dividir a direção com o desenhista Frank Miller, criador de Sin City, Rodriguez usou de um expediente raro entre cineastas (a humildade) e deixou que o mestre dos quadrinhos trabalhasse com paciência no planejamento fotográfico. O resultado é impressionante. Sabe a Frank Miller animado.

Em Sin City as mulheres são belas, os homens truculentos e as chuvas escandalosamente cantareiras. Não atinge a qualidade que o suporte bidimensional do papel proporciona, mas o filme é de longe a melhor adaptação já feita dos quadrinhos para o cinema. Palavra de quem aos 9 anos viu no cinema um Peter Parker loiro, de cabelo comprido, com rastreador eletrônico e teias que eram cordas brancas sobre as quais um artista de circo fantasiado se equilibrava. O Homem-Aranha recente melhorou, mas excede na melancolia de órfão do tio Ben. Não tem o humor do super-herói dos quadrinhos.

Já em Quarteto Fantástico o humor comparece em doses generosas. O filme manda bem, apesar da origem pouco crível do Doutor Destino, submetido aos raios cósmicos na mesma nave dos quatro. Se contasse com o humor do Quarteto Fantástico e a estética de Sin City (e um outro ator no papel), o Homem-Aranha contemporâneo seria bem melhor. Mesmo com a tecnologia disponível, falta-lhe o filme definitivo.

Assim como ao Hulk, Demolidor, Elektra, X-Men...

Frank Miller, diferente de Gabriel García-Márquez e sua luta contra adaptações pouco fiéis, pode ficar tranqüilo. Com Rodriguez por perto dá pra pensar num Demolidor revisitado. Que tal?

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Diesel and dust

Belo Horizonte - O trecho da BR-381 (Rodovia Fernão Dias) entre Betim e Belo Horizonte vive, nas últimas semanas, um caos ligeiramente maior que o ordinário, de motoristas-malabaristas e pedestres suicidas.

As placas indicam que a troca do asfalto é obra do Governo Federal; as filas de caminhões que jogam fumaça na sua janela indicam que o enfisema é uma meta possível; os operários com suas lanternas sinalizadoras não escondem o medo.

Enquanto isso, descubro caminhos alternativos no tráfego da grande BH, via Contagem a leste da rodovia ou atravessando a linha de trem que separa a Fernão Dias da MG-040, para chegar em tempo ao Campus da Papulha.

Leio Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel García-Márquez

Belo Horizonte - Este não é o melhor livro de García-Márquez, mas é interessante, por seu texto mimetizado e pela moral dos personagens. Nesta novela o escritor colombiano, qual Lou Reed, assume a pele de um jornalista da virada do século 19 para o século 20. O texto impressiona pelos floreios típicos dos dinossauros do jornalismo. García-Márquez não escreve assim. Seu personagem escreve. No final, a conclusão de que todas as profissionais do corpo são infelizes.

Título: Memórias de Minhas Putas Tristes
Autor: Gabriel Garcia Marquez
Editora: Record
Páginas: 132
Preço: R$ 29,90

domingo, 24 de julho de 2005

Satélite

Divinópolis - Faltou luz ontem à noite, assim que a lua cheia apareceu, deixando salas escuras, roteadores desligados, televisores inúteis, cidadãos inseguros. Os olhos logo se acostumaram e o céu revelou Escorpião no horizonte oposto ao disco amarelo pendurado na abóbada. Sentado na calçada com um Toshiba e um Daschund, escrevo estas linhas sob a luz da lua, que é sempre bela e imensa em Divinópolis.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Stephen King

Divinópolis - Vejo filme na TV sobre escritor que volta à cidade natal para produzir livro na casa mal-assombrada da sua infância. Imperdível.

Guerra fria