Ópio do povo
Há dois anos, uma mãe exigia às autoridades russas o retorno do filho, preso no interior do submarino Kursk, quando foi drogada por alguém da KGB. O episódio ocorreu diante das câmeras de televisão e deixou perplexa a comunidade internacional, mas a tripulação de 118 homens, sepultada viva no gelado mar de Barents, era preocupação maior. E a seringa que injetou um poderosíssimo calmante na mãe desesperada - ela perdeu a consciência em segundos - foi para o lixo da história.
Agora, o sequestro no teatro russo, termina com um saldo (parcial) de 150 mortos, entre sequestradores chechenos e reféns. Todos envenenados por um gás tóxico derivado do ópio. O método russo de controle social não mudou nada desde Soljenitzyn e seu Arquipélago Gulag.
quinta-feira, 31 de outubro de 2002
domingo, 27 de outubro de 2002
Deu Lula
Sem ufanismos e expectativas precipitadas – governar um país exige um delicado equilíbrio de forças políticas – penso estar vivendo um momento histórico. Afinal, nasci em pleno governo Médici, no auge do AI-5 e da repressão político-ideológica. Lembro da minha mãe votar na Arena “porque não se votava contra o governo”; lembro de cartazes nos postes com inscrições orwellianas: “Diga sim ao presidente Figueiredo”.
Desde o golpe militar em 1964, várias gerações de brasileiros sonham com um projeto nacional de desenvolvimento. E projetos nacionais ainda são importantes, mesmo em época de globalitarismo.
Luís Inácio Lula da Silva acaba de ser eleito presidente do Brasil, este país exótico, estereotipado como republiqueta de bananas. Um operário, misto de migrante pobre e fenômeno político, líder nato de um exército heterogêneo, chega, finalmente ao poder. Bem exótico, não, Mr. Bush?
Update: O Tupiniquim Brazilis reúne uma seleção de links da imprensa internacional sobre a eleição no Brasil.
Sem ufanismos e expectativas precipitadas – governar um país exige um delicado equilíbrio de forças políticas – penso estar vivendo um momento histórico. Afinal, nasci em pleno governo Médici, no auge do AI-5 e da repressão político-ideológica. Lembro da minha mãe votar na Arena “porque não se votava contra o governo”; lembro de cartazes nos postes com inscrições orwellianas: “Diga sim ao presidente Figueiredo”.
Desde o golpe militar em 1964, várias gerações de brasileiros sonham com um projeto nacional de desenvolvimento. E projetos nacionais ainda são importantes, mesmo em época de globalitarismo.
Luís Inácio Lula da Silva acaba de ser eleito presidente do Brasil, este país exótico, estereotipado como republiqueta de bananas. Um operário, misto de migrante pobre e fenômeno político, líder nato de um exército heterogêneo, chega, finalmente ao poder. Bem exótico, não, Mr. Bush?
Update: O Tupiniquim Brazilis reúne uma seleção de links da imprensa internacional sobre a eleição no Brasil.
sábado, 26 de outubro de 2002
1000 e uma pequenas estórias de proveito e exemplo
Revelo somente agora, por puro egoísmo, a existência deste blog português, que acompanho desde o primeiro post. Uma antologia de microenredos, com todas as qualidades de um negro humor.
Revelo somente agora, por puro egoísmo, a existência deste blog português, que acompanho desde o primeiro post. Uma antologia de microenredos, com todas as qualidades de um negro humor.
quarta-feira, 23 de outubro de 2002
Dinheiro
Os Estados Unidos acabam de aprovar o maior orçamento militar da história da humanidade. O país vai investir nada menos que 355 bilhões de dólares na guerra contra o terrorismo em escala global. Uma quantidade de dinheiro inacreditável, que gente simples como eu não consegue conceber.
Pense no orçamento previsto para a Educação em Angola em 2002 (300 milhões de dólares). Seria dinheiro suficiente para investir na educação angolana até o ano 3166.
Nos últimos 30 anos, a organização não-governamental Africare conseguiu arrecadar e investir 350 milhões de dólares em 35 países africanos. Uma média de 10 milhões por país. Logo, o orçamento para a guerra significaria um investimento social anual de 10 milhões de dólares por um milênioem 35 países pobres.
O Brasil sustentaria todas as suas despesas orçamentárias por 30 anos com esse dinheiro.
Dividindo pelos seis bilhões de habitantes da Terra, cada ser humano receberia 60 dólares (ou R$ 223,80 no câmbio de hoje, bem mais que o salário mínimo).
Se todo esse capital, construído com sangue e suor africano, mexicano, indígena, sul-americano e europeu fosse bem investido, não assistiríamos à barbárie da fome em segundo plano em favor da barbárie da guerra.
Os Estados Unidos acabam de aprovar o maior orçamento militar da história da humanidade. O país vai investir nada menos que 355 bilhões de dólares na guerra contra o terrorismo em escala global. Uma quantidade de dinheiro inacreditável, que gente simples como eu não consegue conceber.
Pense no orçamento previsto para a Educação em Angola em 2002 (300 milhões de dólares). Seria dinheiro suficiente para investir na educação angolana até o ano 3166.
Nos últimos 30 anos, a organização não-governamental Africare conseguiu arrecadar e investir 350 milhões de dólares em 35 países africanos. Uma média de 10 milhões por país. Logo, o orçamento para a guerra significaria um investimento social anual de 10 milhões de dólares por um milênioem 35 países pobres.
O Brasil sustentaria todas as suas despesas orçamentárias por 30 anos com esse dinheiro.
Dividindo pelos seis bilhões de habitantes da Terra, cada ser humano receberia 60 dólares (ou R$ 223,80 no câmbio de hoje, bem mais que o salário mínimo).
Se todo esse capital, construído com sangue e suor africano, mexicano, indígena, sul-americano e europeu fosse bem investido, não assistiríamos à barbárie da fome em segundo plano em favor da barbárie da guerra.
Demonizando
O National Review , traz palavras toscas, mal escritas e ainda assim perigosas sobre Lula: ele seria apaixonado por armas nucleares, só porque criticou o tratado de não-proliferação que garante a alguns países - como os que hospedam este blog - um inexplicável regime de exceção.
O National Review , traz palavras toscas, mal escritas e ainda assim perigosas sobre Lula: ele seria apaixonado por armas nucleares, só porque criticou o tratado de não-proliferação que garante a alguns países - como os que hospedam este blog - um inexplicável regime de exceção.
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